Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tripanossomíase Os tripanossomas podem ser distribuídos em duas seções: Salivaria, aqueles transmitidos por picadas de vetores biológicos, e Stercoraria, pela contaminação da pele ou das mucosas do hospedeiro com as fezes do vetor. Todos vão causar uma reação inflamatória no local da penetração. Chagas Etiologia Trypanosoma cruzi Amastigotas: aflagelado (pequeno flagelo interiorizado). Infectante e se multiplica por fissão binária intracelularmente. Epimastigotas: alongada, flagelo que emerge ao lado do núcleo. Se divide por fissão binária. Pode estar intracelularmente no final do ciclo intracelular e no intestino do vetor. Tripomastigota: flagelo forma uma membrana ondulante lateral. Encontrado nas células e na circulação do HD e no intestino do vetor. Não se divide. Epidemiologia Vetor: triatomíneos, gêneros triatoma, panstrongylus e rhodnius. Principais além deles: P. Megistus, R. prolixus. Habitam árvores, ninho, toca de tatu, rochas, galinheiros, currais.. Hematófagos de mamíferos, aves e répteis (sendo aves e répteis refratários). Preferência por cães (tamanho, biomassa, calor, dióxido de carbono, comportamento pouco defensivo a picada) Hospedeiro definitivo: mamíferos domesticos, silvestres e humanos. No ciclo silvestre: roedores, marsupiais e outros. Gamba tem grande importancia (sinantropico e caminha pelo peridomicílio), mas cães são os principais por estarem próximos aos humanos e caminharem pelo peridomicílio. Reservatorios: animais domésticos e silvestres (principalmente tatu e gambá) Ciclo biológico 1. Durante repasto sanguíneo vetor infecta-se com forma tripomastigota. 2. No estômago do inseto diferenciam-se em epimastigotas, multiplicar-se e aderem a serosa. 3. Transformam-se em tripomastigotas metaciclicos e são eliminados nas fezes do vetor. 4. A picada é irritante, o animal/humano se coça e o parasito das fezes entra pela ferida causada pelo vetor. Infecção pode ocorrer por ingestão do vetor ou tecidos de animais infectados. Transplacentária e transmamaria tbm pode ocorrer. 5. Entram na circulação sanguínea e invadem células do SMF da pele e mucosas. 6. Volta a forma amastigotas e multiplica-se no citoplasma. 7. Voltam a ser tripomastigotas antes da célula estourar. 8. Após rompimento celular essas formas migram até coração e intestino. Patogenia Fase aguda: Febre aguda, miocardite com comprometimento do ventrículo direito, pode levar à morte súbita. Intensa resposta inflamatória de Th1 (células T auxiliares), intensa produção de citocinas: INF Gama, TNF alfa, e IL 10, associadas a produção de óxido nítrico pelos macrófagos pra inibir a multiplicação intracelular. Fase crônica assintomática: sobrevive a fase aguda. Pode ocorrer parasitemia não detectável. Fase crônica sintomática: cardiomegalia, intenso infiltrado inflamatório, necrose de cardiomiócitos (áreas pálidas e focos de fibrose) culminam em insuficiência cardíaca congestiva. Resposta: alto nível das citocinas exceto IL 10 (o que define a fibrose). Intensidade das lesões depende da linhagem do parasito e da resposta imunológica. Sinais clínicos Aguda: febre, anorexia, linfadenopatia e esplenomegalia. Aguda ou crônica: cardiomegalia, bloqueio atrioventricular, arritmia sinusal, bloqueio do ramo direito e disfunção sistólica e diastólica. Crônica: Esplenomegalia pode continuar, linfonodos normais. Sinais neurológicos: encefalite/meningoencefalite: paresia, depressões, convulsão, perda de percepção sensorial, hiper reflexia patelar, dor. Diagnóstico Clínico epidemiológico. Laboratorial: parasitológico (bom na fase aguda, alta parasitemia): pesquisa direta em estiraço sanguíneo corado por Giemsa. Xenodiagnostico (aguda ou crônica): laborioso e demorado, indicado apenas para confirmação casos sorológica mente positivos. Hemocultura com material de punção de medula óssea/ou linfonodos em meio liver infusion tryptose e NNN para evidenciar tripomastigotas. (Também demorado). Sorológico: RIFI (pode dar reação cruzada com leishmania e outros trypanosomas). PCR é mais confiável. Tratamento Nitrofuranos (benzonidazol e nifurtimox). Desvantagens: não eliminam completamente os parasitas, uso prolongado, diferença de suscetibilidade entre cepas, toxicidade e efeitos colaterais em humanos. Para cães: Benzonidazol, albaconazol, ravuconazol, sinvastatina. Associação com corticosteróide é bom pra diminuir o processo inflamatório, consequentemente diminuir a fibrose ventricular. Profilaxia Controle químico dos vetores. Uso de coleiras com detametrina. Fipronil (não tão eficaz) Vacina: só diminui parasitemia, diminuindo transmissão, mas doença se instala da mesma forma. Mal das cadeiras/Tripanossomíase em cães e gatos Etiologia T. Evansi Cinetoplasto não evidente Monomórfico (tripomastigota) Epidemiologia Grande importância econômica na América do Sul Reservatórios: equinos, bovinos e canídeos, roedores e felideos silvestres. Enzoótica no pantanal matogrossense e sul do Brasil (principalmente perímetro rural de uruguaiana: alta população de capivaras, cães e bovinos também atuam como reservatório). Cães e de zonas rurais são mais suscetíveis pela proximidade com bovinos e equinos ou pela predação (ingestão de tecidos de animais silvestres infectados). Atinge: cavalos, burros, bovinos, zebuínos, caprinos, suínos, cães, camelos, búfalos, capivaras, coatis, antas, veados e pequenos roedores silvestres. Transmissão mecânica: Tabanídeos e Stomoxys calcitrans ou agulhas contaminadas ou morcegos hematófagos (vetores e reservatórios). Transplacentária é possível, mas não tem muita importância epidemiológica. Patogenia Patogenicidade depende: cepa, espécie hospedeiro, infecções e estresse e epizootia local. 1. Multiplicam-se no local da picada e invadem a corrente sanguínea e linfática causando febre e induzindo resposta inflamatória. 2. Há variações entre parasitemia e aparasitemia pois a medida que anticorpos são lançados, eliminam o agente circulante mas outros vão sofrendo variação antigênica pra evadir do sistema imune. 3. Anemia ocorre por: liberação de hemosilinas e enzimas que induzem lesões à membrana dos eritrócitos, aumento da fragilidade dos eritrócitos pela febre, antígenos e imunocomplexos aderem ao eritrócito causando lesão e promovendo eritrofagocitose (baço, medula, pulmões e linfonodos). 4. Pode ocorrer migração para o tecido nervoso principalmente em fase terminal Sinais Fase Aguda: Febre intermitente, edema subcutâneo (principalmente posterior), anemia progressiva, cegueira, letargia e alterações hemostáticas. Morte em semanas/meses. Fase crônica: Pode durar anos. Caquexia, edema (principalmente posterior), incoordenação e paralisia posterior (típico), além do agravamento da anemia. Sinais neurológicos são mais comuns na fase terminal: andar em círculos, excitação, saltos, agressividade, decúbito, incoordenação e paresia dos posteriores, opistótono, convulsão e morte. Pode ainda ocorrer aborto, aparecimento de petéquias e inapetência. Geralmente bovinos e bubalinos tem o mesmo quadro, tendendo a cronicidade. Aborto é mais comum. Cães: Conjuntivite, febre, mucosas pálidas, edema progressivo e aumento dos linfonodos. Apetite pode ficar inalterado. Diagnóstico Hemograma: Anemia acentuada, baixa hemoglobina, alterações morfológicas nos eritrócitos e linfocitose. Necrópsia: Hemorragias petequiais em serosas, esplenomegalia, linfadenomegalia, hepatomegalia, hidropericárdio, congestão e hemorragia pulmonar. Parasitológico: Estiraço corado por Giemsa, método de Woo e inoculação em camundongo. Sorológico: Imunofluorescência indireta, aglutinação direta e indireta, ELISA (pra antigeno ou anticorpo) e CATT. O Ag- ElISA é preferível. Molecular: PCR Tratamento Tripanocida e de suporte, porém o estado crônico é de difícil reversão.Aceturato de diminazeno. Controle Controle da movimentação dos animais domésticos, controle químico e físico dos vetores, evitar o contato com animais silvestres da região e tratamento preventivo. Tripanossomíase (ungulados) Etiologia Trypanosoma vivax Formato de foice,presença da membrana ondulante, núcleo grande e centralizado e a posição do cinetoplasto na porção terminal da extremidade posterior. Epidemiologia Animais ungulados domésticos e silvestres. Elevada morbidade e mortalidade para bovinocultura levando à elevada perda econômica. Vetor: Tabanídeos, Stomoxys calcitrans, Tsé Tsé ou agulhas contaminadas. Patogenia e sinais Assim como na Evansi, principal achado é anemia pelos mesmos motivos. Na forma aguda os animais morrem dentro de 5 semanas e podem apresentar febre, anemia, perda de peso, hipoglicemia e sinais nervosos caracterizados por incoordenação, tremores musculares, cegueira transitória e/ou permanente, hipermetria, além de lesões histológicas caracterizadas por meningoencefalite e malácia. Diagnóstico Hemograma: Anemia acentuada, baixa hemoglobina e alterações morfológicas nos eritrócitos. Parasitológico: Estiraço corado por Giemsa, método de Woo e inoculação em camundongo. Sorológico: Imunofluorescência indireta, aglutinação direta e indireta, ELISA (pra antigeno ou anticorpo) e CATT. O Ag- ElISA é preferível. Molecular: PCR Tratamento Tripanocida e de suporte. Aceturato de diminazeno. Profilaxia Controle da movimentação dos animais domésticos, controle químico e físico dos vetores, evitar o contato com animais silvestres da região. Durina/Mal do coito Etiologia T. Equiperdum Parecido com Evansi Epidemiologia Equinos, asininos e muares. Transmissão venérea. Raramente encontrada no sangue, alta predileção por tecidos. Única sem vetor. Grande impacto econômico. Patogenia Após o coito, invadem a mucosa e tem tropismo pelas células do SFM locais e sistêmicas. Tem resistência à fagocitose e se mantêm dentro dessas células. Replicam-se (forma amastigota) até “estourar” a célula e causar reações inflamatórias. Placas edematosas aparecem no trato genital na invasão da mucosa e depois ele vai pra corrente sanguínea, as placas podem aparecer na região mamária e isso possibilita a transmissão transmamária. Sinais Febre, tumefação e edema da genitália (macho: glande e prepúcio, depois escroto, linfonodos inguinais e períneo, depois parte inferior do abdômen, fêmea: vagina) e glândulas mamárias, erupções cutâneas, edema nas articulações. Placas edematosas (patognomônico). Sinais neurológicos: Incoordenação, paralisia dos posteriores, lábios, nariz, orelhas e garganta. Pode ocorrer anemia e perda de peso nos casos mais graves. Diagnóstico Difícil visualização do parasito. Podem ser encontrados em linfonodo, fluidos genitais edematosos e muco vaginal pra visualização microscópica. ELISA, radioimunoensaio. IDGA e aglutinação. Nenhum é específico pra equiperdum. Para diagnóstico definitivo: associação com a clínica. Todos os testes podem dar reação cruzada com outros Trypanosoma, principalmente T. Evansi. Tratamento Tripanocida e de suporte. Aceturato de diminazeno foi ineficaz. Imidocarb é alternativa, mas pode provocar toxicidade. OIE propõe abate. Controle Quarentena de introduzidos, testados sorologicamente. T. Cruzi ----> doença de chagas Tem como vetor principal o barbeiro (hematofago, de habitos noturnos) três gêneros: Triatoma; Panstrongylus; e Rhodnius. Acomete humanos (que é onde provoca maiores lesões), animais silvestres, primatas e raramente cães, gatos e suínos. Patogenia: Ao se alimentar o barbeiro defeca -> picada do barbeiro provoca prurido local -> o hospedeiro leva as fezes contaminadas para dentro da lesão (picada) . a transmissão por ingestão de alimentos contaminados pelas fezes do barbeiro e transfusão de sangue também ocorre. -> tropismo por macrofagos e miocitos T. evansi ----> mal-das-cadeiras T. vivax T. equiperdum -----> Durina, mal do coito Acomete principalmente equinos, asininos e muares (e são os únicos reservatórios naturais). É transmitida diretamente de animal para animal durante a cópula, parasita presente no fluido seminal e exsudato mucoso do pênis e prepúcio do macho infectado e na mucosa vaginal da fêmea infectada . Afeta principalmente os tecidos e raramente os protozoários são detectados no sangue. Patogenia: sexo -> deposição da forma infectante (tripomastigota) no orgão genial -> invasão da mucosa -> corrente sanguinea -> tropismo por macrofagos e monocitos (S. fag. mononuclear) -> fagocitose -> transformação em amastigota -> replicação no citoplasma da célula -> liberação do parasita e lise da celula -> inflamação causando edema.
Compartilhar