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SLIDES DA UNIDADE I ED VIII OS VALORES SOCIAIS DA LITERATURA INFANTIL

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Unidade I
OS VALORES SOCIAIS DA 
LITERATURA INFANTIL
Prof. Adilson Oliveira
“O país dos contos de fadas se encontra em 
nossa alma.” 
Hans Dieckmann
Valores sociais da Literatura Infantil
 O que é Literatura?
 Literatura infantil
 Confusão nos conceitos 
 Breve histórico
 Origens da Literatura infantil
 Esopo
 La Fontaine
 Perrault
 Irmãos Grimm
 Andersen
Conceito de Literatura
 A palavra Literatura vem do latim 
"litteris" (Letras). Literatura significa uma 
instrução ou um conjunto de saberes ou 
habilidades de escrever e ler bem, 
relacionando-se com as artes da 
gramática, da retórica e da poética. Por 
extensão, refere-se, especificamente, à 
arte ou ofício de escrever de forma 
artística. 
O que é Literatura?
 Na literatura, as palavras ultrapassam 
seus limites de significação. Podendo, 
assim, conquistar novos espaços e 
passar novas possibilidades de perceber 
a realidade.
O artista sente, escolhe e manipula as 
palavras, organiza-as para que produzam 
um efeito que vá além da sua significação 
objetiva, procurando aproximá-las do 
imaginário.
A obra do escritor é fruto de sua 
imaginação. Da concretização desse 
trabalho surge então a obra literária.
A literatura e o trabalho do escritor
 O escritor, dotado de uma percepção 
aguçada, capta a realidade pelos seus 
sentimentos. Explora as possibilidades 
linguísticas e as manipula no nível 
semântico, fonético e sintático.
A literatura é uma manifestação artística, 
diferindo-se das demais pela maneira 
como se expressa. Sua matéria-prima é, 
pois, a palavra, a linguagem. 
A Literatura e o trabalho do escritor
"Escrevo porque gosto. Com meus textos, 
quero botar para fora algo que não consigo 
deixar dentro. E escrevo para criança porque 
tenho uma certa afinidade de linguagem. Mas 
não tenho intenção didática, não quero 
transmitir nenhuma mensagem, não sou 
telegrafista. Acredito que a função da obra 
literária é criar um momento de beleza através 
da palavra. Em momento algum eu acho que a 
linguagem deva ser simplificada. Em meus 
livros não há condescendência, tatibitate nem 
barateamento da linguagem. A colocação dos 
pronomes é consciente, a regência e a 
concordância são rigorosas. As rupturas são 
intencionais, têm uma função estilística.” 
(Ana Maria Machado) 
Literatura infantil
 O conceito de Literatura infantil é 
discutido entre os estudiosos. Há os que 
defendem que é o objeto escolhido pelo 
seu próprio leitor; outros que é o objeto 
de formação de um agente transformador 
da sociedade e há os que questionam o 
fato de existir uma literatura infantil ou 
dela ser uma questão de estilo.
Conceitos
"Literatura Infantil é todo o acervo literário 
eleito pela criança."
(Bárbara Vasconcelos Bahia)
"Literatura Infantil são os livros que têm a 
capacidade de provocar a emoção, o prazer, 
o entretenimento, a fantasia, a identificação 
e o interesse da criançada."
(Leo Cunha)
Conceitos
"A literatura, e em especial a infantil, tem 
uma tarefa fundamental a cumprir nesta 
sociedade em transformação: a de servir 
como agente de formação, seja no 
espontâneo convívio leitor/livro, seja no 
diálogo leitor/texto estimulado pela escola”
(Nelly Novaes Coelho)
"O gênero literatura infantil tem, a meu ver, 
a existência duvidosa. Haverá música 
infantil? Pintura infantil? A partir de que 
ponto uma obra literária deixa de se 
constituir alimento para o espírito da 
criança ou do jovem e se dirige ao espírito 
adulto? "
(Carlos Drummond de Andrade)
Literatura infantil
 Embora considerada por uns como arte 
“menor” por ter sua designação voltada 
para a criança, a literatura infantil 
começa a viver uma nova etapa em sua 
história. A palavra literatura significa arte 
e deleite; sendo assim, o termo infantil 
associado à literatura não significa que 
ela tenha sido feita necessariamente 
para crianças.
 Na verdade, a literatura infantil é aquela 
que corresponde, de alguma forma, aos 
anseios do leitor e que se 
identifique com ele.
Literatura infantil
 Há uma enorme discussão entre os 
teóricos para entender a Literatura 
Infantil. A discussão passa pela 
conceituação, a concepção da infância e 
do leitor, a ligação da literatura infantil e 
a escola, até o caráter literário dessas 
obras para crianças.
INTERVALO
Literatura infantil: um pouco de 
história
 Os primeiros livros para crianças surgem 
somente no final do século XVII, escritos 
por professores e pedagogos. Estavam 
diretamente relacionados a uma função 
utilitário-pedagógica e, por isso, foram 
sempre considerados uma forma literária 
menor. A produção para a infância surgiu 
com o objetivo de ensinar valores 
(caráter didático), ajudar a enfrentar a 
realidade social e propiciar a adoção de 
hábitos.
Literatura infantil: um pouco de 
história
 Dentro do contexto da literatura infantil, a 
função pedagógica implicava a ação 
educativa do livro sobre a criança. De um 
lado, relação comunicativa leitor-obra, 
tendo por intermediário o pedagógico, 
que dirige e orienta o uso da informação; 
de outro, a cadeia de mediadores que 
interceptam a relação livro-criança: 
família, escola, biblioteca e o próprio 
mercado editorial, agentes controladores 
de usos que dificultam à criança a 
decisão e escolha do que ler e de como 
ler. (PALO, Maria José e OLIVEIRA, Maria 
Rosa D.) 
Origens da Literatura infantil
 Quando e onde teriam nascido as 
narrativas maravilhosas, que hoje 
conhecemos como Literatura infantil 
clássica?
 Quem teria inventado as histórias que os 
avós dos nossos avós já conheciam e 
contavam para as crianças?
 Onde teriam nascido Cinderela, Branca 
de Neve, Chapeuzinho Vermelho, O 
Pequeno Polegar e tantas outras 
personagens?
Origens da Literatura infantil
 Onde teriam nascido as fadas?
 Em que lugar do mundo teriam 
acontecido os encantamentos? As 
magias? As bruxarias ou metamorfoses 
que envolviam animais falantes, sapos 
que se transformavam em príncipes, 
princesas que dormiam durante cem 
anos e eram acordadas pelo beijo 
apaixonado do príncipe?
Origens da Literatura infantil
 O impulso de contar histórias deve ter 
nascido no homem, no momento em que 
ele sentiu necessidade de comunicar aos 
outros as suas experiências, que 
poderiam ter significação para todos. Não 
há povo que não se orgulhe de suas 
histórias, tradições e lendas, posto que 
elas representam a expressão de seus 
valores sociais e culturais. 
Origens da Literatura infantil
 A origem da Literatura infantil, conhecida 
atualmente como "clássica", encontra-se 
na Novelística Popular Medieval que tem 
suas origens na Índia. Descobriu-se que, 
desde essa época, a palavra impôs-se ao 
homem como algo mágico, como um 
poder misterioso, que tanto poderia 
proteger, como ameaçar, construir ou 
destruir. 
Origens da Literatura infantil
 As narrativas, de caráter mágico ou 
fantasioso, são conhecidas hoje como 
literatura primordial. Nessa literatura, foi 
descoberto o fundo fabuloso das 
narrativas orientais, que se forjaram 
durante séculos a.C., e se difundiram por 
todo o mundo, por meio da tradição oral. 
Literatura infantil clássica: grandes 
influências
 Esopo (+/- 620 a.C.);
 Jean de La Fontaine (1621/1695);
 Charles Perrault (1628/1703);
 Os irmãos Grimm: Jacob (1785/1863) e 
Wilhelm (1786/1859);
 Hans Christian Andersen (1805/1875).
Esopo
 Esopo, fabulista grego, tornou-se 
célebre por suas fábulas, chegando a ser 
conhecido em todas as literaturas. 
Levanta-se a possibilidade de sua obra 
ser uma compilação de fábulas ditadas 
pela sabedoria popular da antiga Grécia. 
As primeiras versões escritas das fábulas 
de Esopo datam do séc. III d. C. e muitas 
traduções foram feitas para várias 
línguas, não existindo uma versão que 
possa afirmar ser mais próxima da 
primordial. Antes do advento da 
impressão,as fábulas de Esopo eram 
ilustradas em louça, em 
manuscritos e até em tecidos.
Esopo
 As histórias de Esopo são de caráter 
moral e alegórico, cujos papéis principais 
eram desenvolvidos por animais. Em 
Atenas, essas fábulas, de tradição oral, 
eram conhecidas e apreciadas.
 As suas fábulas sugeriam normas de 
conduta que são exemplificadas pela 
ação dos animais (mas também de 
homens, deuses e mesmo coisas 
inanimadas).
 Esopo partia da cultura popular para 
compor as suas histórias, transcritas 200 
anos depois de sua morte.
A cigarra e a formiga
Num belo dia de inverno as formigas 
estavam tendo o maior trabalho para secar 
suas reservas de comida. Depois de uma 
chuvarada, os grãos tinham ficado 
molhados. De repente aparece uma cigarra:
 Por favor, formiguinhas, me deem um 
pouco de comida!(...)
 Mas por quê? O que você fez durante o 
verão? Por acaso não se lembrou de 
guardar comida para o inverno?(...)
 Para falar a verdade, não tive tempo, 
Passei o verão todo cantando!
A cigarra e a formiga
Falaram as formigas:
 Bom... Se você passou o verão todo 
cantando, que tal passar o inverno 
dançando? (...) 
Moral da história:
 Os preguiçosos colhem o que merecem.
Disponível em 
<http://asfabulasdeesopo.blogspot.com.br/2009/04/cigarra-
e-formiga.html>. Acesso em 13 mai. 2012. 
INTERVALO
La Fontaine
 Jean de La Fontaine, poeta e fabulista, 
dedicou-se ao resgate de antigas 
historietas moralistas, guardadas pela 
memória popular: as fábulas. Escreveu o 
romance "Os Amores de Psique e 
Cupido" e tornou-se próximo dos 
escritores Molière e Racine. 
 Em 1668 foram publicadas as primeiras 
fábulas, num volume intitulado "Fábulas 
Escolhidas". O livro era uma coletânea de 
124 fábulas, dividida em seis partes. 
 O Lobo e o Cordeiro, A cigarra e a 
formiga, a raposa e as uvas.
O leão e o rato
Certo dia, estava um Leão a dormir a sesta 
quando um ratinho começou a correr por 
cima dele. O Leão acordou, pôs-lhe a pata 
em cima, abriu a bocarra e preparou-se para 
o engolir.
 Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me 
desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem 
sabe se um dia não precisarás de mim?
O Leão ficou tão divertido com esta ideia 
que levantou a pata e o deixou partir.
Dias depois o Leão caiu numa armadilha. 
Como os caçadores o queriam oferecer 
vivo ao Rei, amarraram-no a uma árvore e 
partiram à procura de um meio 
para o transportarem.
O leão e o rato
 Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste 
situação em que o Leão se encontrava, 
roeu as cordas que o prendiam.
E foi assim que um ratinho pequenino 
salvou o Rei dos Animais.
Moral da história: Não devemos 
subestimar os outros.
Disponível em 
<http://pensador.uol.com.br/fabulas_de_jean_de_la_fontain
e/ >. Acesso em 13 mai. 2012.
Perrault
 Charles Perrault, além de estabelecer 
bases para um novo gênero literário, o 
conto de fadas, foi o primeiro a dar 
acabamento literário a esse gênero da 
literatura, feito que lhe conferiu o título 
de Pai da Literatura Infantil. A primeira 
coletânea de contos infantis foi publicada 
no século XVII, chamada “Contos da Mãe 
Gansa (1697). Suas histórias mais 
conhecidas são Chapeuzinho Vermelho, 
A bela adormecida, O gato de botas, 
Cinderela, entre outras.
Perrault
 Perrault, membro da alta burguesia, foi 
imortalizado por criar uma literatura de 
cunho popular que agradou às crianças e 
contou também com a aprovação dos 
adultos. Com pouco mais de 50 anos, 
trocou o serviço ativo pela educação dos 
filhos. Movido por esse desejo, começou 
a registrar as histórias da tradição oral 
contadas, principalmente, pela mãe ao pé 
da lareira. 
Perrault
 Com quase 70 anos, publicou uma obra 
de contos conhecida, na época, como 
"contos de velha", "contos da cegonha" 
ou “Contos da mamãe Gansa”, sendo 
esse último o título pelo qual ficou 
conhecido o livro em todo o mundo. A 
primeira edição, de 1697, recebeu o nome 
de "Histórias ou contos do tempo 
passado com moralidades", que remete à 
famosa moral da história presente ao 
final de cada texto. 
Irmãos Grimm
 Os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm 
dedicaram-se ao registro de várias 
histórias infantis, ganhando notoriedade 
e expandindo seus textos pela Europa e 
América. Também deram grandes 
contribuições à língua alemã com um 
dicionário (O Grande Dicionário Alemão) 
e estudos de linguística e folclore.
Irmãos Grimm
 Os Irmãos Grimm entregaram-se à busca 
das histórias, transmitidas por gerações, 
pela tradição oral.
 Histórias famosas dos autores: A Bela 
adormecida, Branca de Neve e os sete 
anões, Chapeuzinho Vermelho, A Gata 
borralheira, entre outras.
Irmãos Grimm
 Nos contos, sempre há uma mensagem 
positiva que se pode tirar das aventuras 
dos heróis e do castigo dos vilões. 
Bruxas, monstros, lobos e dragões 
serviam como um alerta para as crianças 
se afastarem de estranhos e obedecerem 
aos pais. As pessoas bondosas são 
premiadas e as maldosas são castigadas. 
Não é sempre que isso acontece na vida 
real, mas na fantasia dos irmãos Grimm 
quem merece sempre ganha um final 
feliz.
Andersen
 Hans Christian Andersen teve infância 
pobre e dificuldade para se educar. No 
entanto, os seus ensaios poéticos e o 
conto "Criança Moribunda" garantiram-
lhe um lugar no Instituto de Copenhague. 
Escreveu peças de teatro, canções 
patrióticas, contos e, principalmente, 
contos de fadas, pelos quais é 
mundialmente conhecido.
 O Patinho Feio, O Soldadinho de 
Chumbo, A Pequena Sereia, A Roupa 
Nova do Rei, A Pequena Vendedora de 
Fósforos, A Polegarzinha, dentre outros.
Andersen
 As histórias de Andersen desenrolam-se, 
em sua grande maioria, presas ao 
cotidiano. Andersen teve a oportunidade 
de conhecer bem os contrastes da 
abundância organizada, ao lado da 
miséria sem horizontes. Ele mesmo 
pertenceu a essa faixa social. Andersen 
vai tornar mais explícitos os padrões de 
comportamento exigidos pela Sociedade 
Patriarcal, Liberal, Cristã e Burguesa que 
então se consolidavam. A par desses 
valores éticos, sociais, políticos e 
culturais que regem a vida dos homens 
em sociedade, o autor insiste, também, no 
comportamento cristão que devia nortear 
pensamentos e ações da humanidade.
Andersen
 Andersen é a primeira voz 
autenticamente romântica a contar 
histórias para as crianças e a sugerir-lhes 
padrões de comportamento. Ele 
demonstra, em suas histórias, ternura 
pelos pequenos e desvalidos, no 
confronto constante estabelecido entre o 
poderoso e o desprotegido e o forte e o 
fraco. 
INTERVALO
Esopo e La Fontaine: diálogos
 Jean de La Fontaine dedicou-se à carreira 
literária, escrevendo para crianças e adultos. 
Os livros de literatura adulta não 
sobreviveram. Suas fábulas, entretanto, 
escritas em versos elegantes, deram-lhe 
enorme popularidade. “Sirvo-me dos animais 
para instruir os homens”, dizia. Os animais 
simbolizavam os homens, suas manias e 
seus defeitos.
 La Fontaine reeditou muitas das fábulas 
clássicas de Esopo, o pai do gênero. Há 
muito mistério em torno de sua vida: 
escravo, corcunda e gago, teria sido 
executado por haver cometido o crime de 
blasfêmia. Suas fábulas são curtas, bem-
humoradas e trazem sempre uma moral no 
fim.
Esopo, La Fontaine e a fábula
 A fábula é um texto narrativo curto 
utilizado para se opor à opressão, para 
criticar usos e costumes e mesmo 
pessoas. Para fugir da repressão que 
poderia haver por parte de quem fosse 
criticado, os autores usavam, muitas 
vezes, animais como personagens de 
suas histórias. Esse gênero apresenta 
um fundo moral, utilizado com fins 
educativos. A moral das fábulas adquiriu 
vida própria transformando-se em 
provérbios - frases prontas, vindas do 
conhecimento popular, transmitidas de 
boca em boca e que encerram um certo 
ensinamento sob algum aspecto da vida. 
As fábulas
 Por se tratarde um gênero transmitido 
oralmente, as fábulas costumam ter 
muitas versões. A mesma história ganha 
roupagens diferentes, em épocas e 
regiões diferentes. 
 “A cigarra e a formiga”, além das versões 
de Esopo e de La Fontaine, possui 
versões de Monteiro Lobato, José 
Severino, entre outras.
A cigarra e a formiga
 Aquele que trabalha
E guarda para o futuro
Quando chega o tempo ruim
Nunca fica no escuro. (...)
 A formiga então lhe disse
Com um arzinho sorridente
Se no verão só cantavas
Com sua voz estridente
Agora aproveitas o ritmo
E dance um samba bem quente.
José Severino
Perrault e o resgate de narrativas 
folclóricas
 Perrault não criou as narrativas de seus 
contos, editou-as para que elas se 
adequassem à audiência da corte do rei 
Luís XIV (1638-1715). Estas eram 
narrativas folclóricas contadas pelos 
camponeses, governantas e serventes 
que forneceram a matéria-prima para os 
contos. 
 Após coletar tais narrativas, Perrault 
eliminou o quanto pôde as passagens 
obscenas ou repugnantes que continham 
incesto, sexo grupal e canibalismo, para 
manter o seu apelo literário junto aos 
salões letrados parisienses. 
Irmãos Grimm e a consciência 
linguística
 Os irmãos Grimm, por dez anos, 
dedicaram-se à Gramática Germânica; 
depois envolveram-se na mitologia do 
seu país, determinados em estabelecer 
algo comparável aos mitos nórdicos e 
eslavos, já bastante divulgados. Foi esta 
tarefa que concedeu ao mundo os contos 
de fadas, coletados como parte da 
evidência necessária desse trabalho mais 
amplo.
 Os autores, já adultos, examinavam 
esses contos com olhos críticos e com a 
esperança de que iluminassem a história, 
as crenças e os costumes da longa 
sucessão de camponeses alemães 
que haviam concedido a essas 
histórias suas formas finais.
Perrault, Irmãos Grimm e 
Chapeuzinho Vermelho
 A versão de Chapeuzinho Vermelho, ou 
Capuchinho, de Perrault (séc. XVII), 
apresenta um final trágico, pois tanto a 
avó quanto a garota são engolidas pelo 
lobo. Por esse motivo, não era 
originalmente considerada como conto 
de fadas. 
 O final feliz aparece na versão dos 
Irmãos Grimm (séc. XIX), com o 
aparecimento do caçador que salva a 
menina e sua avó e coloca as pedras no 
estômago do lobo. 
Chapeuzinho Vermelho e a 
moralização
 A versão de Perrault termina com a 
moralidade expressa em um poema de 
quinze versos, o qual metaforiza a 
sedução da donzela. Perrault explicita 
tudo ao máximo e, na conclusão de 
Bettelheim, "a imaginação do ouvinte não 
entra em ação para dar um significado 
pessoal à história". Essa versão trágica e 
didática perde muito de seu atrativo ao se 
apresentar como uma advertência às 
mocinhas ingênuas. Educa pelo medo, da 
mesma forma que o fazem as narrativas 
populares. Impedindo, portanto que, a 
interpretação e a imaginação da 
criança fluam livremente. 
Chapeuzinho Vermelho
 As versões brasileiras do clássico 
utilizam as adaptações dos Irmãos 
Grimm. Na história, aparece o caçador 
que salva Chapeuzinho e sua avó. A 
inserção do salvador, que para muitos 
psicanalistas representa a figura 
protetora do pai, transforma esse conto 
em uma história atraente. Muito embora a 
história fale de perigos tão improváveis 
como encontrar um lobo no caminho 
para a casa da avó e ser devorada por 
ele, continua a exercer fascínio sobre a 
criança. O lobo é o ser estranho, o 
desconhecido, aquele que engana 
com a aparência de bondade. 
Andersen e os ideais românticos
 Andersen foi o primeiro autor a usar o 
estilo romântico para contar histórias para 
crianças. Reinventou o conto de fadas 
para os novos tempos em que a 
sociedade aprendeu a valorizar a infância, 
respeitando as diferenças de cada 
indivíduo. A infância seria a idade de ouro 
do ser humano e a adolescência era o 
momento de pureza que se corromperia 
no mundo adulto. 
Valores românticos em Andersen
 Defesa dos direitos iguais, pela anulação 
das diferenças de classe (A Pastora e o 
Limpador de Chaminés)
 Valorização do indivíduo por suas 
qualidades intrínsecas e não por seus 
privilégios ou atributos exteriores
(O Patinho Feio – A Pequena Vendedora 
de Fósforos)
 Atração pelo diferente, pelo incomum, 
pela aventura (A Pequena Sereia – O 
Soldadinho de Chumbo)
Valores românticos em Andersen
 Consciência da precariedade de vida, 
eventualidade de situações 
(O Soldadinho de Chumbo –
O Homem da Neve)
 Crença na superioridade das coisas 
naturais em relação às artificiais (O 
Rouxinol)
ATÉ A PRÓXIMA!

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