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Psicomotricidade e a importância das brincadeiras e jogos no ensino

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JOSEANE
A PSICOMOTRICIDADE SOB O OLHAR DO PSICOPEDAGOGO NA IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NO ENSINO-APRENDIZAGEM
NOVA CRUZ/RN
2019
RESUMO
Em todas as fases da vida desenvolvem-se aprendizagens que serão necessárias para o crescimento intelectual, profissional e inclusive social. Criando assim, condições para o exercício da cidadania. Um desses aprendizados é o processo de Leitura e escrita. Ou seja, o momento em que o indivíduo adquire o conhecimento do ‘mundo das palavras’ e consegue entender o significado que elas possuem dentro do contexto em que estão inseridas e passá-las para o papel. Esta pesquisa trata da contribuição da psicomotricidade para o processo da leitura e escrita na infância. Para tanto, foi estabelecido o seguinte objetivo: Investigar a importância da prática da psicomotricidade e a contribuição da mesma no processo da leitura e escrita. É fundamental destacar que a participação da criança como uma cidadã atuante na sociedade no futuro dependerá muito do sucesso deste processo, daí a necessidade de aprofundamento da discussão acerca deste tema. Trata-se de uma pesquisa indireta de delineamento bibliográfico. Sendo assim, após revisão teórica os dados foram categorizados para análise e discussão a partir dos seguintes elementos: Questões Educacionais, Processo de Ensino-Aprendizagem e Alfabetização. Com isso, encontrou-se o seguinte resultado: É bastante evidente a relação existente entre Leitura, escrita e psicomotricidade. Essa relação se dá principalmente por meio das habilidades consideradas básicas da leitura e da escrita. Sendo elas: esquema corporal, lateralidade e estruturação espaço-temporal. Diante disso, evidencia-se o importante papel do professor da educação infantil e das séries iniciais como facilitador da aprendizagem da criança utilizando a psicomotricidade em suas aulas como ferramenta auxiliadora no processo da aquisição da leitura e da escrita do educando.
Palavras Chaves: Psicomotricidade, Leitura e Escrita, Educação e Desenvolvimento.
 
 
 ABSTRACT
At all stages of life are developed learning that will be necessary for the intellectual, professional and social inclusive growth. Thus creating conditions for the exercise of citizenship. One of these lessons is the reading and writing process. Ie the time the individual acquires the knowledge of the 'world of words' and can understand the meaning they have within the context in which they operate and pass them to the paper. This research deals with the psychomotor contribution to the process of reading and writing in childhood. Thus, the next goal was set: To investigate the importance of the practice of motor skills and the contribution of the same in the process of reading and writing. It is essential to note that the child's participation as an active citizen in society in the future will largely depend the success of this process, hence the need for further discussion on this subject. It is an indirect bibliographic research design. Thus, after a desk review data were categorized for analysis and discussion based on the following elements: Educational Issues, Process of Teaching and Learning and Literacy. Thus, the following result is found: It is quite evident the relationship between reading, writing and psychomotor. This relationship is mainly due to basic skills considered of reading and writing. These being: body scheme, laterality and structuring space-time. Therefore, highlights the important role of the teacher of the kindergarten and the early grades as the child's learning facilitator using the motor skills in their classes as helper tool in the process of reading acquisition and the student's writing.
Key words: Psychomotor, Reading and Writing, Education and Development
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................05
2 DESENVOLVIMENTO.........................................................................................06
2.1 Aspectos Históricos da Psicomotricidade...................................................................06
2.2 Aspectos do Desenvolvimento Motor........................................................................08
2.3 Aprendizagem e Psicomotricidade............................................................................12
3 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM......................................................................................................15
3.1 O Papel da Psicomotricidade na Escola .....................................................................18
3.2 A intervenção psicopedagógica com atividades psicomotoras ........................................19
3.3 A função da escola no cotidiano dos jogos..................................................................20
3.4 O professor, o brincar e o processo de ensino e aprendizagem ......................................22
4. AS HABILIDADES PSICOMOTORAS E SUA CORRELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM......................................................................................................24
4.1 O brincar, a escola e os alunos.................................................................................27
4.2 A intervenção psicopedagógica com atividades psicomotoras.......................................28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................30
 REFERÊNCIAS....................................................................................................31
1 INTRODUÇÃO
No presente artigo, tem objetivo, abordar as principais considerações sobre A Psicomotricidade no Processo de Aprendizagem nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental na visão de alguns autores, como Le Bouch, Negrini, Ferreira, Prates, Viana e Alves. 
O estudo foi motivado pela percepção das profundas dificuldades que as crianças, principalmente nas séries iniciais, vêm demonstrando na construção da escrita e como essas dificuldades podem estar associadas a distúrbios e a defasagens corporais, no que se refere à organização e domínio do espaço, entre outros.
Salientamos a importância de se trabalhar na educação infantil pré-requisitos psicomotores, que podem ser chamados de aspectos psicomotores (esquema corporal, noção espacial, lateralidade, praxia fina e grossa, equilíbrio, tônus), pois percebendo a ausência destes, ou seja, se um destes elementos estiverem mal trabalhados, a criança terá sérias dificuldades e poderá até mesmo criar algumas barreiras em sua aprendizagem. As ideias expressas neste trabalho facilitarão o entendimento de que através de atividades lúdicas, a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.
Logo, o estudo também fornecerá subsídios para entendermos o conceito de psicomotricidade, como ela está vinculada ao processo de alfabetização e suas contribuições para a aprendizagem das crianças. Será esclarecido a definição de psicomotricidade ressaltando as características da educação infantil, tendo por base o estudo de alguns autores (levantamento bibliográfico) que nortearam essa pesquisa.
Buscamos assim, relacionar a psicomotricidade e o aprendizado fazendo um paralelo entre ambos, visto que, estas caminham juntas, sendo uma resultado da outra. Analisamos a importância da psicomotricidade nas séries iniciais, as dificuldades de aprendizagem, a psicomotricidade e a alfabetização, onde ambas se correlacionam, pois uma vez que seja trabalhado os movimentos psicomotores para o desenvolvimentos de uma criança, ela aprende a se movimentar e dominar o seu próprio corpo.
Apresentamos a psicomotricidade como um recurso psicopedagógico, ou seja, uma ferramenta para a prática psicopedagógica, visto que, este ainda é um assunto um pouco desconhecido ou muitas vezes, ignorantemente desapercebido.
Portanto, entendemos que, essas questões são imprescindíveispara uma criança e que se os aspectos psicomotores forem bem trabalhados, estes desempenham um importantíssimo papel na vida delas, pois os fatores da psicomotricidade auxiliam na aprendizagem.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Aspectos Históricos da Psicomotricidade
Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no início do século XIX, nomear as zonas do córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras. Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, começa a constatar-se que há diferentes disfunções graves sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja claramente localizada. 
São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade práxica. Portanto, o "esquema anátomo-clínico" que determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. É, justamente, a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra Psicomotricidade, no ano de 1870.  As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem a um enfoque eminentemente neurológico. A figura de Dupré, neuropsiquiatra, em 1909, é de fundamental importância para o âmbito psicomotor, já que é ele quem afirma a independência da debilidade motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico. 
Em 1925, Henry Wallon,médico psicólogo, ocupa-se do movimento humano dando-lhe uma categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. Esta diferença permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. 
Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame psicomotor para fins de diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico. Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É ele quem delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Com estas novas contribuições, a psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia. 
Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma motricidade de relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma postura reeducativa e uma terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um sujeito" vai dando progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional. 
Para o psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com 
o mundo externo e nas ações do Outro (mãe e substitutos) sobre ela. A especificidade do psicomotricista situa-se assim, na compreensão da gênese do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. O sintoma psicomotor instala-se, quando ocorre um fracasso na integração somatopsíquica, consequente de fatores diversos, seja na origem do processo de constituição do psiquismo, ou posteriormente em função de disfunções orgânicas e/ou psíquicas. A patologia psicomotora é, portanto, uma patologia do continente psíquico, dos distúrbios da representação de si cuja sintomatologia pode se apresentar no somático ou no psíquico.
Sendo a Psicomotricidade a educação da integridade do ser, através do seu corpo, visa privilegiar a qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o controle postural; a noção do corpo, sua lateralização e sua direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a motricidade são abordados como unidade e totalidade do ser. Seu enfoque é, portanto, psicossomática, psicocognitivo, psiquiátrico, somático analítico, psiconeurológico e psicoterapêutico.
A Psicomotricidade engloba tudo que é praticado por uma pessoa (ALVES 2007, p. 12). É a educação do homem pelo movimento. É um desenvolvimento fisiológico que acontece na vida uterina, pois, realizamos movimentos com o nosso corpo, no qual vão se estruturando e exercendo enormes influências no comportamento. Sendo assim, a psicomotricidade nada mais é que se relacionar através de ações, e é na educação infantil que a criança conhece o próprio corpo, vivencia e aprende princípios, e coordena seu esboço corpóreo (FONSECA,1988, p. 14).
Na década de 70, começou a se perceber que havia a necessidade de dar lugar ao corpo e ao movimento nas escolas regulares, uma vez que, a criança poderia se expressar, se encontrar consigo mesma e através de atividades psicomotoras estabeleceria uma relação mais afetiva.
Portanto, os conceitos mencionados sobre Psicomotricidade deixam claro que a integração psiquismo-motricidade e as ações do ser humano, representam suas necessidades e possibilitam sua relação com outras pessoas. A motricidade é uma resposta a um estímulo sensorial, resultante de uma ação do sistema nervoso sobre a musculatura e o psiquismo, um conjunto de sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto (ALVES, 2007, p. 15).
Entendemos então que, se a psicomotricidade se tornar uma prática pedagógica, sendo trabalhado de forma interdisciplinar, o crescimento do aluno acontecerá de forma espontânea, sem forçá-lo a nada. Além do que, a psicomotricidade contribuirá no desenvolvimento integral da criança no processo de ensino aprendizagem.
Há alguns alunos que encontram-se com um atraso em sua maturidade, pois o desenvolvimento das funções neuropsicológicas é lento e isso pode interferir em seu aprendizado. Todavia, é necessário levar os meios da Psicomotricidade para serem amplificados na sala de aula, tanto no contexto da educação quanto na reeducação dos alunos (OLIVEIRA,1997, p. 10).
Podemos salientar que quando a aprendizagem não acontece, é que alguma habilidade psicomotora não foi trabalhado, ou seja, o procedimento não acontecera de forma adequada. É muito importante o trabalho psicomotor na educação infantil, pois a falta deste poderá acarretar prejuízos na aprendizagem futura.
2.2 Aspectos do Desenvolvimento Motor
Um dos aspectos do desenvolvimento motor humano é o esquema corporal, pois usa compreensão é de grande valia para o trabalho na área de psicomotricidade. Existem inúmeras definições que retratam basicamente que o individuo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o esquema corporal é estruturado, através da discriminação do próprio corpo e da capacidade de exercer um controle sobre as partes do mesmo, vivenciando estímulos sensoriais implica: na percepção do corpo, do equilíbrio, na lateralidade, na independência dos membros em relação ao tronco e entre si, no controle muscular e no controle da respiração.
O corpo não pode ser visto apenas como biológico e orgânico, já que expressa emoções e esta repleto de significados que são adquiridos através da relação da criança com o meio, de sentimentos e valores muito pessoais que influenciaram na formação do esquema corporal e mais ainda da imagem corporal, pois essa segunda é a impressão que nós temos de nós mesmos, subjetivamente.
“O esquema corporal resulta das experiências que possuímos provenientes do corpo e das sensações que experimentamos. Por exemplo: sentar, andar segurar o lápis e a caneta de modo correto, com equilíbrio e com movimentos coordenados depende de uma noção adequada do esquema corporal. O esquema corporal, portanto, regula a postura e o equilíbrio.” LIMA, 2007(apud MORAIS, 1998 e SANTOS 1987) 
Portanto, o corpo é o ponto de referencia que o ser humano possui para conhecer e interagir com o mundo. Ele servira de base para o desenvolvimento cognitivo, para aquisição de conceitos referentes ao espaço e ao tempo, para um maior domínio de seus gestos e harmonia de movimentos.
A noção de esquema corporal é a de âmbito fisiológico e o desenvolvimento do 
mesmo é a representação que cada pessoa tem do seucorpo. Essa representação forma-se a partir de dados sensoriais múltiplos proprioceptivos, exteroceptivos e interceptivos. O desenvolvimento do esquema corporal pode ser dividido em três etapas: corpo vivido (até dois anos de idade), corpo percebido ou descoberto (de três a sete anos de idade) e corpo representado (Sete a doze anos de idade).
A primeira etapa corresponde à fase da inteligência sensório-motora de PIAGET. É denominada pela experiência vivida pela criança, através da exploração do meio, as descobertas são intensas, seus primeiros movimentos são através do movimento dos outros por imitação. Isso ocorre porque o bebê até o seu primeiro ano de vida aprende a eliminar os comportamentos que não lhe são proveitosas, estabelecendo ligações entre seus movimentos e suas sensibilidades. Conforme a criança vai se diferenciando do meio, fala-se em imagem do corpo, pois o eu torna-se individualizado e unificado, partindo de um estado de indiferenciação para um estado de diferenciação. 
Na etapa do corpo percebido ou descoberto fica evidente a organização do esquema corporal devido à função de interiorização, que é segundo LE BOULCH: “a possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu corpo próprio a fim de levar a tomada de consciência”. Com isso, a criança aperfeiçoa seus movimentos, adquirindo maior coordenação dentro de um espaço e tempo determinado, obtendo a representação mental dos elementos do espaço, descobre sua dominância e com ela seu eixo corporal, vendo seu corpo como ponto de referência para se situar e situar os objetos no seu espaço e tempo; assimila conceitos como embaixo, acima, direita e esquerda, além de noções temporais, como o que vem antes e depois, qual o primeiro e o ultimo. Essa etapa pode ser caracterizada como pré-operatória, por estar submetida à percepção num espaço em parte representado, mas ainda centralizado sobre o próprio corpo.
Na terceira etapa, a do corpo representado, o esquema corporal já esta estruturado, apresenta a noção do todo e das partes do corpo, conhece as posições e mantém um domínio corporal, ampliando e organizando seu esquema corporal. No inicio dessa fase, a imagem do corpo é estática e reprodutora; por volta dos dez ou doze anos a criança dispõe de uma imagem mental do corpo em movimento, pode ser considerada “imagem do corpo operatório”, representando uma grande evolução das funções cognitivas, ocorrendo à descentralização do corpo que deixa de ser vista como ponto de referencia. 
A imagem corporal esta relacionada aos sentimentos do individuo no que tange a estrutura de seu corpo como a bilateralidade, lateralidade, dinâmica e equilíbrio corporal.
“[...] a criança é o seu corpo, pois é através dele que a criança elabora todas suas experiências vitais e organiza toda sua personalidade. A imagem de si mesmo se constrói igual a forma que as demais estruturas mentais (pela associação dos elementos cada vez mais coordenados e complexos)”. LIMA, 2007(apud AJURIAGUERRA, 1972).
A capacidade de coordenação incorpora as atividades que incluem duas ou mais capacidades e padrões motores. O desenvolvimento de todas as capacidades perceptivas é essencial para a evolução das potencialidades do individuo na aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva. A coordenação geral pode ser: estática ou dinâmica. Existem cinco tipos de coordenação motora: coordenação motora-fina, coordenação motora-ampla, coordenação visiomotora, coordenação audiomotora e coordenação facial. Falhas na coordenação motora podem ser causadas pela deficiência de movimentos na primeira infância, por isso devemos oferecer o máximo de experiências de movimento coordenado à criança..
A lateralidade é vista por alguns autores como a dinâmica funcional de um lado do corpo que é determinada não só pela educação, mas pela predominância de um hemisfério cerebral sobre o outro, é a dominância cerebral. Sabemos que a metade esquerda do corpo é controlada pelo hemisfério direito, ao passo que a metade direita é controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando há dominância do hemisfério esquerdo, temos o individuo destro; e quando ocorre a dominância do hemisfério direito, temos o individuo canhoto. É legitimo admitir que haja colaboração dos dois hemisférios na elaboração da inteligência. Assim, um dano ou lesão que afete a somestésica direita provocara uma alteração ou perda da sensibilidade no lado esquerdo do corpo ou vice-versa. 
Os termos lateralidade e dominância cerebral se aplicam para designar as condições de: destro, sinistro ou canhoto e ambidestro.
.As crianças necessitam fazer experiências com a utilização de ambos os lados do corpo; a partir dos sete anos, a criança será capaz de perceber que direita e esquerda não dependem somente uma da outra, mas também da posição de outras pessoas em relação a ela e de seus deslocamentos, havendo uma descentralização de seus pontos de referencia. As crianças a partir desta idade que não apresentam uma lateralidade definida encontrarão dificuldades na aprendizagem escolar. Segundo Lima, (2007, p. 23) “o individuo que apresenta transtorno na lateralidade e na estruturação do esquema corporal ele terá grandes possibilidades de adquirir dislexia”. Quando as alterações psicomotoras se manifestam, interferem nas tarefas escolares refletindo-se mais diretamente na escrita; dentre essas diferenças. 
Lima, ( 2007, p. 24) listarei algumas:
· Falta de maturidade motora: manifesta-se através de uma debilidade motora na realização de movimentos gráficos e lentidão.
· Tonicidade alterada, por carência ou excesso: nas crianças hipotônicas, o traçado é débil e as letras mal acabadas ou incompletas. As crianças hipertônicas realizam o traçado com demasiada pressão, sendo frequentes as sincinesias e os movimentos espasmódicos.
· Incoordenação psicomotora: sozinha ou junto com as alterações neurológicas ou emocionais se manifestam através de dificuldades para segurar o lápis e controlar os movimentos, tornando-se evidente a disgrafia.
Para adquirir um bom desenvolvimento das capacidades motoras, devemos estar atentos a alguns indícios que podem revelar deficiências perceptivo-motoras, tais como:
· Falta de habilidade para as atividades cotidianas;
· Falta de vontade de participar de jogos;
· Falta de predominância lateral;
· Dificuldades em associar símbolos e formas;
· Constante desconcentração;
· Dificuldades em interpretar direções laterais;
· Incapacidade de citar nominalmente partes do corpo;
· Dificuldades em colorir símbolos grandes
· Incapacidade de reproduzir corretamente letras, números e símbolos.
A lateralidade é examinada ao nível do olho, mão e pé, através de gestos e atividades da vida diária, permitindo assim um diagnóstico confiável.  Não podemos confundir lateralidade, que é a dominância de um lado em relação ao outro, ao nível da força e da precisão, como sendo apenas o conhecimento de esquerda e direita, pois este significa o domínio dos termos “esquerda” e “direita”, visto que o conhecimento das mesmas decorre da noção de dominância lateral.
No entanto, a lateralidade demonstra ser um fator necessário para a aquisição da estabilidade e do equilíbrio, com relação à linha vertical que divide o corpo, e também para a aquisição de uma boa postura. Quando chega a idade escolar, a maioria das crianças já atingiu um estagio em que através de brincadeiras e atividades envolvendo movimentos amplos, já tem noção de direita e esquerda e dos dois lados do seu corpo. Entre tanto, varias crianças possuem problemas de aprendizado e precisam de assistência especifica no treinamento da lateralidade e da identificação dos lados direito e esquerdo, para que se possa prevenir e eliminar sintomas tais como reversão, palavras fora de ordem e escrita espalhada. Sem esta ajuda, elas terão problemas não só com a formação do esquema corporal, mas também com as relações espaciais.
Na lateralidade homogênea, a criança é destra ou canhota dos olhos, mãos, pés e ouvidos; na lateralidade cruzada à criança pode ser destra da mão e do olho e canhota de pése ouvidos, ou outra combinação; já que, na ambidestra, a criança é tão forte e destra do lado direito quanto do esquerdo. Aconselha-se a não empregar os termos esquerda e direita sem que a lateralização esteja bem definida. 
2.3 Aprendizagem e Psicomotricidade
O ser humano comunica-se por meio da linguagem verbal e corporal. A criança nos primeiros dias de vida até o início da linguagem verbal se faz entender por meio de gestos, pois os movimentos constituem a expressão global de suas necessidades. O movimento é importante no desenvolvimento da criança porque está ligado às emoções e por ser um veículo de transmissão do equilíbrio do estado interior do recém-nascido. Esse movimento possibilita o relacionamento da criança com o mundo e com as demais características inerentes da condição humana. 
Conforme a criança cresce, vai organizando sua capacidade motora de acordo com sua maturidade nervosa e com os estímulos do meio que a rodeiam. De acordo com Pereira e Calsa (apud FÁVERO, 2004), a organização motora é fundamental para o desenvolvimento das funções cognitivas, das percepções e dos esquemas sensório-motor da criança.
De acordo com Pereira e Calsa (apud COLELLO, 1995), a falta de atenção da escola ao movimento dos indivíduos se fundamenta na concepção dualista do homem, segundo a qual a mente predomina sobre o corpo. Apesar dos vários estudos mostrarem a importância desta área, as escolas continuam deixando em segundo plano a prática psicomotora, pois pensam no ato de escrever como sendo um ato motor que, repetido várias vezes, por meio de movimentos mecânicos e sem sentido, pode ser fixado. 
Portanto, a grande preocupação dos educadores durante o processo de aprendizagem limita-se ao treinamento das habilidades responsáveis pelos aspectos figurativos da escrita, como coordenação motora, discriminação visual e organização espacial. No entanto, o autor considera a escrita um ato essencialmente motor, destacado de qualquer outra esfera do desenvolvimento, seja afetiva, cognitiva ou social.
Segundo Pereira e Calsa (apud FÁVERO, 2004), para escrever é preciso que se 
tenha orientação espacial suficiente para situar as letras no papel, para adequá-las em tamanho e forma ao espaço de que se dispõe. E, além disso, precisa-se dirigir o traçado da esquerda para a direita, de cima para baixo, controlando os movimentos de maneira a não segurar o lápis nem com muita força nem com pouca força, é necessário que a escola ofereça condições para a criança vivenciar situações que estimulem o desenvolvimento dos conceitos psicomotores. Essas restrições podem levar a criança a dificuldades de aprendizagem, repercutindo no desempenho escolar.
Para Pereira e Calsa (apud AJURIAGUERRA, 1988), a escrita é uma atividade que obedece a exigências precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor sinais orientados e reunidos de acordo com as leis, depois deve respeitar essas leis de sucessão que fazem destes sinais palavras e frases tornando a escrita uma atividade espaço-temporal.Um objeto situado a determinada distância e direção são percebidas porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as percepções visuais que lhe permitem tocar o objeto. 
É por meio dessas que resultam as noções de distância e orientação de um objeto com relação a outro, e assim a criança começa a transpor essas noções gerais a um plano mais reduzido, que será de extrema importância quando na fase do grafismo. Pereira e Calsa destacam que na aprendizagem da leitura e escrita a criança deverá obedecer ao tempo de sucessão das letras, dos sons e das palavras, fato este que destaca a influência da estruturação temporal para a adaptação escolar e para a aprendizagem (apud FONSECA, 1983, p. 32).
Pereira e Calsa (apud COLELLO, 1995, p. 26) afirmam que, além dessas dificuldades inerentes ao ato de escrita, existe ainda a dificuldade que os professores têm em diagnosticar as dificuldades de aprendizagem e relacioná-las ao desenvolvimento psicomotor. Em sala de aula, os professores trabalham a motricidade infantil como uma atividade mecanizada do movimento das mãos e as aulas de educação física parecem se restringir a atividades de recreação nas quais o movimento parece ter um fim em si mesmo. 
Para o autor, até mesmo os professores de Educação Física tem mostrado dificuldades em perceber a importância do movimento para o desenvolvimento integral da criança. O ponto de referência que os seres humanos têm para conhecer e interagir com o mundo é o corpo. Este elemento serve como base para o desenvolvimento cognitivo e conceitual, incluindo os presentes para a aprendizagem de conceitos na atividade de alfabetização. Por essa razão, o desenvolvimento do movimento por meio da psicomotricidade auxilia a criança a adquirir o conhecimento do mundo que as rodeia.
A escrita exige o desenvolvimento de habilidades específicas e um esforço intelectual proporcionalmente superior às aprendizagens anteriores da criança. Na escrita ocorre à comunicação por meio de códigos que variam de acordo com a cultura, e sua aprendizagem se dá pela realização da cópia, do ditado e na escrita espontânea.
Segundo Pereira e Calsa (apud Fávero, 2004), a escrita espontânea envolve um grau maior de dificuldade, pois o modelo visual e auditivo está ausente e envolve a tomada de decisões acerca do que vai ser escrito e como será escrito. Antes de se escrever algo é preciso gerar uma informação, organizá-la de forma coerente para posteriormente escrevê-la e revisar o que foi escrito.
É preciso diferenciar as letras dos demais signos e determinar quais são as letras que devem ser empregadas, além disso, a escrita pressupõe um desenvolvimento motor adequado, pois certas habilidades são essenciais para que a atividade ocorra de maneira satisfatória. A grande dificuldade que os educadores enfrentam está em compreender os fatores que diferenciam as crianças que conseguem dominar a linguagem escrita das que não conseguem. Segundo Pereira e Calsa (apud ESCORIZA NIETO, 1998), foi somente a partir da década de 1970 que as pesquisas começaram a buscar explicar os processos cognitivos envolvidos na atividade escrita.
Segundo Pereira e Calsa (apud GREGG, 1992 apud GARCIA, 1998) as dificuldades encontradas no processo de alfabetização vão desde o desenvolvimento das habilidades de escrita (disgrafia) e erros de soletração até erros na sintaxe, estruturação e pontuação das frases, bem como a organização de parágrafos. No começo do processo de alfabetização o que mais se observa é: confusão de letras, lentidão na percepção visual, inversão de letras, transposição de letras, substituição de letras, erros na conversão símbolo-som e ordem de sílabas alteradas, essas dificuldades pode se manifestar ao se soletrar ou escrever uma palavra ditada ou copiada. 
É possível encontrar crianças com boa capacidade de expressão oral, mas com dificuldades para escrever, alunos que se expressam oralmente com dificuldade e escrevem as palavras mal e alunos que escrevem bem as palavras, mas se expressam mal. Essas dificuldades, se consolidadas ao longo da infância, tornam-se mais evidentes no ambiente escolar, onde o processo de aprendizagem é institucionalizado. Pensando no desenvolvimento da criança de forma integrada e buscando entender aspectos físicos, afetivos, cognitivos e sociais, é necessário o estudo do desenvolvimento psicomotor.
3 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
No contexto pedagógico dos métodos ativos, desde a escola maternal as primeiras experiências de leitura e de escrita apelam, em geral, para a função de globalização. Esta tentativa apresenta a vantagem de conferir um sentido a linguagem gráfica e fazer com que a criança compreenda, de repente, seu valor semântico. Entretanto, grandes são as dificuldades para passar do simbolismo da linguagem a compreensão do código gráfico, diante disso Le Boulch considera que:
A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizadospré-escolares e escolares; leva a criança a tomar consciência do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, á dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas. (LE BOULCH 1982, p. 24).
Diante disso percebe-se que a Psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. Por isso é possível dizer que a mesma é um fator essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. A estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui do geral para o específico; quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o fundo do problema, em grande parte, está no nível das bases do desenvolvimento psicomotor. 
Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com frequência. O desenvolvimento do Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal e Pré-Escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.
O ato antecipa a palavra, e a fala é uma importante ferramenta psicológica organizadora.
Através da fala, a criança integra os fatos culturais ao desenvolvimento pessoal. Quando, então, ocorrem falhas no desenvolvimento motor poderá também ocorrer falhas na aquisição da linguagem verbal e escrita. Faltando a criança um repertório de vivências concretas que serviriam ao seu universo simbólico constituído na linguagem, consequentemente, afetando o processo de aprendizagem. A criança, cujo desenvolvimento psicomotor é mal constituído, poderá apresentar problemas na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras (ex. b/d), na ordenação de sílabas, no pensamento abstrato (raciocínio matemática), na análise gramatical, dentre outras.
Aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como: dominância manual já estabelecida; conhecimento numérico para saber quantas sílabas formam uma palavra; movimentação dos olhos da esquerda para a direita que são os adequados para escrita; discriminação de sons (percepção auditiva); adequação da escrita às dimensões do papel, bem como proporção das letras e etc. pronúncia adequada das letras, sílabas e palavras; noção de linearidade da disposição sucessiva das letras e palavras; capacidade de decompor palavras em sílabas e letras; possibilidade de reunir letras e sílabas para formar palavras e etc.
Atualmente, a sociedade do conhecimento e da informação exige cada vez mais rapidez na atividade intelectual, prescindindo da atividade motora, é claro que as consequências se apresentam no tempo. E na educação?
A escola ainda mantém o caráter mecanicista instalado na Educação Infantil, ignorando a psicomotricidade também nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Os professores, preocupados com a leitura e a escrita, muitas vezes não sabem como resolver as dificuldades apresentadas por alguns alunos, rotulando-os como portadores de distúrbios de aprendizagem. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas na própria escola e até evitadas precocemente se houvesse um olhar atento e qualificado dos agentes educacionais para o desenvolvimento psicomotor.
Entende-se hoje que a psicomotricidade, está oportunizando as crianças condições de desenvolver capacidades básicas, aumentando seu potencial motor, utilizando o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais, a mesma ajudaria a sanar estas dificuldades.
Neuropsiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos têm insistido sobre a importância capital do desenvolvimento psicomotor durante os três primeiros anos de vida, entendendo que é nesse período o momento mais importante de aquisições extremamente significativas a nível físico. Aquisições que marcam conquistas igualmente importantes no universo emocional e intelectual.
Aos três anos as aquisições da criança são consideráveis e possui, então, todas as coordenações neuromotoras essenciais, tais como: andar, correr, pular, aprender a falar, se expressar, se utilizando de jogos e brincadeiras. Estas aquisições são, sem dúvida, o resultado de uma maturação orgânica progressiva, mas, sobretudo, o fruto da experiência pessoal e são apenas parcialmente, um produto da educação.
Esta ligação estreita entre maturação e experiência neuromotora, segundo Henri Wallon passa por diferentes estados:
· Estado de impulsividade motora - onde os atos sãosimples descargas de reflexos;
· Estados emotivos - as primeiras emoções aparecem no tônus muscular. As situações são conhecidas pela agitação que produzem, evidenciando uma interação da criança com o meio;
· Estado sensitivo-motor - coordenação mútua de percepções diversas (adquire a marcha, a preensão e o desenvolvimento simbólico e da linguagem);
· Estado projetivo - mobilidade intencional dirigida para o objeto. Associa à necessidade do uso de gestos para exteriorizar o ato mental (inteligência prática e simbólica).
Do ato motor à representação mental, graduam-se todos os níveis de relação entre o organismo e o meio (WALLON). O desenvolvimento para Wallon é uma constante e progressiva construção com predominância afetiva e cognitiva. Na segunda infância, surgem em funcionamento territórios nervosos ainda adormecidos processos da mielinização; as aquisições motoras, neuromotoras e perceptivo-motoras efetuam-se num ritmo rápido: tomada de consciência do próprio corpo, afirmação da dominância lateral, orientação em relação a si mesmo, adaptação ao mundo exterior.
Este período de 3-4 a 7-8 anos é, ao mesmo tempo, o período de aprendizagens essenciais e de integração progressiva no plano social. Segundo Wallon, nesse período outras fases estarão presentes e assim as descreve: Estado de personalismo – formação da personalidade que se processa através das interações sociais, reorientando o interesse da criança com as pessoas, predominância das relações afetivas; Estado categorial – observa-se progressos intelectuais, o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e as conquistas do mundo exterior, imprimindo suas relações com o meio, com predominância do aspecto cognitivo.
Trata-se do período escolar, onde a psicomotricidade deve ser desenvolvida em atividades enriquecedoras e onde a criança de aprendizagem lenta terá que ter, ao seu lado, adultos que interpretem o significado de seus movimentos e expressões, auxiliando-a na satisfação de suas necessidades.
Na educação infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter uma percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras.
3.1 O Papel da Psicomotricidade na Escola 
Considerando os saberes necessários para a alfabetização e sua relação com o desenvolvimento de algumas habilidades psicomotoras, tomei como respaldo a ideia de movimento presente no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), como fator indispensável para o desenvolvimento amplo da criança de forma que ela através deste fortalecerá o controle de seu próprio corpo favorecendo assim seu início da alfabetização. É, na educação infantil que se fazem os primeiros esboços da alfabetização, por isso destaca-se o que RCNEI apresenta sobre essa temática: “As crianças se movimentam desde que nascem adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo” (BRASIL, 1998. p. 15). 
Por este motivo, o papel do professor é fundamental, pois ele será o mediador do processo de ensino/ aprendizagem e será aquele que no momento oportuno fará suas intervenções diante de algumadificuldade encontrada por seus alunos. O professor deve refletir em torno do movimento além do simples fato de compreendê-lo como um deslocamento do corpo, mas sim um momento de interação e relação com o mundo mobilizado por meio da expressividade, já que o ato de escrever é uma forma de expressão. 
Algumas escolas hoje podem contar com o psicomotricista, outras não, enquanto essa política se estrutura, não podemos deixar as crianças sem o trabalho necessário para o seu desenvolvimento. Por isso, deve-se investir na formação dos profissionais que estão à frente de uma classe de alfabetização que reflitam e busquem efetivar o trabalho com a psicomotricidade. Faz-se necessário respeitar o nível de desenvolvimento da criança dentro do processo de alfabetização proporcionado condições propícias a uma educação ativa considerando os anseios e interesses dos alunos. (AMAE 2010)
“É fundamental que a criança amadureça não só em seu intelecto, mas, também, em seu aspecto corporal e afetivo. Caso contrário pode apresentar defasagens evidenciadas principalmente por distúrbios psicomotores que dificultam a sua integração com o meio e a formação de sua personalidade, o que fatalmente ocasionará problemas escolares futuros”. (Revista Amae Educando, Novembro. 2010).
O trabalho com a psicomotricidade vem se dimensionando a cada momento em que se compreende a influência desta área do conhecimento no desenvolvimento com a estimulação, na educação e na reeducação psicomotora. Na condição de educação psicomotora, o professor visa promover uma ação pedagógica a fim de potencializar o desenvolvimento da criança em busca de um equilíbrio biopsicossocial. No caso da alfabetização, o professor empenhará seus esforços em promover a ludicidade (que anda lado a lado com a psicomotricidade), favorecendo a expressão e a exploração corporal no espaço, facilitar a comunicação por meio da expressividade motriz e potencializar atividades grupais viabilizando a liberação de emoções e conflitos por meio da vivência simbólica. 
Quando a escola conta com o atendimento de um psicomotricista, um ponto específico de sua função é a reeducação psicomotora que está voltada para crianças que a apresentam um déficit no funcionamento psicomotor, o qual acarreta dificuldades de aprendizagem. O psicomotricista terá como meta neste processo auxiliar a criança na aprendizagem de como executar ou desenvolver determinadas funções. Para esta situação ele deverá submeter à criança a uma avaliação psicomotora a fim de diagnosticar suas necessidades e lhe propor um programa de sessões com objetivo de suprir as dificuldades aparentes. 
O profissional psicomotricista é tão fundamental quanto o professor alfabetizador, ou seja, devem ser parceiros num processo fundamental para a vida escolar de qualquer pessoa. O resultado da união destes profissionais deve ser uma aprendizagem significativa, mobilizando simultaneamente a motricidade, a inteligência e a afetividade. É dessa forma que as crianças expressam seus sentimentos, se interagem com o mundo e com os outros e constroem estruturas mentais do pensamento abstrato. A psicomotricidade não é o único aspecto essencial para a aprendizagem da leitura e da escrita, mas é fundamental para este processo.
3.2 A intervenção psicopedagógica com atividades psicomotoras 
A educação psicomotora proporciona à criança benefícios no seu desenvolvimento através do corpo em movimento. Por meio de atividades psicomotoras desenvolve as capacidades sensoriais, preceptivas e motoras, propiciando a criança melhor coordenação. As atividades psicomotoras também auxiliam no processo de ensino e aprendizagem, pois o desenvolvimento físico-motor e cognitivo caminha juntos. Devemos considerar as formas diferenciadas de expressão corporal do individuo, entretanto, observar as conquistas de habilidades motoras de cada faixa etária.
Nos momentos lúdicos da criança, podemos observar esses avanços através dos jogos e brincadeiras propostas no âmbito escolar. É nessas ocasiões que a aprendizagem torna-se significativa na vida do educando.
De acordo com ALMEIDA, (2000, p. 23): O intelecto se constrói a partir da atividade física. As atividades motoras não podem ser separadas de atividades intelectuais, pois essas junções (intelectual/psicomotor) fazem parte do processo de desenvolvimento do individuo.
 A psicomotricidade que estuda a ciência do homem através dos movimentos do corpo ajuda-nos entender esse processo de desenvolvimento por meio de atividades motoras , levando em consideração os aspectos intelectuais, psicomotor e afetivo para a formação do individuo. Segundo Molinari e Sens (2002, p. 21) afirmam que a educação psicomotora nas séries iniciais ajudam prevenir futuros problemas de dificuldade escolar, como por exemplo, a falta de concentração, desordem no reconhecimento de palavras, confusão de letras e silabas relacionadas a alfabetização. A educação psicomotora é de grande importância para o desenvolvimento do infante, pois ajuda a criança a ter consciência do seu corpo. Onde a presença de jogos e brincadeiras no contexto escolar proporciona o desenvolvendo de sua lateralidade, coordenação e atenção.
Alfabetizar a linguagem do corpo e só então caminhar para as aprendizagens triviais que mais não são que investimentos perceptivo-motor ligados por coordenadas espaços- temporais e correlacionadas por melodias rítmicas de integração e resposta. (FONSECA,1996, p.142)
Sendo assim, as atividades psicomotoras, incluindo os jogos e brincadeiras, trabalha os movimentos do individuo, colocando em prática as funções intelectuais. Portanto, tratando-se de movimento percebemos a importância que leva o individuo a ter um desenvolvimento global.
3.3 A função da escola no cotidiano dos jogos.
 As atividades psicomotoras são importantes, pois ajudam no desenvolvimento global da criança, enriquecendo seu intelectual e auxiliando no desenvolvimento físico-motor
da criança. Por meio da educação psicomotora observem-se os avanços que a criança adquire incluindo a atenção, o equilíbrio e coordenação, além da construção do conhecimento adquirido nos momentos dos jogos e brincadeiras. Na medida em que a escola centra seu trabalho em atividades que limitam a motricidade do educando, praticamente imobilizando-o em uma sala de aula e permitindo sua movimentação mais ampla apenas nos horários de recreio e em aulas especificas como Educação Física, assume que seu papel fundamental é o desenvolvimento intelectual. Muitas vezes o contexto escolar segue o currículo pedagógico. E este não é elaborado pensando-se na mudança que ocorre quando os alunos estão no período de passagem da educação infantil para o ensino fundamental. Quando uma criança ingressa no ensino fundamental, um novo mundo lhe estará sendo apresentado: o universo da produção e decodificação de letras, palavras e textos. E para que esse processo possa ser de fácil vivência, é necessário que o seu sistema motor seja conhecido por meio de experiências.
Dominar o processo de leitura e escrita requer habilidade na motricidade do ouvir, do falar, do realizar com as mãos- e por que não dizer com o corpo todo? – a transposição de fonemas em grafemas, de significantes em significados (PATERNOST, 1998).
As ações pedagógicas tornam-se contrárias à vivência lúdica devido às características inerentes, como a criatividade, a sensibilidade à disponibilidade, e até mesmo a alegria, o prazer e o divertimento, porém muitas escolas, ou melhor, muitos educadores confundem essas características com indisciplina. O lúdico visto de uma forma crítica e pedagógica pode ensinar muito para os educandos, mas isso só acontece quando ele é tratado como um instrumento de educar.
Com indagações sobre o lúdico, qual seria realmente o papel do jogo na escola? Será que o currículo deve ser seguido criteriosamente ou deve ser repensado para cada série de acordo com as necessidades das crianças e não da escola?
Pensando que na Educação Infantil, o lúdico é vivenciado a todo o momento, tanto na hora do ensino e aprendizagemcomo na hora reservada somente para o brincar, e no Ensino Fundamental, o ensino e aprendizagem são trabalhados somente através de atividades escritas, pode-se perceber que não há um processo de adaptação para essas crianças. Podem surgir algumas dificuldades, tanto no aspecto cognitivo quanto no emocional. 
A criança necessita de incentivos adequados às diferentes situações, de atividades que ofereçam o brincar e a aprendizagem em conjunto, respeitando assim suas características individuais. Todos os jogos incentivam as funções motoras e devem ser oferecidos à criança em forma de brincadeira e, quando bem orientados, formam uma fonte inesgotável de prazer. As escolas devem pensar que as atividades lúdicas enriquecem os planos de aula oferecendo à criança uma melhora na sua aprendizagem e no seu desenvolvimento psicomotor. Deve-se pensar também que as mudanças no âmbito escolar demoram a acontecer, pois necessitam de documentação como, por exemplo, planejamentos, projetos político-pedagógicos entre outros, que levam tempo para ser elaborados. O que também pode gerar dificuldades na geração das mudanças é que nem todas as pessoas, como por exemplo, os alunos, professores, coordenação e direção são letradas ou capacitadas para fazer as mudanças corretamente, interligando o brincar dirigido com o pedagógico. 
Pode-se dizer que há uma grande diferença entre a teoria e a prática; no caso da inclusão do lúdico no âmbito escolar, não é preciso vir necessariamente, primeiro a teoria, para que depois venha a prática.
Segundo ZABALA (1998. p. 89), ”os objetivos educacionais e os conteúdos aos quais se referem, influem, e inclusive às vezes determinam, o tipo de participação dos protagonistas da situação didática.” O conceito sobre o jogo e a criança é dado dependendo da cultura de cada pessoa. Em geral, o jogo é entendido como uma atividade que envolve o lúdico, com características de tempo, espaço e regras, sendo ela uma situação imaginária ou não.
3.4 O professor, o brincar e o processo de ensino e aprendizagem 
O professor tem papel fundamental na sala de aula, pois seus alunos dependem dele para que possa haver o processo de ensino e aprendizagem. Pode-se definir o professor como um alicerce da escola, pois a coordenação, a direção, os funcionários em geral e os alunos dependem do professor; alguns dependem mais, outros menos, mas ele sempre é requisitado. O professor, ao assumir uma sala de aula, sabe que terá que planejar as aulas, porém, também é importante que ele saiba que nem sempre o planejamento é seguido à risca, e que durante o ano letivo poderão ocorrer situações que o levem a buscar outros métodos para que sua aula seja produtiva e prazerosa.
“O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantido se o educador estiver preparado para realizá -lo. Nada será feito se ele não tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos essenciais da educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e predisposição para levar isso adiante.” (ALMEIDA, 2000, p. 25)
O professor precisa ver seus alunos num coletivo, mas considerar o aluno individualmente. Cada aluno tem o seu tempo, seu jeito de aprender e seu amadurecimento cognitivo. É necessário que o professor planeje as aulas, buscando em seus alunos interesse para aprender. Este trabalho pode envolver as famílias, pois, de nada adianta o professor ser um pesquisador, se em casa as famílias não mostrarem para as crianças a importância de cada novo aprendizado.
Ao dar aula, o professor visa o processo de ensino-aprendizagem do aluno, com base no planejamento anual ou bimestral. Esse processo de ensino aprendizagem pode ser visto de várias formas, pois, cada pessoa tem pressupostos e o cognitivo diferentes. Ensinar um conteúdo, utilizando apenas uma estratégia para a sala de aula com vários alunos pode ser complexo, porque o que um aprende de uma forma, o outro pode aprender de um modo diferente. 
Segundo Almeida (2000. p. 83), a proposta é possibilitar ao aluno raciocinar e pensar em tudo que aprende, encontrando respostas para os porquês e soluções inteligentes para solucionar os problemas relativos à escola e a sua vida. A capacidade de pensar do indivíduo depende dos estímulos recebidos. Para que as crianças se desenvolvam, analisem e pensem, passando pelos erros e buscando alternativas até encontrar o acerto. O erro deve ser visto como processo de aprendizagem, porque através dele, o aluno buscará o acerto, e com o estimulo do professor essa busca será mais prazerosa e produtiva.
 No entanto, o desenvolvimento de propostas diferentes, pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, pois os alunos estarão mais motivados e terão mais vontade e curiosidade para aprender. O professor, ao trazer o jogo para fazer parte do processo pedagógico, fará com que as vivências dos alunos sejam diferentes. Dentro desse contexto pedagógico, o professor, enquanto mediador deve refletir sobre que conhecimentos seu aluno vai obter utilizando determinados tipos de jogos. 
O brincar nas séries iniciais é algo que está muito presente, por resquícios da educação infantil, ou talvez por um brincar natural das crianças. Deve-se lembrar de que, na educação infantil, é destinado um tempo maior para a brincadeira, pois o foco é mais no lúdico e no faz- de- conta; ao entrar no ensino fundamental, é como se a criança fosse trazida para a realidade, onde o brincar está presente apenas no recreio e a ludicidade quase não existe.
Logo, o brincar também auxilia a criança a desenvolver variadas formas de raciocínio, possibilitando assim, o despertar da imaginação e também da criatividade, sociabilizando-a com o meio. Segundo Vygotsky, o lúdico influencia enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança e desenvolve sua linguagem e seu pensamento. Assim, o brincar quando dirigido tem o propósito de propiciar aos alunos um conhecimento que normalmente ele teria dentro da sala de aula, muitas vezes sentado em fileiras, sem nenhum contato com os amigos, o que é muito diferente da educação infantil, onde o contato com o outro está presente a todo o momento. Ao dirigir esse brincar, o professor poderá ensinar a matéria que seria dada normalmente, porém, os alunos aprenderiam com mais facilidade, pois o lúdico ainda está muito presente, visto que essas crianças acabaram de sair da educação infantil, e ainda trazem alguns pressupostos no seu cognitivo. 
Enfim, provocar desafios que aceleram a aquisição dos conhecimentos, lembrando-se de procurar saber dos conhecimentos prévios dos alunos, deve ser o foco da ação do professor. Os pressupostos trazidos pelos alunos são de extrema importância para que o processo de ensino e aprendizagem seja significativo. Pode-se também remeter ao método Paulo Freire, no qual foram utilizadas palavras retiradas das vivências dos alunos para alfabetizá- los, que a partir daí, surgia o interesse dos alunos para escrever sobre o que eles vivenciavam todos os dias. Daí parte a ideia de que o professor deve conhecer o cotidiano dos seus alunos, para poder trabalhar em sala de aula temas que deles façam parte
4. AS HABILIDADES PSICOMOTORAS E SUA CORRELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM
Para ocorrer aprendizagem significativa na alfabetização é necessário que o professor tome para si a responsabilidade do trabalho psicomotor estimulando o movimento. Assunção e Coelho (2006, p; 34) afirmam:
O professor pode ajudar e muito, em todos os níveis, na estimulação para o desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de suas aptidões e habilidade, 
na formação de atitudes através de uma relação afetiva saudável e estável (que crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a criança) e, sobretudo respeitando e aceitando a criança do jeito que ela é (p.116).
A ideia de símbolo, a discriminação das formas e das letras, discriminação dos sons da fala, consciência da unidade da palavra e a organização da página escrita são saberes considerados por Lemle(2005, p.11) necessários para o processo de alfabetização implicando assim no desenvolvimento de algumas habilidades psicomotoras que se correlacionam com a escrita. Nesse momento não será tratado de todas as habilidades.
Então, chamaremos à composição deste estudo as habilidades de estruturação espacial, visomotora, fonoarticulatória, orientação espacial e lateralidade. A discriminação das formas das letras corresponde à habilidade de estruturação espacial que segundo Furtado (2008, p. 22) se desenvolve a partir de simples situações do cotidiano como localizar objetos em prateleiras, sentar-se em frente uma mesa para jantar ou mesmo organizar livros em uma estante. Segundo Zorzi (2003, p. 47) “Para nós, adultos letrados, a distinção entre letras como p e q, b e d é uma coisa tão óbvia, que pode ser muito difícil de imaginarmos como a criança não vê essa diferença tão gritante” (p. 142). Ao primeiro olhar pode parecer atividades banais e sem nenhuma relação com o processo de aquisição da leitura e da escrita, mas são habilidades da estruturação espacial que colaboram para o início do processo de alfabetização.
Lemle (2005, p.7) destaca:
[...] a ideia de que a ordem significativa das letras é da esquerda para a direita na linha, e que a ordem significativa das linhas é de cima para baixo na página. Note que isso precisa ser ensinado, pois isso decorre uma maneira muito particular de efetuar os movimentos dos olhos na leitura.
Para desenvolver este trabalho junto às crianças é necessário que aconteça uma estruturação espacial que decorre de uma organização funcional da lateralidade e da noção corporal. A estruturação espacial se desenvolve através da apreensão, pela criança, de noções de situações (dentro, fora, longe, perto), de tamanho (grosso, fino, pequeno, médio, grande), de posição (em pé, deitado, sentado, agachado) de movimento (levantar, abaixar, puxar, cobrar, subir, descer), de formas (círculo, quadrado, triângulo), de quantidade (cheio, vazio, pouco, muito), de superfícies e de volumes. Outro aspecto da psicomotricidade é o desenvolvimento da habilidade visomotora que pode auxiliar a criança no controle rigoroso e preciso dos músculos extra-oculares.
Segundo Oliveira (1998, p.75) a partir do momento em que a criança conseguir discriminar as diversas formas de letras e integrar os símbolos ela logrará êxito na etapa de organização visual, correspondendo a integração significativa de materiais simbólicos com outros dados sensoriais. Quando o professor não se preocupa em trabalhar esta situação com seus alunos pode acarretar algumas dificuldades que mais tarde acabam prejudicando o desenvolvimento da criança. Entre as dificuldades mais percebidas hoje nas escolas podemos citar a inabilidade da letra cursiva, letra ilegível e o mau uso do lápis. A coordenação da visão com os movimentos das mãos prepara a criança para a aprendizagem da escrita e se bem estimulada poderá minimizar esses efeitos negativos. Ao desenvolver os conceitos de estruturação espacial e de habilidade visomotora a criança atinge uma nova etapa das habilidades denominada orientação espacial
Essa habilidade se correlaciona com o saber da organização da página escrita e possibilita a criança organizar objetos no espaço combiná-los de várias maneiras, antecipando, prevendo, transpondo, adquirindo noções de distância e direção. As atividades para o trabalho de noção espacial ficam por conta de brincadeiras que envolvem o corpo como, por exemplo, andar pela sala explorando o ambiente, montar quebra-cabeça, jogar amarelinha, equilibrar-se no meio fio, andar sobre linhas, etc. 
Essas atividades relacionadas à lateralidade auxiliam na organização do caderno e da escrita da letra. Tomada como mais uma habilidade psicomotora que auxilia na organização da página escrita, a lateralidade diz respeito à percepção dos lados direito e esquerdo e ajuda a criança 7231 a conhecer seu lado de dominância. O que se pode propor para trabalhar a lateralidade são exercícios como colocar a mão sobre contornos de mãos desenhadas no quadro, rapidamente, como se estivesse dando um “tapa”, seguindo a solicitação do professor; desenhar ou colocar objetos no lado direito ou esquerdo de uma folha de papel dividida ao meio verticalmente e marcada com as inscrições direita e esquerda nos lados correspondentes. Os saberes relacionados à discriminação do som da fala e a consciência da unidade das palavras estão estritamente vinculados a habilidade fonoarticulatória. Dentro dos programas a serem desenvolvidos nas escolas na fase de alfabetização está o trabalho com a linguagem que no currículo encontra-se como “Comunicação e Expressão”. 
Tem esta denominação por ter a função de expressar e comunicar seu pensamento permitindo ao indivíduo a socialização e a troca experiências e atuar de forma verbal e gestualmente no mundo. Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da respiração, incluem-se nesta área os exercícios fonoarticulatórios como, por exemplo, fazer caretas, jogar beijinhos, assoprar apitos e olhos de sogra, fazer bolhas de sabão, dentre outras. E os respiratórios que podem estar nas atividades de inspirar pelo nariz e expirar pela boca, inspirar e expirar pela boca, aprender a assuar o nariz caracterizando-se assim com atividades psicomotoras. Como estamos tratando também de expressão, esta pode ter caráter tanto verbal quanto gestual. Algumas das possíveis atividades a serem desenvolvidas nessa área são contação de fatos, histórias, charadas e imitação com as mãos ou com todo o corpo e dramatização. Vimos então alguns saberes que são necessários para o início de uma alfabetização “A escrita, além de exigir o desenvolvimento de muitas habilidades, requer certa mudança de perspectiva em relação a determinadas noções da realidade” (ZORZI, 2003, p. 11).
 Portanto, o profissional que está à frente de uma turma de crianças ansiosas por aprender a ler e escrever suas primeiras palavras deve ter consciência de seu fundamental papel na vida escolar de seus alunos, pois a base da educação está em suas mãos e a criança que está sobre seus cuidados deve ser respeitada na sua totalidade, ou seja, no diz respeito à afetividade, a cognição e a motricidade, pois são elementos indissociáveis. A compreensão da psicomotricidade como base para um trabalho significativo e expressivo na alfabetização norteará o professor com relação à organização da sua prática, favorecendo o ensino/ aprendizagem dos seus alunos. Segundo Zabalza (2008, p. 61):
[...] é necessário projetar um plano de ação que cubra os diversos âmbitos do desenvolvimento infantil. Isto significa que a questão formativa está vinculada a este processo em todas e em cada uma das dimensões da criança: da sua capacidade intelectual à sua afetividade, da sua personalidade à sua conduta, da linguagem ou a lógica à pintura, à música ou ao esporte.
Isso significa que o profissional da educação necessariamente precisa conhecer seus alunos a faixa-etária com a qual vai trabalhar, pois a cada momento da infância surgem suas especificidades e como cada uma deve ser entendida. As dificuldades hoje destacadas nas escolas públicas podem ser minimizadas quando compreendemos a criança em seu pleno desenvolvimento e a acolhemos com respeito e afetividade respeitando seus limites e potenciais. Há muito que se compreender dentro do processo de ensino/ aprendizagem e há muito que estudar em torno da psicomoticidade, despender tempo para isso acarretará em benefícios para os educandos das classes de alfabetização.
4.1 O brincar, a escola e os alunos
O brincar hoje está ausente de uma proposta pedagógica que incorpore o lúdico como linha do trabalho das escolas. A escola deve oferecer o conhecimento para seus alunos, porém não pode esquecer que ele deve ser agradável, proporcionando desafios, regras e controle da situação. “As informações podem ser adquiridas por diversos meios e formas passando assim a ser fundamenta a não valorização apenas de aquisição de conhecimento, mas sim o desenvolvimentocognitivo e motriz dos alunos”. (DOWBOR, 1996, p. 14).
A escola simplesmente esqueceu a brincadeira. Na sala de aula, ela é considerada uma perda de tempo, pois não há nada de pedagógico; porém, o jogo e o brincar podem se transformar em algo positivo, se houver a cooperação do professor e da coordenação. Segundo Piaget, o conhecer implica na relação sujeito-objeto, o que relaciona o conhecimento ao jogo, já que para conhecer é preciso atuar ou jogar. Pode-se dizer que, as crianças do mundo contemporâneo pensam no brincar somente através dos brinquedos, o que leva ao consumismo prematuro e à perda do significado do brincar, que é divertir e acaba servindo apenas como forma de competição, ou seja, para mostrar quem tem mais que o outro.
Relacionar o brincar, as escolas e os alunos, não parece difícil; numa primeira impressão, parece que estão unidos, porém, o brincar dirigido necessita de planejamento para que não fique vago, e para que os alunos entendam que brincando eles também aprendem. O brincar leva os alunos a um momento lúdico, no qual eles irão aprender como se estivessem na sala de aula; o professor, porém, não vai passar todo o tempo da aula com o brincar dirigido por meio de jogos, mas poderá trazer para os alunos através do brincar, alguns pressupostos do que irão aprender; sendo assim, ficará mais fácil e prazeroso aprender algo de que já se tem ideia. 
Portanto, os alunos precisam conhecer previamente o assunto a ser tratado, ou através da roda de conversa ou de pressupostos trazidos de casa; só assim, eles sentirão que a atividade proposta terá sentido, já que cada palavra ou frase aprendida tem um significado na vida da criança. O professor pode realizar atividades que promovam debates entre as crianças, debates estes que podem ser por dúvidas ou relativos a algo novo, que instigue as crianças a querer saber mais.
4.2 A intervenção psicopedagógica com atividades psicomotoras
 A educação psicomotora proporciona à criança benefícios no seu desenvolvimento através do corpo em movimento. Por meio de atividades psicomotoras desenvolve as capacidades sensoriais, preceptivas e motoras, propiciando a criança melhor coordenação. As atividades psicomotoras também auxiliam no processo de ensino e aprendizagem, pois o desenvolvimento físico-motor e cognitivo caminha juntos. Devemos considerar as formas diferenciadas de expressão corporal do individuo, entretanto, observar as conquistas de habilidades motoras de cada faixa etária. Nos momentos lúdicos da criança, podemos observar esses avanços através dos jogos e brincadeiras propostas no âmbito escolar. É nessas ocasiões que a aprendizagem torna-se significativa na vida do educando
De acordo com Molinari e Sens (2002, p. 15): O intelecto se constrói a partir da atividade física. As atividades motoras não podem ser separadas de atividades intelectuais, pois essas junções (intelectual/psicomotor) fazem parte do processo de desenvolvimento do individuo. A psicomotricidade que estuda a ciência do homem através dos movimentos do corpo ajuda-nos entender esse processo de desenvolvimento por meio de atividades motoras , levando em consideração os aspectos intelectuais, psicomotor e afetivo para a formação do individuo. 
Segundo Molinari e Sens (2002, p. 26) afirmam que a educação psicomotora nas séries iniciais ajudam prevenir futuros problemas de dificuldade escolar, como por exemplo, a falta de concentração, desordem no reconhecimento de palavras, confusão de letras e silabas relacionadas a alfabetização. 
A educação psicomotora é de grande importância para o desenvolvimento do infante, pois ajuda a criança a ter consciência do seu corpo. Onde a presença de jogos e brincadeiras no contexto escolar proporciona o desenvolvendo de sua lateralidade, coordenação e atenção.
Alfabetizar a linguagem do corpo e só então caminhar para as aprendizagens triviais que mais não são que investimentos perceptivo-motor ligados por coordenadas espaços- temporais e correlacionadas por melodias rítmicas de integração e resposta. (FONSECA,1996, p.142).
Sendo assim, as atividades psicomotoras, incluindo os jogos e brincadeiras, trabalha os movimentos do individuo, colocando em prática as funções intelectuais. Portanto, tratando-se de movimento percebemos a importância que leva o individuo a ter um desenvolvimento global.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante esse trabalho foi possível perceber que a escrita e a leitura tem particularidades que para auxiliar no ensino da mesma o desenvolvimento psicomotor é peça de engrenagem. Percebi que as atividades psicomotoras permitem à criança condições de domínio do gesto da escrita, dando a ela condições de equilíbrio entre as forças musculares, flexibilidade e agilidade de cada articulação dos membros superiores.
Dentre as leituras desenvolvidas entende-se que é indispensável fixar bases motoras da escrita antes de ensinar a criança a dominar seu lápis. Porém, as habilidades motoras e perceptuais deixam de ter sentido quando trabalhadas de forma descontextualizada. Estimular aspectos motores, afetivos e cognitivos é de suma importância quando vinculados ao contexto da realidade sociocultural dos alunos. A educação psicomotora tem como papel fundamental promover, por meio de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as potencialidades da criança, objetivando seu equilíbrio.
A compreensão da relação do movimento com a aprendizagem da leitura e da escrita contribui para o êxito nas séries iniciais percebendo a criança em sua totalidade e não apenas de forma fragmentada e conteudista. As leituras realizadas indicaram o corpo como a origem da cognição, do afeto e do motor sendo estes os três pilares da psicomotricidade e, por isso,do envolvimento das atividades físicas no processo da aprendizagem. Muitos autores contribuíram para dimensionar a importância da psicomotricidade diante da aprendizagem da criança.
Afirmando a intensa relação do processo de alfabetização com a psicomotricidade muitos autores destacam que pensamento e movimento se confundem, de maneira que não se desencadeia nenhuma atividade sem que músculos e cognição sejam juntamenteativados.
Alfabetizar a criança vinculando o trabalho psicomotor a este processo implica numa série de funções e manifestações específicas do desenvolvimento infantil, as quais contribuirão para o ensino-aprendizagem.
Sendo assim, conclui-se que com todos estes indicadores para o sucesso escolar, ainda em muitas escolas o movimento não é visto como parte fundamental da aprendizagem dos alunos.
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