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DILEMA ÉTICO

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DILEMA ÉTICO
A empresa está elaborando suas demonstrações para publicação, porém se deparou com a seguinte situação: a área de vendas realizou nos últimos dias do ano um contrato de venda para entregar mercadorias no futuro no valor de $5 milhões. Ao final do ano, porém, nenhuma mercadoria foi entregue ao cliente e nenhum pagamento foi recebido pela empresa em relação ao contrato. 
Internamente, não se sabia exatamente como tratar o assunto contabilmente e havia várias pressões para se utilizar determinada forma de contabilização. Um dos gestores, indicado pelo acionista controlador, defendia que essa operação deveria ser registrada integralmente e o lucro gerado deveria ser distribuído aos acionistas naquele ano.
Outro gestor defendia que, como havia sido realizado um contrato de entrega de mercadorias, deveria ser registrada uma obrigação referente às unidades a entregar, sem que fosse registrado o valor da venda, já que nenhum valor havia sido pago, e, portanto, ainda não haveria lucro com essa operação.
Outro gestor alegava que não seria viável registrar a obrigação, pois o valor total das obrigações ficaria elevado e poderia dificultar a obtenção de novos empréstimos bancários. Por fim, outro gestor dizia que nada deveria ser registrado, pois não houve nenhuma movimentação financeira nem de mercadorias.
1) Com base apenas nos elementos descritos, é possível que uma mesma operação tenha tratamentos possíveis na contabilidade?
	Nessa situação, temos que pode ser confundido como faturamento antecipado das mercadorias e venda para entrega futura ou uma venda qualquer. Mas de qualquer forma, cada operação tem suas características próprias, o faturamento antecipado ocorre quando o fornecedor não tem a mercadoria disponível para transferência (o que não foi mencionado) e a venda para entrega futura é quando por algum motivo, a transferência de propriedade não é feita, não tem como uma única operação ter tratamentos possíveis. O que pode acontecer é a falta de informação para o tratamento de operações, e também, a falta de imparcialidade (pensar no próprio bem, não no correto).
2) Do ponto de vista contábil, de que forma deveria ser definida a decisão final sobre qual tratamento adotar?
Depois que é efetuada a transação comercial de “venda para entrega futura” a entidade vendedora é considerada como depositária, já que os produtos vendidos foram segregados do estoque e já não lhe pertencem. Contabilmente falando, a receita de venda deverá ser reconhecida em contrapartida de uma conta de disponibilidade se o pagamento for à vista ou a conta Clientes ou Duplicatas a Receber, ambas do ativo circulante, se o pagamento for a prazo. 
Nesse caso, será reconhecido:
· Registro de venda:
D- Clientes (Ativo Circulante)
	C- Receita Bruta de Vendas 
· Segregação dos estoques:
	D- Estoque de Terceiros (Ativo Circulante)
	C- Mercadorias de Terceiros em Depósito (Passivo Circulante)
· Baixa dos custos vinculados:
	D- CPV
	C- Estoques (Ativo Circulante)
· Recebimento da venda:
	D- Banco (Ativo Circulante)
	C- Clientes (Ativo Circulante)
· Baixa do controle das mercadorias:
	D- Mercadoria de Terceiros (Passivo Circulante)
	C- Estoque de Terceiros (Ativo Circulante)
3) A forma como uma operação é tratada afeta os usuários de forma diferente?
	Sim, visto que se colocar como uma receita o contrato e clientes a receber, o valor das obrigações será maior do que de bens. Dessa forma, a empresa sairia “perdendo”. Também, se for classificada como uma Receita normal, a empresa teria mais ativos do que obrigações. Sendo assim, para ter um resultado positivo, é mais interessante que o ativo seja maior que suas obrigações, visto que a empresa teria “cumprido” com todas as obrigações/dívidas. 
4) No caso proposto, quais seriam os diferentes impactos para o acionista controlador, para os acionistas minoritários, para um credor (um banco, por exemplo) e para o governo?
	Acionista controlador e Acionistas minoritários: necessitam saber a rentabilidade e liquidez do mercado.
	Credor: eles necessitam saber se há a probabilidade de pagamento pelos serviços prestados.
	Governo: mensuração de tributo e desenvolvimento econômico proporcionado, relacionado ao PIB e nível de desemprego.

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