Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MAD II – Aula 14 – Sífilis, Gonorreia e Clamídia – 02-10-18 ● SIFILIS - Vem reaparecendo nos últimos tempos – Não utilização de preservativos, pré-natal de forma errada, medicamento para idosos (viagra); Treponema pallidum - Espécie Treponema pallidum, Subespécie pallidum, Ordem Spirochaetales, família Treponemataceae; - Espiroqueta patogênica microaerofilica (pouca necessidade de oxigênio); *Estrutura espiralada por causa de um filamento axial; - Não cultivável; - Adquirida através de relações sexuais e vertical; ESTRUTURA: - Membrana interna ou citoplasmática que rodeia o corpo celular- Glicoliídios/cardiolipina (proteínas importantes como fatores de imunogenicidade e são confundidoras nos resultados dos exames); - Membrana externa protetora; - Espaço periplasmático- peptidoglicano/flagelos (fazem a fixação da mucosa genital normalmente – ocorre após o ato sexual); PATOGENICIDADE - São pouco conhecidos devido à dificuldade de cultivo – se sabe pouco sobre sua resposta imunológica; - T. pallidum adere às superfícies epiteliais, atravessa a barreira de tecido, e entra na circulação, invadindo os tecidos entre as células endoteliais, resultando na disseminação bacteriana generalizada, que estabelece a infecção; *dependendo da localização e do tempo de contato, desenvolvera um tipo de sífilis; - Possui fibronectina que impede a fagocitose; DOENÇA MULTIFACETADA - Primária, Secundária, Latente (tardia/precoce), Terciária, Neurossifilis e Congênita; SIFILIS PRIMÁRIA - Período de Incubação entre 10 a 90 dias; - 1ª Erosão ou úlcera: O “cancro duro” rico em treponemas (característico - patognomônico); - Acompanhada de linfadenopatia inguinal; - Duas a seis semanas; - Desaparece de forma espontânea; *Não doem, não tem odor, não cosam, não geram incomodo; *Período ótimo para tratamento e evitar proliferação – a partir do seu desaparecimento, fica mais difícil de diagnosticar até por exames laboratoriais (necessidade de autorização médico) Infecção secundária; SIFILIS SECUNDÁRIA - 6 semanas a 06 meses após a infecção primária; - Duram de quatro a 12 semanas; - Desaparece/ Surtos subentrantes por até dois anos; - Ricas em treponemas; - Máculas (roséola) e/ou pápulas, principalmente no tronco/lesões eritemato-escamosas palmo-plantares (geralmente confundidas com alergias); - Placas eritematosas branco-acinzentadas nas mucosas (Não há prurido); - Alopecia em clareira (queda dos pelos) e madarose (queda de sobrancelhas e cílios); - Febre, mal-estar, cefaleia, adinamia (fraqueza) e linfadenopatia generalizada; - Intensa produção de anticorpos nesta fase/elevação de títulos em testes NÃO treponêmicos (analisa anticorpos não específicos da sífilis); SIFILIS LATENTENTE - Período em que não se observa sinal ou sintoma clínico de sífilis; - Reatividade nos testes imunológicos que detectam anticorpos; - A maioria dos diagnósticos (positivos) ocorrem nesse estágio; - A sífilis latente é dividida em: - Latente recente (de 06 meses a um ano); - Latente tardia (mais de um ano); SIFILIS TERCIÁRICA - 30% das infecções não tratadas; - Longo período de latência (2- 40 anos); - A sífilis terciária é considerada rara; - Quando presente, a sífilis nesse estágio manifesta-se na forma de inflamação e destruição tecidual; - Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter destrutivo; - Ósseas: Periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares; - Cardiovasculares: Aortite sifilítica, aneurisma e estenose de coronárias; - Neurológicas: Meningite, goma do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do sétimo par craniano, paralisia geral, tabes dorsalis e demência. *Bezetacil (antibiótico) – toma antibióticos por outros motivos que acaba remediando a identificação e o aparecimento dos sintomas; *Goma sifilítica, lesões ósseas (tabesdorsales), gradativamente evolui com alterações de marcha e do SNC; NEUROSSÍFILIS - Consequência de uma doença terciária (quadro mais grave) ou por uma doença mais aguda (secundária ou latente) com não suficiência do sistema imune do paciente; *Um dos sintomas é a cegueira; - Acomete o sistema nervoso central (SNC), já nas fases iniciais da infecção (atrofia); - Reação inflamatória da bainha de mielina, não havendo destruição anatômica das estruturas neurais; - Ocorre em 10% a 40% dos pacientes não tratados, na sua maioria de forma assintomática; - Diagnosticada pela sorologia do líquor, exteriorizando-se clinicamente em apenas 1% a 2% como meningite asséptica (pobre em leucócitos com nada crescimento na cultura); - Quadro febril, dor de cabeça mais comum do que os sinais tão extremos; SÍFILIS CONGÊNITA Sífilis congênita precoce (até dois anos): - VDLR exame obrigatório na gestação (detecta sífilis); *Relações sexuais da gestante fora do casamento – aumento do libido; - Diagnóstico difícil; - Até o segundo ano de vida; - Epidemiologia materna (pre-natal, consulta, como são as relações sexuais, há parceiros externos); - Estudo clínico laboratoriais e imagem; - Oligossintomáticos (podem não apresentar nada): - Prematuridade e do baixo peso ao nascimento; - Hepatomegalia/ Esplenomegalia; - Lesões cutâneas; - Alterações ósseas (periostite, osteíte ou osteocondrite); - Pseudoparalisia (próximo do segundo ano de vida); - Sofrimento respiratório com ou sem pneumonia; - Rinite sero-sanguinolenta (secreções purulentas com sangue); - Icterícia, anemia e linfadenopatia generalizada; - Petéquias, púrpura, fissura peribucal, síndrome nefrótica, edema, convulsão e meningite; Sífilis congênita tardia: - Diagnóstico difícil; - Após o segundo ano de vida; - Epidemiológia materna; - Estudo clínicos e laboratoriais; - Atenção à possibilidade de exposição sexual da criança; - As principais manifestações clínicas incluem: - Tíbia em “lâmina de sabre” (curvatura do osso – ao longo do tempo, se não diagnóstico, há evolução); - Articulações de Clutton; - Fronte “olímpica”; - Nariz “em sela”; - Dentes de Hutchinson; - Surdez neurológica e dificuldade no aprendizado; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL – Diagnostico precoce (10 primeiros dias): - Exames diretos - Pesquisa direta do T. pallidum: - Microscopia de campo escuro (sensibilidade de 74% a 86%)- coloração pelo método de Fontana-Tribondeaux; - Imunofluorescência direta: - Exame de material corado; - Biópsias da lesão; OBS: No momento da escolha dos testes, é importante considerar não somente os testes disponíveis, mas também o provável estágio da sífilis a ser diagnosticado; - Teste imunológico - Testes treponêmicos: Imunofluorescência indireta (FTA-Abs), Quimioluminescência, ELISA, Testes rápidos (imunocromatográficos); - Detectam AC específicos contra os antígenos do T. pallidum; - Qualitativos (1ª positivos) e permanecem positivos; - Não são indicados para o monitoramento da resposta ao tratamento; - Alta sensibilidade e especificidade devido a isso recomendada como técnica confirmatória. - O procedimento é formado por sequência de reações: O soro do paciente é colocado em contato com o substrato antigênico. Se os anticorpos estiverem presentes no soro, estes se ligam ao antígeno, formando um complexo antígeno-anticorpo. Adiciona-se uma molécula de gamaimunoglobulina marcada com fluoresceína. Se o complexo antígeno-anticorpo formou-se na primeira fase, a fluoresceína adere ao complexo. Poderá ser observada uma reação positiva, com fluorescência, através de um microscópio de fluorescência; - Testes não treponêmicos (VDLR ou TPHA) - Metodologia de floculação: VDRL, RPR (Rapid Test Reagin), TRUST (Toluidine Red Unheated SerumTest); - São indicados para o monitoramento da resposta ao tratamento; - Detectam anticorpos que não são específicos contra Treponema pallidum; - Utiliza antígenos extraídos de tecidos animais: cardiolipina quando combinada com lecitina e colesterol, forma sorologicamente um antígeno ativo, capaz de detectar anticorpos humorais presentes no soro durante a infecção sifilítica Qualitativo; - Podem ocorrerresultados falso-positivos e falsos negativos; - “Fenômeno Prozona”. - Caso positivo: a quantificação do VDRL, expressa em títulos; - Interpretação de resultados de VDLR e FTA-ABS - VDRL positivo e FTA-ABS positivo confirmam o diagnóstico de sífilis; - VDRL positivo e FTA-ABS negativo indicam outra doença que não sífilis; - VDRL negativo e FTA-ABS positivo indicam sífilis em fase bem inicial ou sífilis já curada ou sífilis na fase terciária; - VDRL negativo e FTA-ABS negativo descartam o diagnóstico de sífilis; *VDRL poderá dar positivo na ausência da sífilis. Chama-se de resultado falso positivo. Como exemplos têm a mononucleose infecciosa, o lúpus eritematoso sistêmico, a hepatite A, a hanseníase, a malária e outros processos infecciosos; ● GONORREIA - Neisseria gonorrhoeae (cocos gram-negativo); - A mulher tem 50%/ Homem tem 20%; - Indivíduos assintomáticos (geralmente mulheres, mas ainda assim transmitem); - Infecção pode ser transmitida durante o parto: Oftalmite neonatal (usa-se sulfato de prata como colírio ao nascer); - Normalmente a infecção é localizada, mas pode haver disseminação para outras partes do corpo; - Após período de incubação de 2-5 dias (para inicio dos sintomas); - Gênito-urinária: - Sexo Masculino: uretrite - Complicações: infecção crônica da próstata, estreitamento uretral (e ducto ejaculatório), esterilidade; - Sexo Feminino: uretrite, cervicite, bartholinite; - Complicações: endometrite, infecção das tubas e ovários, Doença Inflamatória Pélvica (DIP), esterilidade (devido à gravidade, alguns vezes, as mulheres precisam histerectomizadas ou devido a uma gravidez com fisiologia comprometida); PATOGENICIDADE - A ligação ao epitélio mucoso (Fímbria/proteína OPA) em 24-48h; - Chegar ao tecido submucoso; - Há resposta vigorosa de polimorfonucleares, com descamação do epitélio, desenvolvimento de microabscessos submucosos e formação de exsudato puruento; - Lâminas coradas revelam grande número de gonococos dentro de poucos neutrófilos, enquanto a maioria das células não contêm organismos. - A produção de receptores celulares do organismo para o gonococo estimulam a fagocitose eficaz dos organismos adicionais – o organismo, em principio, vai ter uma boa reação e vai localizar a infecção nessa região, estimulando uma fagocitose, porém, alguns microrganismos possuem um fator de evasão nesse momento, voltando a se multiplicar em outro momento com baixa de células imunes; *complicação mais comum – artritegocococica; - Os gonococos apresentam mecanismos de evasão contra a morte intracelular e continuam a multiplicar-se no interior das células do hospedeiro; - Em infecções não tratadas, os macrófagos e linfócitos substituem gradualmente os polimorfonucleares. DIAGNOSTICO URETRITES - Drenagem purulenta ou mucopurulenta ao exame físico e ardência miccional; - Bacterioscopia pela coloração Gram de secreção uretral (> 5 PMN para ser amostra representativa); - A infecção gonocócica - Presença de diplococos Gram-negativos intracelulares em leucócitos polimorfonucleares; - Teste positivo de esterase leucocitária (fita reagente para leucócitos na urina) na urina de primeiro jato ou exame microscópico de sedimento urinário (> 10 PMN); - Se nenhum dos critérios acima estiver presente, a pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis pode ser realizada: - NAAT- Biologia molecular que têm elevada sensibilidade e especificidade quando comparados com os demais e podem identificar essas infecções associadas (SE POSITIVO Fecha diagnóstico) – quantitativo; - A Captura híbrida é outro método de biologia molecular; embora menos sensível que os NAAT, avalia qualitativamente a presença do patógeno; - Exigem sofisticada estrutura laboratorial, profissionais com qualificação em técnicas de biologia molecular, e são onerosos. - A cultura para a N. gonorrhoeae em meio seletivo de Thayer-Martin ou similar é fundamental. ● CLAMÍDIA *Pouco pensada no diagnóstico do dia a dia; - Chlamydia trachomatis (atinge o homem – infecção genital e ocular); - Exclusivamente de humanos; - Parasitismo intracelular obrigatório; - Chlamydia pneumoniae - Pneumonia; - Membrana externa semelhante à de bactérias Gram-negativas; - Ciclo de desenvolvimento dimórfico que ocorre na inclusão intracelular citoplasmática. *liberação de corpos infecciosos elementares – invadem a bactérias, mas não possuem a capacidade de multiplicar. Dentro da bactéria, eles se transformam em elementos reticulares que se multiplicam e se espalham pela corrente sanguínea; - Cerca de 90% das mulheres e 70% dos homens são assintomáticos; - Quando há sintomas, aparecem entre 1-3 semanas após a infecção: - Sangramento entre os períodos menstruais; - Sangramento vaginal após relação sexual; - Dor abdominal; - Dor durante a relação sexual (dispareunia); - Febre; - Sensação de queimação ao urinar; - Necessidade de urinar mais do que o usual; - Um corrimento vaginal novo ou diferente; - Dor, prurido, sangramento e/ou secreção mucosa do reto (para a clamídia anal); - Vermelhidão, prurido, e/ou secreção ocular (para a clamídia ocular); CASO CLÍNICO 01; - Paciente de 72 anos, masculino, divorciado, chega ao posto de saúde onde você é o clínico. Diz que teve relação sexual com uma amiga e após 02 semanas, apresentou lesão no pênis. Ele lhe mostra a lesão a seguir. Responda: 1. Qual sua HD? Justifique-a. Resposta: Sífilis primária – lesão única na região da glande, não reclama de dor, nem de prurido + nexo causal (relação sexual desprotegida); 2. Qual o agente etiológico e suas características patogênicas? Resposta: T. pallidum – possui fimbrias que se aderem a mucosa, possui movimento em aspiral que favorece sua adesão e multiplicação; 3. Quais os diagnósticos diferenciais? Resposta: Herpes genital (se houvesse dor na lesão, como foi o inicia da doença, se há prurido e se as lesões se iniciaram separadas e se confluíram) e cancro mole; CASO CLÍNICO 02; Você encontra-se de plantão em um PSM, quando chega uma adolescente referindo dor intensa ao urinar e secreção com pus uretral local há mais de 03 semanas. Está acompanhado pela mãe e nega ter tido relação sexual em qualquer momento da vida. Há 03 dias, piora no ardor e dor no joelho esquerdo e febre. Ela recusa mostrar a região genital, mas mostra o tornozelo (hiperemia e edema) como na imagem seguir. Responda: 1. Qual sua HD? Justifique-a. Respostas: Gonorreia ou Artrite séptica. Foi citada em aula que umas das complicações mais comuns dessa doença são a artritegonococcica, secreção local, parte de um caso clinico local para um caso sistêmico; 2. Qual o agente etiológico e suas características patogênicas? Resposta: O agente é Neisseria gonorrhoeae (cocos gram-negativo). Há ligação ao epitélio mucoso (através da Fímbria/proteína OPA) em 24-48h, com resposta vigorosa de polimorfonucleares, com descamação do epitélio, desenvolvimento de micro abscessos submucosos e formação de exsudato purulento. 3. Quais os diagnósticos diferenciais? Resposta: Candidíase ou gonorreia por clamídia; CASO CLÍNICO 03 Você encontra-se de plantão em um PSM, quando chega uma senhora referindo saída de secreção purulenta pela vagina há 02 dias, refere ser casada e que somente tem relação sexual com seu esposo. Está acompanhado pelo esposo que se mantém calado. Refere que o corrimento e amarelado e tem dor para urinar, responda: 1. Qual sua HD? Justifique-a. Resposta: Gonorreia (secreção e ardor para urinar); pode-se ter contaminação por clamídia (secreção vaginal); 2. Qual o agente etiológico e suas características patogênicas? Resposta: Evasor da fagocitose, lesão celular local, substituição dos PMN por macrófagos (cronificação); 3. Qual sua escolha terapêutica? Justifique-a. Resposta: antibióticos da tabela; CASO CLÍNICO 04; Você encontra-se de plantão em um PSM, quando chega uma paciente grávida, na 30ª semana gestacional, lhe mostrando um exame de VDRL reagente 1/32. Nega sintomas e refere relações sexuais somente com o esposo. Responda: 1. Qualsua conduta terapêutica? Justifique-a. Resposta: Chamaria o marido para realizar o exame, penicilina G, benzatina, desensibilizar; 2. Qual o agente etiológico e suas características patogênicas? Resposta: Sifilis latente recente em gestante 3. Como classificar sua patologia e que outro exame solicitaria?
Compartilhar