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DEPARTAMENTO DE ECONOMIA / PUC-Rio MICROECONOMIA II Prof. Eduardo P.S. Fiuza Nota de Aula 14: Liderança de preços Ref: Varian, seção 27.3; Pindyck e Rubinfeld, cap. 12, "Modelo da empresa dominante"; Carlton e Perlo¤, 2a.ed., Fig. 5.9. 1 Firma líder ou dominante: Como em Stackelberg, neste modelo as rmas reconhecem e aceitam a liderança de uma delas, seja por ser ela a mais antiga, ou maior, ou por qualquer outra razão. A rma líder, por sua vez, escolhe o preço, em vez da quantidade, e as rmas seguidoras tomam o preço como dado e maximizam seus lucros com relação à quantidade. Vamos analisar três situações: 1. Firma dominante (líder) tem custo marginal crescente e a(s) seguidora(s) têm custo marginal crescente; este é o exemplo do Varian; 2. Firma dominante (líder) tem custo marginal constante e a(s) seguidora(s) têm custo marginal crescente; este é o exemplo do Pindyck e Rubinfeld. 3. Firma dominante (líder) tem custo marginal crescente e a(s) seguidora(s) têm custo marginal constante (franja competitiva); 4. Firma dominante tem custo marginal constante e a(s) seguidora(s) têm custo marginal constante (franja competitiva); É importante notar que nas situações 1 e 2 é natural pensar num duopólio de líder + seguidor como caso particular. Já nas situações 3 e 4, é mais natural interpretar a franja competitiva como um número muito grande de seguidoras. Em ambos os pares de casos, a(s) seguidora(s) se comporta(m) como numa concorrência perfeita. Elementos importantes do modelo: 1. Produto homogêneo; demanda inversa depende apenas da quan- tidade total do mercado; 2. Uma rma líder escolhe primeiro seu preço e depois a(s) rma(s) seguidora(s) escolhe(m) sua(s) quantidade(s) simultaneamente. 1 Sejam qPL e qPF as quantidades produzidas de um bem homogê- neo pelas rmas dominante (líder) e seguidora(s) respectivamente. Como agora estamos analisando um mercado em que a líder escolhe preço, vamos usar a demanda de mercado, e não a demanda inversa: Q = qPL + qPF = D (p) = a� bp Desnecessário mencionar que esses a e b são completamente difer- entes dos que usamos na fórmula de demanda inversa, certo? Agora, a é o intercepto da demanda inversa no eixo X, e b é a tangente medida a partir do eixo Y. A demanda residual da rma líder é: qPL = DR (p)= D (p)�S (p) (1) onde S (p) = qPF é a oferta da(s) seguidora(s). 1.1 Representação do jogo de liderança de preço na forma extensiva : 1. Jogadores: rmas 1 (líder L) e i =2; ::I (seguidora F ); a Natureza não participa; 2. A con guração dos nós e ramos (ver Figura 14.1): a rma 1 escolhe a quantidade p primeiro, e a(s) rma(s) seguidora(s) observa(m) p antes de escolher(em) q; a rma líder atende à demanda residual do mercado, aquela que sobra após a(s) seguidora(s) jogar(em). Em seguida, o jogo se encerra, os re- sultados são colhidos e os payo¤s auferidos. 3. Os payo¤s recebidos dependem da posição da rma como líder ou seguidora: �PFi (p; qi)= p � qi � Ci (qi) Firmas seguidoras �PLi (p; qi)= p�DR (p)� C1 � DR (p) � Firma líder 1.2 Equilíbrio de Nash Perfeito em Subjogos Lembremo-nos que, para se achar o equilíbrio de Nash perfeito em subjogos, devemos resolver o jogo de trás para frente (indução retroativa, ou backward induction) Primeiro, portanto, resolvemos a maximização de lucro da rma seguidora i: max qi �i (p; qi)= p � qi�Ci (qi) (2) 2 Sem nenhuma surpresa, a solução é a de uma rma em concor- rência perfeita: p = C 0 (qi)= CMg (3) Logo, S (p) = C 0�1 (p). Sendo o custo marginal monotonicamente crescente e continuamente diferenciável (função custo estritamente convexa), sabemos que C 0 (qi) é crescente, e assim também é C 0 �1 (p). No exemplo do Varian vemos um caso particular, em que Ci (qi) = q 2 i 2 , logo C 0 (qi) = qi, e assim Si (p) = C 0 �1 (p) = p. Neste caso, a curva de custo marginal é uma reta positivamente inclinada com intercepto na origem. A curva de demanda residual da rma dominante é: qPL = DR (p)= a� bp� X i C 0 �1 (p) (4) que, no exemplo do Varian, e com apenas uma seguidora, ca: DR (p)= a� bp� p = a� (b+ 1) p (5) Note na Figura 14.2 que a curva de demanda residual da rma dominante será uma curva quebrada (kinked demand curve) se o intercepto da curva de oferta da(s) seguidora(s) estiver acima da origem. Note também que a distância horizontal entre a curva de demanda residual e a de demanda total é exatamente igual à dis- tância horizontal entre a oferta da(s) seguidora(s) e o eixo Y, por construção. A maximização da rma líder é: max p �PL1 (p)= p�DR (p)� C1 � DR (p) � (6) CPO: pDR 0 (p)+DR (p)�C 01 � DR (p) � DR 0 (p)= 0 (7) Rearrumando: P (�)� C 01 (�) P (�) = 1 "R (8) onde "R = � p DR(p) DR 0 (p) No exemplo do Varian (situação 1), p [� (b+ 1)]+a� (b+ 1) p� c [� (b+ 1)]= 0 (9) Resolvendo para p: 3 pPL = a 2 (b+ 1) + c 2 = qPF (10) Substituindo (10) de volta em (5): qPL = DR � pPL � = a� (b+ 1) pPL = a� c (b+ 1) 2 (11) Retratamos a situação 1 na Figura 14.2. As demais situações 2,3 e 4 são analisadas apenas gra camente neste curso: 1.3 Situação 2: Ver Figura 14.3. Ele não difere substancialmente em nada da situ- ação 1 (Figura 14.2). 1.4 Situações 3 e 4: Estas situações são bem diferentes das situações 1 e 2. Aqui ad- mitimos que as rmas da franja competitiva terão uma oferta in- nitamente elástica quando o preço atingir o custo marginal delas (por simplicidade, admitimos que são iguais), enquanto abaixo deste custo elas não entram no mercado. A curva de demanda residual da rma dominante é novamente uma curva quebrada, mas na quebra a demanda passa a ser horizontal. Ora, no trecho em que a curva de demanda residual é horizontal, a receita marginal da rma domi- nante é igual à demanda (você sabe por quê?), de modo que a curva de Receita Marginal é, não só quebrada, como também descontínua. Assim sendo, na situação 3 temos duas possibilidades, de acordo com o nível da curva de custo marginal da rma dominante. Se ela cortar a curva de demanda residual no trecho horizontal (ex: se o custo marginal for CMg2), então a franja competitiva produz a diferença entre a demanda total àquele preço �p, isto é, Q1, e a quantidade da rma dominante, qPL1 . Já se o custo marginal da rma dominante for mais baixo, CMg1, a franja sequer entrará no mercado, e a rma dominante será monopolista. Ver Fig. 14.4. Na situação 4, como o custo marginal da rma dominante é hor- izontal, seriam três as possibilidades: custo acima do da franja (so- braria apenas a franja, e a líder sairia do mercado); custo igual ao da franja (solução indeterminada); ou custo abaixo do da franja, que gera uma solução semelhante ao segundo subcaso da situação 3. Ver Fig. 14.5. 4 2 Fórmula da elasticidade da demanda residual: Resta apenas acharmos a fórmula de "R:Derivando (1) em relação a p, obtemos: @DR (p) @p = @D (p) @p �@S (p) @p (12) Multiplicando ambos os lado por � pQ , o lado esquerdo por q PL qPL e o último termo por q PF qPF �q PL Q p qPL @DR (p) @p = � p Q @D (p) @p + qPF Q p qPF @S (p) @p (13) ou: sPL"R= "+sPF �F (14) onde sPL e sPL são os market-shares respectivos da rma líder/dominante e da(s) seguidora(s)/franja, e �F é a elasticidade da oferta da franja. Resolvendo para "R, obtemos: "R= " sPL + sPF sPL �F (15) Assim, a elasticidade da demanda residual será tão menor ( e sua margem preço-custo tão maior) quanto: 1. menor for a elasticidade da demanda total; 2. maior for a participação da rma dominante no mercado (e correspondentemente menor a participação da franja); no lim- ite, se a franja for nula, o último termo colapsa para zero e a elasticidade da demanda residual é igual à da demanda total (situação de monopólio); 3. menor for a elasticidade de oferta da franja. 5 FIGURA 14.1 ÁRVORE DO JOGO DE DUOPÓLIO DE LIDERANÇA DE PREÇO FIGURA 14.2 LIDERANÇA DE PREÇO ANÁLISE GRÁFICA DA SITUAÇÃO 1 D(p) D R (p) RMg PL S(p) q PF q PL Q a $ p PL Líder pPL Firma 2 Seguidora qPF qPF FIGURA14.3 LIDERANÇA DE PREÇO ANÁLISE GRÁFICA DA SITUAÇÃO 2 FIGURA 14.4 LIDERANÇA DE PREÇO ANÁLISE GRÁFICA DA SITUAÇÃO 3 D(p) D R (p) RMg PL S(p) q PF q PL Q a $ p PL CMg PL FIGURA 14.5 LIDERANÇA DE PREÇO ANÁLISE GRÁFICA DA SITUAÇÃO 4 D R (p) RMg PL Q a $ p D(p) CMg1 q2 PL D R (p) RMg PL q1 PL Q1 Q a $ p D(p) CMg1 q2 PL CMg2 q PF
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