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Doenças comuns na dermatologia parte I Aluna: Camilla Sampaio Doenças comuns na dermatologia Conteúdo: 1) Molusco contagioso 2) Ptiríase Alba 3) Ptiríase versicolor 4) Dermatite seborréica 5) Tínea corporis 6) Escabiose Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Doenças comuns na dermatologia Molusco contagioso O molusco contagioso é uma infecção viral da familia Poxviridae frequente em crianças. Afeta ambos os sexos Mais prevalente em clima tropical, seguido pelo temperado. Ocorre em qualquer idade mas predomina em crianças pequenas, adultos sexualmente ativos, pessoas com comprometimento da imunidade celular, imunossuprimidos e HIV +. Contato pele a pele Fomites (objetos contaminados) Autoinoculação Transmissão vertical TRANSMISSÃO: PS: Maior taxa de incidência em crianças que frequentam piscinas. Água morna de piscinas, banheiras e spas são locais facilitadores. Água fria aparenta ter disseminação mínima. Normalmente autolimitada a meses ou anos a depender da imunidade do hospedeiro Vírus confinado às camadas de malpighi e granulosa da epiderme QUADRO CLINICO: As lesões de molusco contagioso apresentam-se como PÁPULAS de 3mm a 6 mm e raramente maiores que 3cm de diâmetro. Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Qualquer lugar da pele Pode ocorrer em mucosas (raro) Pode ocorrer em áreas íntimas (também raro) Lesões individuais SÉSSEIS, LISAS, de cor rósea, perolada ou cor da pele que frequentemente possuem UMBILICAÇÃO CENTRAL. A lesão apresenta pouco ou nenhum prurido. Normalmente clínico DIAGNÓSTICO: Destruição das lesões quimicamente por: ácidos, vesicantes ou antivirais tópicos Destruição física por: crioterapia Destruição mecânica por: expressão da lesão ou curetagem TRATAMENTO: Apesar de normalmente ser autolimitado, existe a possibilidade de autoinoculação gerando quadros mais disseminados e duradouros e a possibilidade de contaminar outras pessoas. Portanto, deve-se instituir tratamento o quanto antes. O método normalmente mais utilizado é a curetagem devido ao baixo custo. Todavia é um processo doloroso. Cidofovir 3% tópico é um método usado em imunodeficientes e HIV mas ainda não foi aprovado em crianças. Essa foto mostra lesões na face de uma criança infectada pelo HIV. As lesões são extensas e comprometem a face. Molusco gigante indica imunodeficiência avançada As lesões por molusco contagioso normalmente consistem em pápulas com 2 a 5 mm, solitárias ou agrupadas, firmes e indolores. Elas são peroladas a rosa, em forma de cúpula e podem ser umbilicadas. Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Hanseníase indeterminada Pitiríase versicolor Vitiligo DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: A luz de Wood tem importância clínica para diferenciar a Pitiríase versicolor do vitiligo. Nessa manobra diagnóstica, a pitiríase versicolor aparece com uma fluorescência rósea-dourada e no vitiligo visualiza-se que se trata de mancha acrômica nacarada. Ptiríase Alba Trata-se de uma dermatose do grupo dos eczemas Freqüente na infância. Pode associar-se a antecedentes atópicos. Exposição solar, banhos prolongados e sabões no inverno, são fatores desencadeantes Etiologia desconhecida QUADRO CLÍNICO: Manchas hipocrômicas mal definidas que aparecem geralmente na face, membros superiores e tronco e que involuem espontaneamente. Normalmente clínico DIAGNÓSTICO: TRATAMENTO: Hidratação e umectação da pele com cremes emolientes, que podem ser associados à substâncias higloscópicas (uréia 10%; lactato de amônio 12%), fotoprotetores. Cremes ou pomadas com corticosteróides. Cremes com ácido salicílico a 3% ou uréia a 10% Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Ptiríase Versicolor Trata-se de uma micose superficial extremamente comum. É uma infecção crônica da camada córnea Causada por Malassezia furfur (levedura antropofílica lipodependente) Malassezia furfur compõe a biota normal da pele e pode determinar manifestações clínicas sob determinadas condições que levem à pseudofilamentação da levedura. Hiperoleosidade da pele Hiperidratação da pele Predisposição genética Sexo Raça Má nutrição Avitaminoses Diabetes Gravidez Etc. FATORES DE RISCO: Lesões maculares múltiplas Inicialmente perifoliculares com descamação fina Manobra de Zireli + (estiramento da pele que facilita visualizar a descamação) Sinal da unha positivo ( passar a unha por cima para visualizar a descamação) Coloração variável do branco ao acastanhado Raramente eritematosa Lesões podem crescer e coalescer Geralmente assintomáticas Lesões eritematosas tendem a prurigem. Podem ocorrer também lesões foliculares QUADRO CLÍNICO: Clínico, epidemiológico e laboratorial DIAGNÓSTICO: LÂMPADA DE WOOD: A pitiríase versicolor aparece com uma fluorescência rósea-dourada, amarelada ou prateada EXAME MICOLÓGICO: O exame direto a partir da raspagem com lâmina ou fita durex (sinal de Porto), mostra células leveduriformes agrupadas semelhantes a "cachos de uva", além de fragmentos de pseudo-hifas curtos e grossos. O estudo microscópico da cultura momstra células leveduriformes com aspecto de "garrafa de boliche" em que o brotamento é único. TRATAMENTO: Orientar evitar muita transpiração, muita lubrificação e má higiene O tratamento tópico pode ser feito com agentes queratolíticos tais quais: hipossulfito de sódio a 20%, sulfeto de selênio a 2,5%, derivados imidazólicos ou derivados morfolínicos. O cetoconazol (1% ou 2%) ou o xampu de sulfeto de selênio 2,5% são eficazes, e perfazem a primeira linha de tratamento custo-efetivo. HISTOPATOLOGIA: Na coloração pelo PAS, células globosas, células com formato de "garrafa de boliche" e pseudo-hifas curtas podem ser vistas na camada córnea, a qual apresenta hiperqueratose. Nas lesões eritematosas e pruriginosas podem ter infiltrado perivascular rico em linfócitos na derme. Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL O tratamento pode ser administrado 2x/semana por 2 a 4 semanas; o preparado é aplicado na pele e couro cabeludo, fazer espuma e deixar por 10 minutos antes de ser removido. Pode ser associado a antimicóticos tópicos, cetoconazol creme 2 a 3 vezes ao dia, até o desaparecimento das lesões. Há que tratar a pele e o couro cabeludo, pois este muitas vezes serve de reservatório. A doença apresenta evolução crônica e recidivante, levando a necessidade de tratamentos multiplos ou profilaxia. Recomendar exposição ao sol para acelerar a repigmentação da hipocromia residual. PACIENTES RECORRENTES OU IMUNOCOMPROMETIDOS: Associar tratamento sistêmico + tópico: 1- Itraconazol (100mg/cp): 200mg/dia VO por 5 a 7 dias Opções: Fluconazol (150mg/cp): 450mg VO dose única ou Cetoconazol (200mg/cp): 200mg/dia VO por 7 a 14 dias. 2- Cetoconazol 1 a 2% shampoo no couro cabeludo e lesões 2x/semana por 4 semanas. Opções: Piritionato de Zinco 2,5% shampoo ou Sulfeto de Selênio 2,5% shampoo de acordo com a mesma posologia. CASOS RECIDIVANTES: Esquema de profilaxia: 1- Itraconazol (100mg/cp): 400mg 1x/mês por 6 meses OU Fluconazol (150mg/cp): 450 mg 1x/mês por 6 meses OU Cetoconazol (200mg/cp): 200mg por 3 dias consecutivos 1x/mês por 6 meses. 2- Manter tratamento tópico com shampoo 1x/semana OBS: Desde 2013 a Anvisa não coloca mais o Cetoconazol oral como primeira opção no tratamento das micoses cutâneas, apenas para caso em que outras terapias não forem eficazes. Nos pacientes em que for necessário o uso do produto, acompanhar os pacientes principalmente quanto às funções hepaticas e renais Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Dermatite seborreica A dermatite seborreica é uma inflamação crônica da pele que provoca escamas gordurosas e caspa no couro cabeludo, na face, ao longo do risco do penteado, ao redor das orelhas e, ocasionalmente, em outras zonas. Possui padrões característicos para diferentes faixas etárias. A causa é desconhecida, mas o número de leveduras do gênero Malassezia (principalmenteMalassezia ovalis), um organismo normalmente presente na pele. Mais frequente em: - Bebês (3 primeiros meses) - Sexo masculino - Doença de Parkinson FATORES DE RISCO: - Hereditário - Piora com o frio - Piora com estresse emocional LACTENTES (crosta láctea) : Esse grupo normalmente desenvolve escamas aderentes e graxentas no vértex do couro cabeludo. Uma pequena parte das escamas pode ser removida pela lavagem com shampoos contendo ou enxofre ou AAS ou ambos. As escamas podem se acumular, ficarem espessas e aderidas ao couro cabeludo. Podem ser acompanhadas de inflamação e podem ser alvos de infecção secundária. Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Eritema e descamação podem ser controladas com coricosteróides tópicos dos grupos VI e VII. ex: creme de hidrocortisona a 1%. Possui efeitos adversos a longo prazo. Escamas aderidas podem ser removidas com compressas de azeite morno e shampoos com ou AAS ou enxofre. ( pode prolongar as remissões). Podem ser utilizados creme ou shampoo de cetoconzazol a 2% (evita efeitos colaterais dos corticoides a longo prazo). Cuidados: Evitar calor excessivo no bebê, utilizar escovas super macias para não agredir o couro cabeludo. TRATAMENTO LACTENTES: Se infecção estafilocócica -> Atb antiestafocócico oral Controle da dermatite seborréica: CRIANÇAS PEQUENAS (BLEFARITE SEBORREICA): Caracterizada por escamas brancas e aderentes aos cílios e sobrancelhas com graus variados de eritema. Pode persistir por anos e é geralmente refratária ao tratamento. TRATAMENTO BLEFARITE SEBORREICA: Uso frequente de xampus que contenham zinco ou coaltar. Deve-se diferenciar da blefarite bacteriana. DERMATITE SEBORREICA CLÁSSICA (ADOLESCENTES E ADULTOS): Caracteriza - se por episódios de escamas finas e secas com algum prurido (vulgo caspa). Muitos dos pacientes adultos apresentam a pele com aspecto oleoso (diátese seborréica) e possuem épocas de remissão e exacerbação, mas é possível manter um certo controle. Locais mais comumente acometidos: Couro cabeludo e seus limites, sobrancelhas, base dos cílios, sulco nasolabial, orelha externa, sulco auricular posterior e área pré- esternal. Menos comumente, podemos encontrar em: axilas, sulcos inframamários, virilha e umbigo. Pacientes mais velhos, mormente acamados ou com problemas neurológicos, tendem a ter uma forma mais crônica e extensa da doença. Ocasionalmente, a escama do couro cabeludo pode ser espessa e aderida, sendo impossível de diferenciar clinicamente da psoríase. Observações: A dermatite seborreica do couro cabeludo (tínea capitis) pode causar alopecia, mas esta não é permanente. Ademais, a DS é uma das manifestações cutâneas mais comuns da AIDS e seu início pode ocorrer antes mesmo dos outros sintomas. TRATAMENTO: 1) Shampoos: Lavagem frequente com: Sabonetes de zinco, loções de selênio, shampoo de ciclopirox a 1%, coaltar ou AAS. Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL ESTERÓIDES TÓPICOS: As áreas inflamadas respondem rapidamente a cremes ou loções de corticosteróides dos grupos V ao VII. Loções de corticosteróides: Devem ser aplicadas duas vezes ao dia apenas durante um período, pois não podem ser utilizadas como manutenção. ex: Loção derma Smoothe/ FS (óleo de amendoim, óleo mineral, fluoncinolona acetonida 0,01% . Aplicar no couro cabeludo umedecido e em seguida ocluir com toouca de banho. Realizar o procedimento à noite durante 1-3 semanas e seguido por tratamento de controle com outros shampoos. MEDICAÇÕES ANTIFÚNGICAS: Cetoconazol creme ou ciclopirox olamina 1 a 2x por dia é eficaz mesmo nos casos mais difusos e difíceis. O acometimento da face tende a ser um pouco mais resistente e pode ser preciso tratamento com corticosteróide tópico ou tacrolimo / pimecrolimus a 1%. ANTIFÚNGICOS ORAIS: Utilizados em casos moderados a graves. Geralmente utiliza-se Itraconazol, com dose inicial e de manutenção. Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Tínea corporis Normalmente apresenta-se com placas arredondadas Cor entre rosa e vermelha Bordas escamosas elevadas que tendem a permanecer claras na parte central Pode ser pruriginosa Exame clínico Pode usar o auxílio de raspagens de pele Terbinafina creme 1% 2x/dia até 7 a 10 dias após o desaparecimento das lesões Outras opções de creme: Butenafina 1%/ Isoconazol 1% / Tioconazol 1% Doença causada por fungos ou cogumelos chamados dermatófitos. Estes fungos alimentam-se de queratina e se localizam na pele, no pelo e nas unhas. No caso da Tínea corporis, esses dermatófitos são ou Trichophyton ou Microsporum , os quais estâo localizados em face, tronco, braços e pernas. Transmissão: Contato interpessoal. Os dermatófitos geralmente ficam confinados à camada epitelial queratinizada. Contudo, a depender de diversos fatores, locais e sistêmicos, pode haver maior potencial patogênico levando a infecções mais profundas e até invasivas. QUADRO CLÍNICO: DIAGNÓSTICO: TRATAMENTO: Lesões superficiais / poucas lesões/ contraindicação de terapia sistêmica: Terbinafina (250mg/cp) 1x/dia VO durante 28 dias Outra opção: Itraconazol 100mg 1x/dia VO durante 28 dias. Sugestão de anti-histamínico : Cetirizina 10mg 1x/dia Múltiplas lesões: Durante o tratamento, manejar o prurido com o uso de anti-histamínicos. NÃO USAR NENHUM TIPO DE CORTICÓIDE. Placa arredondada, de cor entre rosa e vermelha, bordas salientes, alguma descamação e alguma descoloração central na parte inferior da placa. Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Escabiose Ácaro Sarcoptes scabiei var. hominis Pessoa - pessoa Por animais Fômites Prurido intenso que geralmente piora à noite Pápulas eritematosas inicialmente nos espaços entre os quirodáctilos, superfícies flexoras do punho, cotovelos, axilas, região da cintura ou na região inferior dos glúteos Pode afetar qualquer área do corpo incluindo mama e genitais Em adultos pode poupar a face Presença de túneis, normalmente nos pulsos, mãos e pés (patonogmônicos). Cursam como finas linhas sinuosas descamativas até 1 cm . Uma discreta pápula escura (ácaro) pode ser visível em uma das extremidades Também conhecida como sarna. Agente etiológico: Transmissão: Apresentação clínica: Os sintomas são causados pela ação direta do ácaro ao se movimentar nos túneis e principalmente pela hipersensibilidade desenvolvida pelo paciente contaminado. Existe a escabiose clássica bem como outras formas. Escabiose clássica: Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL Negros e outros com pele escura podem apresentar nódulos granulomatosos Em idosos, a escabiose pode causar prurido intenso com achados cutâneos muito sutis Em imunossuprimidos, pode haver descamação disseminada não pruriginosa Escabiose crostosa (escabiose norueguesa) Clínico Em casos mais difíceis, pode ser feita a pesquisa do parasita na pele, coletando o material nas lesões dos sulcos Em algumas situações, mesmo a escabiose dita clássica pode se apresentar de formas atípicas, por exemplo: Outras formas: DIAGNÓSTICO: OBS: Infecção bacteriana pode estar associada TRATAMENTO: 1) IVERMECTINA (6mg/cp) : 200 mcg/kg/dia VO dose única // geralmente disponível no SUS 2) PERMETRINA 5% loção ou creme Aplicar no corpo inteiro (em adultos poupar cabeça e em crianças incluir couro cabeludo). Deixar agir durante a noite e lavar na manhã seguinte PS: Em gestantes, pode deixar por apenas 2h 3) ANTI-HISTAMÍNICOS Se prurido intenso. Ex: hidroxizina. Loratadina, desloratadina, fexofenadina. Trocar roupas de cama diariamente durante os 3 primeiros dias de tratamento Tratar todos as pessoas de mesmo domicílio. CUIDADOS: Camilla da C. P. Sampaio | Unit AL
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