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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA / PUC-Rio MICROECONOMIA II Profs. Marcos Antonio C. da Silveira e Eduardo P. S. Fiuza Nota de Aula 3 Teoria da Escolha com Incerteza: Aplicações Bibliogra a: Varian, capítulo 12 e 13 1 Aplicação: Risco dos Ativos Financeiros � Problema de escolha de portifólio na presença de renda do trabalho � Existem dois cenários para economia: cenário bom (crescimento): probabilidade 50% cenário ruim (recessão): probabilidade 50% � Salário de João tem a seguinte distribuição de probabilidade: wL = � $100 c/prob. 0,5 (crescimento) $0 c/prob. 0,5 (recessão) � Suponha que existem três ativos nanceiros disponíveis: ação, dólar e poupança � Retorno da ação: RA RA = � 0; 10 (10%) c/prob. 0,5 (crescimento) 0 (0%) c/prob. 0,5 (recessão) � Retorno da poupança: RP = 0,05 (5%) nos dois cenários, ou seja, c/ prob.=1 � Retorno do dólar: RD RD = � 0 (0%) 0,5 (crescimento) 0; 10 (10%) c/prob. 0,5 (recessão) � Importante observar que: retornos dos ativos c/ mesmo valor esperado E [RA] = E [RP ] = E [RD] retornos da ação e do dólar c/mesma variância V ar [RA] = V ar [RD] > V ar [RP ] = 0 retornos dos ativos diferem na covariância c/ salário Cov [RA; w] > 0; Cov [RP ; w] = 0; Cov [RD; w] < 0 � João tem riqueza corrente (resultado de economias passadas) w0 = $1000 � Riqueza corrente pode ser aplicada em apenas um destes três ativos (hipótese irreal- ista, apenas didática) 1 � Pergunta: em que ativo João aplicaria sua riqueza inicial? � Observe que cada portifólio é uma diferente loteria monetária Logo, escolha de portifólio é uma aplicação da teoria da escolha c/ incerteza � Suponha que João tem uma relação de preferência % sobre o conjunto de lotarias monetárias $ que pode ser representada por uma função v.N-M (forma da utilidade esperada) U : $ �! R ou seja, existe uma função utilidade de Bernoulli u : C �! R tal que, para toda loteria monetária L = (w1; w2; :::; ws; :::; wN ; �1; �2; :::; �s; :::; �N) 2 $ onde c 2 C e PNs=1 �s = 1; segue que U(L) = �1u(w1) + �2u(w2) + :::+ �su(ws) + :::+ �Nu(wN) = EL[u(w)]z }| { NX s=1 �su (ws) (1) � Suponha que João é avesso ao risco com utilidade de Bernoulli u (w) = lnw � Riqueza nal se João investe em ação wA: wA = wL + (1 +RA)w0 = � 100 + (1 + 0; 10)1000 = 1200 c/prob. 0,5 (crescimento) 0 + (1 + 0)1000 = 1000 c/prob. 0,5 (recessão) LA = (1200; 1000; 1 2 ; 1 2 ) E [wA] = 0; 5 � 1200 + 0; 5 � 1000 = 1100 V AR [wA] = 0; 5 � (1200� 1100)2 + 0; 5 � (1000� 1100)2 = 10000 U (LA) = 0; 5u (1200) + 0; 5u (1000) = 0; 5 ln (1200) + 0; 5 ln (1000) = 6; 999 � Riqueza nal se João investe em poupança wP : wP = wL + (1 +RP )w0 = � 100 + (1 + 0; 05)1000 = 1150 c/prob. 0,5 (crescimento) 0 + (1 + 0; 05)1000 = 1050 c/prob. 0,5 (recessão) LP = (1150; 1050; 1 2 ; 1 2 ) E [wP ] = 0; 5 � 1150 + 0; 5 � 1050 = 1100 V AR [wP ] = 0; 5 � (1150� 1100)2 + 0; 5 � (1050� 1100)2 = 5000 U (LP ) = 0; 5u (1150) + 0; 5u (1050) = 0; 5 ln (1150) + 0; 5 ln (1050) = 7; 002 2 � Rriqueza nal se João investe em dólar wD: wD = wL + (1 +RD)w0 = � 100 + (1 + 0)1000 = 1100 c/prob. 0,5 (crescimento) 0 + (1 + 0; 10)1000 = 1100 c/prob. 0,5 (recessão) LD = (1100; 1100; 1 2 ; 1 2 ) E [wD] = 0; 5 � 1100 + 0; 5 � 1100 = 1100 V AR [wD] = 0 U (LD) = 0; 5u (1100) + 0; 5u (1100) = 0; 5 ln (1100) + 0; 5 ln (1100) = 7; 003 � Resultado: U (LD) > U (LP ) > U (LA), dólar � poupança � ação Para entender este resultado, observe que: E [wA] = E [wP ] = E [wD] = 1100 V AR [wA] > V AR [wP ] > V AR [wD] Aversão ao risco =) Investidor investe no ativo que minimiza volatilidade de sua riqueza nal � Surpresa!!!! Como explicar V AR [wP ] > V AR [wD]? Retorno do dólar mais volátil que retorno da poupança: V ar [RD] > V ar [RP ] = 0 No entanto, João avesso ao risco prefere dólar pq V AR [wP ] > V AR [wD] = 0 O que explica esta aparente contradição? � Dólar oferece "hedge" (proteção) p/ João: retorno do dólar covaria negativa- mente com renda do trabalho wL 0 = Cov [RP ; wL] > Cov [RD; wL] =) V AR [wP ] > V AR [wD] � Logo, dólar minimiza volatilidade da riqueza nal Pergunta: a volatilidade (variância ou desvio-padrão) de um ativo nanceiro é a medida mais adequada de seu risco? 3 2 Aplicação: Diversi cação de Carteira de Investimentos � Suponha no exemplo anterior que João não recebe salário e existem apenas dois ativos: ação e dólar Responda: qual o melhor portifólio para João entre as três alternativas abaixo: 1. 100 % da riqueza corrente w0 investida em ação 2. 100% da riqueza corrente w0 investida em dólar 3. 50% em ação e 50% em dólar � Alternativa 1: 100% em ação: w1 = � (1 + 0; 10)1000 = 1100 c/prob. 0,5 (crescimento) (1 + 0)1000 = 1000 c/prob. 0,5 (recessão) L1 = (1100; 1000; 1 2 ; 1 2 ) U(L1) = 0; 5u (1100) + 0; 5u (1000) = 0; 5 ln (1100) + 0; 5 ln (1000) = 6; 955 � Alternativa 2: 100% em dólar w2 = � (1 + 0)1000 = 1000 c/prob. 0,5 (crescimento) (1 + 0; 10)1000 = 1100 c/prob. 0,5 (recessão) L2 = (1000; 1100; 1 2 ; 1 2 ) U(L2) = 0; 5u (1000) + 0; 5u (1100) = 0; 5 ln (1000) + 0; 5 ln (1100) = 6; 955 � Alternativa 3: 50% em ação e 50% em dólar w3 = � (1 + 0; 10)500 + (1 + 0)500 = 1050 c/prob. 0,5 (crescimento) (1 + 0)500 + (1 + 0; 10)500 = 1050 c/prob. 0,5 (recessão) L3 = (1050; 1050; 1 2 ; 1 2 ) U(L3) = 0; 5u (1050) + 0; 5u (1050) = 0; 5 ln (1050) + 0; 5 ln (1050) = 6; 957 � Resultado: U(L3) > U(L1) = U(L2)() alternativa 3 � alternativa 1 � alternativa 2 . Para entender este resultado, observe que: E [w1] = E [w2] = E [w3] = 1050 V AR [w1] = V AR [w2] > V AR [w3] 4 3 Aplicação: Seguros 3.1 Descrição do Problema � Riqueza inicial de João: W0 > 0 � Probabilidade de ocorrer um acidente: 0 < � < 1 � Perda em caso de acidente: L > 0 � Prêmio de seguro: 1 > > 0 � Valor do contrato de seguro (variável de escolha): K � 0 � Riqueza nal: W � Riqueza nal em caso de acidente (estado da natureza ruim): W = W0 � L+K � K = Wbz }| { W0 � L+ (1� )K (2) @Wb @K = 1� > 0 � Riqueza nal se não houver acidente (estado da natureza bom): W = Wgz }| { W0 � K (3) @Wg @K = � < 0 � Aumento em K equivale a transferência de riqueza do estado bom p/ estado ruim � Distribuição de prob. da riqueza nal W : Pr 24W = Wbz }| {W0 � L+ (1� )K 35 = � Pr 24W = Wgz }| {W0 � K 35 = 1� � � Cada K�0 equivale a uma diferente loteria monetária para a riqueza nal: K () 0@ Wbz }| {W0 � L+ (1� )K ; Wgz }| {W0 � K ; �; 1� � 1A � Objetivo de João: escolher a quantidade ótima de seguro K� 5 3.2 Maximização da Utilidade Esperada � Seja $ o conjunto de todas as loterias monetárias com resultados W 2 C � Seja % a relação de preferência de João sobre $ representada pela utilidade v.N-M U : $�! R com utilidade de Bernoulli u (W ) � Para todo K � 0; a utilidade v.N-M da loteria0@ Wbz }| {W0 � L+ (1� )K ; Wgz }| {W0 � K ; �; 1� � 1A é dada por U(K) = �u 0@ Wbz }| {W0 � L+ (1� )K 1A+ (1� �)u 0@ Wgz }| {W0 � K 1A � Objetivo do investidor: resolver o problema de otimização max K U(K)z }| { �u 0@ Wbz }| {W0 � L+ (1� )K 1A+ (1� �)u 0@ Wgz }| {W0 � K 1A (4) � Hipóteses comportamentais: não saciedade e aversão ao risco: u0 (W ) > 0 u00 (W ) < 0 6 3.3 Escolha Ótima: Condições Marginais de Otimização � Derivando função (4) com respeito a K: U 0(K) = (1� )�u0 (W0 � L+ (1� )K)� (1� �)u0 (W0 � K) (5) � Derivando função (5) com respeito a K: U 00(K) = (1� )2 �u00 (W0 � L+ (1� )K) + 2 (1� �)u00 (W0 � K) � Aversão ao risco () u00 (W ) < 0 =) U(K) estritamente côncava, ou seja, para todo K U 00(K) < 0 Conclusão: condição marginal de 1a ordem necessária e su ciente: � Suponha existe K� > 0 � Condição marginal de 1a ordem: escolha ótima K� > 0 satisfaz U 0(K�) = (1� )�u0 (W0 � L+ (1� )K�)� (1� �)u0 (W0 � K�) = 0 (6) � Intuição para condição (6): (1� )�u0 (W0 � L+ (1� )K�)� (1� �)u0 (W0 � K�) = 0() (1� )�u0 (W0 � L+ (1� )K�) = (1� �)u0 (W0 � K�)() TMgSz }| { � 1� � u0 0@ Wbz }| {W0 � L+K� � K� 1A u0 0@ Wgz }| {W0 � K� 1A = preço relativoz }| { 1� (7) Lado esquerdo:taxa marginal de substituição TMgS entre riqueza nos estados bom Wg e ruim Wb, ou seja,... � para cada unidade a mais de riqueza no estado ruim, TMgS é a quantidade de riqueza no estado bom que o agente precisa renunciar para manter o bem-estar constante Lado direito: 1� é o preço relativo da riqueza no estado ruim em termos da riqueza no estado bom. Por quê? eq.(2) : Wb = W0 � L+ (1� )K @Wb @K = 1� > 0 =) �Wb = (1� )�K =) �Wb = 1 =) �K = 1 1� eq.(3) : Wg = W0 � K @Wg @K = � < 0 =) �Wg = � �K =) �K = 1 1� =) �Wg = � 1� 7 3.4 Seguro Atuarialmente Justo � Lucro da companhia de seguro: Lucro = � ( K� �K�) + (1� �) K� = K� � �K� = ( � �)K� � Por de nição, seguro atuarialmente justo: = � � Mercado competitivo =) Lucro = 0 =) = �. � Pela condição (7), seguro atuarialmente justo =) =) u 0 (W0 � L+K� � K�) u0 (W0 � K�) = 1 =) u0 (W0 � L+K� � K�) = u0 (W0 � K�) =) W0 � L+K� � K� = W0 � K� =) L = K� � Suponha seguro não atuarialmente justo, ou seja, > �? Neste caso, condição (7) =) =) u 0 (W0 � L+K� � K�) u0 (W0 � K�) > 1 =) u0 (W0 � L+K� � K�) > u0 (W0 � K�) =) W0 � L+K� � K� < W0 � K� =) �L+K� < 0 =) K� < L 8 4 Aplicação: Decisão de Carteira de Investimento 4.1 Descrição do Problema � Decisão de portifólio: alocação da riqueza entre ativos (ou classes de ativos) � Horizonte de investimento de um período: investimento feito em t = 0 e resultado do investimento conhecido em t = 1 � W0 : Riqueza inicial do investidor em t=0 � Dois ativos disponíveis para investimento: ativo sem risco (Ex. CDI over) com retorno líquido certo Rf > 0 ativo com risco (Ex.: ações) com retorno líquido aleatório R � Distribuição de prob. do retorno líquido R do ativo com risco: Pr [R = Rg] = � Pr [R = Rb] = 1� � 0 < � < 1 Rg > Rb � Momentos do retorno R do ativo com risco: E [R] = �Rg + (1� �)Rb (8) V AR [R] = � (Rg � E [R])2 + (1� �) (Rb � E [R])2 � Investidor competitivo: toma como dadas as dists. de prob. dos retornos dos ativos � Variável de escolha do investidor: composição de portifólio entre os dois ativos � : proporção (%) da riqueza inicial W0 investida no ativo com risco 1� � : proporção (%) da riqueza inicial W0 investida no ativo sem risco � Possíveis restrições sobre a escolha do investidor: � � 0 : investidor não pode vender ativo com risco � � 1 : investidor não pode vender ativo sem risco � Rp: retorno líquido do portifólio =) Rp = �R + (1� �)Rf = Rf + � (R�Rf ) R�Rf : excesso de retorno do ativo com risco � Momentos do retorno Rp do portifólio: E [Rp] = �E [R] + (1� �)Rf = Rf + �E [R�Rf ] V AR [Rp] = � 2V [R] E [R�Rf ]: prêmio de risco do ativo com risco 9 � W : riqueza nal do investidor em t=1=) W = [1 +Rp]W0 = [1 + �R + (1� �)Rf ]W0 � Distribuição de prob. da riqueza nal W : Pr 24W = Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0 35 = � Pr 24W = Wbz }| {(1 + �Rb + (1� �)Rf )W0 35 = 1� � � Distribuição de prob. da riqueza nal W determinada.... pelas distribuições de prob. dos retornos dos ativos e.... pela escolha de portifólio do investidor � Cada portifólio � equivale a uma diferente loteria monetária para a riqueza nal W : �() 0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0; Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 ; �; 1� � 1A � Objetivo do investidor: escolher a alocação ótima de portifólio �� 10 4.2 Objetivo do Investidor: Maximização da Utilidade Esperada � Seja $ o conjunto de todos os portifólios, ou equivalentemente, o conjunto de todas as loterias 0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0; Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 ; �; 1� � 1A � Seja % a relação de preferência do investidor sobre $ � Suponha que a relação % satisfaz as hipótese de continuidade e independência � Logo, pelo Teorema da Utilidade Esperada, a relação % pode ser representada por uma função utilidade v.N-M U : $�! R Isto signi ca que existe uma utilidade de Bernoulli u (W ) tal que, para todo portifólio �; equivalente à loteria0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0; Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 ; �; 1� � 1A a utilidade do portifólio � é dada por U (�) = �u 0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0 1A+ (1� �)u 0@ Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 1A � Objetivo do investidor: resolver o problema de otimização max � �u 0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0 1A+ (1� �)u 0@ Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 1A (9) � Hipóteses comportamentais: não saciedade e aversão ao risco: u0 (W ) > 0 (10) u00 (W ) < 0 (11) � Hipótese institucional: investidor não pode vender ações =) � � 0 (12) 11 4.3 Escolha Ótima: Condições de Otimização � Derivando função (9) com respeito a �: U 0 (�) = �u0 0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0 1A (Rg �Rf )W0 +(1� �)u 0@ Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 1A (Rb �Rf )W0 (13) � Derivando função (13) com respeito a �: U 00 (�) = �u00 0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0 1A (Rg �Rf )2W 20 +(1� �)u00 0@ Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 1A (Rb �Rf )2W 20 � Aversão ao risco () u(W ) estritamente côncava =) U (�) estritamente côncava, ou seja, para todo � U 00 (�) < 0 Conclusões: condição marginal de primeira ordem necessária e su ciente para máximo global unicidade da solução � Condição marginal de primeira ordem: restrição � � 0 =) U 0 (��) = 0 se �� > 0 (14) U 0 (��) � 0 se �� = 0 (15) 12 4.4 Caracterização da Solução Ótima � Suponha existência de �� que resolve problema de otimização � Avaliando U 0 (�) na eq. (13) em � = 0; segue que: U 0 (0) = �u0 ([1 +Rf ]W0) (Rg �Rf )W0 + (1� �)u0 ([1 +Rf ]W0) (Rb �Rf )W0 = u0 ([1 +Rf ]W0)W0 f� (Rg �Rf ) + (1� �) (Rb �Rf )g (16) Pelo resultado (8): � (Rg �Rf ) + (1� �) (Rb �Rf ) = [�Rg + (1� �)Rb]� [�Rf + (1� �)Rf ] = [�Rg + (1� �)Rb]�Rf = E [R]�Rf Substituindo resultado acima em (16): U 0 (0) = u0 (1 +RfW0)W0 fE [R]�Rfg (17) Hipótese de não saciedade u0(W ) > 0 e resultado (17) =) E [R]�Rf > 0 =) U 0 (0) > 0 (18) E [R]�Rf � 0 =) U 0 (0) � 0 (19) � Caso 1: Suponha E [R]�Rf > 0: Neste caso, cond. marg. (14) e (18) =) �� > 0 � Caso 2: Suponha E [R]�Rf � 0: Neste caso, cond. marg. (15) e (19) =) �� = 0 13 4.5 Estática Comparativa � Equivalente-certeza EC� do portifólio � : u (EC�) = U (�) (20) = �u 0@ Wgz }| {[1 + �Rg + (1� �)Rf ]W0 1A+ (1� �)u 0@ Wbz }| {[1 + �Rb + (1� �)Rf ]W0 1A � Expansão de Taylor 2a ordem da eq. acima =) EC� aproximadamente igual à ex- pressão abaixo: EC� = � 1 +Rf + E [R�Rf ]�� 1 2 rR ([1 +Rf ]W0) V AR [R] 1 +Rf �2 � W0 rR [W ] : coe ciente de aversão relativa ao risco (CARR) rR (W ) = �u 00 (W )W u0 (W ) � Hipótese de não saciedade u0(W ) > 0 =) objetivo do investidor: max � U (�) = max � u (EC�) = max � EC� = max � � 1 +Rf + E [(R�Rf )]�� 1 2 rR [(1 +Rf )W0] V AR [R] 1 +Rf �2 � W0 � Resolvendo o problema de otimização acima =) escolha ótima ��: �� = 1 rR [(1 +Rf )W0] E [R�Rf ] V AR [R] [1 +Rf ] (21) � Proporção �� ótima da riqueza inicial W0 investida no ativo com risco.... aumenta com o prêmio de risco E [(R�Rf )] diminui com a variância V ar [R] do retorno do ativo com risco diminui com o aumento do CARR rR [W ] avaliado em W = (1 +Rf )W0 14 � Repetindo resultado (21) acima: �� = 1 rR [(1 +Rf )W0] E [R�Rf ] V AR [R] [1 +Rf ] � Efeito riqueza: proporção ótima ��.... aumenta com W0 quando CARR rR é decrescente com W0 decresce com W0 quando CARR rR é crescente com W0 não varia com W0 quando CARR rR não varia com W0 � O que diz a evidência empírica quanto à relação entre CARR rR e W0? Forte crescimento da economia norte-americana no longo prazo: W0 " Preço de mercado do risco E[R�Rf ] V AR[R] e alocação de portifólio � não mudaram no longo prazo com a mesma força que a economia norte-americana CARR rR constante sustentado pela evidência empírica. � Utilidade de Bernoulli quadrática: não coerente com a evidência empírica u(W ) = aW � bW 2 =) @rR(W ) @W > 0 � Utilidade de Bernoulli potência: coerente com a evidência empírica u(W ) = W 1� 1� =) rR(W ) = 15 4.6 Análise Média-Variância � Modelo-padrão de decisão de portifólio em cursos de MBA de Finanças � W0 : riqueza inicial do investidor emt=0 � Dois ativos disponíveis para investimento: ativo sem risco (Ex.: CDI over) com retorno líquido certo Rf > 0 ativo com risco (Ex.: ações) com retorno líquido aleatório R � Distribuição de prob. do retorno líquido R do ativo com risco: Pr [R = Rg] = � Pr [R = Rb] = 1� � 0 < � < 1 Rg > Rb � � : proporção (%) da riqueza inicial W0 investida no ativo com risco � Rp: retorno líquido do portifólio Rp = �R + (1� �)Rf = Rf + � (R�Rf ) � W : riqueza nal em t=1 W = (1 +Rp)W0 = f1 +Rf + � (R�Rf )gW0 = (1 +Rf )W0 + � (R�Rf )W0 � Momentos da riqueza nal W: E [W ] = E [(1 +Rf )W0 + � (R�Rf )W0] = (1 +Rf )W0 + � prêmio de riscoz }| { E [R�Rf ]W0 (22) V AR [W ] = V AR [(1 +Rf )W0 + � (R�Rf )W0] = �2V [R]W 20 =) DP [W ] = �DP [R]W0 (23) � Hipótese de prêmio de risco positivo, ou seja, E [R�Rf ] > 0 =) trade-o¤ entre retorno esperado e variância do portifólio � "Restrição orçamentária " do investidor: isolando � em (23) e substituindo em (22) =) E [W ] = (1 +Rf )W0 + � DP [W ] DP [R]W0 � E [R�Rf ]W0 = (1 +Rf )W0 + prz }| { E [R�Rf ] DP [R] DP [W ] onde pr = E[R�Rf ] DP [R] : preço de mercado do risco 16 � Preferências do investidor representada pela função utilidade F (E [W ] ; DP [W ]) = E [W ]� � (DP [W ])2 onde � > 0 : "aversão ao risco" � Objetivo do investidor: max E[W ];DP [W ] F (E[W ];DP [W ])z }| { E [W ]� � (DP [W ])2 (24) sujeito à restrição: E [W ] = (1 +Rf )W0 + E [R�Rf ] DP [R] DP [W ] � Derivação do portifólio ótimo �� : Substituindo (22) e (23) em (24): max � F (E[W ];DP [W ])z }| { (1 +Rf )W0 + �E [R�Rf ]W0 � ��2DP [R]2W 20 Condição marginal de primeira ordem: E [R�Rf ]W0 � 2���DP [R]2W 20 = 0 =) �� = 1 2� E [R�Rf ]W0 DP [R]2W 20 = 1 2� E [R�Rf ] V [R]W0 � Por que análise média-variância é restritiva? Análise média-variância: max � F (E [W ] ; DP [W ]) Maximização da utilidade esperada: max � E [u(W )] Expansão de Taylor em torno de �W � E [W ] : u(W ) � u( �W ) + u0( �W ) �W � �W�+ 1 2 u00( �W ) � W � �W�2 +X1 j=3 1 j! u(j)( �W ) � W � �W�j =) E [u(W )] � u( �W ) + 1 2 u00( �W )E h� W � �W�2i+X1 j=3 1 j! u(j)( �W )E h� W � �W�ji(25) =) E [u(W )] � u( �W ) + 1 2 u00( �W )V AR [W ] + X1 j=3 1 j! u(j)( �W )E h� W � �W�ji (26) Análise média-variância X Maximização da utilidade esperada: F (E [W ] ; DP [W ]) 6= E [u(W )] Utilidade esperada da riqueza não depende apenas de sua média e variância, mas também dos demais momentos de sua distribuição 17 � Quando análise média-variância pode ser racionalizada como caso particular da max- imização da utilidade esperada? Ou seja, quando E [u(W )] = F (E [W ] ; DP [W ]) é verdade? Resposta: Retornos dos ativos normalmente distribuídos Utilidade quadrática da riqueza � Problemas com a distribuição normal: Inadequado para estudo da alocação de portifólio no longo prazo: (1 +Rac) = (1 +Rt)(1 +Rt+1) Rt; Rt+1 � Normal =) Rac não normal Violação do pressuposto de "limited liability" de muitos ativos com risco: R � Normal =) 1 +R pode assumir valores negativos � Problemas com a utilidade quadrática: Violação da hipótese de não saciedade: u0(W ) = a� 2bW =) u0(W ) < 0 quando W > a 2b Coe ciente de aversão relativa ao risco aumenta com a riqueza 18
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