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ÉTICA E CIDADANIA Webconferência I – Filosofia Geral Professor: Roberto Santos Conteúdo Programático: Unidade I – Introdução a filosofia Unidade IV – Cidadania Filosofar Conceitos Filosofia e sociedade Bases históricas Unidade II – Ética Ideologias Definição Raízes históricas das etnias do povo brasileiro Objetivos Fortalecimento de identidades e direitos Ética profissional, social, política Diversidade cultural, religiosa e étnica Unidade III – Moral Combate ao racismo e discriminação Definições Direitos humanos Sociedade O que é Filosofia? • Origem da palavra: Do grego, Phílos e Sophía. • “Amor ao saber” ou “amizade com o saber”. • Os filósofos foram os primeiros cientistas: criação da noção de método. • Não existia separação entre as áreas do conhecimento. • A filosofia buscou se diferenciar dos mitos, da retórica (sofistas), e do conhecimento artístico. Filosofia e outros níveis do conhecimento • É importante diferenciar a filosofia de outros níveis de conhecimento: → Senso comum: conhecimento prático do cotidiano. Não tem a intenção de ser profundo (conhecimento indutivo). → Teologia: é o conhecimento religioso. Composto de verdades absolutas. → Artes: não tem necessariamente a pretensão de ser racional ou de ter vínculo com a realidade. → Ciência: necessidade de um método rigoroso; e possibilidade de verificação e revisão. Definições • Deleuze e Guattari: A arte de formar, inventar, criar e fabricar conceitos, além de remanejar e modifica-los. Grandes filósofos produzem novos conceitos. • Nietzsche: “Daquilo que sabes conhecer e medir, é preciso que te despeças, pelo menos por um tempo. Somente depois de teres deixado a cidade verás a que altura suas torres se elevam acima das casas”. → Desenvolvimento de senso crítico: capacidade de analisar e discutir problemas inteligentes e racionais, sem aceitar automaticamente opiniões próprias ou alheias. • O pensamento crítico compreende a autorregulação e a autocorreção do processo do pensamento. Definições • A filosofia pode ser compreendida como o conhecimento sobre o conhecimento (René Descartes). • O importante é o caminho intelectual que você percorre, e não a propriedade de suas ideias e afirmações. • A filosofia não ensina verdade, mas sim métodos de raciocínio. • Capacidade de permanecer em dúvida enquanto se exploram os conceitos: praticar a dúvida. • A realidade observada de diferentes pontos de vista: choque de paradigmas. Sócrates • O início do conhecimento pela reflexão. • A importância dos pré-socráticos: filósofos da natureza. • Quem eram os sofistas? → A importância dos sofistas. •“Só sei que nada sei”. • Um novo tema para a filosofia: o homem. • Método socrático: maiêutica. Platão • A primeira universidade da história. • Estilo literário. •Aproximação com os objetos matemáticos: → O mundo das ideias: eternas, imutáveis, incorpóreas e inatas. → O mito da caverna. Aristóteles • A importância de Aristóteles. • O método dedutivo. • A hierarquia do conhecimento: a metafísica. • Desconstruindo Platão: o empirísmo (ato e potência). Filosofias brasileiras • Crítica da razão tupiniquim (Roberto Gomes): a falta de originalidade da filosofia brasileira. → Teríamos autores de obras filosófica, mas não temos filósofos. • O pensamento brasileiro não estaria baseado na realidade brasileira, mas, ao contrário, na mera assimilação de ideias estrangeiras, estranhas à nossa realidade. • Roberto Gomes propõe que não nos apeguemos ao formalismo acadêmico • Valorização dos autores marginais: Nelson Rodrigues e Lima Barreto. Períodos históricos da filosofia brasileira • Período Colonial • Cultura indígena ignorada por falta de material confiável. • Filosofia trazida pelos jesuítas, com base em São Tomás de Aquino. Reação à reforma protestante. Atrasada com as ideias do renascentismo. • Curso superior apenas de Teologia, e Ciências Sagradas • “Saber da salvação”: deveríamos ter apenas o conhecimento suficiente para salvar a alma. • A Colônia não tinha capacidade de editar livros. Período Imperial • Com a saída dos jesuítas, começou uma corrente filosófica chamada de empirismo mitigado (ciência aplicada); e, em sequência, o espiritualismo eclético, que seria a primeira corrente estruturada no Brasil. • Com as ideias republicanas, essa corrente foi superada pelo darwinismo, pelo determinismo e pelo positivismo. • Escola de Recife: movimento com inspiração em Kant, se opôs ao espiritualismo eclético e o positivismo, buscando o resgate da metafísica. Teve como principal representante Tobias Barreto. Período Republicano • Fundação de escolas de ensino superior, institutos de pesquisas, e comissões geográficas e geológicas. • República Velha • Período de grande ascensão do positivismo. • Benjamim Constant: fundador da Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, e um dos líderes do movimento militar pela proclamação da República. • Ideias que inspiraram a primeira Constituição republicana. • O desdobramento mais decisivo do positivismo foi a formulação de uma doutrina política autoritária em substituição ao liberalismo. Filosofia brasileira contemporânea • Período que começa com a reação ao positivismo. • Se divide em 4 grandes correntes → 1. Neopositivismo: revisão das ideias do positivismo, muito em decorrência dos avanços da física. → 2. Escola Católica: Procura enfrentar os problemas da desigualdade social e da pobreza. Tendo Paulo Freire como o maior representante. → 3. Fenomenologia: Propõe a filosofia como uma descrição da experiência vivida na consciência. Foi muito influenciada por Jean-Paul Sartre. → 4. Culturalismo: Fundamenta-se no pensamento de Kant. Defende a pluralidade de perspectivas na filosofia. Desafio Colaborativo • Leia o trecho a seguir com atenção: “A ética está em nossa conduta”, já dizia o famoso pensador Aristóteles. Desde a Grécia Antiga, as discussões acerca deste tema vêm sendo desenvolvidas e ampliadas, uma vez que a ética — ou a falta dela — é responsável por pautar nossos comportamentos e atitudes em qualquer âmbito da vida. Esse é um conjunto de “regras” universais, que devem ser aplicadas na sociedade como um todo — como cidadãos, pessoas, profissionais, líderes ou donos de empresa. Portanto, quando falamos em ética e responsabilidade social nas organizações, estamos apenas aplicando os mesmos conceitos no ambiente empresarial. As instituições devem se portar de maneira ética e, por meio de práticas e ações, buscar ser um exemplo não apenas de sucesso, mas pelas formas com que isso realmente foi alcançado. Muitas empresas, por exemplo, assumem o compromisso público de ser sustentável e ter uma conduta correta, mas não agem de acordo com a imagem que passam. Desafio Colaborativo • Caro(a) estudante, diante do que você entende sobre ética e comportamento correto das organizações em relação aos stakeholders, como também a manutenção da imagem coorporativa e estratégias que poderão ser utilizadas para fidelização de clientes. Além das exigências atuais da sociedade quando nos referimos a situações como sustentabilidade e novas tendências do mercado, como a transparência, o accountability, o compliance, a gestão da qualidade e a governança corporativa. Discuta com os seus colegas a questão a seguir: • As empresas devem adotar um comportamento ético apenas para conquistar clientes e uma boa imagem ou devem ter compromisso com a natureza e com a sociedade? Atividade Contextualizada • Com base no que foi estudado, analise o parágrafo abaixo: Para uma empresa ser respeita e admirada por todos os seus públicos, é fundamental adotar um compromisso moral de transparência e ética na condução de todas as suas práticas. Companhias são feitas de pessoas, pessoas são complexas e muitas não têm ética, por falta de compromisso com elas mesmas, por falta de um objetivo real e maior na vida, por falta de vontade, influências de maus exemplos, etc. • De acordo do que você entende sobre a utilização das regras e normas nas empresas,como também a utilização das sanções, responda ao questionamento a seguir: • Você acredita que é importante que as empresas tenham regras/normas bem definidas, assim como sanções administrativas e, que esclareça estas instruções para todos os seus colaboradores? • Nesse contexto, elabore um texto dissertativo-argumentativo justificando sua resposta com, no mínimo 30 linhas, lembrando de utilizar as normas da ABNT e fazer as devidas referências bibliográficas, caso utilize embasamento teórico. ÉTICA E CIDADANIA Webconferência II – Introdução a Ética e Moral Professor(a): Roberto Santos Níveis e Tipos de Sociedade → Definição: Uma integração entre duas ou mais pessoas, que buscam, conjuntamente, metas comuns. • Sociedade “Seres Humanos”: conjunto de todas as pessoas que vivem na terra. • Sociedade “Território”: País, estado, cidade, bairro. Baseado nos limites geográficos de um território. • Sociedade “Direta”: Familiar, profissional, sindical, de clube, etc. *Participamos de várias sociedades ao mesmo tempo. Relacionamentos Sociais e Conflitos →Todo tipo de relacionamento tem seus objetivos comuns. • Objetivos individuais: referem-se aos seus objetivos pessoais. • Objetivos coletivos: dizem respeito àquilo que as pessoas buscam em conjunto. → Conflitos entre objetivos individuais e objetivos coletivos • A preservação da convivência pacífica e produtiva depende de que as pessoas ajam de forma a respeitar os direitos do outro e as normas de convívio social que regem aquele ambiente. • A ética é, portanto, uma condição não só para o convívio saudável entre as pessoas, mas para a própria sobrevivência da sociedade. Valores Humanos e Ética • Nem sempre as pessoas concordam sobre quais comportamentos são considerados respeitosos. *Exemplo: Pesquisa do caso do atropelamento feito por um amigo (Canadá 96%; Correia do Sul 26%). • Existe uma grande distinção nos valores culturais entre os países. *A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (Weber) • Os valores não são um produto exclusivamente individual. • Todavia, existem diversos grupos culturais dentro de uma mesma localidade. • E, mesmo dentro de uma cultura, temos nossas escolhas individuais. *Esses conflitos Coletivo X Individual são fontes de vários problemas de natureza moral. Conflitos Morais • Cada sociedade possui alguns entendimentos compartilhados no que diz respeito ao que é e ao que não é moralmente aceitável. * Exemplo do “jeitinho brasileiro”. • As sociedades podem apresentar diferentes tipos de ambientes morais. • O clima moral que predomina em uma sociedade pode estimular ou inibir comportamentos vistos como inadequados naquela ou em outras sociedades – pode gerar conflitos morais. • Quanto mais diferentes forem os valores de duas pessoas, mais complicada se torna a convivência pacífica entre elas. O Conceito de Ética - Origens • Uso popular: Princípios de conduta que orientam a ação de uma pessoa ou grupo. • Tem origem no grego ethos (costume, maneira habitual de agir ou índole). • Significado próximo de moral, que vem do latim mos e moris, ou seja, normas que representam o comportamento esperado. → Sendo assim, moral é o conjunto de normas que exprimem as formas de agir e que são consideradas desejáveis em uma sociedade. → A ética é um ramo da filosofia, área de estudos na qual o termo é visto como a análise dos padrões de julgamentos morais. A Ética como Ciência • O que é bom e mau? O que é certo e errado? O que é justo e injusto? • A ética é usada como objeto de análise dos atos humanos, que podem ser entendidos como as ações que as pessoas decidem colocar em prática. • Não inclui ações involuntárias. Deficientes ou pessoas sob coação. • A ética é um estudo filosófico prático. • A ética não existe com o objetivo principal de mudar o comportamento humano. A meta da ética consiste na definição das regras socialmente desejáveis para a ação, e não no processo de execução dessas regras. • O direito pode transformar algumas dessas normas sociais em leis. Julgamentos Normativos • Como fazer pesquisas sobre a ética? • Para encontrar um padrão moral, os filósofos que estudam a ética buscam conhecer os julgamentos normativos existentes naquele ambiente. • A ética busca estudar a moralidade por meio do conhecimento dos julgamentos normativos que ocorrem de forma recorrente em uma sociedade. • Existem julgamentos não normativos. Estes são julgamentos que não se referem a um comportamento esperado, mas apenas uma descrição de como as coisas são ou estão. Fontes das Regras Éticas • A primeira fonte possível para as normas éticas seriam alguns valores humanos típicos do homem bom, sadio, puro (noção de verdadeira essência humana). → Nessa visão, existiriam algumas virtudes humanas universais – Durkheim. • Uma segunda fonte seria a reflexão que todos nós fazemos acerca dos nossos comportamentos. → Observando e refletindo a respeito das ações humanas, somos capazes de criar preferências por determinados valores e comportamentos em detrimento de outros. • A terceira fonte está nos textos que regem explicitamente o comportamento dos indivíduos em determinadas sociedades: Legislação. O Comportamento Ético • Caso a falta de ética ocorra por meio da violação de alguma lei, o infrator deverá sofrer as consequências previstas na legislação. • Em casos onde a falta de ética não é ilegal, a penalidade vem através de sanções sociais. • As penalidades são essenciais para a produção de um comportamento ético em uma sociedade. • Entretanto, sempre ocorrem situação de impunidade. Caso a impunidade seja elevada, maior é a transgressão das normas éticas. • Os indivíduos fazem cálculos de custo e benefício ao escolher se irão ter um comportamento ético. Assimetria de Informação • Refere-se ao diferente conhecimento que duas ou mais pessoas possuem com relação a aspectos de negociação em um conflito de interesses. → Assimetria de informação representa uma oportunidade para condutas não éticas: ex. taxista com um turista. Desenvolvimento Moral do Adulto • Tábula rasa (John Locke): os valores morais não nascem com o indivíduo, mas são construídos pouco a pouco durante o convívio social. • É um processo que se dá em 5 níveis: → Nível 1: Ausência de Moral Própria • Indivíduos que se limitam a seguir ordens. • Não têm pensamento crítico ou opinião própria. • Depositam sua confiança em uma autoridade religiosa, científica, política ou social. • Caracterizado pelo maniqueísmo. Desenvolvimento Moral do Adulto → Nível 2: O Oportunismo • A autoridade perde espaço e entram em cena os interesses pessoais do indivíduo. • Esse indivíduo prefere tecer as regras do jogo, de acordo com a situação, para obter aquilo que deseja (abre-se uma exceção moral). • Porém não aceitam que outros façam o mesmo quando isso não é de sua conveniência. → Nível 3: Conformidade com o Grupo • A preocupação principal é estar em conformidade com o grupo. • Qualquer estrutura social pode formar um grupo: político, religioso, social. • São emoções como culpa e vergonha que fazem o indivíduo respeitar as normas impostas pelo grupo. Desenvolvimento Moral do Adulto → Nível 4: Conformidade com as instituições • Não existe um líder acima do bem e do mal. • O modo certo de agir é determinado por fatores como a cultura, momento histórico, legislação. • Os indivíduos cumprem as normas estabelecidas, mesmo quando não é conveniente. → Nível 5: Autonomia e universalidade • Os valores e as crenças são construídos de modo subjetivo, dependendo da história de vida de cada um, consequentemente, a definição dos valores morais é relativa. • O que é certo e errado depende da trajetória de cada um: a autonomia ganha espaço. • No entanto, os princípios universais devem ser respeitados. * Só uma pequena parcela da população atinge o nível de moral 4 ou 5. Boa parte da população discute o termo “moral” sem colocar em prática os preceitos em que diz acreditar. Algumas Doutrinas Éticas →Ética na Grécia Clássica• Sócrates: entendia a ética como a conquista de uma vida virtuosa. - Se você possui a alma elevada, tem tudo o que necessita na vida. • Platão: - O homem virtuoso estaria no mundo das ideias. E devemos buscar pela inteligência, atingir o mais perto da ética das ideias. - A injustiça impede o homem de ser feliz e as pessoas não devem buscar o prazer, mas o bem. • Aristóteles: a ética é a ciência da prática do bem. - Aristóteles via o bem da alma como o mais importante. Mas reconhecia os bens materiais como intermediários necessários para se atingir o bem da alma. Algumas Doutrinas Éticas → Ética kantiana • A ética não estaria associada a penas à ideia de bem, mas também à de dever. • Quando você busca o bem, no fim das contas, está sendo egoísta. Somente ao cumprir um dever por obrigação, o homem está se baseando na razão. ÉTICA E CIDADANIA Webconferência III - Cidadania Professor(a): Roberto Santos Conceitos → Cidadão: indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos do Estado. →A historicidade do conceito: • Historicidade é uma perspectiva para definir a dinâmica das transformações das ideias, valores, costumes, de modo a evitar que se observe o passado com os olhos de hoje. - Ex.: Mulheres, analfabetos e escravos sem direito a voto. • O conceito de cidadania não é estático. Varia de acordo com a perspectiva temporal e espacial. • Cidadania Grega: Homem, maior de 21 anos, filhos de atenienses. Os demais eram excluídos da vida pública. Historicidade da Cidadania → Cidadania Romana: Os plebeus e escravos não dispunham de direitos políticos ou religiosos. • Divisão do direito: Direito civil (para os cidadãos) e o direito das gentes (para os estrangeiros) – desenvolvido para facilitar a relação comercial com outros povos. → Feudalismo: sociedade estamental (sem mobilidade social), desprovida de um código jurídico comum a todos. Cada feudo fazia sua lei. - Aberrações jurídicas: jus primae noctis (direito da primeira noite). • Os direitos individuais só vieram a se consolidar com a criação do Estado Liberal, no qual a burguesia inaugurou o Estado de Direito. • Diferença espacial: em alguns países a nacionalidade é definida pelo local de nascimento. Em outros países é devido a filiação. Direitos e Deveres do Cidadão • Qualquer tipo de ação política, independente do nível, pode ser considerada uma forma de cidadania ativa: - Ex.: reunião com a prefeitura, organização sindical, organização para filantropia, assinatura de uma petição online. • A ideia é que todos nós somos, de algum modo, responsáveis pela gestão da coisa pública, e não meros receptores de direitos. • Durante o absolutismo – os direitos dos indivíduos eram uma dádiva dos soberanos, em razão do Direito Divino. • Após a independência dos EUA e a Revolução Francesa a legislação passa a ser da garantia dos direitos, ao invés de ser dos deveres dos súditos. Direitos e Deveres do Cidadão • A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789): documento culminante da Revolução Francesa, define os direitos individuais e coletivos dos seres humanos como universais e estabelece direitos iguais para todos perante a lei. • Governante limitado pela Constituição. • Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (1948): ratificou o compromisso com a igualdade dos homens e os direitos de livre expressão, associação, acesso à educação, liberdade, condições mínimas de existência, e presunção de inocência. Distinção entre direitos civis, políticos e sociais → Direitos civis • Liberdades individuais, como a ideia que seu corpo é a sua propriedade, o direito à vida, à liberdade de expressão, pensamento e fé, à propriedade, à igualdade perante a lei, presunção de inocência, inviolabilidade do lar, de ir e vir. • Visam a garantir a igualdade de todos perante a lei, sem nenhuma discriminação (respeito a alteridade). • No Brasil, a Abolição da Escravatura, em 1888, pode ser considerada a primeira grande vitória pelos direitos civis. • Constituição 1891 – liberdade religiosa, liberdade de imprensa e de expressão. Distinção entre direitos civis, políticos e sociais →Direitos políticos • Dizem respeito à participação do cidadão no governo e no exercício do poder. • Direito a voto e a se candidatar a cargo político. • Existem algumas maneiras de se perder os direitos políticos. Como a perda da nacionalidade e a condenação em segunda instância. • As mulheres só tiveram o direito a voto em 1934. Analfabetos foram proibidos de votar até 1985. • Diferença entre direitos políticos e civis: Os civis são direitos dos indivíduos em relação ao Estado, já os direitos políticos dizem respeito à ação dos indivíduos no Estado e na sociedade. Distinção entre direitos civis, políticos e sociais → Direitos sociais • Têm como objetivo assegurar a todos condições mínimas de bem-estar social e econômico que garantam seus direitos civis e políticos, considerando-se que abaixo dessas condições mínimas a participação cívica está comprometida. • Direito à vida, direito ao trabalho, e o direito à saúde. • Previdência Social, direitos trabalhistas, a educação e saúde. • Os direitos sociais sofrem instabilidade em momentos de crise e troca de governo. Política e Participação Cidadã → Níveis de participação (Giacomo Sani): • 1 Presença: Se limita a comportamentos receptivos ou passivos. • 2 Ativação: Atividades voluntárias, como protestos e militância partidária. • 3 Decisão: Participação na decisão política. Seja por voto ou como político. • Uma forma crescente de participação está nas organizações não ligadas ao governo. Desde filantrópicas à de lutas por direitos de classe. Bases Históricas • Revolução inglesa → Cronologia da Revolução • Revolução burguesa que ganhou força com a Reforma Anglicana (privatização das terras da igreja católica). • Reforma protestante – o lucro deixa de ser pecado (Max Weber) • A Coroa passou a perseguir os burgueses agrícolas, com medo de perder poder e influência. • Leviatã (Thomas Hobbes): o Estado Absoluto é encarado como o resultado de um “contrato social” entre indivíduos, que abrem mão de sua liberdade individual em troca de segurança. Do Absolutismo ao Liberalismo • John Locke vai além e rompe com o absolutismo – foco no direito à propriedade privada. • O súdito vira cidadão. É o fim da era dos deveres para a era dos direitos. • As leis deveriam vir da assembleia e não da vontade de um soberano. • Monarquia Parlamentarista: Inicia-se a fase do capitalismo industrial. • Revolução Gloriosa – A Inglaterra vira o primeiro país capitalista do mundo. Revolução Americana → Cronologia da Independência • A Inglaterra adotou uma política de tolerância, o que permitiu que as colônias americanas se desenvolvessem de forma autônoma. • Depois a Inglaterra se endividou devido a guerra dos Sete Anos e passou a explorar a colônia americana. • Esses conflitos levaram a colônia a romper com a metrópole e a declarar independência. • Cidadania na Independência dos Estados Unidos • Inspiração nas ideias de John Locke: direitos naturais e direito à rebelião (desconfiança em relação ao poder político – porte de arma). • Mulheres, índios e negros tinham direitos limitados. Revolução Francesa → Cronologia da Revolução • Os trabalhadores (3º Estado) sustentavam a economia do país, dando riqueza para o clero e a nobreza. • Durante um período de crise, a insatisfação cresceu e propiciou o início de Revolução. • Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão: Os homens nascem livres e iguais em direitos. • Separação dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. • Direito à propriedade, direito à liberdade de expressão e à meritocracia para cargos públicos. E o inédito, sufrágio universal. • Afastamento da Igreja e Estado. • A lei deve ser a expressão da vontade geral. Revoluções e Manutenção da Pobreza → Nenhuma das revoluções burguesas conseguiu resolver o problema da pobreza. Na França até se pensava que era necessário um exército de mão de obra baratapara a economia. • Inglaterra (Elizabeth I): Lei dos pobres – A igreja era responsável pelos pobres e dava matéria prima para que trabalhassem. • Pensavam em banir os desempregados para as colônias e marcavam os “reincidentes”. • Com a Revolução Industrial piorou muito as condições de trabalho. • Deu origem aos movimentos de classe, que foram reprimidos. Desembocando no Ludismo. Revoluções e manutenção da pobreza • Em 1824, na Inglaterra, foi revogada a lei que proibia a organização sindical. • Em 1833 é criada a primeira central operária da história: Grand Nacional Consolidated Trade Union (Grande União Nacional Consolidada de Ofícios), com cerca de meio milhão de sindicalizados. • Em 1864 trabalhadores socialistas da França e Inglaterra se uniram para formar um movimento internacional trabalhista: A Primeira Internacional. • A primeira Guerra Mundial impulsionou a luta por direitos sociais, com a Revolução Russa em 1917 e o surgimento de um regime socialista nos meios de produção. Revoluções e manutenção da pobreza • Em 1919, os capitalistas cederam direitos e foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com a intenção de organizar e generalizar os direitos trabalhistas – trazer competitividade entre os países industrializados. • Estados Unidos implementa o New Deal – Traz o keynesianismo (intervenção do Estado na economia para manter o pleno emprego e fortalecer o mercado interno). • Em 1980 ocorre um retrocesso nos direitos trabalhistas: o neoliberalismo (sistema contrário ao modelo de Bem-Estar social). Cidadania, Democracia e Participação • A democracia não se limita apenas a representação. • A sociedade atual começa a perceber que a democracia representativa depende de práticas democráticas em todas as instâncias (família, escola, trabalho) - Robert Putnam. • Acreditava-se que a democracia só seria possível em pequenos estados. Até que veio nos EUA e essa teoria foi desmentida. • Alexis de Tocqueville (A Democracia na América): A tendência do povo em se associar para buscar soluções de interesse público. • A importância da sociedade em rede para a difusão da informação e do debate público. • Por outro lado, a era da informação coloca as pessoas em pequenas bolhas, com narrativas fragmentadas e que não se comunicam. Cidadania e qualidade de vida • Democracia Procedimental X Democracia substancial. • Qualidade de vida: aspectos físicos, psicológicos, nível de autonomia, relações sociais, religiosidade e meio ambiente. • O PIB era utilizado para medir a qualidade de vida. Se mostrou insuficiente. Foi substituído pelo Índice de Desenvolvimento Humano IDH. • Mesmo nações com PIB elevado, produziam desigualdades que não refletiam a riqueza que tinham. Como era o caso do Brasil em 1980. ÉTICA E CIDADANIA Webconferência IV - Cidadania e Diversidade no Brasil: retratos contemporâneos da mobilização social Professor(a): Roberto Santos Introdução ao Conceito de Cultura • Alfred Kroeber (1950): identificou mais de 250 significados diferentes para o termo cultura. • Mais comum: manifestações artísticas; erudição. • Considerar apenas a erudição é um erro, pois coloca um aspecto evolutivo. Umas melhores do que outras (justificativa para que um povo subjugue o outro). • Cultura é algo além do instinto de sobrevivência e envolve a transformação da natureza, aquilo que criamos a partir das condições dadas e das relações sociais, gerando significados que são compartilhados pelo grupo. Introdução ao Conceito de Cultura • As culturas mudam em cada região: exemplo do arroto à mesa. • A linguagem é uma das maiores manifestações de uma cultura: capaz de mudar e produzir pensamentos. • Capacidade de reprodução: desenvolvimento da escrita e da fotografia. • A morte de um povo, não significa a morte de uma cultura. • Aculturação: A relação entre duas ou mais culturas com transmissão e interpenetração entre elas. Podendo ocorrer imposição cultural ou não. → Uma nação com menos poder político pode ter sua cultura valorizada. Ex da cultura grega sobre a romana. A Cultura Brasileira → Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro) – três grandes matrizes étnicas para a formação da identidade brasileira. O português, o negro e o índio, que deram origem a 5 grandes culturas: • 1. Brasil Crioulo: marcado pela relação entre senhor e escravo, com influência africana. • 2. Brasil Caboclo: moradores da região amazônica. Influência da cultura indígena e dos exploradores da borracha nordestinos. • 3. Brasil Sertanejo: são representantes da cultura do gado e do garimpo. • 4. Brasil Caipira: mamelucos (portugueses com índios), responsáveis pela interiorização do Brasil. • 5. Brasil Sulino: cultura gaúcha, com mamelucos e imigrantes europeus. • Antropofagia (Oswald de Andrade): a cultura brasileira devora a cultura estrangeira e a reelabora com autonomia, transformando-a em produto de exportação. → O tropicalismo, o Manguebeat são exemplos práticos da ideia de antropofagia. Diferenciação entre raça, etnia, etnicidade • Raça: conceito biológico, aplicado a subdivisões de uma espécie (critérios fenotípicos). • Etnia: um grupo com costumes e características em comum (afinidade linguística, religiosa ou de tradições). Possuem senso de identidade de grupo e ancestralidade. • O conceito de raça foi amplamente utilizado para justificar práticas eugenistas – deturpação das ideias de Charles Darwin. Naturalizavam hierarquias e desigualdades. • Ex. de Césare Lombroso. → Silvio Romero e Nina Rodrigues: consideravam a mestiçagem como algo negativo e indesejado e que o branqueamento tinha um caráter civilizador. Diferenciação entre raça, etnia, etnicidade • Com Gilberto Freire, a ideia de miscigenação passa a ser valorizada. O mestiço se torna o símbolo da “democracia racial” no Brasil. • No entanto, encobre o racismo existente no Brasil – Mito da democracia racial (Florestan Fernandes). • Mapeamento genoma: enfraqueceu a ideia de classificar os seres humanos por raça. • O conceito de raça não foi abandonado. É utilizado em políticas públicas e por grupos sociais para reivindicar junto ao Estado (cotas raciais). • Etnicidade: processo de valorização do conjunto de características comuns a um grupo de pessoas (e que as diferencia de outros grupos). Colonização e a relação entre indígenas e portugueses • Os índios foram vistos de maneira homogênea pelos colonizadores. • Além de escravidão, a cultura europeia foi imposta. • Não usar roupas, a poligamia e a “feitiçaria” foram vistas como selvageria. Foram convertidos a força pelos jesuítas. • Para os portugueses, os índios estariam em um estágio primitivo de desenvolvimento cultural – evolucionismo. → Em 1755, o Marquês do Pombal incentivou a miscigenação. Muitas vezes de forma violenta. → 5 milhões de índios em 1500 – atualmente são 460 mil (0,25% da população brasileira). • Além da demarcação e regularização das terras indígenas, se faz necessário superar o modelo de tutela. Os Negros • Os negros entraram no Brasil como mercadoria escrava. O seu acúmulo simbolizava status social. • Influenciaram a cultura brasileira de diversas formas: na culinária, na linguagem, na religião. • A ciência da época classificava os negros como uma raça inferior, para legitimar as práticas da escravidão. • Ao invés de adotar a eugenia mendeliana, que idealizava uma raça pura através da herança genética, os eugenistas brasileiros preferiram seguir a visão neolamarckiana, que acreditava ser possível reverter a “degradação genética” no espaço de uma geração – políticas de “embranquecimento”, com o incentivo de imigrantes europeus. Os Italianos e Japoneses → A imigração italiana • Fim da escravidão e revolução industrial, seguido por uma política nacional de embranquecimento. • Ajudou o fato de serem brancos e católicos. • Crise na Itália devido ao fim do modelo feudal. → Imigração Japonesa • Em 1895 foi assinado o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. • O Japão estava em crise devido a superpopulação. A formaçãoda identidade • Comunidade como entidade simbólica: um grupo de indivíduos com alguma coisa em comum, seja ela a sua base territorial, o sistema de valores, o gosto musical, a orientação sexual, ou outro laço que os una e proporcione sentimento de integração e identificação. • Enquadramos os indivíduos em categorias: homem e mulher, gordo e magro, pobre e rico, jovens e velhos. • E criamos níveis de categorias, nas quais umas são mais valorizadas do que outras. • Alteridade: reconhecer a existência do outro, com seus desejos, valor e diferenças. → “Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro” (José Saramago). Etnocentrismo • O etnocentrismo compreende ou avalia os códigos e a lógica de funcionamento de culturas externas com uma visão de mundo limitada às experiências compartilhadas em sua comunidade ou herdadas culturalmente através da tradição. • Não basta identificar apenas as diferenças, é preciso aprender a lidar com elas, sem cair em intolerância e xenofobia. • O descobrimento e a colonização são exemplos de práticas etnocêntricas no Brasil. Preconceito e Racismo • Preconceito: um julgamento prematuro e sem fundamento sólido que acarreta atitudes hostis contra um indivíduo ou grupo socialmente desvalorizado. • Exemplos: preconceito racial, preconceito sexual, preconceito étnico, preconceito social. • Discriminação: é a materialização dos julgamentos preconceituosos. • Exemplos: aniquilação, expulsão, segregação. • Os estereótipos são instrumentos de discriminação que rotulam determinado seguimento da sociedade e reforçam os preconceitos vigentes. • O racismo diz respeito ao preconceito e à discriminação baseados na relação direta entre características físicas e qualidades morais, intelectuais ou comportamentais, que categoriza algumas como superiores às outras. Ações afirmativas no Brasil • Oportunidades desiguais no oferecimento de serviços públicos, vagas de emprego, e participação em instâncias decisórias de poder. • As ações afirmativas têm o objetivo de promover e afirmar a igualdade de grupos em posição de vantagem comparativa. • A igualdade formal não é suficiente. É preciso reconhecer situações particulares de vulnerabilidade. • O mito da democracia racial prejudica a criação das políticas de ação afirmativa. • O uso do conceito de meritocracia indiscriminadamente gera um mecanismo de reprodução da desigualdade e da manutenção de privilégios. • Dificuldades de identificação. Movimentos Sociais • O conceito de movimentos sociais diz respeito à organização coletiva de indivíduos em torno de interesses comuns, como melhorias nas condições de vida, mudanças na forma de organização social ou oposição a formas de discriminação. → Ex.: Movimento negro, movimento sindical, movimento estudantil, movimento dos sem-terra, movimento feminista, movimentos LGBT, entre outros. • Séculos XVI e XVII: Ideias iluministas (o homem do centro do universo) e o desenvolvimento do capitalismo foram fatores para o desenvolvimento dos movimentos sociais – lutas por melhores condições de trabalho. • A Revolução Russa foi um marco na história da luta contra a exploração do capitalismo. Fez com que o mundo capitalista atendesse às demandas dos trabalhadores. Cidadania Digital • A afirmação de uma cultura democrática vai além dos direitos formais. Ela implica a existência da mobilização social. • Com o ciberespaço, ocorre o fenômeno da desterritorialização. • Transformação de meros receptores em protagonistas. • Queda brusca na influência dos meios de comunicação tradicionais. → Ex.: Sites de prestação de contas, financiamento coletivo de projetos, projetos de lei com participação popular e redes sociais.
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