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ASIA ANTES DA CHEGADA DOS PORTUGUESES Módulo 37 177 Na transição para a Idade Moderna, a China experimentou momentos de intensa criatividade e amplo desenvolvimento tecnológico. Alguns historiadores afirmam que, no tempo da chamada dinastia Song do Norte, a China atingiu um grau de desenvolvimento superior ao dos europeus que viviam no mesmo período, semelhante ao que viriam a construir durante o Renascimento. CHINA SÉC. X AO XVII No Grupo 1, vimos que intelectuais europeus, seguindo a lógica eurocêntrica, denominaram o período entre 1453 e 1789 de Idade Moderna. Refletimos, também, sobre o que é ser moderno, já que, no caso da classificação do período histórico, os europeus entenderam que modernas eram as inovações que o Renascimento trouxe, juntamente com uma série de outras mudanças e questionamentos que levaram à contestação da ordem política feudal, culminando no surgimento do Estado Moderno, e até mesmo da autoridade da Igreja, desencadeando a Reforma Protestante. A CHINA JÁ ERA MODERNA? É preciso destacar que, no século X, muito antes da invenção da prensa de Guttenberg, já havia livros impressos na China utilizando outras técnicas. Ao nomearem o período da “História Moderna” como tal, europeus excluíram as demais sociedades e civilizações do mundo – as quais, muitas vezes, já demonstravam um significativo desenvolvimento – criando assim ideias e teorias com base em uma pretensa superioridade. Levando essas observações em consideração, devemos refletir, no estudo deste grupo: quem define o que é Moderno? Durante a dinastia Tang, alguns fatos importantes ocorreram. O primeiro deles é o de que esta foi a única dinastia que presenciou o governo de uma mulher, a imperatriz Wu Zetian, conhecida como imperatriz Wu, famosa por suas habilidades políticas. Também se atribui a esse período a descoberta de técnicas para a impressão em xilografia, método semelhante aos carimbos. IMPERATRIZ WU A China imperial iniciou-se com a dinastia Qin, no século V a.C. Muitas dinastias ocuparam o poder desde então. Durante a Idade Média e no início da Idade Moderna, a China foi governada por algumas dinastias, entre elas: dinastia Sui (581-618), dinastia Tang (618-907), dinastia Song (960-1279), dinastia Yuan (1279-1368) e dinastia Ming (1368-1644). Nestes módulos, entretanto, estudaremos aspectos de apenas três dessas dinastias. A CHINA IMPERIAL Fundada no século X por Zhao Kuangyin, a dinastia Song colocou fim a uma disputa de poderes entre chefes militares, um dos desdobramentos advindos do final da dinastia Tang. Para resolver os problemas daquele momento, o imperador nomeou funcionários civis para ocuparem os cargos que até então eram ocupados por governadores militares. São diversos os motivos que fizeram a China viver uma intensa efervescência criativa durante a dinastia Song. Inicialmente, a população chinesa cresceu de forma significativa, gerando a intensificação da vida urbana e o desenvolvimento industrial. DINASTIA SONG O comércio interno e inter-regional chinês ocorria em larga escala. Graças a ele, era atendida a intensa demanda da capital da dinastia Song do Norte, Kaifeng – centro político administrativo que chegou a contabilizar cerca de 1,05 milhão de habitantes em 1100. Por estar localizada próxima ao Rio Amarelo, as transações comerciais ocorriam em grande parte através do aproveitamento do rio (transporte fluvial). DINASTIA SONG No período, houve o desenvolvimento de técnicas para a produção de aço, possível graças às reservas de carvão e ferro da região do norte da China. O aço tornou-se a base para a indústria de guerra chinesa, embora os chineses não o aliassem a uma de suas principais descobertas, a pólvora, utilizando- se de estratégias “primitivas” nos conflitos contra inimigos. Atentos à negligência chinesa em relação ao uso de suas próprias técnicas, o povo Ruzhen as tomou para si e conquistou Kaifeng, levando os Song a estabelecerem uma nova capital ao Sul, Hangzhou, também marcante pela alta densidade demográfica. DINASTIA SONG A dinastia Song do Sul manteve o comércio interno e destacou se pela realização de transações comerciais a nível internacional. Parte significativa dos lucros do governo era proveniente da Rota da Seda, que, desde a Antiguidade, permitia o comércio entre povos da Europa, do Oriente Médio e da Ásia. DINASTIA SONG Os chineses já utilizavam papel-moeda, desde a dinastia Tang. O mesmo faziam os mongóis, povo do interior da Ásia que viria a dominar a China fundando a dinastia Yuan. O veneziano Marco Polo, europeu que percorreu a Ásia e observou o modo de vida de diversos povos, inclusive na Corte do imperador mongol Khublai Khan, encantou- se com o uso do papel-moeda. PAPEL MOEDA O comércio externo, entretanto, não ocorria somente por via terrestre. Os chineses, já nos séculos XII e XIII, haviam desenvolvido uma notável tecnologia náutica – com grandes embarcações e utilização da bússola , o que possibilitou o comércio marítimo com a Índia e a África Oriental. A educação chinesa se destacou durante a dinastia Song. Os livros impressos multiplicaram as obras chinesas clássicas, além de um sistema de exames – parecido com o que conhecemos hoje como concursos –, que foi adotado para seleção de funcionários do governo. Aos poucos, a educação clássica para submissão a esses exames – especialmente sob a influência de princípios do neoconfucionismo, passou a ser a certificação de status na sociedade chinesa, indo, assim, além da aquisição de conhecimentos e saberes. DINASTIA SONG Página de livro de caligrafia do reino Chuchua, comandado pela dinastia Song, produzido em 992, disponível, atualmente, no Museu do Palácio da China, em Beijing. Inspirado nas ideias de Confúcio (551 a.C. a 479 a.C.), o confucionismo é uma filosofia pautada em valores de humanidade, senso de justiça, rituais, conhecimento e integridade, buscando-se atingir o aprimoramento e a perfeição. Os valores do confucionismo, especialmente morais, passaram a influenciar a vida dos chineses em diversas esferas, incluindo a cotidiana e a religiosa. Durante a dinastia Song, desenvolveu- se o chamado neoconfucionismo, incorporado, em especial, pela aristocracia. Nesse contexto, um dos pontos de destaque foi a influência na formação intelectual da elite chinesa, buscando-se a erudição. Esta tornou-se um objetivo, refletindo, inclusive, no sistema de exame. NEOCONFUCIONISMO CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO...
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