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Brasília-DF. Fisiologia Neuromuscular e coNtrole do movimeNto Elaboração Mateus Moraes Domingos Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 6 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 8 UNIDADE I NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA ................................................................................................ 9 CAPÍTULO 1 UM MARCO IMPORTANTE NA NEUROCIÊNCIA: A COLORAÇÃO DE GOLGI .............................. 10 CAPÍTULO 2 O SOMA ............................................................................................................................... 13 CAPÍTULO 3 O AXÔNIO ........................................................................................................................... 17 CAPÍTULO 4 A SINAPSE ............................................................................................................................. 19 CAPÍTULO 5 OS DENDRITOS ..................................................................................................................... 21 CAPÍTULO 6 CLASSIFICAÇÃO BASEADA NAS CONEXÕES ........................................................................... 22 CAPÍTULO 7 AS CÉLULAS DA NEUROGLIA .................................................................................................. 23 CAPÍTULO 8 OUTRAS CÉLULAS NÃO NEURONAIS........................................................................................ 25 UNIDADE II TRANSMISSÃO DE SINAIS ..................................................................................................................... 26 CAPÍTULO 1 O IMPULSO NERVOSO E O POTENCIAL DE REPOUSO DE MEMBRANA ....................................... 26 CAPÍTULO 2 DESPOLARIZAÇÃO E HIPERPOLARIZAÇÃO............................................................................... 28 CAPÍTULO 3 POTENCIAIS GRADUADOS E POTENCIAIS DE AÇÃO ................................................................. 30 CAPÍTULO 4 SEQUÊNCIA DE EVENTOS DE UM POTENCIAL DE AÇÃO ........................................................... 33 CAPÍTULO 5 PROPAGAÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO .............................................................................. 36 CAPÍTULO 6 A JUNÇÃO NEUROMUSCULAR ............................................................................................... 39 CAPÍTULO 7 NEUROTRANSMISSORES ......................................................................................................... 41 UNIDADE III NEUROFISIOLOGIA DO CONTROLE MOTOR ......................................................................................... 46 CAPÍTULO 1 O SISTEMA NERVOSO CENTRAL .............................................................................................. 46 CAPÍTULO 2 O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO ......................................................................................... 52 CAPÍTULO 3 O SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ........................................................................................ 55 CAPÍTULO 4 INTEGRAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA......................................................................................... 58 CAPÍTULO 5 ATIVIDADE REFLEXA ............................................................................................................... 61 CAPÍTULO 6 OS CENTROS ENCEFÁLICOS SUPERIORES ............................................................................... 65 CAPÍTULO 7 A RESPOSTA MOTORA............................................................................................................ 68 PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 70 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 71 ANEXO .............................................................................................................................................. 73 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Objetivos » Propiciar a construçãode conhecimentos específicos em neurociências. » Identificar a organização do sistema nervoso. » Identificar o neurônio e suas características. » Distingui o impulso nervoso e o potencial de repouso de membrana. » Identificar diferentes eventos e os princípios básicos de um potencial de ação e da atividade reflexa. » Distinguir o estímulo sensorial como origem a uma resposta motora. » Desenvolver o conhecimento e a compreensão dos processos de intercomunicação entre o sistema nervoso central, o periférico e o autônomo. 9 UNIDADE I NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA Nesta unidade, enfocaremos a estrutura dos diferentes tipos celulares no sistema nervoso (SN): neurônios e células gliais. Tratam-se de categorias amplas, nas quais há muitos tipos de células que se diferenciam com base na sua estrutura química e função. Contudo, a distinção entre neurônios e células gliais é importante. Ainda que existam muitos neurônios no encéfalo humano (ao redor de 100 bilhões), as células gliais excedem em número os neurônios em cerca de 10 vezes. Em face disto, poderia parecer que devíamos focalizar nossa atenção na glia para compreendermos as funções celulares do SN. No entanto, os neurônios são as células mais importantes para as funções únicas do encéfalo. São os neurônios que percebem modificações no meio ambiente, comunicam tais modificações a outros neurônios e comandam as respostas corporais a essas sensações. Acredita-se que a glia contribui para a função encefálica, sobretudo por isolar, sustentar e nutrir os neurônios vizinhos. Se o encéfalo fosse um biscoito e os neurônios pedaços de chocolate, a glia seria a massa que preenche todos os espaços restantes e assegura que os pedaços de chocolate fiquem suspensos no lugar certo. Na verdade, o termo glia origina-se da palavra grega empregada para “cola”, sugerindo que a principal função dessas células seria a de manter a coesão do tecido neuronal. Como veremos mais tarde, a simplicidade desse ponto de vista provavelmente é um bom indício da profundidade de nossa ignorância acerca da função glial. Entretanto, ainda acreditamos que os grandes responsáveis pelo processamento das informações no encéfalo são os neurônios. Assim sendo, despenderemos 90% de nossa atenção aos 10% da população celular do encéfalo: os neurônios. 10 CAPÍTULO 1 Um marco importante na neurociência: a coloração de Golgi Em 1873, Camillo Golgi (figura 1A) descobriu que submergindo uma amostra de tecido nervoso em uma solução de cromato de prata – o que hoje é chamado de procedimento de Golgi – um pequeno percentual de neurônios fica corado de preto em toda a sua extensão (figura 1B). Isso revelou que o soma neuronal, a região do neurônio ao redor do núcleo, na realidade é somente uma pequena fração do total da estrutura do neurônio. Figura 1. A) Camilo Golgi (1843-1926). B) Neurônios impregnados pela técnica de Golgi. O método de Golgi mostra que os neurônios têm, pelo menos, duas partes distinguíveis: uma região central, que contém o núcleo, e numerosos tubos finos que dali irradiam. A região dilatada, que contém o núcleo celular, recebe diferentes nomes que podem ser empregados indistintamente: corpo celular, soma ou pericário. Os tubos finos que irradiam do soma são chamados de neuritos, havendo dois tipos: axônio e dendritos (figura 2). Figura 2. Os componentes básicos de um neurônio. Do corpo celular frequentemente origina um único axônio, o qual apresenta um diâmetro uniforme por toda a sua extensão e, quando ele se ramifica, os ramos geralmente projetam-se em ângulos 11 NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA │ UNIDADE I retos (figura 2). Como os axônios podem se estender por grandes distâncias no corpo (de um metro ou mais), os neurocientistas imediatamente reconheceram que os axônios poderiam atuar como os “cabos” que transportam a informação que emerge dos neurônios. Os dendritos, por outro lado, raramente se estendem por mais de 2 mm. Muitos dendritos estendem-se do corpo celular, terminando geralmente em uma ponta fina. Os primeiros neurocientistas reconheceram que, uma vez que os dendritos relacionam-se com muitos axônios, devem atuar como uma espécie de “antena” do neurônio, recebendo os sinais de entrada. O neurónio (português europeu) ou neurônio (português brasileiro) é a célula do sistema nervoso responsável pela condução do impulso nervoso em que está localizada no cérebro. Há cerca de 86 bilhões (até 20 de fevereiro de 2009 se especulava que havia 100 bilhões) de neurônios no sistema nervoso humano. O neurônio é constituído pelas seguintes partes: corpo celular (onde se encontra o núcleo celular), dendritos, axônio e telodendritos. O neurônio pode ser considerado a unidade básica da estrutura do cérebro e do sistema nervoso. A membrana exterior de um neurônio toma a forma de vários ramos extensos chamados dendritos, que recebe sinais elétricos de outros neurônios, e de uma estrutura que se chama axônio que envia sinais elétricos a outros neurônios. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Neur%C3%B3nio>. Acessado em: 4 de junho de 2011. Como vimos, o neurônio consiste de várias partes: o soma, os dendritos e o axônio. O conteúdo interno de um neurônio é separado do meio externo por uma membrana limitante, a membrana neuronal, que recobre o neurônio como uma tenda de circo sustentada por uma intrincada rede interna, dando a cada parte da célula sua aparência tridimensional característica. Vamos examinar agora o interior do neurônio e aprender um pouco sobre as funções das diferentes partes que o compõem (figura 3). _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 12 UNIDADE I │ NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA Figura 3. A estrutura interna de um neurônio típico. RE = retículo endoplasmático. 13 CAPÍTULO 2 O soma Iniciaremos nosso passeio pelo soma, uma estrutura aproximadamente esférica na parte central do neurônio. Dentro do soma, existe uma grande quantidade de estruturas membranosas chamadas de organelas. Em biologia celular, o termo organela ( organelo, organito, orgânulo ou organóide) é usado para descrever várias estruturas com funções especializadas, delimitadas por uma membrana própria, suspensas no citoplasma das células vivas. A palavra “organela” deriva do termo latinizado “organella” (pequeno órgão). Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Organelo>. Acessado em: 7 de junho de 2011. O corpo celular (soma) de um neurônio contém as mesmas organelas presentes nas demais células animais. As mais importantes são o núcleo, o retículo endoplasmático rugoso, o retículo endoplasmático liso, o aparelho de Golgi e as mitocôndrias. Organelas celulares. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=vR0TNsT3RGU>. Acessado em: 4 de junho de 2011. Sugestão de leitura GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Capítulo 2: A Célula e suas Funções. O núcleo de uma célula nervosa é esférico,localizado centralmente e delimitado por uma dupla membrana chamada envelope nuclear. O envelope nuclear é perfurado por poros que medem aproximadamente 0,1 µm de diâmetro cada. Dentro do núcleo estão os cromossomos, que contêm o material genético, o ácido desoxirribonucleico (DNA). Você recebe seu DNA de seus pais, e ele contém o “projeto de construção” de seu corpo. O DNA de cada um de seus neurônios é o mesmo, sendo também o mesmo DNA que está presente nas células do seu fígado ou dos seus rins. O que distingue um neurônio de uma célula hepática são as partes específicas do DNA que estão sendo empregadas na sua construção particular. A “leitura” do DNA é conhecida como expressão gênica, e o produto final da expressão gênica é a síntese de moléculas chamadas de proteínas. A síntese proteica ocorre no citoplasma celular. Como o DNA nunca deixa o núcleo, necessita de um mensageiro intermediário que carregue a mensagem genética até os locais de síntese no citoplasma celular. Essa função é realizada por outra molécula de grande dimensão chamada ácido ribonucleico mensageiro, ou RNAm. O RNAm consiste em 14 UNIDADE I │ NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA quatro diferentes nucleotídios fortemente unidos em sequências que formam cadeias. A sequência específica de nucleotídios na cadeia representa a informação no gene, assim como uma sequência de letras dá sentido a uma palavra escrita. O processo de confecção de um RNAm que contenha a informação de um gene é chamado de transcrição (figura 4) sendo o RNAm resultante chamado de transcrito. O RNAm transcrito emerge do núcleo através dos poros presentes no envelope nuclear e desloca-se para os sítios de síntese protéica em algum lugar do neurônio. Nesses sítios, a molécula de proteína é sintetizada assim como a de RNAm foi. Muitas moléculas pequenas vão sendo conectadas, formando uma cadeia. No caso das proteínas, os blocos para a construção são os aminoácidos, dos quais há 20 tipos diferentes. Essa confecção de proteínas a partir de aminoácidos, sob controle do RNAm, é chamada de tradução (figura 4). Figura 4. Transcrição e tradução. Descreva de forma mais elaborada como é realizado o processo de transcrição (formação de RNAm) e tradução (formação de proteína). Próximo ao núcleo encontra-se o Retículo Endoplasmático Rugoso (RER). O RER é formado por sistemas de vesículas achatadas com ribossomos aderidos à membrana que lhe confere aspecto granular, por causa desse aspecto granular o RER pode ser chamado também de RE granular. O RER é o maior sítio de síntese protéica nos neurônios. O RNA transcrito liga-se aos ribossomos, que traduzem as informações presentes no RNAm para sintetizar uma molécula de proteína. Os ribossomos podem ser encontrados na forma livre quando não estão aderidos à membrana do retículo endoplasmático. O retículo endoplasmático é uma organela exclusiva de células eucariontes. Formado a partir da invaginação da membrana plasmática, é constituído por uma rede de túbulos e vesículas achatadas e interconectadas, que comunicam-se com o envoltório nuclear (carioteca). Foi descoberto em 1945 pelo citologista belga 15 NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA │ UNIDADE I Albert Claude. O retículo endoplasmático está envolvido na síntese de proteínas e lipídios, na desintoxicação celular e no transporte intracelular. Existem dois tipos de retículos, classificados de acordo com a presença ou ausência de ribossomos em sua superfície: rugoso ou liso, respectivamente. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ret%C3%ADculo_endoplasm%C3%A1tico>. Acessado em: 7 de junho de 2011. Já o Retículo Endoplasmático Liso (REL) é formado por tubos membranosos achatados que se assemelham ao RER, porém sem os ribossomos. O REL é muito heterogênio e assume diferentes funções em distintos locais. Alguns REL estão em continuidade com RER. O Retículo Endoplasmático Liso (REL), também chamado retículo endoplasmático agranular, é formado por sistemas de túbulos cilíndricos e sem ribossomos aderidos à membrana. Participa principalmente da síntese de esteróides, fosfolipídios e outros lipídios. O REL tem, como uma de suas principais funções, a desintoxicação do organismo, atuando na degradação do etanol ingerido em bebidas alcoólicas, assim como a degradação de medicamentos ingeridos pelo organismo como antibióticos e barbitúricos (substâncias anestésicas). Esse tipo de retículo é abundante principalmente em células do fígado, das gônadas e pâncreas. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ret%C3%ADculo_endoplasm%C3%A1tico>. Acessado em: 7 de junho de 2011. As pilhas de discos membranosos no soma, dispostas longe do núcleo, constituem o aparelho de Golgi descrito em 1898 por Camilo Golgi (figura 5). Trata-se de um grande sítio de intenso processamento bioquímico pós-tradução de proteínas. Acredita-se que uma função importante do aparelho de Golgi seja a distribuição de certas proteínas destinadas a diferentes partes de um neurônio, tais como axônio e os dendritos. Figura 5. Aparelho de Golgi. Outra organela muito abundante no soma é a mitocôndria. A mitocôndria é um das organelas celulares mais importantes, sendo extremamente relevante para respiração celular. É abastecida pela célula que a hospeda por substâncias orgânicas como oxigênio, glicose, ácidos graxos e aminoácidos as quais processa e converte em energia sob a forma de trifosfato de adenosina (ATP), que 16 UNIDADE I │ NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA devolve para a célula hospedeira. Sendo energia química que pode ser, e é usada em reações bioquímicas que necessitem de dispêndio de energia. A mitocôndria está presente em grande quantidade nas células: do sistema nervoso (na extremidade dos axônios), do coração e do sistema muscular, uma vez que estas apresentam uma necessidade maior de energia. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Mitoc%C3%B4ndria>. Acessado em: 7 de junho de 2011. O que diferencia os neurônios dos demais tipos celulares encontrados em nosso organismo? Até aqui estudamos o soma e as organelas neuronais. Nenhuma destas estruturas (organelas), entretanto, é exclusiva dos neurônios; elas são encontradas em todas as células do nosso corpo. Agora estudaremos o axônio, uma estrutura encontrada apenas nos neurônios e altamente especializada para a transferência de informação entre pontos distantes do SN. 17 CAPÍTULO 3 O axônio O axônio parte de uma região chamada cone de implantação ou proeminência axônica, que funciona como o segmento inicial do axônio propriamente dito (figura 6). Essa região tem um papel importante na condução do sinal elétrico – impulso nervoso –, que discutiremos posteriormente. Duas marcantes características distinguem o axônio do soma: 1. Não exibe RER e os ribossomos livres, quando presentes, são poucos. 2. A composição protéica da membrana do axônio é fundamentalmente diferente daquela presente na membrana do soma. Essas diferenças estruturais refletem-se nas dessemelhanças funcionais, pois, se inexistem ribossomos, não há síntese proteica no axônio. Isso significa que toda proteína presente no axônio teve de ser sintetizada no soma. Os axônios apresentam comprimentos variáveis, podendo se estender desde menos de um milímetro até mais de um metro de comprimento. Eles podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de colaterais (figura 6). Ocasionalmente, uma colateral pode retornar e comunicar-se com a célula que deu origem ao axônio ou com os dendritos de células vizinhas. Essas ramificações axonais chamam-se colaterais recorrentes. Figura 6. Axônio e suas colaterais. Todos os axônios têm um início (o cone de implatação), um meio (o axônio propriamente dito) e um fim. Essa região final é chamada de terminal axonal ou botão terminal, pois, de fato, normalmente se parece com um disco intumescido (dilatado).O terminal é o local onde o axônio 18 UNIDADE I │ NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA entra em contato com outros neurônios (ou outras células) e passa a informação para eles. Esse ponto de contato, as sinapses, palavra derivada do grego “amarrar junto”, são as regiões de comunicação entre os neurônios, ou mesmo entre neurônios e células musculares e epiteliais glandulares. Os terminais axonais formam sinapses com os dendritos ou com o soma de outros neurônios. Quando um impulso nervoso chegar no terminal axonal pré-sináptico, são liberadas moléculas neurotransmissoras das vesículas sinápticas na fenda sináptica. Os neurotransmissores, então, ligam-se a proteínas receptoras específicas, desencadeando a geração de sinais elétricos ou químicos na célula pós-sináptica. Em resumo, o axônio é o transmissor do neurônio. Ele transmite impulsos para longe do corpo celular. Próximo de sua extremidade, um axônio divide-se em numerosos ramos. São os terminais axônicos ou fibrilas terminais. As pontas desses terminais são dilatadas, formando pequenos bulbos, e são denominadas botões sinápticos. Esses botões alojam numerosas vesículas (sacos) repletos de substâncias químicas denominadas neurotransmissores, que são utilizadas na comunicação entre um neurônio e uma outra célula. _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 19 CAPÍTULO 4 A sinapse Para que um neurônio se comunique com o outro, deve ser produzido um potencial de ação (impulso nervoso) como veremos posteriormente. Uma vez disparado um potencial de ação, o impulso nervoso percorre toda a extensão do axônio e, finalmente, atinge os terminais axônicos. Como o impulso nervoso se move do neurônio que lhe deu origem a um outro neurônio? Os neurônios comunicam-se entre si por meio de sinapses. Uma sinapse é o local onde ocorre a transmissão de um impulso nervoso de um neurônio a outro. O tipo mais comum de sinapse é a química. A sinapse tem dois lados: o pré e o pós-sináptico. Esses nomes indicam a direção habitual do fluxo de informação que vai da região “pré” para “pós”. O lado pré-sináptico geralmente consiste de um axônio terminal, enquanto que o lado pós-sináptico pode ser o dendrito ou o soma de outro neurônio. O espaço entre as membranas pré e pós-sináptica é chamado de fenda sináptica. A transferência de informação através de uma sinapse, de um neurônio para outro, é chamado de transmissão sináptica. Na maioria das sinapses, a informação que viaja na forma de impulsos elétricos ao longo de um axônio é convertida, no terminal axonal, em um sinal químico que atravessa a fenda sináptica. Na membrana pós-sináptica, esse sinal químico é convertido novamente em um sinal elétrico. O sinal químico é chamado de neurotransmissor, sendo armazenado nas vesículas sinápticas dentro do terminal axonal e liberado na fenda sináptica. Essa transformação da informação em elétrica-química-elétrica torna possível muitas das capacidades computacionais do encéfalo. Modificações desse processo estão envolvidas na memória e no aprendizado, e distúrbios nas transmissões sinápticas desencadeiam certos transtornos mentais. A sinapse também é o local de ação para a maioria das drogas psicoativas. 20 UNIDADE I │ NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA Figura 7. Terminal axonal e a sinapse. Observe a liberação da substância neurotransmissora pelo terminal axonal pré-sináptico na fenda sináptica, e sua subsequente interação com os receptores específicos localizados sobre a membrana de um dendrito pós-sináptico. 21 CAPÍTULO 5 Os dendritos A maioria dos neurônios contém muitos dendritos. São os receptores dos neurônios. Geralmente, os impulsos que chegam ao nervo, de estímulos sensoriais ou de neurônios adjacentes, tipicamente entram no neurônio através dos dendritos. Essas projeções transmitem, então, os impulsos em direção do corpo celular. Em comparação, a maioria dos neurônios possui apenas um axônio, o transmissor do neurônio. De uma forma mais simples, os dendritos estão adaptados para a recepção e processamento dos sinais elétricos que chegam de outros neurônios por meio das sinapses. Sendo assim, os dendritos funcionam como “antena” para o neurônio, estando recoberto por milhares de sinapses. A membrana dendrítica relacionada com as sinapses (a membrana pós-sináptica) apresenta muitos receptores, especializados na detecção dos neurotransmissores liberados na fenda sináptica pelo neurônio pré-sináptico. Como ocorre o processo de transmissão sináptica? Agora que já vimos às principais características e estruturas da unidade funcional do SN, estamos prontos para classificá-los de acordo com suas funções específicas. 22 CAPÍTULO 6 Classificação baseada nas conexões Os neurônios são as unidades funcionais do SN e são identificados três tipos funcionalmente distintos: a. Neurônios sensoriais: especializados na decodificação dos estímulos físico- químicos do ambiente em sinais elétricos que são enviados aos neurônios associativos. As informações (aferências) chegam ao SN pelos neurônios que apresentam neuritos (figura 2) nas superfícies sensoriais do corpo, como a pele e a retina dos olhos. As células com tal tipo de conexão são os neurônios sensoriais. b. Neurônios associativos: encarregados de processar as informações sensoriais, ou seja, de interpretar e elaborar comandos para os órgãos efetuadores do corpo. A maioria dos neurônios do SN forma conexões apenas com outros neurônios, apresentando assim, a função de processar as informações sensoriais e elaborar comando para os órgão efetores. c. Neurônios motores: enviam os comandos para os órgãos efetuadores realizarem algum ajuste fisiológico ou expressar um determinado comportamento. Esses neurônios apresentam axônios que formam sinapses com os músculos esqueléticos e comandam os movimentos. Os neurônios formam redes de comunicação chamadas de circuito nervoso e quanto maior o número de neurônios associativos entre os neurônios sensoriais e motores mais complexos serão o processamento e a expressão da tarefa motora. A figura 8 apresenta um exemplo dessa organização neuronal (circuito nervoso). Figura 8. Circuito nervoso. Até este momento do capítulo dedicamos exclusivamente nossa atenção aos neurônios. Em outras palavras, despendemos exclusivamente nossa atenção aos 10% da população celular do encéfalo: os neurônios. Nos próximos tópicos despenderemos nossa atenção às células da glia, consideradas por alguns neurocientistas como “o gigante adormecido”. 23 CAPÍTULO 7 As células da neuroglia As células gliais (ou células da neuroglia) mais numerosas no encéfalo são os astrócitos. Os astrócitos ocupam a maior parte do espaço no encéfalo que não está ocupada por neurônios ou vasos sanguíneos, ou seja, essas células preenchem os espaços entre os neurônios. Os astrócitos são vários tipos de células em forma de estrela (de onde lhes vem o nome: astro = estrela, cito = célula). Os astrócitos são as células da neuróglia que possuem as maiores dimensões. Existem dois tipos de astrócitos: os protoplasmasticos e os fibrosos. Os primeiros predominam na substância cinzenta,e os segundos predominam na substância branca do cérebro. Os astrócitos desempenham funções muito importantes, como a sustentação e a nutrição dos neurônios. Outras funções que desempenham são: » Preenchimento dos espaços entre os neurônios. » Regulagem da concentração de diversas substâncias com potencial para interferir nas funções neuronais normais (ex.: concentrações extracelulares de potássio). » Regulagem dos neurotransmissores (restringem a difusão de neurotransmissores liberados e possuem proteínas especiais em suas membranas que removem os neurotransmissores da fenda sináptica). Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Astr%C3%B3cito>. Acessado em: 7 de junho de 2011. É provável que os astrócitos determinem quanto um neurito poderá crescer ou se retrair. Uma descoberta recente e inesperada é que a membrana dos astrócitos também apresenta receptores para os neurotransmissores que, assim como nos neurônios, podem desencadear eventos bioquímicos e elétricos no interior da célula glial. Um segundo tipo de célula glial, os oligodendrócitos (ou oligodendróglia), são as células da neuroglia, responsáveis pela formação, e manutenção das bainhas de mielina dos axônios, no Sistema Nervoso Central (SNC) (encéfalo e medula), função que, no Sistema Nervoso Periférico (SNP) (fora do crânio e da coluna vertebral), é executada pelas células de Schwann. No entanto, apenas um oligodendrócito contribui para formação de mielina em vários neurônios, ao contrário da célula de Schwann que mieliniza apenas um axônio. Nos axônios de maior diâmetro, a célula envoltória forma dobras múltiplas e em espiral em torno do axônio. Ao conjunto dessas dobras múltiplas denomina-se bainha de mielina e as fibras são chamadas de fibras nervosas mielínicas. Sua função é acelerar a velocidade da condução do impulso nervoso. A bainha de mielina não 24 UNIDADE I │ NEURÔNIOS E CÉLULAS DA NEUROGLIA é contínua, pois ela apresenta intervalos reguladores, formando os nódulos de Ranvier. A bainha de mielina está presente somente nos vertebrados. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bainha_de_ mielina>. Acessado em: 7 de junho de 2011. Sem os oligodendrócitos, os neurônios não sobrevivem em meio de cultura. Em suas características físicas os oligodendrócitos mostram possuir um corpo celular arredondado e pequeno, com poucos prolongamentos, curtos, finos e pouco ramificados (daí o nome: oligo = pouco; dendro = ramificação). Assim como em diversas células do corpo humano, nos oligodendrócitos podem ser geradas neoplasias (tumores), que nesse caso são os oligodedrogliomas. A figura 9 demonstra a interação organizacional entre neurônio, astrócito e oligodendrócito. Como pode ser observado na figura 9a os astrócitos “ancoram”, estabilizam o neurônio, e na figura 9b pode-se observar a função de nutrição proporcionada pelos astrócitos, e visualizar que os astrócitos “abraçam” o capilar sanguíneo ao mesmo tempo em que ancoram o neurônio. Proporcionam a nutrição para o neurônio por meio dessa comunicação, enquanto que os oligodendrócitos são responsáveis pela formação da bainha de mielina no SNC. Figura 9. Neurônio, astrócito e oligodendrócito. Observe na figura b como o astrócito “abraça” o axônio de um neurônio para proporcionar sua nutrição. 25 CAPÍTULO 8 Outras células não neuronais Ao eliminarmos cada neurônio, cada astrócito e todos os oligodendrócitos, ainda restariam outras células no encéfalo. Para não excluir nenhum tipo, precisamos mencionar essas outras células. Uma classe de células chamada de microglia age como “macrófagos” na remoção de fragmentos celulares gerados pela morte ou degeneração de neurônios e células gliais. Finalmente, também temos as células que estruturam a vascularização do encéfalo, definindo artérias, veias e capilares. Essas diferentes células presentes na neuroglia são demonstradas na figura 10. Figura 10. Células da neuroglia. . A simplicidade deste ponto de vista em relação às células da neuroglia provavelmente é um bom indício da profundidade de nossa ignorância acerca da função glial. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 26 UNIDADE IITRANSMISSÃO DE SINAIS CAPÍTULO 1 O impulso nervoso e o potencial de repouso de membrana Um impulso nervoso – uma carga elétrica – é o sinal que passa de um neurônio ao seguinte e que, finalmente, termina num órgão terminal, como um grupo de fibras musculares, ou retorna ao Sistema Nervoso Central (SNC). Simplificando, você pode imaginar o impulso nervoso percorrendo fios elétricos em sua casa. Vejamos como esse impulso elétrico é gerado e como ele percorre um neurônio até chegar a seu destino final. Potencial de repouso de membrana A membrana celular de um neurônio em repouso possui um potencial elétrico negativo de aproximadamente -70 milivolts (mV). Isso significa que se você inserir uma sonda medidora de voltagem no interior da célula, as cargas elétricas lá existentes e as cargas encontradas no exterior da célula apresentarão uma diferença de 70 mV e o interior da célula seria negativo em relação ao exterior. Essa diferença de potencial é conhecida como Potencial de Repouso de Membrana ou PRM. Ele é causado por uma separação das cargas através da membrana. Quando há diferença de cargas através da membrana, considera-se que a membrana se encontra polarizada. Em repouso, quando o neurônio não esta recebendo, transmitindo e nem integrando informações no seu interior e entre células, ele possui uma alta concentração de íons potássio (K+) no seu interior e uma alta concentração de íons sódio (Na+) no seu exterior. O desequilíbrio na quantidade de íons no interior e no exterior da célula produz o PRM. Esse desequilíbrio é mantido de duas maneiras. Primeiramente, a membrana celular é muito mais permeável ao K+ do que ao Na+, de modo que o K+ pode se mover mais facilmente através da membrana celular. Como os íons tendem a se mover para estabelecer um equilíbrio, parte dos íons K+ movem-se para uma área onde a sua concentração é menor: fora da célula. Já o Na+ não consegue mover-se dessa maneira, só que no sentido oposto, do meio extracelular onde é mais concentrado para o meio intracelular onde é menos concentrado. Essa diferença na permeabilidade da membrana para os íons Na+ e K+, faz com que o meio intracelular perca cargas positivas deixando o meio intracelular negativo em relação ao meio extracelular. Em segundo lugar, a bomba de sódio-potássio do neurônio, que na realidade 27 TRANSMISSÃO DE SINAIS │ UNIDADE II é uma enzima denominada Na+-K+ ATPase, mantém o desequilíbrio em cada lado da membrana transportando ativamente íons potássio e sódio. A bomba de sódio-potássio move três íons Na+ para fora da célula para cada dois íons K+ que ela move para o seu interior. O resultado final é que mais íons carregados positivamente encontram-se fora da célula do que no seu interior, criando uma diferença de potencial através da membrana. A manutenção de um PRM constante de -70 mV é principalmente uma função da bomba de sódio-potássio. Outro fator que contribui para o PRM ser negativo é a maior concentração de proteínas no meio intracelular, uma vez que, as proteínas são moléculas carregadas com carga negativa (moléculas aniônicas) isto auxilia a deixar o meio intracelular negativo em relaçãoao meio extracelular. O registro do PRM e os três fatores determinantes do PRM podem ser visualizados na figuara 11. Figura 11. Origem do PRM. LIC = líquido intracelular (meio intracelular); LEC = Líquido extracelular (meio extracelular). 28 CAPÍTULO 2 Despolarização e hiperpolarização Se o interior da célula se tornar menos negativo em relação ao exterior, a diferença de potencial através da membrana diminui. Ou seja, em qualquer situação onde o PRM for se tornando menos negativo, por exemplo, -65 mV, -60 mV, -55 mV etc. a membrana estará menos polarizada. Quando isso ocorre, diz-se que a membrana está despolarizando. A membrana estará totalmente despolarizada quando não existir diferença de carga através da membrana, em outras palavras, quando o PRM for igual a zero mv. Assim, a despolarização ocorre em qualquer momento em que a diferença de carga torna-se inferior ao PRM de -70 mV, aproximando-se de zero. Tipicamente, isso resulta numa alteração da permeabilidade da membrana ao Na+, fazendo com que ocorra influxo de Na+ (movimentação de Na+ do meio extracelular para o meio intracelular) através de canais dependentes de voltagem. O oposto também pode ocorrer, se a diferença de carga através da membrana aumentar, ou seja, em qualquer situação onde o PRM for se tornando mais negativo, por exemplo, -75 mV, -80 m V, -85 mV etc. a membrana tornar-se-á então mais polarizada. Isso é conhecido como hiperpolarização. A principal causa de hiperpolarização é o influxo de íons cloro (Cl-), que são íons aniônicos e estão mais concentrados no meio extracelular. Na realidade, as alterações do potencial de membrana são utilizadas para receber, transmitir e integrar informações no interior e entre as células. Esses sinais são de dois tipos: potenciais graduados e potenciais de ação. Ambos são correntes elétricas criadas pelo movimento dos íons. Analisaremos cada um deles a seguir. Os canais iônicos dependentes de voltagem são uma classe de canais iônicos transmembranares que são ativados por alterações de diferença de potencial elétrico perto do canal; a presença desses tipos de canais iônicos é especialmente crítica nos neurônios, mas são comuns em muitos tipos de células. Exercem um papel crucial em tecidos neuronais e musculares excitáveis, permitindo uma rápida e coordenada despolarização em resposta as alterações de voltagem. Ao longo de todo o axônio e na sinapse, os canais dependentes de voltagem propagam direcionalmente os sinais elétricos. Estrutura: são geralmente compostos por diversas subunidades, dispostas de tal maneira que se forma um poro central, por meio do qual os íons poderão se deslocar em função do seu gradiente eletroquímico. Os canais tendem a ser específicos para um determinado íon. Exemplos incluem: » Os canais de sódio e os canais de potássio dependentes de voltagem, localizados nos nervos e músculos. 29 TRANSMISSÃO DE SINAIS │ UNIDADE II » O canal de cálcio dependente de voltagem, que desempenha um papel na liberação de neurotransmissores na fenda sináptica. Mecanismo: Através de estudos estruturais de cristalografia de raios-X, por exemplo, de um canal de sódio voltagem dependente e, assumindo que essa estrutura permanece intacta na membrana plasmática correspondente, é possível supor que quando uma diferença de potencial é introduzida na membrana, o campo eletromagnético associado induz uma alteração conformacional no canal de sódio. Essa mudança de conformação distorce a forma do canal proteico de maneira suficientemente forte, permitindo que o canal se abra para admitir o influxo de íons através da membrana. Essa movimentação iônica gera depois uma corrente elétrica suficiente para despolarizar a membrana. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Canal_i%C3%B3nico_dependente_de_voltagem>. Acessado em: 7 de junho de 2011. 30 CAPÍTULO 3 Potenciais graduados e potenciais de ação Os potenciais graduados são alterações localizadas do potencial de membrana. Essas alterações podem ser tanto despolarizações quanto hiperpolarizações. A membrana contém canais iônicos com comportas (figura 12) que atuam como vias de entrada e saída do neurônio. Essas comportas geralmente encontram-se fechadas, impedindo o fluxo iônico, mas se abrem com a estimulação, permitindo que os íons se movam do exterior para o interior da célula ou vice-versa. Esse fluxo iônico altera a separação de cargas, modificando a polarização da membrana. Os potenciais graduados são disparados por uma alteração do ambiente local do neurônio. Dependendo da localização e do tipo de neurônio envolvido, as comportas iônicas podem abrir em resposta à transmissão de um impulso oriundo de um outro neurônio ou em resposta a estímulos sensoriais, como alterações de concentrações de substâncias químicas, da temperatura ou da pressão. Lembre-se de que a maioria dos receptores neuronais estão localizados nos dendritos (embora existam alguns no corpo celular) e que o impulso é sempre transmitido dos terminais axônicos localizados na extremidade oposta da célula. Para que um neurônio transmita um impulso, este deve percorrer quase toda a sua extensão. Embora um potencial graduado possa produzir despolarização de toda a membrana celular, geralmente ele é apenas um fenômeno local e a despolarização não se dissemina muito ao longo do neurônio. Para percorrer a distância total, um impulso deve gerar um potencial de ação. Figura 12. Características dos canais de sódio (A) e potássio (B) regulados pela voltagem. Observe que o canal de sódio contem duas comportas, uma de ativação voltada para o liquido extracelular (LEC) e outra de inativação voltada para o liquido intracelular (LIC), enquanto que o canal de potássio contem apenas uma comporta, a de ativação que está voltada para o LIC. Será a alteração conformacional (mudança do seu estado de origem) dessas comportas as responsáveis pela gênese (formação) do potencial de ação. A figura A demonstra o canal de sódio em três diferentes estados: repouso, ativado e inativado e a figura B demonstra o canal de potássio em dois diferentes estados: repouso e ativado. 31 TRANSMISSÃO DE SINAIS │ UNIDADE II Os sinais nervosos são transmitidos por potenciais de ação. Para conduzir um sinal nervoso, o potencial de ação se desloca ao longo da fibra nervosa até sua extremidade. Um potencial de ação é uma despolarização rápida e substancial da membrana do neurônio. Em geral, ele dura apenas aproximadamente 1 milissegundo (ms). Tipicamente, o potencial de membrana altera de um PRM de -70 mV para um valor de +30 mV e, em seguida, retorna rapidamente ao seu valor de repouso. Como ocorre essa alteração acentuada do potencial de membrana? Todos os potenciais de ação começam como potenciais graduados. Quando ocorre uma estimulação suficiente para causar uma despolarização de pelo menos 15 a 20 mV, há a produção de um potencial de ação. Em outras palavras, se a membrana despolarizar de um PRM de -70 mV para um valor de -50 a -55 mV, a célula apresentará um potencial de ação, e essa despolarização da membrana ocorre tipicamente por meio de um influxo (entrada) de íons sódio o qual faz com que entre carga positiva no LIC. A despolarização mínima necessária para a produção de um potencial de ação é denominada limiar. Qualquer despolarização inferior ao valor limiar de 15 a 20 mV não produzirá um potencial de ação. Por exemplo, se o potencial de membrana alterar do PRM de -70 mV para -60 mV, a alteração será de apenas 10 mV e não atingirá o limiar. Consequentemente, não haverá a produção de um potencial de ação. No entanto, sempre que a despolarização atingir ou ultrapassar o limiar ocorrerá a produção de um potencial de ação, a isso, é dado o nome de princípio do tudo ou nada. Ativação do canal de sódio. Quando o potencial de membrana se torna menos negativo que durante o estado de repouso indo em direção a zero mV, ele atinge a voltagem – em geral,de cerca de -55 a -55 mV – o que provoca alteração conformacional abrupta da comporta de ativação do canal de sódio, fazendo com que o canal fique totalmente aberto. Essa condição é referida como estado ativado; durante esse estado, os íons sódio podem se derramar pelo canal, aumentando a permeabilidade da membrana ao sódio por 500 a 5000 vezes. Inativação do canal de sódio. A mesma diminuição da negatividade do PRM que faz com que as comportas de ativação do canal de sódio se abram permitindo o influxo de íons sódio faz também com que as comportas de inativação do canal de sódio se fecham bloqueando a entrada adicional de íons sódio. No entanto, a alteração conformacional que provoca o fechamento da comporta de inativação é um processo mais lento que a alteração conformacional que abre a comporta de ativação. Assim, após o canal de sódio ter permanecido aberto por alguns décimos de milésimos de segundo, o canal é inativado e se fecha, e os íons sódio não podem atravessar a membrana, a partir desse momento o potencial de membrana começa a retornar ao seu estado normal de repouso, que é o processo de repolarização. Outra característica importante do processo de inativação do canal de sódio é que a comporta de inativação só vai reabrir – voltar para seu estado de origem em repouso, como observado na figura 12 na condição de repouso – quando o potencial de membrana retornar ou se aproximar do potencial de repouso na condição original. 32 UNIDADE II │ TRANSMISSãO DE SINAIS O canal de potássio regulado pela voltagem e sua ativação. A figura 12 mostra o canal de potássio em dois estados: durante o repouso (à esquerda), e durante o final de um potencial de ação (à direita). Durante o estado de repouso, a comporta do canal de potássio está fechada, e os íons potássio são impedidos de passarem, através desse canal, para o exterior. Quando o potencial de membrana se torna menos negativo, essa variação da voltagem provoca a abertura conformacional da comporta, permitindo aumento da difusão de potássio para o LEC, por meio desses canais. Entretanto, devido a um pequeno retardo na abertura dos canais de potássio (alteração conformacional mais lenta da comporta de ativação do canal de potássio), em sua maioria só abrindo exatamente no mesmo momento em que os canais de sódio estão começando a se fechar em função de sua inativação (comporta de inativação do canal de sódio), a redução da entrada de sódio na célula ocorre simultaneamente com a saída de potássio da célula, fazendo com que o processo de repolarização seja acelerado, levando à completa recuperação do potencial de repouso da membrana dentro de poucos décimos de milésimos de segundo. Resumindo em outras palavras, a alteração conformacional (abertura, ativação) da comporta de ativação do canal de sódio é um processo rápido, a alteração conformacional (fechamento, inativação) da comporta de inativação do canal de sódio é um processo intermediário e, a alteração conformacional (abertura, ativação) da comporta de ativação do canal de potássio é um processo lento. Se fossemos colocar isso em uma ordem cronológica, ficaria assim: primeiro abre (ativa) o canal de sódio, depois fecha (inativa) o canal de sódio e por último abre (ativa) o canal de potássio. Sendo todas essas alterações conformacionais estimuladas pelo mesmo estímulo; a despolarização da membrana. Retorne na figura 12 e monte um texto com suas palavras relacionando as alterações conformacionais das comportas (ativação e inativação) do canal de sódio e da comporta de ativação do canal de potássio com a gênese (produção) do potencial de ação. Ao impulso nervoso e ao potencial de repouso de membrana, é apresentada à seguinte colocação: Em repouso, quando o neurônio não está recebendo, transmitindo e nem integrando informações no seu interior e entre células, ele possui uma alta concentração de íons potássio (K+) no seu interior e uma alta concentração de íons sódio (Na+) no seu exterior. Após ter analisado e refletido sobre a figura 12 e, estudado os parágrafos subsequentes até este momento, como se encontra distribuído os íons sódio e potássio através da membrana após um estímulo que tenha causado a despolarização da membrana? 33 CAPÍTULO 4 Sequência de eventos de um potencial de ação Em cada potencial de ação, ocorre a seguinte sequência de eventos apresentada nas figuras 13a a 13e: 1. Aumento da permeabilidade ao Na+ e despolarização. O estímulo abre as comportas de ativação dos canais de Na+ dependentes de voltagem localizados na membrana, permitindo influxo (entrada) de Na+ (figura 13b) e, quando o limiar é atingido (principio do tudo ou nada), a permeabilidade da membrana ao Na+ aumenta centenas a milhares de vezes. Os íons Na+ entram na célula. Durante essa fase inicial, a quantidade de Na+ que entra na célula excede a quantidade de potássio que sai, fazendo com que o interior da célula se torne carregado positivamente em relação ao exterior. A alteração de voltagem (despolarização) comumente é de -70 mV para +30 mV, como mostram as figuras 13b e 13c. 2. Redução da permeabilidade ao Na+. O influxo inicial de Na+ é muito breve. Quando o potencial de membrana passa a ser 0 mV, ocorre uma resistência ao movimento de mais cargas positivas para o interior da célula, pois o interior da célula torna-se positivo e positivo com positivo se repelem. Além disso, as comportas que controlam a entrada de Na+ fecham muito rapidamente, de modo que o influxo inicial de Na+ é de curta duração, como mostra a figura 13d. 3. Repolarização. Em resposta ao aumento de carga positiva no interior da célula, as comportas de ativação que controlam o íon K+ se abrem. Como os íons K+ são carregados positivamente, eles se movem em direção a uma área mais negativa, nesse momento localizado no meio extracelular da célula. Quando esse ocorre, o exterior da célula passa a apresentar novamente uma carga mais positiva do que o interior e a voltagem retorna ao PRM -70 mV. Essa fase final é a repolarização, mostrada na figura 13d. 4. Bomba de sódio-potássio. Após o término da repolarização, deve ocorrer um evento final antes que o neurônio retorne verdadeiramente ao seu estado de repouso normal. Durante um potencial de ação, o Na+ entra na célula. Em seguida, para reverter a despolarização, o K+ deixa a célula. A concentração intracelular de Na+ é, então, elevada, assim como a concentração extracelular de K+, o oposto do estado de repouso. Para reverter isso, quando a repolarização estiver completa, a bomba de sódio-potássio é ativada para fazer com retornem os íons ao lado correto da membrana (figura 13e) 34 UNIDADE II │ TRANSMISSãO DE SINAIS Figura 13. Sequência de eventos que ocorrem durante um potencial de ação: a – estado de repouso, b – aumento da permeabilidade ao sódio e despolarização, c – propagação de um potencial de ação, d – repolarização e, e – ação da bomba de sódio e potássio. A figura 14 apresenta um resumo dos eventos de um potencial de ação. Observe que na figura 14 b esta demonstrada às alterações da permeabilidade da membrana aos diferentes íons causadores do potencial de ação. Note que a permeabilidade ao íon sódio aumenta de maneira muito rápida, enquanto que a permeabilidade ao íon potássio aumenta de maneira mais discreta, alcançando o máximo durante a fase de repolarização do potencial de ação. No entanto, ambas as alterações da permeabilidade são causadas pela aplicação de um estímulo despolarizante. 35 TRANSMISSÃO DE SINAIS │ UNIDADE II Figura 14. A) Resumo da sequência de eventos de um potencial de ação. B) Alterações na permeabilidade da membrana aos íons sódio (Na+) e potássio (K+) durante um potencial de ação. 1) Potencial de repouso de membrana (PRM). 2) Aplicação de um estímulo despolarizante. 3) A membrana despolariza até o limiar, abertura dos canais de Na+ voltagem dependente e abertura lenta dos canais de K+. 4) Influxo rápido deNa+ despolariza a célula, e efluxo lento de K+. 5) Fechamento dos canais de Na+ voltagem dependente. 6) K+ move-se da célula para o liquido extracelular. 7) Canais de K+ permanecem abertos por tempo adicional causando um excesso de efluxo de K+ o que leva a uma hiperpolarização da célula (hiperpolarização pós-potencial). 8) Fechamento dos canais K+ voltagem dependente. 9) A célula retorna para sua permeabilidade normal aos diferentes íons e ao PRM. Quando o potencial de ação percorre um axônio, da proeminência (ou cone de implantação) aos terminais axônicos, cada segmento do axônio é submetido à sequência de eventos descrito e apresentado nas figuras 13a a 13e. Quando um determinado segmento de um axônio está gerando um potencial de ação e as comportas que controlam o sódio estão abertas, ele é incapaz de responder a um outro estímulo. Isso é denominado período refratário absoluto. Quando as comportas de sódio estão fechadas, as de potássio estão abertas e ocorre a repolarização, o segmento do axônio pode então responder a um novo estímulo. No entanto, esse deve ser de uma magnitude substancialmente maior para desencadear um potencial de ação. Isso é denominado período refratário relativo. 36 CAPÍTULO 5 Propagação do potencial de ação Agora que sabemos como um impulso neural (sob a forma de um potencial de ação) é gerado, podemos analisar como o impulso é propagado e como ele percorre o neurônio. Duas características do neurônio tornam-se particularmente importantes ao considerarmos quão rapidamente um impulso pode passar pelo axônio: a mielinização e o diâmetro. A bainha de mielina Os axônios da maioria dos neurônios motores (motoneurônios) são mielinizados, significando que são recobertos por uma bainha composta por mielina, uma substância gordurosa que isola a membrana celular. Como vimos, no sistema nervoso periférico, essa bainha de mielina é formada pelas células de Schwann, enquanto que no sistema nervoso central é formada pelos oligodendrócitos, um tipo celular da neuroglia. Como pode ser observada na figura 14, a bainha de mielina não é contínua. Ao longo do axônio, a bainha de mielina apresenta espaços entre as células de Schwann adjacentes, deixando o axônio não isolado nesses pontos. Esses espaços são denominados nódulos de Ranvier (ver figura 14). São nesses nódulos que são propagados os potenciais de ação. É como se o potencial de ação saltasse de um nódulo ao nódulo seguinte quando ele percorresse uma fibra mielinizada. Esse fenômeno é denominado condução saltatória, um tipo de condução muito mais rápido do que o das fibras não mielinizadas. A velocidade da transmissão do impulso nervoso nas fibras mielinizadas grandes pode ser elevada, de até 100 m/s, ou 5 a 50 vezes mais rápida do que a das fibras não mielinizadas do mesmo tamanho. Figura 15. Bainha de mielina e nódulo de Ranvier. Observe que a figura também demonstra a direção da propagação do impulso nervoso. 37 TRANSMISSÃO DE SINAIS │ UNIDADE II A mielinização dos neurônios motores ocorre nos primeiros anos de vida, explicando parcialmente a razão pela qual as crianças necessitam de tempo para desenvolver movimentos coordenados. Indivíduos afetados por determinados doenças neurológicas, como a Esclerose Múltipla (EM) apresentam degeneração da bainha de mielina e uma subsequente perda de coordenação. A EM ou Esclerose Disseminada é uma doença neurológica crônica, de causa ainda desconhecida, com maior incidência em mulheres e pessoas brancas (pessoas com genótipo caucasiano). Esse tipo de patologia leva a uma destruição das bainhas de mielina que recobrem e isolam as fibras nervosas. Essa doença causa uma piora do estado geral do paciente, ocasionando: fraqueza muscular, rigidez articular, dores articulares e descoordenação motora. O doente sente dificuldade para realizar vários movimentos com os braços e pernas, perde o equilíbrio quando fica em pé, sente dificuldade para andar, tremores e formigamentos em partes do corpo. Em alguns casos a doença pode provocar insuficiência respiratória, incontinência ou retenção urinária, alterações visuais graves, perda de audição, depressão e impotência sexual. Nos estágios mais graves da doença, pode ocorrer um comprometimento respiratório. Isso pode acarretar episódios de infecção ou insuficiência respiratória, que devem ser tratados com atenção e rapidez para minimizar o desconforto do paciente e coibir uma piora do seu estado geral. Para minimizar os desconfortos respiratórios causados por essa patologia, são utilizados métodos tais como: » Exercícios para desobstruir os brônquios. » Exercícios para reexpansão pulmonar. » Reeducação diafragmática e da musculatura acessória, com uso de incentivadores respiratórios. Etiologia: A causa direta da EM é a degeneração da camada isoladora lipídica de mielina que envolve os axônios neurais. Essa é provavelmente causada pela destruição, pelo próprio sistema imunitário do indivíduo, das células gliais (responsáveis pela produção e armazenamento da mielina). A ausência de isolamento eficaz dos neurônios, e da sua sustentação pelas células gliais, leva à sua degeneração e à perda de função. As regiões afetadas são as do SNC, ou seja: a medula espinhal e o cérebro. Os nervos periféricos não são afetados, provavelmente porque a reação imunitária que danifica as células gliais é específica para as células produtoras de mielina do SNC, 38 UNIDADE II │ TRANSMISSãO DE SINAIS os oligodendrócitos, que são diferentes das células com a mesma função no SNP, conhecidas como células de Schwann. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Esclerose_m%C3%BAltipla>. Acessado em: 7 de junho de 2011. Diâmetro do neurônio A velocidade da transmissão do impulso nervoso também é determinada pelo tamanho do neurônio. Os neurônios de diâmetro maior conduzem impulsos nervosos mais rapidamente do que aqueles de diâmetro menor, por apresentarem menor resistência ao fluxo de corrente local. 39 CAPÍTULO 6 A junção neuromuscular Enquanto os neurônios se comunicam com outros neurônios na sinapse, um motoneurônio (neurônio motor) comunica-se com uma fibra muscular numa região denominada junção neuromuscular. A função da junção neuromuscular é essencialmente a mesma que a da sinapse. De fato, a parte proximal da junção neuromuscular é a mesma: ela começa nos terminais axônicos do motoneurônio, os quais liberam neurotransmissores no espaço existente entre duas células. Entretanto, na junção neuromuscular, os terminais axônicos expandem-se em discos achatados denominados placas motoras. Na junção neuromuscular, o impulso é recebido por uma fibra muscular (ver figura 16). Observa-se que nos locais onde os terminais axônicos se aproximam da fibra muscular, a fibra apresenta invaginações (pregas formando cavidades). Esse arranjo aumenta a área superficial para a interação do neurotransmissor liberado pelo terminal axonal com os receptores localizados no sarcolema (membrana plasmática) da fibra muscular. A cavidade assim formada é denominada goteira sináptica, e como nas sinapses, o espaço entre o neurônio e afibra muscular é denominado fenda sináptica. Figura 16. Junção neuromuscular, demonstrando a interação entre o motoneurônio e o sarcolema de uma fibra muscular. Observe as invaginações do sarcolema dando origem à goteira sináptica. O neurotransmissor liberado dos terminais axônicos motores difundem-se através da fenda sináptica e se ligam aos receptores localizados no sarcolema da fibra muscular. Essa ligação normalmente produz despolarização por meio da abertura dos canais iônicos de sódio, permitindo que mais íons 40 UNIDADE II │ TRANSMISSãO DE SINAIS sódio penetrem na fibra muscular. Como vimos no capítulo 3, desta unidades, se a despolarização atingir o limiar, um potencial de ação é disparado. O potencial de ação se dissemina ao longo do sarcolema, e como resultado final,a fibra muscular se contrai. Como o neurônio, o sarcolema uma vez despolarizado deve sofrer uma repolarização. Durante o período de repolarização, as comportas que controlam o sódio estão fechadas e as que controlam o potássio estão abertas, assim, como o neurônio, a fibra muscular é incapaz de responder a qualquer outra estimulação. Isso é denominado período refratário (já estudado). Quando as condições elétricas da fibra muscular retornam aos níveis de repouso, a fibra pode responder a um outro estímulo. 41 CAPÍTULO 7 Neurotransmissores Mais de 50 neurotransmissores foram identificados positivamente ou são suspeitos como possíveis candidatos. Eles podem ser categorizados como (1) neurotransmissores de ação rápida (moléculas pequenas) ou (2) neurotransmissores de ação lenta (neuropeptídeos) (Tabela 1). Os neurotransmissores de ação rápida (moléculas pequenas), responsáveis pela maioria das transmissões neurais, são o nosso maior interesse. Tabela 1. Classificação dos neurotransmissores Neurotransmissores de ação rápida (moléculas pequenas) Classe I: Acetilcolina Classe II: Aminas: noradrenalina, adrenalina, dopamina, serotonina e histamina Classe III: Aminoácidos: GABA, glicina, glutamato e aspartato Classe IV: Óxido nítrico Neurotransmissores de ação lenta (neuropeptídeos) Hormônios de liberação hipotalâmicos (por exemplo, hormônio liberador de tireotropina e somatostatina) Peptídeos hipofisários (por exemplo, ß-endorfinas, tireotropina e vasopressina) Peptídeos que atuam sobre o intestino e sobre o encéfalo (por exemplo, colecistoquinina, neurotensina e leucina encefalina) Peptídeos de outros tecidos (por exemplo, angiotensina II, bradicinina e calcitonina) A acetilcolina e a noradrenalina são os dois principais neurotransmissores envolvidos na regulação de nossas respostas fisiológicas ao exercício. A acetilcolina é o principal neurotransmissor dos neurônios motores que inervam o músculo esquelético e de muitos neurônios parassimpáticos. Geralmente, ela é um neurotransmissor excitatório, mas ela pode apresentar efeitos inibidores em algumas terminações nervosas parassimpáticas, como no coração, promovendo diminuição da frequência cardíaca (bradicardia). A noradrenalina é o neurotransmissor de alguns neurônios simpáticos e ela também pode ser tanto excitatória quanto inibitória, dependendo dos receptores envolvidos. Os sistemas nervosos simpático e parassimpático serão discutidos posteriormente. Quando o neurotransmissor se liga ao receptor pós-sináptico, o impulso nervoso é transmitido com sucesso. O neurotransmissor é destruído por enzimas ou é transportado ativamente de volta para o interior dos terminais pré-sinápticos para ser reutilizado no impulso seguinte. A figura 17 demonstra a liberação de acetilcolina na fenda sináptica e sua posterior degradação pela enzima acetilcolinesterase em seus constituintes, colina e ácido acético, com a colina sendo 42 UNIDADE II │ TRANSMISSãO DE SINAIS transportada ativamente de volta para o interior do terminal pré-sináptico para ser reutilizada na síntese da acetilcolina por intermédio da enzima colina acetiltransferase. Observe que a colina é recaptada para o interior do terminal pré-sináptico por meio de um transportador específico de colina (transporte ativo secundário – co-transporte com sódio), e que a acetilcolina é transportada para o interior da vesícula por meio de um transportador específico para acetilcolina. Figura 17. Liberação e degradação da acetilcolina na fenda sináptica, e recaptação da colina pelo terminal pré-sináptico. ACo = Acetilcolina, ACoE = Acetilcolinesterase, CoAT = Colina Acetiltransferase. A degradação da acetilcolina acontece muito rapidamente, pois a acetilcolinesterase possui uma das taxas catalíticas mais rápidas dentre as enzimas conhecidas. A acetilcolinesterase é alvo de muitos gases neurotóxicos e inseticidas. Não existe uma enzima degradadora extracelular rápida análoga à acetilcolinesterase para os neurotransmissores: dopamina, noradrenalina e adrenalina, que coletivamente são chamados de catecolaminas. Ao contrario, a ação das catecolaminas na fenda sináptica é terminada pela captação seletiva dos neurotransmissores de volta para o terminal axonal por transportadores dependentes de sódio. Esse passo é sensível a diferentes drogas. Por exemplo, as anfetaminas e a cocaína bloqueiam a captação de catecolaminas, com isso prolongam a ação desses neurotransmissores na fenda sináptica. Uma vez dentro do terminal axonal, as catecolaminas podem ser transportadas novamente para as vesículas sinápticas para serem reutilizadas ou ser enzimaticamente degradadas pela ação da monoaminoxidase (MAO), uma enzima encontrada na membrana externa da mitocôndria. Mecanismo de ação da cocaína: A adrenalina assim como outras catecolaminas é metabolizada (degradada) por duas vias enzimáticas: Catecol Orto Metil Transferase (COMT) e pela monoaminoxidase (MAO). A cocaína é um inibidor, tanto da enzima COMT quanto da MAO, do transportador para recaptação das catecolaminas 43 TRANSMISSÃO DE SINAIS │ UNIDADE II e, estimulante da liberação de noradrenalina e dopamina. A dopamina e a noradrenalina são neurotransmissores cerebrais que são liberados para a fenda sináptica, de onde são recaptados para o interior dos neurônios pré-sinápticos por transportadores específicos que podem ser inibidos pelo uso da cocaína. Ademais, a cocaína pode inibir as enzimas COMT e MAO responsáveis pela degradação das catecolaminas. Logo, o uso da cocaína aumenta a concentração e duração desses neurotransmissores na fenda sináptica. Esses efeitos são similares aos das anfetaminas, mas, mais intensos e prolongados. O resultado é uma maior ativação do sistema nervoso simpático, o que deixa a pessoa mais ativa. Resposta pós-sináptica Analisamos a geração de um potencial de ação, a condução do impulso ao longo do neurônio e a sua transmissão à célula seguinte. Continuaremos descrevendo o que ocorre após o neurotransmissor se ligar aos receptores pós-sinápticos. Quando o neurotransmissor se liga aos receptores, o sinal químico que atravessou a fenda sináptica torna-se novamente um sinal elétrico. A ligação produz um potencial graduado na membrana pós- sináptica. Um impulso aferente pode ser tanto excitatório quanto inibitório. Um impulso excitatório produz uma hipopolarização, ou despolaização, conhecida como Potencial Excitatório Pós-Sináptico (PEPS) (figura 18). Um impulso inibitório produz uma hiperpolarização, conhecida como Potencial Inibitório Pós-Sináptico (PIPS) (figura 19). Figura 18. Potencial Excitatório Pós-Sináptico (PEPS). Observe na figura que durante a sinapse excitatória ocorre a abertura de canais de sódio (Na+) na membrana do neurônio pós-sináptico, fazendo com que ocorra influxo de íons Na+ despolarizando o neurônio pós-sináptico. 44 UNIDADE II │ TRANSMISSãO DE SINAIS Figura 19. Potencial Inibitório Pós-Sináptico (PIPS). Observe na figura que durante a sinapse inibitória ocorre a abertura de canais de cloro (Cl-) na membrana do neurônio pós-sináptico, fazendo com que ocorra influxo de íons Cl- hiperpolarizando o neurônio pós-sináptico. A descarga de um único terminal pré-sináptico geralmente altera o potencial pós-sináptico menos do que 1 mV. Obviamente, isso não é suficiente para gerar um potencial de ação, pois é necessário que ocorra uma alteração de, no mínimo, 15 a 20 mV para que o limiar seja atingido. No entanto, quando um neurônio transmite um impulso, vários terminais pré-sinápticos geralmente liberam seus neurotransmissores, de modo que eles podem se difundir até os receptores pós-sinápticos. Além disso, terminais pré-sinápticos de vários axônios podem convergir nos dendritos e corpo celular de um único neurônio. Quando múltiplos terminais pré-sinápticos descarregam ao mesmo tempo ou quando somente alguns disparam numa frequência rápida, mais neurotransmissores são liberados. No caso de um neurotransmissor excitatório,quanto maior for a quantidade que se liga aos receptores, maior será o PEPS. O disparo de um potencial de ação no neurônio pós-sináptico depende de efeitos combinados de todos os impulsos aferentes oriundos desses vários terminais pré-sinápticos. Alguns impulsos são necessários para produzir uma despolarização suficiente para gerar um potencial de ação. Especificamente, a soma de todas as alterações do potencial de membrana deve ser igual ou superior ao limiar. Essa soma dos efeitos de impulsos individuais é denominado somação. Somente quando a soma de todos os potenciais graduados atinge ou ultrapassa o limiar é que ocorre a produção de um potencial de ação. Na figura 20 podemos observar os dois tipos de somação; a somação temporal, quando estímulos sub-limiares são aplicados sucessivamente (menos de 1 milissegundo), variações nos potenciais locais podem somar-se e atingir o limiar, levando à despolarização, e a somação espacial, quando estímulos sub-limiares são aplicados em áreas próximas e simultaneamente, podem somar-se e levar a despolarização. 45 TRANSMISSÃO DE SINAIS │ UNIDADE II Figura 20. (a) Um potencial de ação pré-sináptico desencadeia um pequeno PEPS no neurônio pós-sináptico. (b) Somação espacial de PEPSs: quando dois ou mais sinais de entrada pré-sinápticos são simultâneos, seus PEPSs individuais se somam. (c) Somação temporal de PEPSs: quando a mesma fibra pré-sináptica dispara potenciais de ação em uma rápida sucessão seus PEPSs se somam. O processo de somação é muito importante e tem uma grande relevância para a função muscular. O músculo humano é capaz de gerar uma força considerável, muito maior do que normalmente se observa mesmo nos levantadores de peso ou nos fisiculturistas altamente treinados. Sob circunstâncias extremas e potencialmente letais, como um acidente automobilístico ou aéreo, os indivíduos têm sido capazes de exercer níveis sobre-humanos de força, quebrando ossos e lacerando músculos das inserções dos ossos durante o processo. Em condições normais, os PIPSs atuam protegendo o complexo músculo-tendão-osso. Uma redução dos PIPSs pode ser um fator importante que explica os ganhos rápidos de força que são apresentados após um período curto de treinamento de força. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 46 UNIDADE III NEUROFISIOLOGIA DO CONTROLE MOTOR CAPÍTULO 1 O sistema nervoso central Para compreender como mesmo o estímulo mais básico pode produzir uma atividade muscular, devemos considerar a complexidade do Sistema Nervoso Central (SNC). Vamos agora, voltar nossa atenção aos vários componentes do sistema nervoso e como eles produzem o movimento. Esses componentes estão listados na figura 21. Nesta unidade, estudaremos uma visão geral dos componentes do SNC e analisaremos brevemente as suas funções. Figura 21. Organização funcional do sistema nervoso (SN). O SN pode ser subdividido em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). O encéfalo O encéfalo é composto por várias partes. Para os nossos estudos, nós consideraremos quatro regiões: » Cérebro 47 NEUROFISIOLOGIA DO CONTROLE MOTOR │ UNIDADE III » Diencéfalo » Cerebelo » Tronco cerebral ou tronco encefálico. Essas partes do encéfalo estão ilustradas na figura 22. Figura 22. As quatro principais regiões do encéfalo. Cérebro, diencéfalo, tronco cerebral e cerebelo. O cérebro O cérebro é composto pelos hemisférios cerebrais direito e esquerdo. O hemisfério cerebral direito está conectado ao hemisfério cerebral esquerdo por feixes de fibras (tratos) denominados corpo caloso, o que permite a intercomunicação entre eles. O córtex cerebral forma a porção externa dos hemisférios cerebrais e foi considerado o local da mente e do intelecto. Ela também é denominada substância cinzenta, o que simplesmente reflete a sua cor particular resultante da ausência de mielina sobre os corpos celulares localizados nessa área. O córtex cerebral é o seu cérebro consciente. Ele permite que você pense, perceba estímulos sensoriais e controle voluntariamente os seus movimentos. O cérebro é constituído por cinco lobos – quatro lobos externos e a ínsula central. Seus quatro lobos principais, apresentados na figura 23, possuem as seguintes funções: 48 UNIDADE III │ NEUROFISIOLOGIA DO CONTROLE MOTOR » O lobo frontal: intelecto e controle motor geral. » O lobo temporal: estímulo auditivo e sua interpretação. » O lobo parietal: estímulo sensorial geral e sua interpretação. » O lobo occipital: estímulo visual e sua interpretação. Figura 23. As áreas funcionais do córtex cerebral. Lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. As três áreas do cérebro que são de principal importância em nossa discussão e que discutiremos posteriormente nesta unidade são: 1. O córtex motor primário, no lobo frontal. 2. Os gânglios basais, localizados na substância branca abaixo do córtex cerebral. 3. O córtex sensorial primário, no lobo parietal. O diencéfalo Essa região do encéfalo é composta principalmente pelo tálamo e pelo hipotálamo. No entanto, o epitálamo e o subtálamo também fazem parte do diencéfalo. O tálamo é um importante centro de integração sensorial. Todos os estímulos sensoriais exceto o olfato chegam ao tálamo e são retransmitidos à área apropriada do córtex. O tálamo, em outras palavras, regula quais estímulos sensoriais atingem seu encéfalo consciente e, por essa razão, ele é muito importante no controle motor. Ademais, o tálamo realiza um escalonamento das informações sensoriais que devem atingir seu encéfalo consciente, priorizando e escalonando quais informações sensoriais devem atingir primeiro seu encéfalo consciente. 49 NEUROFISIOLOGIA DO CONTROLE MOTOR │ UNIDADE III O hipotálamo, localizado logo abaixo do tálamo, é responsável pela manutenção da homeostasia por meio da regulação de quase todos os processos que afetam o ambiente interno do organismo. Seus centros neurais regulam: » o sistema nervoso autônomo (e, por meio dele, a pressão arterial, a frequência e a contratilidade cardíaca, a respiração, a digestão etc.); » a temperatura corporal; » o equilíbrio hídrico; » o controle neuroendócrino; » as emoções; » a sede; » a ingestão alimentar e » o ciclo de sono-vigília. Podemos dizer então, que o tálamo é um centro de integração, direcionamento e escalonamento sensorial, enquanto que o hipotálamo é o centro de regulação da homeostasia do ambiente interno do organismo. O cerebelo O cerebelo está localizado atrás do tronco cerebral conectado a várias partes do cérebro e possui um papel fundamental na coordenação do movimento, como veremos posteriormente nesta unidade. O cerebelo é primariamente um centro para o controle do movimento que possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal. Ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo. Lesões cerebelares podem causar grandes perdas na capacidade de coordenação motora, os movimentos ficam descoordenados e imprecisos, uma condição conhecida como ataxia. Apesar de o cerebelo constituir apenas cerca de um décimo do volume total do encéfalo, ele contém mais de 50% do número total de neurônios do sistema nervoso central,
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