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Quim. Nova, Vol. 27, No. 6, 892-896, 2004 Ar ti go *e-mail: haroldo@ufs.br APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE DISPERSÃO DA MATRIZ EM FASE SÓLIDA (DMFS) NA ANÁLISE DE PESTICIDAS EM QUIABO POR CG-EM Haroldo Silveira Dórea* e Waneide Gomes Lopes Departamento de Química, Universidade Federal de Sergipe, Av. Mal. Rondon, s/n, 49100-000 São Cristóvão - SE Recebido em 19/9/03; aceito em 30/6/04; publicado na web em 8/10/04 APPLICATION OF THE MATRIX SOLID PHASE DISPERSION (MSPD) TECHNIQUE IN THE ANALYSIS OF PESTICIDES IN OKRA BY GC-MS. A matrix solid phase dispersion and gas chromatography–mass selective detection method for the simultaneous determination of monocrotophos, methyl parathion, cypermethrin and deltamethrin in okra is described. Analyses of 2 g of fortified okra (0.05-0.75 mg kg-1) showed an average recovery of 96.2% (71.4-128.4%) and average relative standard deviation of 11.7% (1.4-37.1%). The cypermethrin recovery at the lower level was above 130%. The limit of detection ranged from 0.02 to 0.15 mg kg-1. The procedure was applied to the okra samples and has found 0.56 mg kg-1 of cypermethrin-cis, 0.75 mg kg-1 of cypermethrin-trans and 2.71 mg kg-1 of deltamethrin. Keywords: MSPD; pesticides; GC-MS. INTRODUÇÃO O uso de pesticidas é ainda a principal estratégia no campo para o combate e a prevenção de pragas agrícolas. Esses compostos, po- rém, são potencialmente tóxicos ao homem, podendo causar efeitos adversos ao sistema nervoso central e periférico, ter ação imunodepressora, ser cancerígeno, entre outros males1. O estudo de novos métodos para a análise multirresíduo de pesticidas em alimentos tem despertado interesse pelo fato de mui- tos laboratórios adotarem métodos que utilizam extração líquido- líquido2,3 como rotina. Essa técnica, além de ser tediosa, morosa e de difícil automação, consome grandes quantidades de solventes orgâ- nicos, linha contrária à tendência atual de se reduzir ao máximo os resíduos de solventes nos laboratórios. A etapa de preparação da amostra torna-se um desafio para ob- tenção de métodos mais rápidos, que utilizem menores quantidades de solventes orgânicos, com maior sensibilidade e para matrizes com baixa concentração dos analitos. Extração com fluido supercrítico, EFS “Supercritical Fluid Extraction–SFE”4,5 e extração em fase sóli- da, EFS “Solid Phase Extraction–SPE”6 são técnicas utilizadas para responder a essas exigências na extração de resíduos de pesticidas em alimentos. Outras técnicas, como “Solid-Phase Microextraction– SPME”, “Accelerated Solvent Extraction-ASE”, “Subcritical Water Extraction-SWE”, “Pressurized Solvent Extraction-PSE”, “Microwave Assisted Extraction-MAE”, entre outras, estão sendo desenvolvidas7. Dispersão da Matriz em Fase Sólida (DMFS) Introduzida por Barker e colaboradores em 19898, a dispersão da matriz em fase sólida, DMFS “Matrix Solid Phase Dispersion- MSPD”, resolveu muitos problemas de extração de matrizes sólidas e semi-sólidas, quando se utiliza uma fase sólida. A técnica combina diretamente a amostra com um adsorvente (dispersante), permitindo a realização simultânea de várias etapas no preparo da amostra. A extração em fase sólida (EFS) na sua forma convencional re- quer matrizes líquidas, relativamente não viscosas, livres de material particulado e no estado homogêneo9. Etapas anteriores são necessá- rias para preparar matrizes sólidas e semi-sólidas para introdução no cartucho de EFS e posterior purificação e/ou eluição. Os resultados têm mostrado que suas vantagens a tornam superior à extração líqui- do-líquido (ELL) e tem desempenho (em termos de recuperação, precisão, tempo e número de etapas) similar à extração com fluido supercrítico na análise de pesticidas em frutas10. A técnica por DMFS consiste basicamente em introduzir a amos- tra em um recipiente contendo um suporte sólido (adsorvente), mis- turar até homogeneização, transferir o material (matriz e adsorvente) para a coluna e eluir com solvente apropriado. A coluna DMFS con- siste, portanto, da matriz dispersa no adsorvente9. O suporte sólido ou dispersante serve para várias funções. Pri- meiro atua como abrasivo, promovendo o rompimento da estrutura física da amostra; segundo, como adsorvente de compostos da ma- triz; terceiro, o material misturado pode ser empacotado na coluna (pressionando o êmbolo ajustado ao cartucho, como uma seringa, até a parte inferior do cartucho) e os analitos podem ser eluídos seqüencialmente com o eluente; quarto, a matriz distribuída no su- porte produz um único material com a fase sólida da coluna, permi- tindo um novo grau de fracionamento da amostra9. A escolha do suporte-adsorvente recai na polaridade do analito e na natureza da matriz9-11. Para aplicações que requerem uma fase lipofílica quimicamente ligada “bonded phase”, geralmente o supor- te-adsorvente faz uso de materiais como C 18 e C 8 . O tipo de ligante (C 8 e C 18 ), a quantidade e a porcentagem também afetarão os resulta- dos, portanto, deve-se examinar as fases disponíveis para cada apli- cação. O isolamento de analitos mais polares é realizado com supor- tes sólidos polares e o de analitos menos polares com suportes me- nos polares. As interações dos componentes do sistema por dispersão da matriz em FS envolvem o analito com o suporte sólido, com a fase quimica- mente ligada (C 18 ) e com a matriz dispersa, a matriz com o suporte sólido e com a fase quimicamente ligada, todos os componentes aci- ma interagindo com o solvente de eluição e as interações dinâmicas de todos os componentes ocorrendo simultaneamente9. Na etapa de homogeneização da amostra com o adsorvente, pode- se fazer a adição de reagentes para modificar a amostra (modifica- 893Aplicação da Técnica de Dispersão da Matriz em Fase Sólida (DMFS)Vol. 27, No. 6 dores), como antioxidantes, agentes quelantes, ácidos, bases etc. Estes procedimentos podem ser realizados para afetar a seqüência da eluição, distribuição e/ou retenção do analito. Ocorrem modifica- ções na matriz no momento da mistura. A ionização ou supressão da ionização dos analitos e dos componentes da amostra pode afetar grandemente a natureza das interações entre eles e com o solvente de eluição9. O condicionamento e a pré-lavagem da mistura matriz-suporte na coluna DMFS também podem ser usados para a ativação do adsorvente e eliminação de interferentes10. A natureza da coluna DMFS e a faixa de interações permitem o isolamento de analitos de polaridades diferentes ou de uma classe de substâncias, em um único solvente ou em diferentes solventes de eluição. Este isolamento torna a DMFS uma técnica apropriada para isolar e/ou purificar multirresíduos a partir de matrizes complexas10,11. Assim como na extração em fase sólida, o suporte sólido, a fase quimicamente ligada e o solvente de eluição são parâmetros críticos, mas esses certamente têm influência menor que a dispersão da ma- triz do topo até a base da coluna DMFS. Na extração em FS, a mai- oria das substâncias da amostra é retida nos primeiros milímetros do topo da coluna (efeito da matriz), enquanto que em DMFS a deposi- ção da amostra com o adsorvente na coluna é uniforme por toda sua extensão9. Em alguns casos o eluato da coluna DMFS está satisfatoriamen- te limpo para ser injetado diretamente no cromatógrafo, porém na maioria das vezes os interferentes devem ser removidos com uma purificação adicional, conectando-se em série uma segunda coluna (co-coluna) contendo outra fase sólida na coluna DMFS, ou colo- cando-se uma FS (p.ex. alumina, Florisil, sílica, C 8 , C 18 ) na coluna DMFS antes de adicionar a mistura matriz-suporte10,11. Neste trabalho é desenvolvido um método por dispersão da ma- triz em fase sólida para analisar os pesticidas organofosforados, monocrotofós e paration metílico, e os piretróides sintéticos, ciper- metrina e deltametrina, em amostras de quiabo. Este alimento foi escolhido por ser o principal produto cultivado no Perímetro Irriga- do Califórnia, localizado no semi-árido sergipano, e um importante componente da alimentaçãoda população regional12. PARTE EXPERIMENTAL Reagentes e soluções Acetato de etila (Merck, Darmstadt , Germany), óxido de alumí- nio neutro (Merck, Darmstadt, Germany) 70-290 mesh, sílica gel 70-230 mesh (Merck, Darmstadt, Germany) e sílica gel 65 mesh (produzida na UFS). Padrões dos pesticidas monocrotofós (Riedel- de-Haën, Seelze, 99%), paration metílico (Institute of Organic In- dustrial Chemistry, Warsaw, Poland, 99,4%), cipermetrina (AccuStandard, New Haven, USA, 99%) e deltametrina (AccuStandard, New Haven, USA, 99,6%). A Figura 1 mostra as estruturas químicas dos pesticidas estudados. As soluções padrão estoques foram preparadas com concentrações de 200 µg mL-1 em acetato de etila. A partir destas foram preparadas soluções padrão de trabalho com concentrações diferenciadas, segundo a sensibilidade do composto no detector de espectrometria de massas: paration metílico (10 µg mL-1), monocrotofós (20 µg mL-1), cipermetrina (30 µg mL-1) e deltametrina (30 µg mL-1). Preparação da amostra Amostras de quiabo não contaminadas, adquiridas com micro- produtores que não utilizam pesticidas, foram utilizadas para desen- volver a metodologia por DMFS. Para o teste final foram coletadas amostras comerciais no Mercado de Aracaju, em abril de 2002, com procedência de Canindé do São Francisco. Após o recebimento das amostras, as mesmas foram condiciona- das em sacos plásticos, vedadas, identificadas e conservadas em freezer. No momento da extração as amostras foram retiradas e dei- xadas à temperatura ambiente até descongelarem. Em seguida, os quiabos foram cortados em pequenos pedaços, incluindo-se a cabe- ça do quiabo, pesados 2 g, adicionados 0,5 mL da solução padrão de trabalho contendo os pesticidas e 4 g de sílica gel (70-230 mesh). Após a homogeneização da mistura em almofariz por 2 min, o con- teúdo foi transferido para a coluna de polietileno (20 mL) contendo 1 cm de alumina neutra, Al 2 O 3 , (co-coluna) e lã de vidro como “base de sustentação”. Os pesticidas foram eluídos com 40 mL de acetato de etila e o eluato foi concentrado em rota-evaporador até o volume final de aproximadamente 5 mL. O extrato foi mantido em freezer até o momento da análise por CG-EM. Condições cromatográficas O CG-EM da Shimadzu, modelo QP5050A, Kyoto, Japão, foi utilizado nas análises dos pesticidas em quiabo. Equipado com injetor com e sem divisão de fluxo, a 250 °C, e coluna DB–5 (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm). Forno: temperatura inicial, 160 ºC (1 min); taxa de aque- cimento de 10 ºC/min até 250 ºC (5 min). Temperatura da interface, 280 °C. Gás de arraste, hélio (70 kPa). Volume de injeção: 1 µL de solução padrão ou extrato da amostra. Razão do divisor, 1:10. O espectrômetro de massas foi operado no modo MIS (monitoramento de íons selecionados). Modo de ionização: impacto de elétrons a 70 eV. Fragmentos selecionados para os pesticidas estudados: m/z 125, 127, 163, 181, 209, 253 e 263. RESULTADOS E DISCUSSÃO A escolha dos pesticidas baseou-se em um estudo realizado em área de irrigação do semi-árido nordestino, onde cerca de 8.000 t/ano são produzidos pela cultura de quiabo (57% da produção total da Figura 1. Estrutura química dos pesticidas (a) monocrotofós, (b) paration metílico, (c) cipermetrina e (d) deltametrina 894 Quim. NovaDórea e Lopes área)12. Em seguida, foram avaliadas as condições cromatográficas (CG-EM) através da injeção de soluções padrão dos pesticidas, ini- cialmente no modo de aquisição de varredura linear (“Scan”). Os íons diagnósticos selecionados para o monitoramento dos analitos encontram-se reunidos na Tabela 1. Os resultados quantitativos fo- ram obtidos no modo MIS. Os isômeros cis e trans do piretróide cipermetrina foram analisados individualmente, como dois compos- tos diferentes. A quantificação foi feita empregando-se a padronização externa. A curva analítica foi obtida pelo método dos mínimos quadrados para o intervalo de concentração de 0,5 a 6,0 µg mL-1 para os pesticidas analisados; os valores do coeficiente de correlação e a equação da reta para cada pesticida são mostrados na Tabela 1. Os valores do coeficiente de correlação (r > 0,997) indicam que o modelo linear pode ser usado na quantificação dos analitos. Os padrões de pesticidas foram adicionados às amostras de qui- abo não contaminadas antes da adição do dispersante (adsorvente) e esperou-se cerca 30 min para que houvesse maior interação dos pesticidas com a amostra. Devido à pequena quantidade de amostra utilizada (2 g), é necessária a adição de um volume reduzido da solu- ção padrão de trabalho contendo os pesticidas, para garantir a pene- tração de todos os pesticidas na matriz. Um volume excessivo da solução padrão poderia ocasionar em perda dos pesticidas, ficando parte desses no recipiente onde haverá a homogeneização. Foram realizados testes com os adsorventes sílica e alumina neutra em várias proporções. Foram feitos também testes com e sem co- coluna. Os melhores resultados de recuperação foram obtidos utili- zando-se sílica gel (70-230 mesh) como dispersante e alumina neu- tra na co-coluna (Figura 2). Devido aos bons resultados obtidos em trabalhos anteriores11,13,14, acetato de etila foi usado como eluente. Tabela 1. Tempo de retenção, fórmula química, massa molar, íons selecionados, equação da reta e coeficiente de correlação das curvas analíticas dos pesticidas estudados Pesticida t R (min) Fórmula química M (g mol-1) MIS (m/z)* Equação da Reta y = bx + a r Monocrotofós 5,2 C 7 H 14 O 5 NP 223 127 5,5 104 x - 2,1 104 0,999 Paration metílico 7,0 C 8 H 10 NO 5 PS 263 125, 263 4,0 104 x - 5,2 103 0,999 Cipermetrina-cis 12,6 C 22 H 19 C I2 NO 3 415 163, 181 1,5 104 x - 9,9 103 0,999 Cipermetrina-trans 12,8 C 22 H 19 C I2 NO 3 415 163, 181 1,3 104 x - 9,6 103 0,997 Deltametrina 14,7 C 22 H 19 BR 2 NO 3 503 209, 253 1,2 104 x - 4,3 103 0,999 * íons usados para quantificação Figura 2. Recuperação (n=3) dos pesticidas em amostras de quiabo forti- ficadas com monocrotofós (0,5mg kg-1), paration metílico (0,25mg kg-1), cipermetrina cis e/ou trans (0,75mg kg-1) e deltametrina (0,75mg kg-1) Tabela 2. Resultados de recuperação (n=3) e estimativa de desvio padrão relativo, em 3 níveis de fortificação, dos pesticidas estudados em amostras de quiabo extraídas com o método proposto por DMFS (sílica, co-coluna) Pesticidas Fortificação Recuperação DPR* (mg kg-1) média (%) (%) Monocrotofós 0,50 98,7 4,2 0,25 73,0 23,9 0,10 126,2 1,4 Paration metílico 0,25 91,4 5,0 0,15 75,1 21,2 0,05 112,9 2,8 Cipermetrina-cis 0,75 93,3 6,2 0,40 91,4 17,2 0,15 179,8 7,3 Cipermetrina-trans 0,75 98,9 7,6 0,40 93,9 14,6 0,15 184,4 5,1 Deltametrina 0,75 96,1 10,0 0,40 71,4 37,1 0,15 128,4 11,5 * Estimativa do desvio padrão relativo, 100.(%) x SDDPR = A Figura 2 mostra os resultados de recuperação para os três me- lhores procedimentos, com fortificação de 0,25 a 0,75 mg kg-1 (nível mais alto de fortificação) em triplicata, para os pesticidas estudados. De um modo geral, os menores resultados de recuperação foram obtidos tendo sílica gel (65 mesh) como dispersante e sem co-colu- na, com média de recuperação de 78,2% (média da estimativa do desvio padrão relativo, DPR, de 15,8%) para todos os pesticidas. Substituindo-se o dispersante pela sílica gel (70-230 mesh), de outra marca, e também sem co-coluna, a recuperação média foi de 110,1%. Os cromatogramas mostraram presença de interferentes, o que ex- plica a recuperação superior a 100%. Além disto, a precisão estima- da pelo DPR (32,7%) foi inferior à obtida com sílica gel (65 mesh). A combinação entre sílica gel como dispersante e alumina neutra como fase sólida da co-coluna foi a que forneceu melhores resulta- dos. A recuperação média foi de 95,7% (DPR de 6,6%). A alumina neutra também se mostrou satisfatória como co-colu- na na determinação de 11 pesticidas em matrizes de plantas medici- nais, obtendo-se resultados de recuperação entre 70,6 e 116,7%15. Após a otimização inicial, níveis de fortificação mais baixos fo- ram estudados. A Tabela2 mostra os resultados de recuperação em 3 níveis de concentrações diferentes e a estimativa de DPR (%) dos pesticidas selecionados nas amostras de quiabo pelo método de ex- tração por DMFS, usando sílica gel (70-230 mesh) como dispersante e alumina neutra como fase sólida da co-coluna. As amostras de quia- bo foram fortificadas entre 0,05 e 0,75 mg kg-1 e basicamente todos os resultados apresentaram valores de recuperação (n=3) entre 71,4 e 128,4%, dando uma recuperação média de 96,2%. Apenas a 895Aplicação da Técnica de Dispersão da Matriz em Fase Sólida (DMFS)Vol. 27, No. 6 cipermetrina (cis e trans) apresentou resultados de recuperação não satisfatórios (>130%) para o nível de fortificação mais baixo. Isso pode ser justificado por se tratar do limite de detecção do pesticida no CG/EM e pela presença de compostos endógenos da matriz. Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) foram estabele- cidos como 3 e 10 vezes a razão sinal/ruído (s/n), respectivamente, nas condições cromatográficas estabelecidas e levando-se em considera- ção a quantidade da sub-amostra utilizada no método e do volume do extrato. Os resultados mostraram que houve uma variação entre 0,02 e 0,15 mg kg-1 para LD e 0,1 a 0,7 mg kg-1 para LQ. O paration metílico mostrou maior sensibilidade que os demais pesticidas. O Limite Máximo de Resíduos (LMR) é a concentração máxima de resíduos de um pesticida para que se permita o uso legal, tanto na superfície quanto na parte interna dos produtos alimentícios para consumo humano ou de animais16. Comparando os valores de LD com relação ao LMR estabelecido pelo Codex16 (Tabela 3), observa- se que os valores de LD obtidos pelo método proposto estão abaixo do exigido para esse tipo de alimento. Comparando o método proposto com outros métodos que usa- ram DMFS para analisar pesticidas em alimentos (Tabela 4), obser- va-se uma variação na quantidade de amostras da ordem de 10 vezes (0,5 a 5 g); já a relação amostra/suporte tem sido definida experi- mentalmente, pois pode ter valores de 1/1; 1/0,5; 1/1,6 e 1/2. Quanto à relação volume do eluente/coluna DMFS (composta de amostra + suporte + fase sólida da co-coluna) tem variado entre 1/4; 1/5; 1/8 e 1/10 (Tabela 4). O fragmentograma apresentado na Figura 3 mostra a compara- ção entre uma solução padrão, uma amostra de quiabo fortificada com os pesticidas estudados (de 0,25 a 0,75 mg kg-1) e o branco. O aumento na linha de base após 10 min de análise foi devido ao íon m/z 253, selecionado para a quantificação da deltametrina. Aplicação em amostra comercial Os resultados para as amostras comerciais foram obtidos corrigin- do-se os valores de recuperação do método proposto com a média de recuperação para os três níveis de fortificação. As amostras foram Tabela 4. Dados da literatura sobre as aplicações de DMFS na análise de resíduos de pesticidas em alimentos REFERÊNCIAS Parâmetros avaliados 11 13 14 17 18 19 Proposto (parâmetros selecionados) Amostra Frutas Frutas, Frutas, Vegetais Frutas Frutas, Quiabo vegetais vegetais vegetais Quantidade de amostra (g) 1,0 0,5 0,5 5,0 0,1 0,5 2 Suporte Florisil C 18 C 18 Florisil C 8 C 8 Sílica gel Quantidade de suporte (g) 0,5 0,5 0,5 8,0 0,1 0,5 4 Co-coluna Sílica gel/ Sílica Sílica Florisil/ Sílica — Alumina sulfato de sulfato de neutra sódio anidro sódio anidro Quantidade de fase sólida 0,5/3,0 1,5 1,0 0,5/1 cm não informado — 1 cm na co-coluna (g) Eluente Acetato Acetato Acetato n-hexano: n-hexano, Cloreto de Acetato de etila de etila de etila acetona (9:1) acetato de etila metileno de etila Volume eluente (mL) 40 10 10 60 não informado 10 40 Tabela 3. Limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) dos pesticidas estudados, em comparação com os limites máximos de resíduos (LMR) Pesticida LD LQ LMR16* (mg kg-1) (mg kg-1) (mg kg-1) Monocrotofós 0,10 0,5 0,2 Paration metílico 0,02 0,1 0,2 Cipermetrina 0,15 0,7 1,0 Deltametrina 0,15 0,7 0,2 * Para produtos alimentícios semelhantes ao quiabo (hortaliças). Figura 3. CG-EM (MIS), fragmentogramas obtidos das análises: (a) da solução padrão de trabalho contendo os pesticidas estudados, (b) da amostra de quiabo fortificada pelo método proposto por DMFS (nível 3, mais concentrado, ver Tabela 2) e (c) do branco. Identificação dos pesticidas: 1- monocrotofós, 2-paration metílico, 3-cipermetrina-cis, 4-cipermetrina-trans e 5-deltametrina 896 Quim. NovaDórea e Lopes coletadas no mercado de Aracaju e analisadas em triplicata. Os pesticidas determinados foram cipermetrina-cis (0,56 mg kg-1), cipermetrina-trans (0,75 mg kg-1) e deltametrina (2,71 mg kg-1). A concentração da deltametrina encontra-se 13 vezes acima do LMR (Tabela 3). CONCLUSÃO O método proposto por dispersão da matriz em fase sólida (DMFS) mostrou-se eficiente para analisar os pesticidas monocro- tofós, paration metílico, cipermetrina e deltametrina em amostras de quiabo, uma matriz com características diferentes das demais aplica- das com essa técnica. As amostras comerciais de quiabo mostraram valores acima do permitido pelo CODEX para deltametrina. Peque- na quantidade de amostra, pouco consumo de solvente orgânico, poucas etapas envolvidas, sem manipulações químicas complicadas da amostra, conferem a essa técnica um ganho em termos de tempo, consumo de solvente e uma utilização mínima de materiais, tornan- do-a atrativa quando comparada com as técnicas clássicas de extra- ção de pesticidas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro da FINEP/CTPETRO na aquisição do CG-EM e ao CNPq pela bolsa recebida por W. G. Lopes. REFERÊNCIAS 1. Caldas, E. C.; Souza, L. C. K. R.; Rev. Saúde Pública 2000, 34, 5. 2. Luke, M. A.; Froberg, J. E.; Masumoto, H. T.; J. AOAC 1975, 58, 1020. 3. Pang, G. F.; Fan, C. L.; Chao, Y. Z.; J. AOAC Int. 1994, 77, 738. 4. Lanças, F. M.; Rissato, S. R.; J. Microcol. Sep. 1998, 10, 473. 5. Lanças, F. M.; Dórea, H. S.; Muller, R.; Fagundes, C.; Ciênc. Tecnol. Aliment. 1997, 17, 432. 6. Dórea, H. S.; Tadeo, J. L.; Sanchez-Brunete, C.; Chromatographia 1996, 43, 380. 7. Lanças, F. M.; J. Braz. Chem. Soc. 2003, 14, 183. 8. Barker, S. A.; Long, A. R.; Short, C. R.; J. Chromatogr., A 1989, 475, 353. 9. Barker, S. A.; LC-GC 1998, supplement, S37. 10. Dórea, H. S; Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, Brasil, 1999. 11. Dórea, H. S; Lanças, F. M.; J. Microcol. Sep. 1999, 11, 367. 12. Pinheiro, A. S.; Dórea, H. S.; Curituba 2001, 4, 81. 13. Torres,C. M.; Picó, Y.; Redondo, M. J.; Mañes, J.; J. Chromatogr., A 1996, 719, 95. 14. Navarro, M.; Picó, Y.; Marín, R.; Mañes, J.; J. Chromatogr., A 2002, 968, 201. 15. Zuin, V. G.; Yariwake, J. H.; Lanças, F. M.; J. Braz. Chem. Soc. 2003, 14, 304. 16. FAO/OMS; Codex Alimentarius – Residuos de Plaguicidas em los alimentos, Roma, 1994, vol. 2. 17. Ling, Y. C.; Huang, I. P.; J. Chromatogr., A 1995, 695, 75. 18. Kristenson, E. M.; Haverkate, E. G. J.; Slooten, C. J.; Ramos, I.; Vreuls, R. J. J.; Brinkman, U. A. T.; J. Chromatogr., A 2001, 917, 277. 19. Blasco, C.; Picó, Y.; Manes, J.; Font, G.; J. Chromatogr., A 2002, 947, 227. 21 Acromatografia é um métodofísico-químico de separação.Ela está fundamentada na mi- gração diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interações, entre duas fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. A grande variedade de combinações entre fases móveis e estacionárias a torna uma técnica extrema- mente versátil e de grande aplicação. O termo cromato- grafia foi primeira- mente empregado em 1906 e sua utilização é atribuída a um botâ- nico russo ao descre- ver suas experiências na separação dos componentes de ex- tratos de folhas. Nesse estudo, a passagem de éter de petróleo (fase móvel) através de uma coluna de vidro preenchida com carbonato de cálcio (fase esta- cionária), à qual se adicionou o extrato, levou à separação dos componentes em faixas coloridas. Este é provavel- mente o motivo pelo qual a técnica é conhecida como cromatografia (chrom = cor e graphie = escrita), podendo levar à errônea idéiade que o processo seja dependente da cor. Apesar deste estudo e de outros anteriores, que também poderiam ser considerados precursores do uso dessa técnica, a cro- matografia foi pratica- mente ignorada até a década de 30, quan- do foi redescoberta. A partir daí, diversos trabalhos na área possibilitaram seu aperfeiçoamento e, em conjunto com os avanços tecnológi- cos, levaram-na a um elevado grau de sofis- ticação, o qual resul- tou no seu grande po- tencial de aplicação em muitas áreas. A cromatografia pode ser utilizada para a identificação de compostos, por comparação com padrões previa- mente existentes, para a purificação de compostos, separando-se as subs- tâncias indesejáveis e para a separa- ção dos componentes de uma mistura. As diferentes formas de cromato- grafia podem ser classificadas consi- derando-se diversos critérios, sendo alguns deles listados abaixo: 1. Classificação pela forma física do sistema cromatográfico Em relação à forma física do siste- ma, a cromatografia pode ser subdivi- dida em cromatografia em coluna e cromatografia planar. Enquanto a cro- matografia planar resume-se à croma- tografia em papel (CP), à cromatogra- fia por centrifugação (Chromatotron) e à cromatografia em camada delgada (CCD), são diversos os tipos de cro- matografia em coluna, os quais serão mais bem compreendidos quando classificados por outro critério. 2. Classificação pela fase móvel empregada Em se tratando da fase móvel, são três os tipos de cromatografia: a cro- matografia gasosa, a cromatografia lí- quida e a cromatografia supercrítica (CSC), usando-se na última um vapor pressurizado, acima de sua tempera- tura crítica. A cromatografia líquida apresenta uma importante subdivisão: a cromatografia líquida clássica (CLC), na qual a fase móvel é arrastada através da coluna apenas pela força da gravidade, e a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), na qual se utilizam fases estacionárias de partí- culas menores, sendo necessário o uso de uma bomba de alta pressão para a eluição da fase móvel. A CLAE foi inicialmente denominada cromato- grafia líquida de alta pressão, mas sua atual designação mostra-se mais ATUALIDADES EM QUÍMICA Ana Luiza G. Degani Quezia B. Cass Paulo C. Vieira A cromatografia é um método físico-químico de separação. Ela está fundamentada na migração diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre devido a dife- rentes interações, entre duas fases imiscíveis, a fasefasefasefasefase móvelmóvelmóvelmóvelmóvel e a fasefasefasefasefase estacionáriaestacionáriaestacionáriaestacionáriaestacionária A seção "Atualidades em química" procura apresentar assuntos que mostrem como a química é uma ciência viva, seja com relação a novas descobertas, seja no que diz respeito à sempre necessária redefinição de conceitos. Este artigo apresenta os conceitos básicos da cromatografia. Os diferentes tipos de cromatografia são descritos e classificados considerando-se a forma física do sistema cromatográfico empregado, a fase móvel/estacionária utilizada ou o modo de separação. Especial ênfase é dada à cromatografia em camada delgada, à cromatografia líquida clássica e de alta eficiência e à cromatografia gasosa de alta resolução. cromatografia, sílica, fase móvel, fase estacionária QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Cromatografia N° 7, MAIO 1998 22 adequada. No caso de fases móveis gasosas, separações podem ser obtidas por cromatografia gasosa (CG) e por cromatografia gasosa de alta resolução (CGAR). A diferença entre os dois tipos está na coluna. Enquanto na CGAR são utilizadas colunas capilares, nas quais a fase estacionária é um filme depositado na mesma, a CG utiliza colunas de maior diâmetro empacotadas com a fase estacionária. 3. Classificação pela fase estacionária utilizada Quanto à fase estacionária, distin- gue-se entre fases estacionárias sóli- das, líquidas e quimicamente ligadas. No caso da fase estacionária ser cons- tituída por um líquido, este pode estar simplesmente adsorvido sobre um su- porte sólido ou imobilizado sobre ele. Suportes modificados são considera- dos separadamente, como fases qui- micamente ligadas, por normalmente diferirem dos outros dois em seus mecanismos de separação. 4. Classificação pelo modo de separação Por este critério, separações cromatográficas se devem à adsorção, partição, troca iônica, exclusão ou mis- turas desses mecanismos. Para se ter uma visão mais ampla dos diferentes tipos de cromatografia, os mesmos estão dispostos no diagra- ma da Figura 1. Dentre os vários tipos de cromato- grafia, especial ênfase será dada à cromatografia em camada delgada (CCD), à cromatografia líquida clássica e de alta eficiência (CLAE) e à croma- tografia gasosa de alta reso- lução (CGAR). Cromatografia planar A cromatografia em papel (CP) é uma técnica de partição líquido–líquido, estando um deles fixado a um suporte sólido. Baseia-se na diferença de solubilidade das substân- cias em questão entre duas fases imiscíveis, sendo geral- mente a água um dos líquidos. O solvente é saturado em água e a partição se dá devido à presença de água em celulose (papel de filtro). Este método, embora menos eficiente que a CCD, é muito útil para a sepa- ração de compostos polares, sendo largamente usado em bioquímica. A cromatografia em camada delga- da (CCD) é uma técnica de adsorção líquido–sólido. Nesse caso, a separa- ção se dá pela diferença de afinidade dos componentes de uma mistura pela fase estacionária. A Fig. 2 mostra um cromatograma obtido por CCD no qual se pode observar a diferença de afinidade das substâncias 1 e 2 pela fase estacioná- ria, sendo a substância 1 mais retida que a 2. Por ser um método simples, rápido, visual e econômico, a CCD é a técnica predominantemente escolhida para o acompanhamento de reações orgânicas, sendo também muito utiliza- da para a purificação de substâncias e para a identificação de frações cole- tadas em cromatografia líquida clássi- ca. O parâmetro mais importante a ser considerado em CCD é o fator de retenção (Rf), o qual é a razão entre a distân- cia percorrida pela substância em questão e a distância percorrida pela fase móvel. Os valores ideais para Rf estão entre 0,4 e 0,6. A CCD pode ser usada tanto na escala analítica quanto na pre- parativa. Normalmente as placas utilizadas são de vidro, com es- pessura de 3 a 4 mm. Placas analíticas usualmente têm 10 cm x 2,5 cm e preparativas 20 cm x 20 cm. A sílica gel é a fase estacionária mais utilizada, sendo seguida pela alu- mina, pela terra diatomácea e pela celulose. Para a preparação das pla- cas, faz-se uma suspensão do adsor- vente em água, sendo a mesma depo- sitada sobre a placa manualmente ou com o auxílio de um espalhador. Após a deposição, deixa-se a placa secar ao ar. A etapa final da preparação da placa é sua ativação. A sílica, por exemplo, é ativada a 105-110 °C por 30 a 60 minutos. A espessura da camada de sílica a ser depositada é de 0,25 mm para placas analíticas e de 1,0 mm para placas preparativas. Na prepara- ção de placas preparativas, costuma- se adicionar sulfato de cálcio para melhorar a adesão à placa de vidro. No mercado existem placas analíticas e preparativas pré-fabricadas, as quais apresentam a fase estacionária deposi- tada sobre uma lâmina de material plástico ou de alumínio, sendo estas de maior eficiência. As amostras a serem analisadas por CCD devem ser aplicadas a apro- ximadamente 1 cm da base inferior da placa, com a ajuda de um capilar. Após a aplicação da(s) amostra(s) sobre a placa, a mesma deve ser introduzida numa cuba contendo a fase móvel adequada. Cubas cromato- Figura 1: Representação esquemática dos diferentes tipos de cromatografia. Figura 2: Esquematização de um cromatograma obtido por CCD. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Cromatografia N° 7, MAIO 1998 23 gráficas geralmente são de vidro, com fundo chato, e devem ter suas paredes laterais internas recobertas com papel de filtro, para facilitar sua saturação com os vapores do solvente. A escolha da fase móvel, que geralmente é constituída por umou mais solventes, não é tarefa simples. No entanto, uma vez que as fases estacionárias mais usadas são extre- mamente polares, não devem ser utilizados solventes pouco polares, que não removeriam os compostos do ponto de aplicação, nem solventes muito polares, capazes de arrastar os componentes da amostra até o topo da placa. Em vista disso, melhores resultados são obtidos com misturas de solventes, de modo a se obter uma polaridade média em relação à polari- dade dos componentes da amostra. A placa é deixada na cuba, onde o solvente irá subir por capilaridade, até que ele esteja a aproximadamente 2 cm da extremidade superior. Ao ascen- der, o solvente irá arrastar mais os com- postos menos adsorvidos na fase estacionária, separando-os dos mais adsorvidos. A linha de chegada da fase móvel deve ser marcada e a placa deve estar seca. Como a maioria dos compostos orgânicos é incolor, faz-se necessária a utilização de um processo de revela- ção para que se possa analisar o resultado. Para a revelação de placas de CCD, existem processos destrutivos e não destrutivos. Os métodos não destruti- vos mais utilizados são a utilização de 1) placas onde a fase estacionária é fluorescente ou 2) iodo. O primeiro baseia-se na utilização de substâncias fluorescentes misturadas à sílica quando da preparação das placas, possibilitando a revelação dos com- postos em câmaras de luz ultravioleta. O segundo vale-se do fato de que o iodo complexa-se com compostos insaturados, de modo que placas que os contenham, ao serem colocadas em uma câmara contendo cristais de iodo, apresentarão pontos amarron- zados. Os processos destrutivos consis- tem na oxidação dos compostos sobre a placa, pulverizando-os com solução aquosa de um oxidante orgânico e/ou um ácido mineral, submetendo-se a placa a altas temperaturas (~110 °C) por alguns minutos. Os compostos orgânicos oxidados serão revelados na forma de pontos escuros. Cromatografia em coluna Cromatografia líquida clássica Esta técnica é muito utilizada para isolamento de produtos naturais e purificação de produtos de reações químicas. As fases estacionárias mais utilizadas são sílica e alumina, entre- tanto estes adsorventes podem servir simplesmente como suporte para uma fase estacionária líquida. Fases esta- cionárias sólidas levam à separação por adsorção e fases estacionárias líquidas por partição. Suportes quimi- camente modificados também têm sido usados, sendo o processo de se- paração misto neste caso. Esses suportes são acondicio- nados em tubos cilíndricos geralmente de vidro, de diâmetros variados, os quais possuem uma torneira em sua extremidade inferior. A Fig. 3 é uma ilustração de uma coluna cromato- gráfica empacotada com sílica, sendo mostrados seus demais constituintes. Os adsorventes possuem partí- culas na faixa de 60-230 mesh, de modo a possibilitar um fluxo razoável do solvente através da coluna. O uso de sílica de partícula menor (230-400 mesh) como adsorvente para essas colunas requer a utilização de um sistema de bombeamento para o empacotamento e eluição, sendo conhecido como Cromatografia Flash. A principal etapa ao se utilizar essa técnica é o empacotamento, o qual, entre outros fatores, definirá a eficiên- cia da separação. Enquanto a alumina é empacotada em sua forma original, a sílica deve sê-lo na forma de sus- pensão. À coluna adiciona-se uma pequena quantidade de solvente e deposita-se na sua extremidade inferior um chu- maço de algodão com espessura de aproximadamente 0,5 cm para impedir a passagem de partículas da fase estacionária. A adição de sílica deve ser feita com a torneira semi-aberta. O adsorvente é adicionado lentamente à coluna fixada na posição vertical, batendo-se continuamente ao longo da mesma para que todo o ar seja expulso, de modo a se obter uma compactação uniforme. A existência de ar entre as partículas leva à forma- ção de canais na coluna, os quais alargam as bandas eluídas. Nunca se deve permitir que o nível do solvente desça abaixo do nível do adsorvente, o que poderia acarretar rachaduras, comprometendo a eficiên- cia da coluna. Após o empacotamento, é conve- niente que se passe uma certa quan- tidade do eluente (duas a três vezes o volume da coluna) a ser utilizado através da coluna antes da introdução da amostra. Esta é adicionada à coluna com o auxílio de uma pipeta no momento em que o nível do eluente esteja o mais próximo possível do adsorvente. Esse procedimento ame- niza o alargamento das bandas a serem eluídas. Tendo a amostra pene- trado no adsorvente, o eluente é então adicionado cuidadosa e continua- mente. A escolha do eluente segue os princípios discutidos em CCD, mas neste caso ele pode ser mudado du- rante o processo cromatográfico. Se, por exemplo, a amostra é constituída por duas substâncias, uma apolar e outra polar, utiliza-se primeiramente um eluente apolar e em seguida um eluente polar. O volume das frações a serem recolhidas é função da quantidade de amostra e do grau de dificuldade da Figura 3: Ilustração de uma coluna croma- tográfica. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Cromatografia N° 7, MAIO 1998 24 separação. Para análise das mesmas, recorre-se a alguma técnica auxiliar, usualmente CCD. Em vista de que geralmente algu- mas partículas da amostra perma- necem irreversivelmente adsorvidas à fase estacionária, a cada separação é necessário um tratamento para a recu- peração do adsorvente. Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) O grande avanço na cromatografia em coluna foi o desenvolvimento e a utilização de suportes com partículas diminutas responsáveis pela alta eficiência, as quais tornam necessário o uso de bombas de alta pressão para a eluição da fase móvel, devido a sua baixa permeabilidade. A Fig. 4 mostra um equipamento típico de CLAE. As fases móveis utilizadas em CLAE devem possuir alto grau de pureza e estar livres de oxigênio ou outros gases dissolvidos, sendo filtradas e desga- seificadas antes do uso. A bomba deve proporcionar ao sistema vazão contínua sem pulsos com alta reprodutibilidade, possibilitan- do a eluição da fase móvel a um fluxo adequado. As válvulas de injeção usadas possuem uma alça de amostragem para a introdução da amostra com uma seringa e duas posições, uma para o preenchimento da alça e outra para sua liberação para a coluna. Existem alças de diversos volumes, sendo utilizadas geralmente alças na faixa de 5-50 µL para injeções analíticas e 0,5- 2 mL para preparativas. As colunas utilizadas em CLAE são geralmente de aço inoxidável, com diâmetro interno de cerca de 0,45 cm para separações analíticas e na faixa de 2,2 cm para preparativas. O com- primento é variável, sendo comuns colunas analíticas de 10-25 cm e pre- parativas em torno de 25-30 cm. Essas colunas são reaproveitáveis, sendo empacotadas com suportes de alta resolução, não sendo necessária sua regeneração após cada separação. O detector mais utilizado para separações por CLAE é o detector de ultravioleta, sendo também empregados detectores de fluorescência, de indíce de refração, e eletroquímicos, entre outros. Detectores de polarimetria para CLAE, recentemente desenvolvidos, diferenciam compostos quirais, através da rotação de seus estereoisômeros frente à luz plano-polarizada. O registro de dados pode ser feito através de um registrador, um integra- dor ou um microcomputador. A Fig. 5 ilustra uma separação enantiomérica por CLAE. A versatilidade desta técnica reside no grande número de fases estacio- nárias existentes, as quais possibilitam análises e separações de uma ampla gama de compostos com alta eficiên- cia. Tem sido utilizada em várias áreas da ciência, no acompanhamento de sínteses, em análises de pesticidas, feromônios, no isolamento de produtos naturais e sintéticos e na produção e controle de qualidade de medica- mentos, dentre tantas outras apli- cações. As separações em CLAE podem se dar por adsorção, partição ou ambos. O suporte mais comumente utilizado é a sílica. O uso de fases estacionárias líquidas adsorvidas a um suporte não tem grande aplicaçãodevido à perda de fase estacionária, mas o uso de suportes modificados, os quais foram desenvolvidos como conseqüência do problema acima, possibilita a produ- ção de uma imensa variedade de colu- nas com diferentes propriedades e tipos de seletividade. As fases assim obtidas são chamadas de quimica- mente ligadas. Essas fases, dependendo da modi- ficação feita ao suporte, podem atuar no modo normal, reverso ou ambos. Na cromatografia em fase normal, a fase estacionária é mais polar que a fase móvel, e em fase reversa, a fase móvel é mais polar. Separações analíticas são predo- minantemente realizadas em fase reversa, sendo a fase C18 (octadecil- sílica) a mais usada, ao passo que são preferidas fases que atuem no modo Figura 4: Equipamento básico de CLAE. a) reservatório da fase móvel; b) bomba de alta pressão; c) válvula de injeção; d) coluna; e) detector e f) registrador. Figura 5: Cromatograma mostrando a separação dos enantiômeros do tetramisol, princípio ativo de vários medicamentos usados para ascaridíase. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Cromatografia N° 7, MAIO 1998 25 Para saber mais COLLINS, C.H.; BRAGA, G.L. e BO- NATO, P.S. Introdução a métodos croma- tográficos. 5ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1993. LOUGH, W.J. e WAINER, I.W. High Per- formance liquid chromatography: fun- damental principles and practice. Blackie Academic and Professional, 1995. CHAVES, M.H.; Análise de extratos de plantas por CCD: uma metodologia apli- cada à disciplina “Química Orgânica”. Química Nova, v. 20, n. 5, p. 560-562, 1997. ANDRADE, J.B.; PINHEIRO, H.L.C.; LO- PES, W.A.; MARTINS, S.; AMORIM, A.M.M. e BRANDÃO, A.M. Determinação de cafeí- na em bebidas através de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Química Nova, v. 18, n. 4, p. 379-381, 1995. NETO, F.R.A.; CGAR em análise de resíduos. Química Nova, v. 18, n. 1, p. 65-67, 1995. normal para fins preparativos, em vista de que separações no modo reverso utilizam fases móveis aquosas. Entre as fases quimicamente liga- das, merecido destaque deve ser dado às fases estacionárias quirais, as quais possibilitam a separação direta de enantiômeros. Para tanto, é necessária a presença de um seletor quiral como parte integrante da fase estacionária. Cromatografia gasosa de alta resolução (CGAR) Em contraste à CLAE, o principal mecanismo de separação da cromato- grafia gasosa está baseado na parti- ção dos componentes de uma amostra entre a fase móvel gasosa e a fase estacionária líquida. A utilização de fa- ses estacionárias sólidas, as quais levariam à separação por adsorção, apresenta poucas aplicações. A cromatografia gasosa é uma das técnicas analíticas mais utilizadas. Além de possuir um alto poder de resolução, é muito atrativa devido à possibilidade de detecção em escala de nano a picogramas (10–9-10-12 g). A grande limitação deste método é a necessidade de que a amostra seja volátil ou estável termicamente, embo- ra amostras não voláteis ou instáveis possam ser derivadas quimicamente. Pode ser utilizada para separações preparativas apenas na faixa de microgramas a miligramas, não sendo muito empregada para esse fim. A Fig. 6 mostra os componentes básicos de um cromatógrafo gasoso. Como dito anteriormente, a diferen- ça entre CG e CGAR está na coluna. Colunas de CGAR são maiores em comprimento, menores em diâmetro, possuem a fase líquida como um filme aplicado diretamente às paredes do tubo da coluna e são mais efi- cientes. Essas colunas são tubos longos de me- tais como aço ou co- bre, vidro ou teflon. Colunas de CG têm diâmetro de cerca de 3 mm e comprimento em torno de 3 m, ao passo que colunas de CGAR têm diâmetro na faixa de 0,15-0,75 mm e comprimentos variados, usualmente entre 10 m e 100 m. Os gases utilizados como fase móvel devem ter alta pureza e ser inertes em relação à fase estacionária. Hidrogênio, nitrogênio e hélio são os mais usados. A injeção da amostra é feita através de microsseringas ou válvulas seme- lhantes às utilizadas em CLAE. Os detectores de maior aplicação são o detector por ionização em chama e o detector de condutividade térmica. Os dados podem ser obtidos através de um registrador po- tenciométrico, um integrador ou um mi- crocomputador, sen- do as amostras identificadas por seus tempos de retenção. Nesses equipa- mentos é necessário o controle da tempe- ratura do injetor, da coluna e do detector, as quais são man- tidas por termostatos. Como a temperatura é um fator extrema- mente importante, grande parte das análises por croma- tografia gasosa é feita com programação de temperatura, obten- Figura 6: Componentes básicos de um cromatógrafo gasoso. a) cilindro do gás de arraste mantido sob alta pressão; b) injetor; c) coluna; d) detector e e) registrador. do-se melhor separação com picos mais simétricos em menor tempo. Para o empacotamento de colunas de CG, geralmente empregam-se terras diatomáceas como suporte. A escolha da fase estacionária é de fun- damental importância, sendo ela o componente crítico da coluna. As fases esta- cionárias podem ser polares, apolares ou quirais. Fases polares são baseadas em po- lietileno glicol puro ou modificado e apolares em metilsiloxano puro ou modificado. As fa- ses quirais mais co- muns são compostas de ciclodextrinas. Atualmente, espectrômetros de massa têm sido acoplados a equipa- mentos de cromatografia gasosa, possibilitando a identificação imediata das substâncias presentes na amostra. Ana Luiza G. Degani, mestre em química orgânica, é doutoranda na UFSCar. Quezia B.Quezia B.Quezia B.Quezia B.Quezia B. CassCassCassCassCass, bacharel em farmácia pela UFPE e Ph.D. em química pela City University, Londres, é docente do Departamento de Química da UFSCar, em São Carlos – SP. PPPPPaulo C. Vaulo C. Vaulo C. Vaulo C. Vaulo C. Vieiraieiraieiraieiraieira, licenciado pelo DQ-FFCL- USP, em Ribeirão Preto, doutor em ciências (química orgânica) pela USP, é docente do Departamento de Química da UFSCar, em São Carlos – SP. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Cromatografia N° 7, MAIO 1998 A cromatografia gasosa é uma das técnicas analíticas mais utilizadas. Além de possuir um alto poder de resolução, é muito atrativa devido à possibilidade de detecção em escala de nano a picogramas Quim. Nova, Vol. 31, No. 7, 1814-1819, 2008 R ev is ão *e-mail: mariaeqn@ffclrp.usp.br Extração sortiva Em barra dE agitação para análisE dE fármacos Em fluidos biológicos andréa rodrigues chaves e maria Eugênia costa Queiroz* Departamento de Química, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 14040-9001, Ribeirão Preto - SP, Brasil Recebido em 3/8/07; aceito em 17/12/07; publicado na web em 4/9/08 STIR-BAR SORPTIVE EXTRACTION FOR DRUGS ANALYSIS IN BIOLOGICAL FLUIDS. A novel solventless sample preparation, stir-bar sorptive extraction (SBSE), for extraction, and sample enrichment of organic compounds from biological fluids, is described in this manuscript from principle to applications. The SBSE is based on sorptive extraction, whereby the compounds are extracted into a polymer coating, polydimethylsiloxane (PDMS), on a magnetic stirring rod. The extraction is controlled by the partitioning coefficient of drugs between the PDMS and sample matrix, and upon the sample-extraction medium phase ratio. The SBSE technique has been applied successfully, with high sensitivities, to biomedical analysis of volatiles and for semi-volatiles drugs from biological sample, including urine, plasma, and saliva. SBSE combined with in situ derivatization, drugs quite more polar (e.g. metabolites) also can be analyzed. Keywords: stir-bar sorptive extraction (SBSE); drugs; biological fluids. introdução Em razão da complexidade dos fluidos biológicos e da baixa concentração dos fármacos nestas matrizes, a etapa de preparo de amostra - extração, pré-concentração dos analitos e eliminação dos interferentes - tem sido requerida no desenvolvimento de métodos cromatográficos com alta sensibilidade e seletividade analítica. Os métodosconvencionais, empregados no preparo de amostras biológicas, para análises cromatográficas, têm sido a extração líquido- líquido e extração em fase sólida.1-6 A miniaturização dos sistemas analíticos tem sido uma con- vergência predominante na área de química analítica. A micro- extração em fase sólida (SPME – solid-phase micro-extraction), in-tube SPME e a extração sortiva em barra de agitação (SBSE) são exemplos típicos de técnicas de preparo de amostra minia- turizadas. Estas técnicas, quando hifenadas a sistemas analíticos de detecção, têm resultado em análises rápidas, baixo consumo de solvente, menor exposição dos analistas aos fluidos biológicos e aos solventes tóxicos, assim como maior precisão analítica e automação das análises.7 A microextração em fase sólida apresenta uma série de vantagens em relação aos métodos de preparo de amostras convencionais, ou seja: não requer instrumentação analítica sofisticada, não utiliza sol- vente orgânico, rápido processo operacional, permite automação das análises, a reutilização das fibras extratoras e integra em um único sistema, a extração, concentração e introdução da amostra no sistema cromatográfico.8,9 Porém, em razão do pequeno volume das fases ex- tratoras e limitado número de fibras SPME, seletivas para análises de fármacos, os métodos analíticos padronizados têm apresentado baixa recuperação analítica, tornando necessária a utilização de sistemas de detecção de alta sensibilidade. Em 1999, Baltussen e colaboradores10 apresentaram a técnica extração sortiva em barra de agitação, utilizando uma barra de agitação magnética revestida com polidimetilsiloxano (PDMS), a fase extratora. Os volumes de PDMS utilizados nos revestimentos das barras SBSE, 24 a 126 µL, têm sido maiores quando comparados aos utilizados em SPME, 0,5 µL para o filme de maior espessura, 100 µm 11. Conseqüentemente, a sensibilidade analítica tem aumen- tado de 50 a 250 vezes, reduzindo os limites de quantificação a níveis de sub-ng mL-1. Extração sortiva Em barra dE agitação O princípio da técnica SBSE baseia-se no equilíbrio de partição (absorção) dos analitos entre a fase extratora e amostra, assim como na extração líquido-líquido. No entanto, a técnica SBSE não gera resíduos de solventes orgânicos e não ocorre perda do analito durante o processo de extração. Em contraste ao processo de adsorção, onde os analitos interagem com os sítios ativos presentes na superfície da fase extratora, na extração absortiva os analitos solubilizam na fase sorvente. Conseqüentemente, o volume e a área superficial da fase extratora irão influenciar nas taxas de recuperação da técnica SBSE.7,12,13 As fases sortivas são materiais poliméricos, homogêneos, não porosos, os quais têm sido desenvolvidos em temperaturas acima do seu ponto de transição vítrea. Nesta faixa de temperatura, o PDMS adquire aspecto de goma e propriedades dos solventes orgânicos no estado líquido.13 O polidimetilsiloxano (Figura 1), em razão de suas propriedades de difusão e estabilidade térmica em ampla faixa de temperatura tem sido muito utilizado como fase de extração sortiva, assim como fase Figura 1. Estrutura do oligômero de PDMS Extração sortiva em barra de agitação para análise de fármacos em fluidos biológicos 1815Vol. 31, No. 7 Figura 2. Ilustração da barra de agitação magnética com o recobrimento de PDMS: 1 - haste de aço inox, 2 - revestimento de vidro e 3 - fase extratora de PDMS Figura 3. Cromatograma referente à análise SBSE/LC com o recobrimento PDMS/poli(pirrol) em amostra de plasma enriquecido com os antidepressivos na concentração de 300 ng mL-1: 1 - mirtazapina, 2 - citalopram, 3 - paroxetina, 4 - duloxetina, 5 - fluoxetina, 6 - sertralina e 7 - clomipramina (padrão interno) estacionária em cromatografia gasosa (GC). As vantagens do emprego da fase extratora PDMS podem ser atribuídas às taxas de extração próximas a 100%, alta estabilidade, baixa reatividade e rápida dessorção térmica em temperaturas me- dianas.7-13 Alguns autores correlacionam o coeficiente de partição da técnica SBSE, com o coeficiente de distribuição octanol/água (K o/w ). Embora, não seja totalmente correto, o coeficiente de distribuição octanol/água de um analito específico nos dá um bom indicativo da eficiência da extração SBSE, quando utilizada a fase extratora PDMS.12-14,16 O equilíbrio de sorção é dependente da razão entre as fases, sendo diretamente dependente da quantidade de PDMS da fase extratora. Esta relação é ilustrada na Equação 1. O coeficiente de partição do analito entre as fases PDMS e aquosa (K PDMS/w ) é definido como sendo a razão entre a concentração do analito na fase de PDMS (C PDMS ) e a concentração do analito em água (C w ), no equilíbrio. Esta razão é igual ao produto entre razão das massas do soluto na fase PDMS (m PDMS ) e na fase aquosa (m w ) e β, onde β é igual à razão entre o volume da amostra e volume da fase extratora (β = V w / V PDMS ).12 (1) O fator de recuperação, Equação 2, é expresso através da razão entre a quantidade de analito extraído (m PDMS ) e a quantidade inicial de analito em água (m o = m PDMS + m w ) que corresponde às correlações entre K PDMS/w e β, como ilustra a Equação 2: (2) Segundo a Equação 2, quanto maior a quantidade de PDMS, menor o β, maior será a eficiência de extração. Uma vez que o valor de K PDMS é correlacionado ao valor de K o/w , a eficiência da extração em PDMS em geral diminui com o aumento da polaridade do analito. Para as análises SPME baixas taxas de recuperação analítica, 4,8%, têm sido obtidas para analitos com log K o/w = 3 em 10 mL de amostra aquosa, utilizando a fibra PDMS (100 µm, 0,5 µL), pois o valor de β é da ordem de 20000. Já para SBSE, as taxas de recuperação são próximas a 100%, para o mesmo analito, no mesmo volume de amostra, utilizando uma barra sortiva com 0,5 mm de fase extratora, o volume de PDMS é de 25 µL e β será igual a 417.7,12 As barras de agitação magnéticas revestidas com PDMS Twister têm sido adquiridas no comércio, fabricadas por Gerstel GmbH (Mü- lheim na der Ruhr, Alemanha). Estas barras apresentam três partes essenciais (Figura 2). A primeira e mais interna é uma haste de aço inox de agitação magnética, a qual é necessária para o movimento rotacional da amostra líquida. A segunda parte é uma capa de vidro que recobre a haste de agitação. A terceira e mais externa das partes, a camada de PDMS, é onde ocorre a extração dos analitos. Esta ca- mada de vidro previne a decomposição da fase polimérica (PDMS), em contato direto com a haste metálica.7 Recentemente, outras fases extratoras SBSE têm sido desen- volvidas. Liu e colaboradores17 utilizaram tecnologia sol-gel para o desenvolvimento de um revestimento misto de PDMS e poli(metil- hidrossiloxano) (PMHS). Esta fase extratora foi avaliada para análise de hidrocarbonetos aromáticos em amostras de água. O método pa- dronizado apresentou limites de quantificação de 0,18-20 pg mL-1. Com o objetivo de aumentar a seletividade da técnica SBSE, Lam- bert e colaboradores15 desenvolveram uma fase extratora empregando como recobrimento alquil-diol-sílica (ADS), obtendo bons resultados para extração no modo direto em fluidos biológicos (plasma e urina). Neste trabalho, os autores analisaram cafeína e seus metabólitos em fluidos biológicos, empregando a dessorção líquida e análises por LC-UV, obtendo recuperações de até 102%. As barras desenvolvidas por Lambert e colaboradores10 puderam ser diretamente inseridas em fluidos biológicos sem que ocorresse adsorção irreversível de compostos endógenos, como as proteínas, junto à fase extratora. A barra desenvolvida foi utilizada mais de 50 vezes, sem perda da eficiência de extração. A técnica conhecida como polímeros molecularmente impressos consiste na produção de moléculas com sítios específicos, os quais mimetizam o comportamento de sorção nos sítios dos receptores naturais. Xiaolane colaboradores18 desenvolveram uma fase mole- cularmente impressa para SBSE, utilizando nylon-6 para análise de organofosforados em solventes orgânicos. Bicchi e colaboradores19 desenvolveram uma fase extratora mista para SBSE composta de material adsorvente e sorvente. Neste trabalho, os autores empregam um tubo de PDMS empacotado com carbono ativado, cujas extremidades foram fechadas com material magnético para promover a agitação. A barra foi empregada nas análises de café, folhas de sálvia, uísque e atrazina, com coeficien- te de variação inferior a 16,9% e taxas de recuperação próximas a 80%, superiores aos valores encontrados com as barras SBSE comerciais. Queiroz e Lanças recentemente desenvolveram um revestimento SBSE misto de PDMS (absorção) e poli(pirrol) (PPY, adsorção) para análises de antidepressivos não tricíclicos em amostras de plasma, para fins de monitorização terapêutica20 (Figura 3). O método padro- nizado e validado de extração sortiva em barra de extração PDMS/ PPY e análises por cromatografia líquida SBSE/LC-UV apresentou limites de quantificação de 20 a 30 ng mL-1, taxas de recuperação de 50 a 90% e coeficiente de variação inferiores a 15%. Chavez e Queiroz1816 Quim. Nova procedimento sbsE Nas extrações SBSE, a barra de agitação magnética revestida com PDMS tem sido inserida diretamente na amostra ou no headspace (Figura 4) e agitada até atingir o equilíbrio de partição dos analitos entre a amostra e fase extratora. O frasco extrator (com tampa rosca e septo) tem sido colocado sobre o agitador magnético e a amostra agitada cerca de 30 a 240 min. Após o processo de extração, a barra de PDMS é retirada do frasco, com o auxílio de uma pinça ou de uma haste de aço inox, enxaguada levemente com água milli-Q e cuidadosamente seca com um lenço de papel macio para remoção de possíveis moléculas de água, açúcares, proteínas ou outros com- ponentes da amostra. Após sorção dos analitos na fase extratora, estes têm sido termi- camente dessorvidos no injetor de um cromatógrafo a gás, resultando em uma técnica simples e de alta sensibilidade para análise de analitos voláteis e semi-voláteis. Para as análises SBSE/LC de compostos termolábeis ou de alta massa molar, o processo de dessorção SBSE tem sido realizado em uma alíquota de solvente adequado, com agitação magnética ou em banho de ultra-som. Poucas referências bibliográficas descrevem a técnica SBSE/LC empregando o processo de dessorção off-line. Para a dessorção térmica, a etapa de lavagem da barra, anterior ao processo de dessorção, tem sido de extrema importância, pois previne a sorção de analitos não voláteis na barra. A lavagem não resulta em perda do analito, pois este encontra-se sorvido na fase PDMS.12,21 O processo SBSE com dessorção térmica pode ser totalmente automatizado. Dois sistemas são encontrados no comércio: o sistema de dessorção térmica clássica e outro especialmente desenvolvido para a dessorção da barra Twister, ambos da Gerstel. Estes sistemas foram especialmente desenvolvidos para serem acoplados a croma- tógrafos a gás equipados com injetor de temperatura programada. O injetor com temperatura programada é operado com um criotrap para concentração criogênica dos analitos termicamente dessorvidos (Figura 5).12-23 Para a dessorção térmica (Figura 5 A), a barra PDMS é introduzida em um tubo de vidro (interface) e encaminhada para o injetor, para rápida dessorção térmica dos analitos (Figura 5 A-1 e B). Posteriormente, os analitos dessorvidos termicamente são concentra- dos a baixas temperaturas (-150 °C) sob fluxo de nitrogênio líquido (concentração criogênica dos analitos) (Figura 5 A-2). Após total concentração dos analitos, inicia-se o aumento gradual da temperatura e os analitos são transportados à coluna analítica para a separação cromatográfica. Em razão do maior volume de fase PDMS, o processo SBSE Figura 4. Ilustração do processo de extração SBSE em fase gasosa (headspace) Figura 5. Representação esquemática do sistema de dessorção térmica. A) interface acoplada ao cromatógrafo a gás, 1 - unidade de dessorção térmica; 2 - injetor com temperatura programada. B) tubo de dessorção térmica, 1- junção; 2 - tubo de vidro para dessorção de dessorção é mais lento quando comparado com a técnica SPME, porém apresenta a vantagem de ser totalmente automatizado, permi- tindo o controle das condições de dessorção: temperaturas, fluxos e o modo de injeção split/splitless.14 Para o desenvolvimento de método SBSE com alta sensibilidade analítica, duas ou mais barras SBSE têm sido dessorvidas simultanea- mente. Segundo a Equação 2, utilizando uma única barra de extração, aumentando o volume de amostra (aumento de β) observa-se a dimi- nuição da quantidade de analito extraída pela fase PDMS e, conseqüen- temente, aumento no tempo de extração. Quando a dessorção térmica simultânea de barras SBSE é empregada, o valor β, assim como o tempo de extração, não aumenta e a recuperação não diminui.22 Segundo Benanou e colaboradores,24 a barra PDMS após a extração pode ser armazenada por uma semana (4 °C), sem perda significativa do analito, ampliando uma nova perspectiva para a extração e amostragem in loco. A barra PDMS, dependendo da complexidade da matriz anali- sada, tem sido reutilizada de 20 a 50 vezes sem perda da eficiência do processo SBSE. otimização das variáveis sbsE A otimização das variáveis SBSE permite o aumento da eficiência do processo e menor tempo de análise. Durante o processo de extração, a difusão dos analitos para a fase extratora depende do volume de amostra, velocidade de agitação, dimensões da barra de agitação e do revestimento. Estas variáveis deverão ser otimizadas durante o desenvolvimento do método.22 Para analitos apolares (log K o/w >3) a quantidade extraída aumenta proporcionalmente com o aumento do volume de amostra. No entanto, para analitos mais polares, o aumento linear das taxas de recuperação não tem sido observado. Desta forma, para SBSE tem sido necessário otimizar os volumes de amostra e de fase extratora, com base nos analitos e sensibilidade analítica.12 O aumento da temperatura favorece a difusão dos analitos, dimi- nuindo o tempo necessário para atingir o equilíbrio de partição. No entanto, diminui o coeficiente de distribuição dos analitos com a fase extratora, variações aceitáveis encontram-se na faixa de 1 a 2 °C.13 Queiroz e colaboradores11 minimizaram a influência das proteínas no processo SBSE, através da diluição de amostras de plasma com solução tampão borato 0,05 mol L-1, pH 9,0, taxas de recuperação analítica próximas a 100% foram obtidas. O processo de diluição das amostras de plasma com solução tampão diminuiu a viscosidade Extração sortiva em barra de agitação para análise de fármacos em fluidos biológicos 1817Vol. 31, No. 7 da matriz, favorecendo a difusão dos fármacos para a fase extratora, assim como diminuiu o tempo necessário para atingir o equilíbrio de partição. A fase PDMS extrai compostos não iônicos. A diluição das amostras de plasma com solução tampão permitiu o ajuste do pH da matriz, favorecendo a supressão da ionização dos fármacos (valores de pka de 8,7 a 10,2) aumentando, assim, a afinidade destes com a fase extratora de PDMS.11 Lanças e colaboradores25 empregaram o método SBSE-LC-MS na análise de fluoxetina em amostras de plasma. Anterior ao processo SBSE, os autores realizaram a precipitação das proteínas do plasma com ácido tricloroacético 10% (m/v), no intuito de minimizar a influência destas, no processo de extração. No entanto, os autores obtiveram taxas de recuperação analítica do fármaco de 57,54%. Segundo eles, a baixa taxa de recuperação é decorrente da alta ligação do fármaco às proteínas do plasma. Assim como para SPME, as extrações SBSE podem ser realizadas fora do equilíbrio de partição; desde que as variáveis SBSE sejam rigorosamente controladas, melhores resultados são obtidos com a adição de padrãointerno. Porém, segundo Baltussen e colaborado- res,13 o controle das variáveis em SBSE é menos rigoroso, pois a técnica SBSE apresenta taxas de recuperação próximas a 100%. análises quantitativas Para amostras de fluidos biológicos os componentes da matriz influenciam na eficiência da extração, assim sendo as curvas analíticas deverão ser preparadas com amostras biológicas isentas dos analitos (branco de referência) enriquecidas com os analitos em diferentes concentrações. As determinações quantitativas deverão ser realizadas pelo método da adição de padrão interno; sempre que possível deve- se utilizar padrões marcados por 13C, em concentrações onde o sinal analítico do padrão interno seja similar à concentração do analito correspondente ao ponto central da curva analítica. derivatizações O uso de reagentes derivatizantes, para análises de solutos polares com baixo valor de K o/w , tem resultado em espécies com maior K o/w e, por conseguinte, maiores taxas de recuperação e alta sensibilidade analítica.12 Kawaguchi e colaboradores7 apresentaram, em artigo de revisão, alguns processos de derivatizações in situ empregados para SBSE. Os principais relatos do uso de reações derivatizantes para SBSE estão relacionados à sua aplicação em fluidos biológicos, já que a maioria dos fármacos é polar. Em SBSE, anidrido acético tem sido utilizado como reagente derivatizante, para a acetilação in situ (na amostra), onde o pH da amostra e o volume do reagente são parâmetros importantes na derivatização.26,27 Uma alternativa ao processo in situ tem sido a dessorção térmi- ca dos analitos da barra PDMS no injetor do cromatógrafo gasoso e derivatização simultânea. Vários agentes de sililação podem ser empregados nesta técnica.7 aplicações A técnica SBSE tem sido empregada com êxito, para diferentes fins, nas análises de diferentes fármacos nas mais diversas amostras biológicas, soro, plasma, urina, escarro ou esperma, empregando ou não o processo de derivatização (Tabela 1). Tiepoint e colaboradores28 analisaram 25 fármacos em amostras de urina por TD-CG-MS. O destaque deste trabalho está relacionado com a diversidade de fármacos analisados, assim como as altas taxas de recuperações obtidas para fármacos polares, derivatizados por dois reagentes diferentes: ácido anidrido acético e etil cloroformiato, antecedendo às extrações SBSE. A análise de ácido tubérculo em escarro demonstra a aplicabi- lidade da técnica SBSE para análises de rotina. As análises foram realizadas em menor tempo (60 min) com precisão e exatidão equiva- lentes ao método padrão de diagnóstico convencional, o qual requer 8 semanas para obtenção do resultado.31 Queiroz e colaboradores11 padronizaram e validaram um método para análise de 11 antidepressivos em amostras de plasma para fins de monitorização terapêutica (Figura 6). A testosterona e epitestosterona foram analisadas em amostra de urina de pacientes HIV positivos através da técnica TD/GC-MS. Segundo os autores, os pacientes HIV positivos apresentam me- nor excreção destes hormônios. O método mostrou-se adequado com limites de quantificação de 0,9 ng mL-1 para a testosterona e 2,8 ng mL-1 para a epitestosterona.36 conclusÕEs A técnica miniaturizada SBSE apresenta uma série de vantagens em relação aos métodos de preparo de amostras convencionais, ou seja, não requer instrumentação analítica sofisticada, não utiliza solvente orgânico, menor exposição dos analistas aos fluidos bio- lógicos e aos solventes tóxicos, permite automação das análises, a reutilização das barras extratoras e integra em um único sistema a extração, concentração dos analitos e introdução da amostra no cromatográfico SBSE-TD/CG. Os métodos SBSE padronizados para análises de fármacos em diferentes fluidos biológicos, plasma, urina, esperma, escarro e saliva, para diferentes fins, contemplam as normas de validação analítica em vigência. Desta forma, a técnica SBSE destaca-se como uma alter- nativa promissora para a substituição das técnicas convencionais. No entanto, o revestimento de polidimetilsiloxano é a única fase extratora disponível no comércio, o que limita a seletividade/especificidade do Figura 6. Cromatograma obtido da análise de amostra de paciente que faz uso do antidepressivo sertralina. Concentração encontrada: 118,5 ng mL-1 Chavez e Queiroz1818 Quim. Nova tabela 1. Aplicações do método SBSE para análises de fármacos em fluidos biológicos Ref. Analito e matriz Condições de extração Detecção LOQA Observações 28 Fármacos em urina 60 min, 1000 rpm TD-CG-MS Barbitúricos 1 µg L-1 Derivatização com etil cloroformiato e ácido anidrido acético 29 Alquilfenóis em urina e plasma 60 min, 25 °C, 500 rpm TD-CG-MS 0,04 a 0,004 ng mL-1 Amostra diluída com água (1:1 v/v) sem a etapa de derivatização 30 Bisfenol A em urina, plasma e saliva 45-120 min, 500-1000 rpm TD-CG-MS 20 pg mL-1 Urina 100 pg mL-1 Plasma, 20 pg mL-1 Saliva Amostra com pH ajustado (pH 10,5) Derivatização in situ, aumento da sensibi- lidade do método 15 Cafeína e metabólitos em plasma 30 min, 1000 rpm LC-UV 25 ng mL-1 Dessorção líquida ADS-RAM como revestimento SBSEE 31 Ácido tubérculo em escarro 30 min, 1000 rpm TD-CG-MS 0.2 ng mL-1 Antes da extração; os lipídios micobacterianos foram hidrolisados e derivatizados com formiato de etilcloro 32 Xenoestrógenos fenólicos em urina 150 min, 1000 rpm TD-CG-MS 10-50 pg mL-1 Derivatização com ácido anidrido acético 33 Clorofenóis em urina 60 min, 500 rpm TD-CG-MS 10-20 pg mL-1 Conjugação enzimática e derivatização com ácido anidrido acético 34 4-hidroxinonenol em urina 50 min, 42 °C, 1100 rpm HD-TD- CG-MSF 22,5 pg mL-1 Derivatização em fase gasosa empregan- do ácido anidrido acético catalisado por piridina 35 Hormônios sexuais em água e urina 4 h, 750 rpm LC-DAD 75-300 µg mL-1 Dessorção líquida, revestimento comercialG e otimização do processo de extração 25 Fluoxetina em plasma 30 min, 25 °C, 900 rpm LC- MS 3 ng mL-1 Preciptação de proteínas antecedendo o processo de extração 11 Antidepressivos em plasma 45 min, 50 °C, 1200 rpm LC-UV 10-40 ng mL-1 Extração direta na amostra diluída com solução tampão 36 Testosterona e epitestosterona em urina 60 min, 50 °C, 1100 rpm TD-CG-MS 0,9 ng mL-1 e 2,8 ng mL-1 Derivatização com ácido anidrido acético e otimização dos parâmetros de extração ALOQ: limite de quantificação. BTD-GC-MS: dessorção térmica-cromatografia gasosa-espectrometria de massa. C Metanol foi adicionado à solução da amostra para minimizar o efeito da adsorção pelo vidro. D DEHP: Di-(2-ethylhexyl)phthalate. E ADS-RAM: aquill-diol-sílica, material de acesso restrito. F HD-TD-CG-MS derivatização em fase gasosa-derivatização térmica-cromatografia gasosa-espectrometria de massas. G revestimento de polidimetilsiloxano. processo de extração. Desta forma, é necessário o desenvolvimento de novas fases extratoras (SBSE) mais seletivas e de baixo custo. agradEcimEntos À Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo suporte financeiro e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa de estudo concedida. rEfErÊncias 1. Titier, K.; Castaing, N.; Scotto-Gomez, E.; Pehourcq, F.; Molimard, M.; Ther. Drug Monit. 2003, 25, 581. 2. Tournel, G.; Houdret, N.; Deveaux, M.; Gosset, D.; Lhermitte, M.; J. Chromatogr., B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2001, 761, 147. 3. Frahnert, C.; Rao, M. L.; Grasmader, K.; J. Chromatogr., B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2003, 794, 35. 4. Duverneuil, C.; Mazancourt, P.; Alvarez, J. C.; Ther. Drug Monit. 2003, 25, 565. 5. Llerena, A.; Dorato, P.; Berecz, R.; Gonzalez, A.; Caceres, M.; J. Chromatogr B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2003, 783, 25. 6. Queiroz, M. E. C.; Lanças, F. M.; LCGC North Am. 2004, 22, 970. 7. Kawaguchi, M.; Ito, R.; Saito, K.; Nakazawa H.; J. Pharm. Biomed. Anal. 2006, 40, 500. 8. Pawliszyn,J.; Applications of solid phase microextraction, Royal Society of Chemistry: Cambridge, 1999, p. 45. 9. Pawliszyn, J.; J. Chromatogr. Sci. 2000, 38, 270. 10. Baltussen, E.; Sandra, P.; David, F.; Janssen, H. –G.; Cramers, C. A.; Anal Chem. 1999, 71, 5213. 11. Chaves, A. R.; Silva, S. M.; Queiroz, R. H. C.; Lanças, F. M.; Queiroz, M. E. C.; J. Chromatogr., B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2007, 850, 295. 12. David, F.; Sandra, P.; J. Chromatogr., A 2007, 1152, 54. 13. Baltussen, E.; Cramers, C. A.; Sandra, P. J. F.; Anal. Bioanal. Chem. 2002, 373, 22. 14. Baltussen, E.; Sandra, P.; David, F.; Cramers, C. A.; J. Microcol. Sep. 1999, 11, 737. 15. Lambert, J. P.; Mollet, W. M.; Kwong, E.; Lubda, D.; J. Chromatogr., A 2005, 1075, 43. 16. Bicchi, C.; Cordero, C.; Rubiolo, P.; Sandra, P.; J. Sep. Sci. 2003, 26, 1650. 17. Liu, W.; Wang, H.; Guan, Y.; J. Chromatogr., A 2004, 1045, 15. 18. Xiaolan, Z.; Cai, J.; Jun, Y.; Su, Q.; Yun, G.; J. Chhromatogr., A 2006, 1131, 37. Extração sortiva em barra de agitação para análise de fármacos em fluidos biológicos 1819Vol. 31, No. 7 19. Bicchi, C.; Cordero, C.; Liberto, E.; Rubiolo, P.; Sgorbini, B.; David, F.; Sandra, P.; J. Chromatogr., A 2005, 109, 49. 20. Melo, L. P.; Nogueira, A. M.; Lanças, F. M.; Queiroz, M. E. C.; J. Chromatogr., A, submetido. 21. David, F.; Tiepont, B.; Sandra, P.; LCGC North Am. 2003, 27, 108. 22. Kawaguchi, M.; Ishii, Y.; Okanouchi, N.; Ito, R.; Inoue, K.; Saito, K.; Nakazawa, H.; J. Chromatogr., A 2004, 1049, 1. 23. Ochiai, N.; Sasamoto, K.; Daishima, S.; Heiden, A. C.; Hoffmann, A.; J. Chromatogr., A 2003, 986, 101. 24. Benanou, D.; Acobas, F.; de Roubin, M, R.; David, F.; Sandra P.; Anal. Bioanal. Chem. 2003, 376, 69. 25. Fernandes, C.; Jiayu, P.; Sandra, P.; Lanças, F. M.; Chromatographia 2006, 64, 517. 26. Kawaguchi, M.; Inoue, K.; Yoshimura, M.; Sakui, N.; Okanouchi, N.; Ito, R.; Yoshimura, Y.; Nakazawa, H.; J. Chromatogr., A 2004, 1041, 19. 27. Kawaguchi, M.; Inoue, K.; Yoshimura, M.; Ito, R.; Sakui, N.; Okanouchi, N.; Nakazawa, H.; J. Chromatogr., B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2004, 805, 41. 28. Tiepont, B.; David, F.; Benjits, T.; Sandra, P.; J. Pharm. Biomed. Anal. 2003, 32, 569. 29. Kawaguchi, M.; Inoue, K.; Sakui, N.; Ito, R.; Izumi, S; Makino, T.; Okanouchi, N.; Nakazawa, H.; J. Chromatogr. B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2004, 799, 119. 30. Kawaguchi, M.; Yoshimura, K.; Ito, R.; Sakui, N.; Okanouchi, N.; Nakazawa, H.; J. Chromatogr., B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2004, 805, 41. 31. Stopforth, A.; Burger, B. V.; Crouch, A. M.; Sandra P.; J. Chromatogr. B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2006, 834, 134. 32. Kawaguchi, M.; Sakui, N.; Okanouchi, N.; Ito, R.; Saito, K.; Izumi, S.; Makino, T.; Nakazawa, H.; J. Chromatogr., B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2005, 820, 49. 33. Kawaguchi, M.; Ishii,Y.; Okanouchi, N.; Ito, R.; Saito, K.; Nakazawa, H.; Anal. Chim. Acta 2005, 533, 57. 34. Stopforth, A.; Burger, B. V.; Crouch, A. M.; Sandra, P.; J. Chromatogr., B: Anal. Technol. Biomed. Life Sci. 2006, 834, 134. 35. Almeida, C.; Nogueira, J. M. F.; J. Pharm. Biomed. Anal. 2006, 411, 303. 36. Stopforth, A.; Grobbelaar, C. J.; Crouch, A. M.; Sandra, P.; J. Sep. Sci. 2007, 30, 257. See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/244750920 O estado da arte da cromatografia associada à espectrometria de massas acoplada à espectrometria de massas na análise de compostos tóxicos em alimentos Article in Química Nova · January 2008 DOI: 10.1590/S0100-40422008000300030 CITATIONS 53 READS 596 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: New trends in stationary phases based in polysiloxanes characterization by supercritical fluid chromatography View project Estudo de Reações de 51Cr(VI) com Ácidos Concentrados através de Métodos Cromatográficos View project Carol H Collins University of Campinas 251 PUBLICATIONS 4,480 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Carol H Collins on 18 December 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/244750920_O_estado_da_arte_da_cromatografia_associada_a_espectrometria_de_massas_acoplada_a_espectrometria_de_massas_na_analise_de_compostos_toxicos_em_alimentos?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/244750920_O_estado_da_arte_da_cromatografia_associada_a_espectrometria_de_massas_acoplada_a_espectrometria_de_massas_na_analise_de_compostos_toxicos_em_alimentos?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/New-trends-in-stationary-phases-based-in-polysiloxanes-characterization-by-supercritical-fluid-chromatography?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Estudo-de-Reacoes-de-51CrVI-com-Acidos-Concentrados-atraves-de-Metodos-Cromatograficos?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carol-Collins-7?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carol-Collins-7?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/University_of_Campinas?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carol-Collins-7?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carol-Collins-7?enrichId=rgreq-423b133cf75e4827d068c99113a507df-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI0NDc1MDkyMDtBUzoxNzU4Mjg4MjY1OTk0MzBAMTQxODkzMjI2NzMyOQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Quim. Nova, Vol. 31, No. 3, 623-636, 2008 R ev is ão *e-mail: chiaradia@iqm.unicamp.br O ESTADO DA ARTE DA CROMATOGRAFIA ASSOCIADA À ESPECTROMETRIA DE MASSAS ACOPLADA À ESPECTROMETRIA DE MASSAS NA ANÁLISE DE COMPOSTOS TÓXICOS EM ALIMENTOS Mariza C. Chiaradia*, Carol H. Collins e Isabel C. S. F. Jardim Departamento de Química Analítica, Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, CP 6154, 13084-971 Campinas – SP, Brasil Recebido em 7/11/06; aceito em 10/8/07; publicado na web em 26/2/08 THE STATE OF THE ART OF CHROMATOGRAPHY ASSOCIATED WITH THE TANDEM MASS SPECTROMETRY FOR TOXIC COMPOUND ANALYSES IN FOOD. Chromatography combined with several different detection systems is one of the more used and better performing analytical tools. Chromatography with tandem mass spectrometric detection gives highly selective and sensitive analyses and permits obtaining structural information about the analites and about their molar masses. Due to these characteristics,
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