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Eficácia e confiabilidade de indicadores naturais de pH Larissa de Oliveira Augusto 19/04/2018 INTRODUÇÃO Extratos de feijão, repolho roxo e jabuticaba são considerados indicadores naturais de pH por possuírem um pigmento denominado antocianina, o que os torna passíveis de serem utilizados para a montagem de escalas de pH. Essa montagem, realizada com soluções-tampão (aquelas que resistem a bruscas variações de pH em uma determinada faixa e quantidade), pode ser eficiente a fim de estimar, de forma relativamente simples, a faixa de pH de várias soluções, simplesmente observando a sua coloração. Dessa forma, utilizando-se esse conhecimento das antocianinas, este relatório propõe-se a analisar se há confiabilidade e eficiência quando pretende-se utilizar indicadores naturais de pH para diferentes experimentos laboratoriais que envolvem soluções. RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeiramente, uma escala de pH utilizando extrato aquoso de feijão foi montada por meio de soluções-tampão dentro da escala de 1 a 14, obtendo as colorações observadas na tabela 1. Isso foi a base das estimativas das faixas de pH de algumas soluções previamente selecionados, indicadas na tabela 2. Tabela 1. Colorações observadas a partir do indicador extrato aquoso de feijão em função da faixa de pH Faixa de pH Coloração 1-2 Rosa escuro 3-4 Rosa claro 5-9 Lilás 10-11 Cinza 12-14 Verde escuro Tabela 2. Medida da faixa de pH de algumas soluções utilizando indicador de extrato aquoso de feijão Solução Coloração pH estimado HCl 10% Rosa escuro 1 NaOH 10% Verde 12 Coca-cola De marrom para lilás 6 NH4Cl Lilás 7 detergente Lilás 6 desengordurante Lilás 6 NaHCO3 10% Verde escuro 14 Primeiramente, é preciso ressaltar que praticamente todas as faixas de pH apresentaram uma diferença sutil em suas colorações, a exemplo das faixas 1-2 e 12-14, sendo possível distinguir os tons de rosa e de verde. Devido a isso, era possível estimar o pH específico da solução por meio do aspecto visual. Porém, em faixas cujas tonalidades variaram pouco, como a coloração lilás na faixa 5-9, o método da observação torna-se pouco confiável pela dificuldade na distinção de tonalidades. No caso da solução de coca-cola, a coloração foi a princípio indefinida provavelmente devido a coloração natural do refrigerante, o que dificultou a estimativa da faixa de pH dessa solução. Em um segundo momento, utilizou-se extrato etanólico de jabuticaba para determinar a concentração real de uma suposta solução HCl 10% v/v previamente preparada a partir de um frasco de solução aquosa de HCl concentrado 37%. Isso porque, devido à volatilidade do HCl gasoso, a quantidade desse soluto diminui cada vez que o frasco é aberto e, consequentemente, a sua concentração reduzia-se. Dessa forma, utilizou-se uma solução aquosa de NaOH 10,6% m/v para determinar a concentração real da solução de HCl preparada. A coloração inicial lilás após a adição do indicador na solução de HCl após foi alterada para amarelo após a adição sucessiva de um certo numero de gotas de solução de NaOH, indicando que a solução foi neutralizada. Após a contagem de gotas e alguns cálculos para encontrar porcentagem da solução de HCl, constatou-se que a concentração real da solução era de 0,6% v/v, indicando uma grande perda do soluto gasoso. Em um outro experimento, utilizou-se extrato aquoso de repolho roxo para comparar a quantidade necessária de gotas da solução de NaOH 10% para tornar duas soluções distintas básicas. Testou-se isso em duas soluções contendo 10ml de água destilada e 20 gotas do indicador sendo que uma continha ¼ de comprimido antiácido Sonrisal. Dessa forma, observou-se que foi necessário adicionar 38 gotas na solução contendo Sonrisal e apenas 17 naquela que não continha para atingir a coloração amarelada. Pela análise da composição de um comprimido de Sonrisal (tabela 3), supõe-se que essa diferença no número de gotas ocorreu porque o medicamento é considerado uma solução-tampão, o que explica a dificuldade na alteração da coloração. Tabela 3. Composição química de um comprimido de 4 gramas de Sonrisal Composto Quantidade Carbonato de sódio 400 mg Carbonato ácido de sódio 1,700 g Ácido acetilsalicílico 0,325 g Ácido cítrico 1,575 mg CONCLUSÕES De acordo com o observado, conclui-se que o indicador natural obtido a partir de extrato aquoso de feijão mostra-se ineficaz para determinar uma escala exata de pH e, portanto, não é confiável para estimar de faixas de pH de soluções. Em contrapartida, os indicadores naturais obtidos a partir de extrato etanólico de jabuticaba e extrato aquoso de repolho roxo mostraram-se eficazes na determinação de mudanças de pH de uma solução por ser possível observar mudanças na coloração. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. Daniela B. L. Terci e Adriana V. Rossi; Indicadores Naturais de pH: usar papel ou solução?; Quim. Nova 2002, 25(4), 684-688. 2. http://www.bulas.med.br/p/bulas-de-medicamentos/bula/3584/sonrisal.htm
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