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26/09/2021 20:50 O povo brasileiro e a questão dos negros e índios
https://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?191C757E76=484C2C3A2B4BB2F19DC5C07D037D5F6153FE97CC56DDA4EA2425A161840734D69FBBC6320A39EDA57AAD26FC9A8DFFD2FF280B8A67… 1/68
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DEFINIÇÃO
O povo brasileiro; a questão do negro; a questão do índio; o desa�o da diversidade e das relações étnico-raciais.
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26/09/2021 20:50 O povo brasileiro e a questão dos negros e índios
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PROPÓSITO
Compreender a formação social do povo brasileiro diante dos desa�os da diversidade cultural resultante da
convivência entre brancos, negros, índios e miscigenados.
OBJETIVOS
Módulo 1
Reconhecer as in�uências
sociais de brancos, negros e
índios na formação da
sociedade brasileira
Módulo 2
Identi�car a participação do
índio na construção e
desenvolvimento da sociedade
brasileira
Módulo 3
Identi�car a participação do
negro na construção e
desenvolvimento da sociedade
brasileira
Módulo 4
Distinguir criticamente as
relações étnico-raciais no Brasil
INTRODUÇÃO
Este tema propõe apresentar um panorama da formação social brasileira a partir dos estudos históricos e
conceituais sobre a participação de brancos, negros e índios, assim como a diversidade de culturas e de
povos presentes na sociedade brasileira.
Dessa forma, assuntos como a miscigenação entre índios, negros, portugueses e a produção da
identidade cultural resultante da mestiçagem, dão conta de compor a nação brasileira. Além da
contextualização histórico-social, o conteúdo propõe, ainda, uma re�exão atual sobre nossa sociedade.
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26/09/2021 20:50 O povo brasileiro e a questão dos negros e índios
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MÓDULO 1
 Reconhecer as in�uências sociais de brancos, negros e índios
na formação da sociedade brasileira
O POVO BRASILEIRO
Quantas vezes ouvimos alguém dizer:
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26/09/2021 20:50 O povo brasileiro e a questão dos negros e índios
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“O brasileiro é muito simpático, sempre alegre, disposto a ajudar”; “Cordial, festeiro
como ninguém, adora praia, futebol e samba”; “No Brasil, preconceito não há, todas as
raças convivem muito bem, é uma comunhão de cores e classes sociais”. Ou ainda:
“Terra escolhida por Deus, aqui não há desastres naturais e todo mundo convive bem e
feliz”.
Mas será esta a realidade brasileira?
Talvez geogra�camente estejamos livres de alguns acidentes naturais comuns em outros países, porém estamos
longe das características sociais citadas acima que, de certa forma, compõem o imaginário da identidade do povo
brasileiro.
Apesar de todo ano muita gente esperar ansiosamente pelo carnaval, comemorar o Ano Novo na praia e pular a
fogueira no São João, esses eventos são momentos de exceção em nosso dia a dia. Nos outros dias, nem sempre
esta aparente convivência harmônica ocorre entre nossas várias etnias.
É triste, porém mais comum do que se imagina, o exercício sistemático, puro e simples do preconceito,
especialmente com os negros, mulatos e os mais pobres que ocupam as periferias das nossas cidades.
Saiba mais
Em 2009, o site da revista Forbes publicou o ranking das cidades
mais felizes do mundo, de acordo com estudos elaborados pelo GFK
Custom Research North America. Adivinhe quem ocupou o primeiro
lugar? O Rio de Janeiro. Esse mesmo resultado se repetiu em 2013.
O problema quando os estrangeiros passam a nos quali�car dessa
forma e a incluir a festa, a alegria como DNA da nossa identidade, é
que escondemos o que toda organização social possui e que é
salutar até mesmo para a nossa existência: a noção de con�ito.
É muito comum acompanharmos nas postagens em redes sociais que o Brasil é um modelo de democracia racial,
em que negros, brancos, índios e miscigenados convivem paci�camente em nossa sociedade, sobretudo, nas
festas populares. No entanto, basta observarmos as lutas pela terra ou os dados sobre o acesso a bens materiais
e culturais por negros e brancos para constatar que tal ideia é um mito.
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A ideologia da democracia racial, que é uma ideia recente em nossa história, mas que ganhou força em nosso
meio, esconde con�itos desde a época anterior à abolição dos escravos. Como dizia o sociólogo Florestan
Fernandes:
O brasileiro tem o preconceito de não ter preconceito.”
(FERNANDES, 1972 apud ORTIZ, 2005, p. 35)
A a�rmação de Florestan ganha ainda mais importância com a recusa da existência do racismo por parte de um
grupo de pessoas, aí incluindo negros, índios e brancos. São eles que, distantes da maioria dos que vivem em
comunidades e periferias, não se reconhecem e tampouco se identi�cam com as lutas históricas e a riqueza
cultural desses povos. Além da falta de conhecimento histórico, a percepção de mundo não os permite enxergar a
desproporcionalidade que há na diferença entre essas etnias, principalmente no que diz respeito às oportunidades
pro�ssionais.
Vamos estudar neste módulo sobre este país tão rico, tão cheio de peculiaridades com pessoas tão diferentes. O
que faz o Brasil, Brasil? Já se perguntava o Antropólogo Roberto DaMatta, ao tentar entender esta con�uência de
culturas e gentes que povoam nosso território.
As primeiras interpretações vão começar lá no Século XIX, em um contexto de declínio da velha sociedade
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monárquica e aristocrática e da ascensão de uma nova sociedade capitalista, aumento da população urbana, das
classes médias, dos militares e dos burocratas, além dos cafeicultores que ascendiam no oeste paulista. O século
XIX vai ser o início de tudo, pois o positivismo se transformava em uma ideologia a ser seguida e a noção de
nação começava a ser importante. Era preciso de�nir que nação brasileira era essa que estava se formando.
AS MATRIZES CULTURAIS DO BRASIL
O povo branco
 Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500 por Oscar Pereira da Silva.
Os portugueses orientaram parte da nossa sociedade e cultura no início de um tempo em que a denominação
‘brasileiro’ ainda nem podia ser considerada referência de quem aqui vivia.
Por desvio de rota, erro ou acerto, e toda a polêmica que envolve a descoberta do Brasil, — se por Pedro Alvares
Cabral ou pelo seu conterrâneo, o navegador Duarte Pacheco Pereira ou se pelo fato de o Brasil não precisar ser
descoberto, já que os índios pertencentes a várias etnias já habitavam o nosso território, — o fato é que os
portugueses ajudaram a formar a sociedade brasileira e nos deixaram o maior legado: a língua portuguesa.
Inicialmente, o contato dos portugueses com o Brasil limitava-se a expedições para coletas de pau-brasil,
expedição sobre o nosso território, além do transporte de alguns nativos para a corte portuguesa. Até 1530, foram
muitas as tentativas de invasão em nosso território e por isso, o Rei D. João III designava militares para que
vigiassem toda a costa.
A colonização propriamente dita começa a partir de 1534, quando o território brasileiro é dividido em capitanias
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hereditárias doadas a donatários que poderiam explorar e proteger o espaço, além de iniciar o plantio da cana-de-
açúcar.
Com a descoberta por parte dos Bandeirantes, no século XVII, de ouro e diamantes, o Brasil é ampliado e povoado.
As primeiras minas de ouro foram descobertas nas regiões dos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso. E haja organização para a extração das nossas riquezas. A notícia correu rápida e muitos portugueses
vieram tentar a sorte aqui. Cidades começaram a surgir e, com isto, o espaço urbano é remodelado.
Todavia, foi muito tempo depois, em 1808, com a chegada da família real, que as nossas cidades ganham mais
desenvolvimento, visto que a Corte Portuguesa escolhe o Rio de Janeiro para morar.
Saiba mais
Quem nascia no Brasil nessa época era português. Eles se
diferenciavam dos ameríndios e dos escravos que não eram
considerados cidadãos. Só depois da Independência do Brasil é que
foi possível diferenciar brasileiros de portugueses.
Além da língua portuguesa ser falada em todas as regiões do país, a religião católica também foi decorrência do
contato com a cultura portuguesa. Herdamos as tradições das festas religiosas de Portugal com procissões. Vale
ressaltar ainda que a festa mais importante do Brasil, o carnaval, também foi introduzida pelos portugueses.
 A Primeira Missa no Brasil, quadro de Victor Meirelles.
Além de miscigenar o povo brasileiro, os portugueses são responsáveis por muitas referências em nosso
cotidiano. Criança que cresce sem acreditar em cuca e bicho-papão, lobisomem, não pode ser brasileira “de
origem portuguesa”. O mesmo acontece em relação à culinária e a essa mania de adorarmos a feijoada, uma
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releitura dos cozidos portugueses ou mesmo a bacalhoada.
É verdade que os portugueses dominaram, colonizaram e escravizaram os primeiros povos brasileiros — os índios
—, além de se utilizarem da mão de obra escrava dos negros tra�cados da África para manter a economia do Brasil
funcionando, mas é fato que da mistura entre as culturas nos forneceu in�uências positivas sobre nossa
identidade.
O povo índio
 Dança dos Tapuias por Albert Eckhout.
Os mitos pululam a narrativa histórica brasileira desde os tempos de Ilha de Vera Cruz. Até Pedro Álvares Cabral
pressupunha que carregava consigo as lascas da cruz em que Cristo foi cruci�cado. É possível, a partir daí,
imaginar que os primeiros contatos com os nativos brasileiros serviram para contribuir no entendimento do
processo de construção da democracia racial.
Os índios, assim como os negros, foram subjugados desde então e passaram a ser percebidos como incapazes
para o trabalho. Mais do que isto, eles ganharam a alcunha de preguiçosos pela forma como se relacionavam com
a labuta. Para conhecer melhor como se deu este processo, é preciso entendê-lo antes mesmo da chegada dos
portugueses ao Brasil.
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Os índios viviam em tribos, cada um com a própria cultura, crenças e costumes. Independentemente das
diferenças entre eles, os nativos brasileiros mantinham uma relação muito íntima com a natureza. Tudo que lhes
servia para a sobrevivência era extraído dela.
Não havia, portanto, nenhum tipo de comercialização, mais do que isto, todas as atividades desenvolvidas nas
aldeias estavam diretamente relacionadas à manutenção da vida. O que explica, inclusive, a falta de compreensão
sobre as relações baseadas em produção, comercialização e consumo. A mudança aconteceu com a chegada
dos portugueses.
Saiba mais
Enganam-se aqueles que, ludibriados por contos populares,
acreditam em uma relação amistosa entre eles, conduzida pela troca
de espelhos por riquezas. Houve luta durante o processo de
colonização e muitas comunidades foram extintas. Tanto pela luta
armada quanto pelo contágio de doenças trazidas pelos europeus.
 Retrato do Marquês de Pombal.
Os índios foram escravizados e seguiram assim até o decreto de libertação assinado por Marquês de Pombal em
1757. Durante esse período, os nativos brasileiros tiveram seus hábitos transformados e, graças a essas
mudanças, trouxeram para a própria cultura novos valores e práticas. O catolicismo, por exemplo, passou a fazer
parte da vida indígena.
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Desde então, consequência de um doloroso processo de colonização, os povos indígenas sofrem com a falta de
reconhecimento dos próprios direitos. Primitivos e exóticos, o índio ainda é visto pela sociedade de forma
estereotipada, nu, corpo pintado, cocar na cabeça e “não civilizado”. Pior ainda do que esta visão retrógrada é a
di�culdade em aceitá-lo como indivíduo social.
Fica evidente que o estabelecimento da dominação violenta sobre os povos indígenas se contrapôs à própria
construção da identidade brasileira. Esta contraposição desquali�ca o índio como parte de um modelo civilizatório
em decorrência do padrão determinado pelo europeu.
O povo negro
 Danse de la guerre por Johann Moritz Rugendas.
É muito comum ouvirmos o discurso de exaltação a negros bem-sucedidos que se destacam na sociedade. Eles
são propagados como referência e apresentados à população, como o resultado de uma escolha de cunho
pessoal do indivíduo no investimento da própria força de vontade e desejo.
Desconsidera-se, nesse sentido, a estrutura social que não lhes permitem competir em condições igualitárias ou
mesmo, na contramão destes poucos privilegiados, os casos isolados que provêm da miséria.
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De acordo com matéria publicada pela revista Capital Econômico, em
20 de novembro de 2019, o curso de Medicina no Estado do Rio de
Janeiro tem a menor proporção de negros no ensino superior
presencial, com apenas 20,51% dos alunos. As informações são do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira.
Se, por um lado, a presença do negro no ensino superior no Rio de Janeiro aumentou na última década (entre 2010
e 2018), segundo este mesmo estudo — que registrou um salto de 39 mil para 239 mil estudantes em instituições
de ensino superior do estado —, no país, os negros, maioria da população brasileira, representam apenas 35,8%
dos universitários.
Os números podem parecer surpreendentemente alarmantes e reveladores, mas, de fato, eles apenas atestam a
realidade do dia a dia. Basta que, para isto, realize-se, sem muito esforço, um mero exercício de observação e
levante-se alguns questionamentos:
Por quantos médicos negros você já foi atendido?
Quantos dentistas negros você conhece? Engenheiros civis? E de computação?
Quantos advogados ou juízes negros circulam pelos tribunais brasileiros?
Como o último país a abolir a escravidão no Ocidente, tais constatações apenas colocam o Brasil perto das
sociedades campeãs em desigualdade social, praticando um racismo nem mais tão silencioso assim, já que agora
com as redes sociais, as pessoas vão ganhando rostos e os resultados tornam-se mais perversos ainda.
Atenção
A naturalização de frases como: “Isso só pode ser coisa de preto”,
“preto de alma branca”, “você está denegrindo a minha imagem”,
entre outras, corrobora com a perversidadedo racismo à moda
brasileira, que remete o negro ao espaço da indignidade de existência
e a posição de lugar indesejável. Há, dessa forma, a manutenção do
modelo escravocrata de submissão e subordinação.
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MISCIGENAÇÃO E A EXPLICAÇÃO DO BRASIL
No vídeo a seguir o professor vai introduzir o assunto sobre a miscigenação no Brasil.
05:22
E pensar que o território brasileiro de tão rico e diverso deveria passar tão longe de todas essas práticas
excludentes que ainda perduram até hoje.
O país possui regiões que são formadas por grupos sociais bem distintos. Nossa população é formada por
diferentes tipos humanos, originários de várias partes do mundo, e organizados em grupos que diferem entre si,
sendo esta mistura uma das características mais marcantes do povo brasileiro.
Uma rápida observação de uma estação de trem ou metrô de qualquer uma das grandes cidades pode comprovar
isso: são crianças, mulheres, homens, idosos, adolescentes, negros, mulatos, brancos, altos, baixos, com traços
orientais, outros com aparência indiana; pessoas das mais variadas classes sociais. Uma importante diversidade
cultural.
A convivência com a diversidade de pessoas, de ideias e de atuar na vida social contribui em grande escala, por
exemplo, para a eliminação de preconceitos e perseguições de determinados grupos e categorias de pessoas.
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Importantes pesquisadoras no contexto da discussão sobre raça no Brasil, Schwarcz e Starling (2015), mostram
como a mestiçagem se transformou na questão da representação nacional. Parte desta mistura foi o resultado da
compra de africanos, obrigados a residirem no Brasil.
É inegável que a miscigenação gerou uma sociedade de�nida por uniões, ritmos, artes, esportes, escritas, aromas,
culinárias e religiosidades mistas.
Talvez por isso que a alma do Brasil seja crivada de cores”
(SCHWARCZ e STARLING, 2015, p. 15)
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Durante um tempo, a miscigenação se apresentou aos intelectuais da época como um sério dilema: um elemento
fundamental da nação brasileira, mas que estava atrelado aos defeitos transmitidos pela herança biológica. Em
outras palavras, diante de teorias raciais extremamente preconceituosas, que elevavam o branco em relação às
demais raças,
[...]a apatia, a imprevidência, o desequilíbrio moral e intelectual, a
inconsistência seriam dessa forma qualidades naturais do mestiço,
do elemento brasileiro”.
(ORTIZ, 2005, p. 21)
Desde o �m do século XIX e início do século XX existe um movimento por parte dos intelectuais brasileiros para
tentar explicar o que, a�nal de contas, é o Brasil, e quem é o povo brasileiro. Isto se deu porque era importante que
o Brasil tivesse uma identidade e que tivesse a possibilidade de se constituir enquanto um povo, ou seja, uma
nação.
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Naquele momento da nossa história, era importante consolidar a imagem da nação que emergia diante de uma
hegemonia europeia no mundo ocidental. Aos estudiosos brasileiros, cabia a tarefa de explicar o porquê do nosso
“atraso” em relação a esses países e, para isto, o modelo explicativo também era fornecido pelas teorias que se
desenvolviam na Europa. O positivismo de Comte, o darwinismo Social e o evolucionismo de Spencer foram as
teorias que mais in�uenciaram o pensamento brasileiro na época.
Constatado o atraso social, qual seria a solução para colocar o país na rota da civilização?
Foi considerado simples branquear a sociedade brasileira. Mas você deve concordar que clarear uma sociedade
inteira é provavelmente impossível. Ou seja, para se eliminar todos os estigmas das raças inferiores, seguindo a
teoria da evolução social, somente em um futuro muito distante, como também somente nesse futuro poderíamos
ter um Estado Nacional.
A mestiçagem surge ao mesmo tempo como representante de
uma identidade nacional e como um problema a ser resolvido.
O mestiço vive entre duas raças. Ele experimenta as duas, mas sem se identi�car com ambas. O mulato, por
exemplo, nunca foi negro totalmente e nunca será branco. Nos atuais movimentos sociais afrodescendentes, é
preciso que cada pessoa tenha seu lugar de fala, com demandas especí�cas seguindo a a�rmação e as
demandas de sua identidade para que haja um diálogo e melhoria das condições de vida em sociedade.
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Você sabia
No século XIX, até os ventos alísios, aqueles que sopram todo o ano
sobre extensas regiões do globo, foram considerados justi�cativas
para o nosso atraso cultural em relação à Europa. O argumento
“meio” (ambiente) foi encarado como discurso cientí�co durante um
bom tempo. Para saber mais, consulte o livro de Renato Ortiz que
está indicado no �nal da bibliogra�a.
CULTURA E CULTURA NACIONAL
E para começar a discutir sobre esses temas, temos, antes, de dominar o conceito de cultura.
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Podemos de�nir cultura como um conjunto de ideias, valores e costumes transmitidos, trocados por essas
pessoas tão diferentes que vivem em uma sociedade. E como vivemos em uma globalização, as sociedades
diferentes que fazem parte do mundo trocam cultura entre si. Há algo de comum que nos une.
A sociedade brasileira possui uma cultura geral que se relaciona com todos nós brasileiros, indistintamente,
determinada em grande parte pela unicidade do idioma português. Contudo, mantém estreita relação com outras
culturas que se originam de outras regiões. Manifestações culturais como o carnaval ou futebol, ainda hoje, são
expressões imbatíveis da brasilidade reconhecidas internacionalmente.
Vale dizer que cultura diz respeito a uma esfera, a um domínio da vida social. Nesse sentido, é preciso estudá-la
nas suas mais diversas manifestações.
Saiba mais
Cultura é a maneira de como a realidade que se conhece é codi�cada
por uma sociedade. São as palavras, ideias, doutrinas, teorias,
práticas costumeiras e rituais. O estudo da cultura é importante para
compreender o sentido que fazem essas concepções e práticas para
a sociedade que as vive. (SANTOS, 2005)
1822 1901 1920 1930
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Já que falamos em cultura nacional...
Precisamos situar o debate em torno da questão da identidade cultural. Quando falamos em identidade, queremos
saber sobre as características fundamentais que identi�cam uma pessoa, uma comunidade, um país.
A identidade cultural modernaé formada por meio do pertencimento a uma cultura nacional, ela faz alusão à
construção identitária de cada indivíduo em seu contexto cultural.
Em outras palavras, a identidade cultural está relacionada com a forma como vemos o mundo exterior e como nos
posicionamos em relação a ele. Muitas são as transformações que acompanham o ritmo do mundo globalizado.
A distância entre os países diminuiu, a indústria cultural produz em escala planetária e as culturas locais são
submetidas a um intenso bombardeio de outros elementos culturais externos. O indivíduo está sujeito a alterações
radicais — fruto do dinamismo da realidade.
Modismos, padrões de conduta e comportamentos se sucedem com uma rapidez jamais vista. A identidade em
tempos de globalização é maleável, �exível, �uida.
1822 1901 1920 1930
A partir da Independência, em 1822 e, principalmente, a partir da Proclamação da República, em 1889, a ideia de
uma cultura nacional começava a se tornar uma preocupação, uma vez que era preciso criar um Estado nacional
legítimo e reconhecido interna e externamente.
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 Bandeiras das Nações Unidas.
Atenção
A grande questão não é mais se há ou não a capacidade de
mudança. O desa�o agora é garantir que a pessoa possa dar
continuidade à sua história individual, compreendendo como se
desenvolve o processo de (re)construção constante da sua
identidade.
A identidade do povo brasileiro é marcada pela questão da diversidade. Uma diversidade de cores, �sionomias,
tradições e costumes que atestam a riqueza da população que ocupa todo esse território. A identidade de um
povo novo: mestiço, multicultural, alegre e trabalhador.
 VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A ideia de uma cultura nacional começava a se tornar uma preocupação, principalmente
com a Independência, em 1822, e a partir do momento da Proclamação da República, em
1889, uma vez que se fazia necessária a criação de um Estado Nacional legítimo,
reconhecido interna e externamente. Isso porque:
Responder
A ideia de uma cultura nacional nessa época não era debatida como hoje, ou seja, não se
buscava dentro da própria nação o conteúdo de uma cultura nacional para delinear suas
características, para de�nir seus aspectos que a �zessem única.
A)
O positivismo de Comte, o darwinismo social e o evolucionismo de Spencer não permitiam
essa criação do Estado Nacional.
B)
Nessa época, cultura e raça foram afastados e, consequentemente, o negro valorizado.C)
A ideia de uma civilização atrasada não nos atingia.D)     
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2. O Brasil se constituiu sobre o mito da democracia racial. Difundiu-se, a partir daí, o ideal
de miscigenação como mecanismo de absorção do mestiço. Entretanto, este dispositivo
não fora criado para a ascensão social do negro. Pelo contrário. A proposta sempre foi
manter a hegemonia da classe dominante. Sobre esta questão, é correto a�rmar que:
Responder
MÓDULO 2
 Identi�car a participação do índio na construção e
desenvolvimento da sociedade brasileira
UM NOVO MUNDO
A miscigenação serviu para enaltecer o mulato, que não se sentia parte da sociedade
brasileira desde a época da escravidão.
A)
A miscigenação possibilitou o desenvolvimento dos atuais movimentos afro-brasileiros que
reivindicam suas identidades e lugares de fala especí�cos.
B)
A miscigenação, apesar de ser vista como fundamental para se constituir a identidade
brasileira, tinha de lidar com os problemas impostos pelas teorias raciais que dominavam o
mundo no século XIX e que colocavam o negro em posição inferior.
C)
A miscigenação atingiu o objetivo de embranquecer a sociedade brasileira, eliminando todos
os problemas transmitidos pela herança biológica dos negros.
D)
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Imagine-se desembarcando de um navio em um mundo inteiramente novo. Um lugar cheio de mata, totalmente
ausente dos mapas e do conhecimento dos europeus, repleto de animais e plantas desconhecidas da maioria e
povoado por homens com aparências estranhas, que andavam nus, não conheciam o deus cristão e falavam uma
língua ininteligível.
Poderia ter sido uma experiência muito rica do ponto de vista da
diversidade cultural para os viajantes do século XVI, mas infelizmente
não foi.
Os antropólogos (pesquisadores que estudam os diferentes povos e as diferentes culturas) sabem que o
estranhamento diante de algo que se nunca viu é normal, a�nal de contas há uma tendência em considerar o que
se vive, o que se come, o tipo de roupa que se veste, a sua religião e crenças como corretas e universais. O que
escapa disso não seria o certo. Porém, a diversidade está exatamente no contrário, ela está nesse outro diferente
que pode contribuir com muito conhecimento para nossas vidas.
 Família de chefe camacã se preparando para um festejo, Jean-Baptiste Debret.
Não foi o que aconteceu com os nativos que viviam aqui no Brasil na época de 1500. A colonização portuguesa
levou à exploração do trabalho indígena e foi responsável pela morte de milhares de nativos. A história foi
testemunha do massacre dos povos indígenas ocasionado pelos colonizadores através do trabalho compulsório,
guerras, doenças e genocídio. Tratou-se de um projeto político e civilizatório de dominação total do povo indígena.
É preciso deixar registrado, no entanto, que por parte dos índios, os aventureiros que chegavam foram percebidos
como deuses, como o sol, por exemplo, que vinham milagrosamente pelo mar. A princípio, foi um espanto, mas
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eles acreditaram que poderiam conviver. Mais tarde, porém, eles iriam perceber que essa visão idílica iria se
dissipar.
Os índios foram submetidos à negação de todos os seus valores, ao cativeiro, à subtração de suas terras, à
violência contra as índias, à destruição e à subserviência, mas o pior consistia na pregação missionária que cai
como uma bomba e culpa os índios de sua vida, antes, natural. Agora, tudo passa a ser pecado diante dos olhos
de um deus do qual eles nem sequer tinham ouvido falar, mas precisavam expurgar o pecado de ser quem eles
eram.
O antropólogo Darcy Ribeiro publicou um livro muito interessante que seria a sua obra capital, a interpretação
sobre a nação e a cultura brasileiras, intitulada: O Povo Brasileiro. De acordo com esse estudo, os grupos indígenas
encontrados no litoral pelos portugueses eram principalmente da tribo tupi e guarani.
Esses índios, habitantes há séculos antes dos portugueses chegarem, viviam da plantação de mandioca, do milho,
da batata-doce, do feijão, do amendoim, do tabaco, algodão, a pimenta, o abacaxi, o mamão, a erva-mate e muitas
outras coisas. Nesse sentido, Ribeiro (2006) nos conta que os índios abriam grandes roçados na mata, derrubando
árvores e limpando os terrenos com queimadas.
 Uma das mais antigas representações europeias dos indígenas brasileiros, incluída no Atlas Miller, de 1519.
A agricultura lhes assegurava seu sustento. Neste sentido, eles possuíam uma organização social capaz de
mantê-los nos aldeamentos e não apenas viver dependentes da natureza, mudando de lugar o tempo todo.
Saiba mais
Além dos Tupi-guarani, muitos outrospovos indígenas tiveram papel
importante na formação do povo brasileiro. É o caso dos Bororó, dos
Xavante, dos Kayapó, dos Kaingang, dos Tapuia, dos Aimoré, Carijó,
Tamoio e muitas outras etnias espalhadas pelo Brasil. O país era
deles.
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Não pensem que os índios se renderam facilmente. Muitas guerras foram travadas. Por meio da leitura de Ribeiro
(2006), �camos sabendo que os tamoio venceram diversas batalhas com os europeus, apoderaram-se, inclusive,
da Capitania do Espírito Santo e quase tomaram a de São Paulo. Muitos índios morreram, mas outros resistiram
até a consolidação da conquista portuguesa.
A ANTROPOFAGIA
Os portugueses, quando chegaram em terras brasileiras, ouviram muitas histórias sobre os índios; a questão da
antropofagia, era uma delas. Os portugueses se reuniam em tabernas e depois de muito beberem contavam e
ouviam histórias sobre os nativos tupinambá que comiam uns aos outros.
Mais uma vez, Darcy Ribeiro é quem nos esclarece se isso foi verdade ou mito que se originou do encontro de
culturas:
Algumas etnias indígenas praticavam a antropofagia porque os prisioneiros capturados constituíam de mais
bocas a serem alimentadas e sem serventia posterior na aldeia, já que eram inimigos e de outras matrizes étnicas.
Além disso, o antropólogo nos explica que os rituais antropofágicos eram importantes dentro das aldeias porque,
de certa forma, eles davam um �m honroso ao inimigo capturado.
Hans Staden, um aventureiro mercenário alemão, que no Brasil, ao participar de combates entre os europeus e
indígenas, foi capturado e levado por três vezes a cerimonias de antropofagia entre os tupinambá, para ser
devorado, mas os nativos se recusaram a comê-lo, porque chorava e se sujava, pedindo clemência. Os índios não
comiam covardes.
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 Ilustração mostrando Hans Staden (de barba, ao fundo) observando os índios tupinambá praticando antropofagia, em uma aldeia situada entre
Bertioga e Rio de Janeiro.
Saiba mais
A história vai mostrar que a civilização será implacável com o povo
indígena. Os brancos trouxeram as doenças como a tuberculose, a
coqueluche, o sarampo, inicialmente e, logo em seguida, a dizimação
pelas guerras de extermínio e escravização. Os índios se defenderam
da invasão europeia como puderam. Muitos se embrenharam pelas
matas que muito bem conheciam, a �m de fugir da submissão ao
branco.
 Árvores de pau-brasil.
Os portugueses mandaram para a Metrópole, além de papagaios e macacos, uma madeira de tingir, conhecida no
Oriente como uma especiaria. Batizada pelos povos tupi como ibirapitanga, a madeira se transformou em um
grande negócio. Assim, renomeada posteriormente pelos portugueses de pau-brasil, a árvore, que alcançava 15
metros e que, de seu interior, era extraída uma resina avermelhada, foi inteiramente dizimada de nossas terras por
meio do escambo e a partir do trabalho da população nativa.
A Coroa portuguesa logo declarou exploração de monopólio real, e todos tiveram de pagar impostos se quisessem
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explorá-lo economicamente. Um pouco depois, os índios passaram a ser explorados e mandados para várias
partes da Europa para serem exibidos em feiras como animais exóticos, muitos �caram pelo meio do caminho por
não suportarem as viagens longas e insalubres. Quem conseguiu chegar, vivia de forma sub-humana, aviltados,
humilhados apenas por serem pessoas diferentes.
Atenção
Com a chegada do açúcar ao Brasil, em 1532, e um pouco depois
com a implantação das Capitanias Hereditárias, 1534, por parte de D.
João VI, o relacionamento entre brancos e índios piorou ainda mais.
Muitos ataques indígenas e tentativas de trabalho forçado por parte dos nativos que já tinham sido colonizados
para os engenhos dão a tônica do momento, mas a Igreja vai �rmar uma briga com os colonos, no sentido de
protegê-los do trabalho escravo, já que, politicamente, eles eram mais úteis nas igrejas como novos cristãos da fé
católica.
Apesar disso, a proibição de escravizar os nativos, decretada pelo ato de 1757 (o "Diretório dos Índios") raramente
foi respeitada, e, além disso, o tipo de cativeiro imposto nestas terras foi se modi�cando.
Ao destituir povos inteiros de seus valores, de suas línguas, de suas
tradições, os missionários haviam gerado outro povo, que ainda
dependia dos seus saberes ancestrais para sobreviver na �oresta,
mas já não sabia mais levar a vida tribal”.
(RIBEIRO, 1995)
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
INDÍGENA NO BRASIL
Houve um momento da história em que o índio foi considerado como alguém importante para a construção da
identidade no Brasil. Mas isso aconteceu muito tempo depois do início con�ituoso entre brancos, índios e negros.
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No vídeo a seguir o professor falará mais detalhadamente sobre essa questão. Assista:
06:04
As primeiras grandes interpretações genuinamente nacionais sobre nosso povo, nossa cultura e nossa realidade
vão aparecer somente no século XIX, com o surgimento da chamada geração modernista. Antes, porém, houve
uma tentativa por meio da literatura com o Indianismo, em 1836.
O Indianismo pode ser considerado uma adaptação do movimento romântico europeu à ideologia de a�rmação
nacional que ganhava corpo em nossa sociedade e que precisou buscar nossos próprios personagens e não mais
na Europa, os sujeitos da nossa própria história. Dessa forma, o índio foi considerado um símbolo, um herói
nacional. Mas isso só aconteceu porque, no momento, celebrar o índio já não era mais perigoso para a ordem
vigente.
Primeiro, porque ele Segundo, porque o
Além disso, a ideia de
que o índio, por seu
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já estava quase
totalmente extinto
nos centros
civilizados do litoral.
Ele não seria
confrontado.

sistema produtivo
estava calcado no
negro, não no índio.
De certo que não se
poderia enaltecer o
negro.

espírito livre e por sua
coragem, não
aceitara a escravidão
no passado, deixou o
campo livre para o
mito da docilidade do
negro, visto como
conformado e até
feliz em sua condição
de escravo. (LOPEZ,
1995)
Dessa maneira, o Indianismo permitiu difundir uma imagem positiva do homem brasileiro – homem que na
origem, fora livre e até lutara pela sua liberdade contra o português.
A literatura indianista brasileira teve dois nomes importantes: Gonçalves Dias e José de Alencar.
 Retrato de Gonçalves Dias.
Gonçalves Dias fez do índio um
herói.
 Retrato de José de Alencar.
José de Alencar preferiu mostrar o
mundo natural e rústico do nativo,
do bandeirante, do gaúcho, do
sertanejo.
Assim, o índio passou a ser visto como símbolo da pureza e da
inocência. Isso foi usado pelos teóricos que estudavam o Brasil e
que buscavam um rosto para ele, uma identidade. O índio virou
herói nacional.
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Mas os nativos deixaram suas pegadas culturais por onde passaram, e hoje, muito do que consumimos, vestimos,
utilizamos como artesanato amplamente difundido e reconhecido como arte aqui dentro e no exterior, compõe a
identidade da nossa sociedade.
O contato com a natureza, a alimentação baseada no consumo de frutas, legumes, verduras, raízes, caules, peixes
são legados dessa população tão importante para o nosso país.
Frutos como o caju e o açaí eram comuns na alimentação de povos do Norte e Nordeste brasileiros. O guaraná é
uma bebida tipicamente brasileira, conhecida mundialmente e utilizada comumente para as atividades diárias dos
indígenas, além de ser considerado um forti�cante para os guerreiros.
A mandioca era a principal fonte de carboidrato da refeição dos índios. Uma forma de estocar a mandioca para
uma posterior utilização se transformou na tapioca e na farinha de mandioca, amplamente consumida por todos
nós.
As in�uências indígenas ajudaram a constituir a identidade do nosso povo, em especial na música brasileira, na
culinária, nas festas populares, no artesanato e na língua, mesmo com a quase extinção de sua população desde a
chegada dos europeus em 1500.
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Podemos concluir que a civilização transformou o índio em caboclo, resultado de um processo histórico marcado
pela violência física, cultural, religiosa e econômica. O caboclo, de raízes indígenas, possui um modo de vida
híbrido, cujos costumes das sociedades tribais ainda permanecem vigentes, embora adaptados à economia
capitalista.
Saiba mais
O termo caboclo, importante na designação das etnias e da
identidade do nosso povo, refere-se ao desenvolvimento de um
processo histórico especí�co, que se iniciou durante a colonização na
Amazônia e que se estende até hoje.
De acordo com Almeida (2010), os povos indígenas não desapareceram, mas se multiplicaram, conforme
podemos acompanhar nos últimos censos. A partir de movimentos sociais característicos, reivindicando suas
identidades, ocuparam lugares especí�cos na sociedade, sobretudo na política.
O processo de aculturação que os índios sofreram desde 1500 continuou, mas eles �zeram valer suas
especi�cidades, reforçando as diferenças étnicas de cada povo. Eles foram reconhecidos como povos de direito
adquirido com a Constituição de 1988. Apesar de muito ainda precisar ser feito, um acontecimento legal e
histórico marcou a trajetória de luta e reconhecimento do povo indígena.
Saiba mais
Em dezembro de 2008, cinco povos indígenas (Macuxi, Wapixana,
Ingaricó, Patamona e Taurepang), há 30 anos em disputa pela
demarcação de suas terras nessa reserva, tiveram seus direitos
defendidos pela advogada indígena Joênia Batista de Carvalho, índia
wapixana. Joênia foi a primeira indígena a defender uma causa no
Supremo Tribunal Federal. (ALMEIDA, 2010.)
OS ÍNDIOS NO BRASIL DE HOJE
Atualmente, existem 896,9 mil indígenas em todo o território nacional, segundo o Censo 2010, do Instituto
Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE).
Entre as regiões do Brasil, a maior parte está concentrada na região Norte, com 342,8 mil indígenas, e a menor no
Sul, com 78,8 mil.
Entre as principais etnias indígenas brasileiras na atualidade estão:
Passe o mouse em cada fatia do grá�co.
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Ticuna Guarani Kaingang
Macuxi Terena Guajajara
Xavante Ianomâmi Pataxó
Potiguara
Os índios estão mais do que nunca vivos: para não deixar morrer uma memória histórica e para resgatar e dar
continuidade aos seus projetos coletivos de vida, orientados pelos conhecimentos e pelos valores herdados dos
seus ancestrais, expressos e vividos por meio de rituais e crenças. São projetos de vida de povos que resistiram a
toda essa história de opressão e repressão.
Viver a memória dos ancestrais signi�ca projetar o futuro a partir
das riquezas, dos valores, dos conhecimentos e das experiências do
passado e do presente, para garantir uma vida melhor e mais
abundante para todos os povos”.
(LUCIANO, 2006)
Cada vez mais presentes em setores importantes da sociedade, o povo indígena entrega advogados, professores,
historiadores, médicos e roteiristas capazes de representar seus povos e garantir que seus direitos sejam
preservados.
Os povos indígenas não são sociedades arcaicas, mas representam uma parcela signi�cativa da população
brasileira e que por sua diversidade cultural, territórios e conhecimentos, ajudaram a constituir nossa nação.
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Ao participar ativamente da vida social e política do Brasil, o
índio conseguiu recuperar a sua autoestima e ter um lugar de fala
na sociedade.
Dessa forma, foi sendo recobrada a identidade étnica, como uma realização individual e coletiva, mas também
como cidadania reconhecida pela sociedade e pelo Estado. A questão indígena passou a ter uma maior
visibilidade e relevância na vida nacional e ganhou autonomia e liberdade para que se decida como viver com sua
prática cotidiana.
Luciano (2006) nos mostra que os índios aldeados vivem dos recursos oferecidos pela natureza, enquanto os
índios que moram em centros urbanos vivem geralmente de prestações de serviços e como mão de obra do
mercado de trabalho. Da presença desses dois grupos distintos, podemos concluir que os índios que ainda se
encontram distantes em suas aldeias reforçam a valorização de seus conhecimentos tradicionais, das religiões
ancestrais, do processo de consumo e distribuição de bens, enquanto os índios presentes nas grandes cidades já
estão imersos nos processos contemporâneos do mundo do trabalho, apostando na quali�cação pro�ssional e na
imersão do mercado. O que seus representantes pleiteiam, no entanto, é o desenvolvimento de projetos sociais
que abarquem as duas realidades propostas.
Muito ainda precisa ser feito para que a identidade indígena seja plenamente reconhecida e com isso ele se torne
um sujeito de direito como expresso na Constituição Cidadã. O indígena ainda é visto como um obstáculo ao
governo federal, latifundiários, grileiros, fazendeiros e empresários. Esses indivíduos veem no índio a imagem de
um homem sem interesses e sem direitos, como se ele não existisse.
Fundação Nacional do Índio
A FUNAI (Fundação Nacional do Índio) foi criada com o objetivo de intensi�car a proteção de direitos e respeito
aos interesses dos povos indígenas, buscando garantir as especi�cidades de suas várias etnias presentes no
território brasileiro. Garantir o respeito à cultura indígena é uma obrigação, contudo, é preciso mais ainda fazer
valer a demarcação das terras indígenas, o usufruto exclusivo dos recursos naturais e a preservação do equilíbrio
biológico do índio no seu contato com a sociedade.
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 Indígenas brasileiros.
Saiba mais
Na pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19) que assolou o mundo
em 2020, os índios mais distantes acabaram sendo afetados. Apesar
da tentativa de mapear a evolução do vírus, os números não
conseguiramdar conta da totalidade. Os índios que vivem fora das
terras homologadas não entraram na contagem. De acordo com a
Apib (Articulação dos Povos Indígenas no Brasil), em 14/06/2020
eram 20.947 casos con�rmados com 283 mortos con�rmados e 96
povos afetados. São os brancos que depois de séculos continuam
adoecendo os índios.
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“Toda essa destruição não é nossa marca, é a pegada dos brancos, o rastro de vocês
na terra.” (Davi Kopenawa Yanomani).
Um ganho imenso para os direitos dos povos indígenas é o fato de o Estado brasileiro, a partir da Constituição da
República Federativa do Brasil, de 1988, também considerada Constituição Cidadã, criar normas, a �m de proteger
os direitos e interesses dos povos indígenas.
Os direitos constitucionais dos índios encontram-se de�nidos mais especi�camente no título VII, Da Ordem Social,
dividido em oito capítulos, sendo um deles o Dos Índios, destacando-se os artigos 231 e 232, além de outros
dispositivos dispersos ao longo do texto e de um artigo do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
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Atenção
A Constituição foi importante por ter reconhecido a capacidade civil
dos índios. Vale lembrar que os recursos hídricos e riquezas minerais
do solo pertencem à União (Art.176). Mas aos índios é assegurada
participação na exploração.
Especi�camente em relação ao garimpo, a Constituição prevê que os dispositivos em seu texto não se aplicam às
terras indígenas (Art. 231, § 7°), proibindo, sob qualquer hipótese, que a atividade seja realizada por não índios
nessas terras. O problema está em fazer valer essa lei.
Outra questão que veio somar à inclusão dos direitos e reconhecimento das terras indígenas foi a Lei nº 11.645, de
2008, que tornou obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos ensinos fundamental e
médio de escolas públicas e privadas, para ressaltar a importância dessas culturas na formação da sociedade
brasileira.
Discutir tais assuntos no espaço escolar é importante, pois insere a história e cultura africana, afro-brasileira e
indígena na formação de crianças e jovens brasileiros. A lei foi importante por reconhecer negros e índios como
sujeitos históricos e relevantes na formação da sociedade brasileira.
 VERIFICANDO O APRENDIZADO
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 VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. “São esses canibais que conhecerão com Montaigne uma consagração duradoura.
Tornam-se a má-consciência da civilização, seus juízes morais, a prova de que existe uma
sociedade igualitária, fraterna, em que o Meu não se distingue do Teu, ignorante do lucro e
do entesouramento, em suma, a da Idade de Ouro. Suas guerras incessantes, não movidas
pelo lucro ou pela conquista territorial, são nobres e generosas.”. (CUNHA, Manuela
Carneiro da. Imagens de índios do Brasil: o século XVI. Estud. av., São Paulo, v. 4, n. 10,
dez. 1990, p. 100.) 
O trecho acima mostra o impacto provocado por certos índios canibais brasileiros sobre
os europeus no século XVI e, em especial, sobre o pensador francês Michel de Montaigne.
Os índios canibais de que Montaigne teve notícia à época eram:
Responder
2. (MAKENZIE) Enquanto os portugueses escutavam a missa com muito “prazer e
devoção”, a praia encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a complexidade
do ritual que observavam de longe. Quando D. Henrique acabou a pregação, os indígenas
se ergueram e começaram a soprar conchas e buzinas, saltando e dançando (...)"(Eduardo
Bueno) Este contato amistoso entre brancos e índios foi preservado:
Responder
Os índios da tribo tupinambá.A)
Os índios do Alto do Xingu.B)
Os índios tupi-guarani, do litoral paulista.C)
Os índios da fronteira entre Brasil e Bolívia.D)
Pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena no discurso da catequese.A)
Até o Início da colonização, quando o índio, vitimado por doenças, escravidão e extermínio,
passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal.
B)
Pelos colonos, que escravizam somente o africano na atividade produtiva de exportação.C)
Em todos os períodos da História Colonial Brasileira, passando a �gura do índio para o
imaginário social como o “bom selvagem e forte colaborador da colonização”.
D)
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MÓDULO 3
 Identi�car a participação do negro na construção e
desenvolvimento da sociedade brasileira
ASPECTOS HISTÓRICOS DA PARTICIPAÇÃO DOS NEGROS NA
SOCIEDADE BRASILEIRA
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Era bom saber que a alegria que trouxe à cidade a Lei da abolição de 1881, foi geral
pelo país. Havia de ser, porque já tinha entrado na convivência de todos a sua (da
escravidão) injustiça originária. Quando eu fui para o colégio, um colégio público, à rua
do Rezende, a alegria entre a criançada era grande. Nós não sabíamos o alcance da lei,
mas a alegria ambiente nos tinha tomado. A professora, D. Tereza Pimentel do Amaral,
uma senhora muito inteligente, creio que nos explicou a signi�cação da coisa; mas
com aquele feitio mental de crianças, só uma coisa me �cou: livre! Livre! Julgava que
podíamos fazer tudo o que quiséssemos; que dali em diante não havia mais limitação
aos progressistas da nossa fantasia. Mas como estamos ainda longe disso! Como
ainda não enleamos nas teias dos preceitos, das regras e das leis! [...] São boas essas
recordações; elas têm um perfume de saudade e fazem com que sintamos a
eternidade do tempo. O tempo in�exível, o tempo que, como o moço é irmão da Morte,
vai matando aspirações, tirando perempções, trazendo desalento, e só nos deixa na
alma essa saudade do passado, às vezes composto de fúteis acontecimentos, mas
que é bom sempre relembrar. (BARRETO, Lima. O Traidor apud SCHWARZ E STARLING,
2015, p. 21)
As palavras de Lima Barreto soam atuais apesar de terem sido proferidas no século passado. Ele foi um jornalista,
ensaísta, cronista da cidade do Rio de Janeiro e um dos poucos escritores brasileiros a se de�nir como negro. A
partir desse relato, que mais se parece com um desabafo, é possível perceber que, infelizmente, o preconceito e a
exclusão de negros, como podemos visualizar a partir do racismo, é uma realidade no nosso país.
Desde a Abolição da Escravatura, em 1888, os negros ainda não puderam comemorar sua real e legítima
“liberdade”, pois precisam antes de tudo se tornarem visíveis na sociedade.
Historicamente, o negro teve uma participação marcante no desenvolvimento de nosso país, apesar de, para a
população negra, o sofrimento com a escravidão ter sido imenso e marcar gerações e gerações até hoje.
O que os estudos sobre negros, hoje, reivindicam é que eles não foram apenas escravos (aqueles que aceitam a
condição de submissão), mas foram escravizados (aqueles que foram obrigados a estar na condição de
submissão). Assim, é preciso enxergar o negro na história como um agente e não mais um personagempassivo,
que aceitou a submissão sem lutar.
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Muito tempo se passou desde que Lima Barreto fez esse comentário e se ainda a maioria do povo negro não pode
comemorar sua liberdade, respeito, identidade e cultura, é certo que vários movimentos afro-brasileiros colocaram
essas demandas e outras mais no debate social, mas para que possamos entender o contexto da atual situação
dos negros no Brasil, vamos retornar ao passado e perceber como tudo começou.
A CHEGADA DO NEGRO NO BRASIL
 Navio negreiro.
Quando os portugueses se estabeleceram no Brasil Colonial, eles perceberam a necessidade de pessoas que
pudessem trabalhar nas grandes fazendas produtoras de cana-de-açúcar. Tudo girava em torno desta
monocultura.
Os índios, considerados povos do Novo Mundo, por apresentarem costumes diferentes, línguas diferentes, deuses
diferentes, andarem nus ou seminus, não se deram muito bem nesse “encontro de culturas”. Historiadores
mostram que uma população estimada na base de milhões, em 1500, foi quase totalmente dizimada em função
dessas características apontadas. Os que sobraram se mostraram importantes para o estabelecimento da Igreja
no mundo recém-descoberto.
A tentativa de transformar os índios em trabalhadores braçais na era do pau-brasil não havia dado certo. Na era do
açúcar, a situação se repetiria. Os jesuítas desestimulavam o uso dessa mão de obra. As justi�cativas para afastá-
los dos engenhos passavam pela rebeldia, indolência e pelo fato de não se �xarem na terra.
Havia uma vontade imensa por parte dos religiosos em demonstrar que eles eram pouco afeitos ao trabalho. Os
indígenas eram vistos como novos adeptos, �éis nas mãos da Igreja cristã, que nesse contexto cuidava da
catequese.     
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 Índios em uma fazenda. Ilustração de Johann Moritz Rugendas.
Para que os engenhos funcionassem a pleno vapor, os portugueses buscaram os negros africanos, que nesse
momento estavam sendo tra�cados da África para essas novas terras.
O comércio dos negros era altamente lucrativo para a Coroa portuguesa. Os primeiros africanos chegaram no
Brasil por volta de 1554. Tal prática atravessou séculos e forçou gerações de negros a saírem de seus locais de
origem e se transformarem em mão de obra escrava.
Se os jesuítas, de certo modo, ajudaram os índios a se manterem longe dos trabalhos forçados, eles justi�caram,
por outro, a experiência escravocrata, por meio de “um castigo divino” capaz de aproximar os negros do
cristianismo.
Assim, a escravidão africana e a produção do açúcar se tornaram indissociáveis. Os nobres não trabalhavam,
apenas viviam de renda, enquanto os escravos, separados por sua cor, estavam associados aos trabalhos
manuais e, por isso, considerados inferiores. Na arquitetura da cana, os engenhos se destacavam.
A casa-grande, onde os senhores de terras donos dos engenhos e dos escravos viviam eram luxuosas.
Saiba mais
Algumas novelas de época como Escrava Isaura (1976), Sinhá Moça
(1986) e Novo Mundo (2017) mostraram o luxo que era viver nesses
solares erguidos em pontos mais altos do engenho para que tudo
pudesse ser visto e controlado. Eles continham numerosos quartos
que abrigavam a família e os agregados, sala de visitas e de jantar,
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quarto de oratório, escritório, copa e cozinha. Era muito comum,
ainda, uma capela bem ornamentada, inteiramente branca para
serem realizados batizados, casamentos e enterros.
Mas não há casa-grande sem senzala. Ter muitos escravos signi�cava um sinal de status para os senhores de
engenho, que não mediam esforços para adquiri-los, assim que os navios negreiros aportavam. Nas senzalas dos
engenhos, os escravos eram alojados coletivamente.
Neles residiam dezenas, centenas de escravos que se amontoavam exaustos, cansados da lide de muitas horas,
na maioria das vezes mal alimentados, presos a ferros que feriam seus corpos, e sem higiene nenhuma. As
senzalas eram trancadas à noite pelos feitores para que não escapassem. O repouso era breve. Historiadores
mostram que as senzalas eram construídas com barro e telhado de sapé, sem janelas, escuras e sem ar.
 Habitação de Negros - Ilustração de Johann Moritz Rugendas.
Nesse momento da nossa história, a diversidade cultural, composta de negros vindos de diversas partes da África,
portugueses, holandeses e índios, era considerada não como algo bom, mas para servir de hierarquia e excluir.
Assim, as culturas eram reconhecidas e classi�cadas a partir da cor, que se transformou em um poderoso
marcador social.
Por isso, é muito comum encontrarmos nos livros de História as classi�cações pela cor, tais como:
Mestiços
Provenientes das uniões
entre escravos e
senhores
Cabras
Mistura do índio com o
negro
Morenos
Palavra que vem de
“mouro”, mas que tinha
um grande apelo à pele
escura
Pardos
Até hoje existe no Censo
brasileiro
À hierarquia das cores se juntava o desprezo pela população escravizada. Vendidos como objetos, maltratados
pelos seus senhores, vivendo em condições desumanas, apanhando e morrendo com uma incrível facilidade, já
que eram facilmente substituídos no lucrativo negócio do trá�co humano, aos escravos não restava nada mais do
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que sobreviver, sendo esta também a sua resistência.
Os escravos, apesar de toda essa subjugação e violência, não aceitavam a escravidão de forma passiva. Os relatos
de negros que fugiam, matavam seus donos brancos, refugiando-se em lugares que os senhores com seus
capatazes e capitães do mato não chegavam, nos mostram que os negros resistiram e lutaram muito para
reconquistar suas liberdades. Como até hoje isso acontece.
A RESISTÊNCIA QUILOMBOLA
O negro foi escravizado sim, mas não se curvou. As lutas contra a dominação e a resistência geraram muitas
vozes que foram se erguendo. A injustiça e a incompreensão formaram homens e guerreiros capazes de lutar
contra tudo de indigno que havia na escravidão e recuperar a liberdade.
De acordo com Furtado, Sucupira e Alves (2014), as manifestações da luta e resistência dos negros foram os
quilombos. Vários negros que se insubordinavam e se rebelavam contra a escravidão, organizaram-se em lugares
distantes e de difícil acesso, a �m de resistirem contra a opressão dos senhores brancos.
Os quilombos eram o refúgio desses negros, que podiam manter viva a sua cultura. Zumbi, juntamente a outros
representantes da coletividade negra, durante o período escravista brasileiro, empenharam-se na luta contra a
opressão do sistema que impunha o trabalho compulsório aos africanos e seus descendentes.
A Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, conseguiu proibir formalmente a escravidão, mas, “não conseguiu garantir o
acesso de negros e negras a direitos ou ao �m da segregação desses sujeitos na sociedade”, como nos
mostraram Furtado, Sucupira e Alves (2014). Sem ter para onde ir, onde se �xarem, sem uma renda para se
manterem, restava a muitos negros �carem nas periferias urbanas ou refugiarem-se nas comunidades
quilombolas.
A crueldade não se resume à violência física ou ainda ao linchamento moral a que foram submetidos. A privaçãoda identidade do povo, combatida com o derramamento de sangue, foi e continua sendo a maior das agressões.
De acordo com um levantamento realizado pela Fundação Cultural Palmares, são 3.524 grupos de quilombolas
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remanescentes.
Destes, apenas 154 foram titulados, ou seja, encontram-se em fase �nal de reconhecimento e proteção de
quilombolas no Brasil. Ainda segundo a Época, os dados da Coordenação Nacional de Articulação das
Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), mostram que outros 1.700 grupos aguardam a conclusão dos
estudos e a emissão de laudos que atestam a conquista do título.
As comunidades remanescentes são agrupamentos semelhantes aos espaços formados por netos e bisnetos de
escravos. E se na época, os inimigos vinham da casa-grande, eram escravocratas ou caçadores de mão de obra
negra, hoje, a perseguição vem de grandes corporações da construção civil que, interessadas nesses espaços,
esbarram na proteção legal de�nida no Decreto 4887/2003.
A realidade violenta segue atual e muitos são os casos de episódios que descambam para violência em uma
escalada de atrocidades marcadas por ameaças, agressões e homicídios. Para se ter ideia do tamanho da disputa,
o ano de 2017 foi considerado o período mais violento da última década com 113 ocorrências.
Saiba mais
De acordo com os índices da Conaq, entre o início de 2008 e o �m de
2017 registram-se 32 homens e 6 mulheres quilombolas
assassinados. A Bahia e o Pará lideram estes números seguidos por
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Piauí. As marcas da violência são
ainda mais estarrecedoras se observadas as formas usadas para
ceifar vidas.
Em 68,4% dos casos foram usadas armas de fogo. Em 13,2%, objetos
perfurocortantes. 66% das mulheres quilombolas foram
assassinadas com o uso de arma branca ou foram torturadas antes
de chegar a óbito.
Tratores, escavadeiras seguem derrubando árvores e abrindo valas para drenar os córregos. É comum, ainda,
homens armados serem vistos circulando pelos territórios. Um dos casos mais emblemáticos destes con�itos e
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de grande repercussão aconteceu no Quilombo de Santa Justina, no dia 21 de julho de 2016.
Simone, em trabalho de parto, não recebeu a assistência médica correta por causa dos seguranças que impediram
a chegada da ambulância ao local. Ela precisou caminhar até o veículo e seguiu para o hospital onde enfrentou
mais di�culdades. Depois de muita luta, ela conseguiu dar à luz. A criança nasceu com complicações, mas
conseguiu se recuperar. O caso é reincidente. Simone perdeu uma �lha porque foi impedida de instalar luz na
própria residência. A menina necessitava de um medicamento que precisava ser armazenado na geladeira. Sem
autorização, a criança foi impossibilitada de seguir o tratamento.
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
NEGRA NO BRASIL
No vídeo a seguir o professor falará mais detalhadamente sobre as bases da construção da identidade negra no
Brasil. Assista:
06:43
Capoeira
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“Paranauê, paranauê, Paraná. Paranauê, paranauê, Paraná”. Abre a roda e entra na ginga. A associação é imediata e
automaticamente vem à memória o som do berimbau. A musicalidade contagia. Com ela também imaginamos
um grupo de pessoas reunido em um círculo. Elas desenvolvem uma série de movimentos ritmados que se
confundem entre dança e arte marcial.
Mesmo relacionada a um contexto histórico marcado pelo sofrimento durante o período da escravidão, a capoeira
sobreviveu às perseguições e transformou-se ao longo do tempo em um símbolo nacional que representa a luta de
resistência. Trazida pelos escravos e descendentes de escravos no �m do século XVI, a prática da capoeira
mantinha vivas as tradições do povo africano, entre elas, a preservação do idioma natal. Pouco se sabe, porém, da
sua origem. Há sim, de fato, semelhança da música, dos instrumentos usados e de alguns movimentos de danças
da Angola.
As manifestações artísticas promovidas pelos escravos, embora tivessem características relacionadas à
socialização, não contavam com a simpatia da elite dominante. Mais do que isto, a intolerância da casa-grande era
traduzida em intensa repressão contra a senzala.
Saiba mais
Além da capoeira, o Lundu também despertava a ira dos senhores e
senhoras da alta classe e, apesar de ter sido dançado pela corte
portuguesa em Lisboa, era considerada uma dança indecente
quando expressada popularmente. O batuque, por sua vez, também
não �cava atrás das demais manifestações e sofria perseguição
igualmente.
Dessa forma, é possível perceber que a musicalidade africana tem grande in�uência na construção da identidade
cultural negra no Brasil. Dos lamentos em forma de canto até os instrumentos musicais usados, tais como
tambores, atabaques, chocalhos, pandeiros, entre outros, as contribuições são gigantescas e permanecem vivas
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até os dias de hoje. Entretanto, a partir do �m do século XIX e início do século XX, a preocupação em de�nir a
identidade do indivíduo e as próprias manifestações culturais e esportivas brasileiras passou a incomodar a elite
brasileira.
A imagem do Brasil, aos olhos do mundo, principalmente Europa e Estados Unidos, não desfrutava de boa
credibilidade desde o tortuoso caminho até ali marcado pelo período de escravidão.
Assim sendo, se por um lado não existia a possibilidade de negar a miscigenação étnica evidente, já que a
população era composta por negros, mamelucos, crioulos, cafuzos e índios, por outro se fez necessário mascarar
o preconceito racial com o discurso evolucionista da mestiçagem.
Black is power
Pode-se a�rmar que o corpo é uma construção social de estrutura biológica e que simbolicamente expressa
culturalmente a história na qual o indivíduo está inserido. Muitas são as formas de usá-lo. Entre elas, desde os
tempos antigos, estão os cabelos. Eles ganham destaque por ser um elemento representativo da personalidade do
indivíduo e, nos dias atuais, têm ainda mais signi�cado.
Conserva-se com ele um profundo valor simbólico de resistência e preservação cultural. O corte e o penteado
podem expressar diversos sentimentos. As mulheres nos anos 1950, por exemplo, inspiraram-se nos cortes
masculinos para aumentar o engajamento social e político feminino. Os homens apresentaram o Black Power que
ganhou o mundo e se tratava de uma referência ao movimento negro americano. O Dreadlock também “fez a
cabeça” de homens e mulheres por conta do movimento rastafári.
No Brasil, o cabelo crespo e a cor da pele são símbolos indissociáveis da construção identitária brasileira. Eles
estão diretamente relacionados à consolidação da cultura negra. Entretanto, a sociedade, que normatiza e cria
padrões estéticos a�nados ao ideal branco europeu, classi�ca o cabelo do negro como ruim. É comum, inclusive,
que muitos deles tentem ressigni�car a sua estética por meio de alisamentos à base de produtos químicos ou
equipamento apropriado. É, na verdade, uma tentativa de sair do lugar de inferioridade provocado pelo estereótipo
predeterminado e que é diferente dos traços biológicos da própria raça.    
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Nos anos 1960 e 1970, o corpo, as cores e o ritmo musical negro in�uenciados pelas lutas pelos direitos civis
negros nos Estados Unidos ascenderam os movimentos Black Power, Funk e Soul de tal forma, que despertam
signi�cativamente as manifestações de orgulho e restauração das heranças africanas. O re�exo de toda esta
mobilização faz surgir nas principais capitais do Brasil os Bailes Black e artistas como Toni Tornado e Wilson
Simonal, entre outros, que passam a se destacar como os principais nomes do movimento.
Os jovens negros brasileiros apropriaram-se, mesmo com todas as diferenças culturais, das questões políticas e
sociais dos negros americanos e criaram uma conexão importante nas narrativas brasileiras de luta contra a
desigualdade.
Saiba mais
Para se ter uma ideia da importância desta apropriação, Toni
Tornado, em 1965, entrou nos Estados Unidos como imigrante
clandestino e lá sentiu na pele o racismo e o menosprezo dos
brancos. O artista brasileiro entendeu o sentido da luta dos negros
por direitos civis e fez contato com os Panteras Negras, um grupo
revolucionário que reivindicava o controle de instituições políticas e
econômicas.
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 Novo Partido dos Panteras Negras organizaram uma manifestação em nome de Eric Garner, que
morreu após uma briga com o�ciais da polícia de Nova Iorque.
O maracatu
Os africanos escravizados e os seus descendentes brasileiros protagonizavam a dança em con�guração de
cortejo que representa as antigas coroações de Reis do Congo. O cortejo ao som de batuque, com cânticos e
dança também era seguido pela realeza.
O jongo
O processo de construção da identidade cultural negra no Brasil também passa pela ressigni�cação do jongo.
Destaca-se neste processo o retorno das crianças e dos jovens para as rodas. Isto porque, no passado, elas eram
proibidas de participar por conta do caráter mágico vinculado à dança. Esta, inclusive, sempre foi uma das
principais razões que justi�cavam tamanha perseguição.
A prática corporal afro-brasileira tem, na sua composição, a percussão de tambores, o exercício da dança coletiva
e o canto. É importante dizer que hoje, o jongo, mesmo sendo reconhecido nas comunidades jongueiras, segue
sofrendo com a desaprovação da sociedade de maneira geral.
Vale ressaltar que o jongo possui o registro como patrimônio cultural material do Brasil constituído pelo Instituto
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do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2005. Para isto, especialistas e antropólogos do Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) iniciaram um minucioso trabalho de pesquisa em 2001 e graças a
ele o jongo tornou-se a primeira manifestação de canto, dança e percussão de comunidades do Sudeste brasileiro
de origem afro-brasileira.
 Encontro de Maracatus de Baque Solto, música e dança típicas de Pernambuco.
O jongo ou caxambu, ou ainda tambu, chegou ao Brasil pela costa do Sudeste na primeira metade do século XIX.
Destacam-se nesta prática o uso de tambores em acompanhamento ao canto. O estilo vocal tem como principal
característica a entoação de frases curtas por uma pessoa e repetidas pelo restante do grupo.
Os participantes, dançarinos, encostam o ventre um no outro. O passo da dança é popularmente conhecido como
umbigada. O jongo foi uma forma de comunicação entre os negros durante o período da escravidão que traduzia
de forma poética as di�culdades pelas quais eram submetidos.
Saiba mais
Há estudiosos, no entanto, que descrevem o jongo e o caxambu
como práticas diferentes. Os pesquisadores salientaram que o jongo
estaria prestes a desaparecer por causa das restrições às
participações de crianças e jovens.
Tendo em vista que apenas os “cumbas”, (mestres detentores dos poderes mágicos) poderiam participar desta
prática cultural, o �m seria uma questão de tempo. Contudo, novas pesquisas realizadas já na década de 1980
con�rmaram que o jongo estava presente nas favelas do Rio de Janeiro e que ele tinha papel fundamental na
origem do samba.
O que sugere a capacidade de ressigni�cação da atividade. Pode-se dizer que as práticas e manifestações
culturais, no caso das comunidades quilombolas, continuam sendo ressigni�cadas para atender ao processo de
rea�rmação étnico.
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AÇÕES AFIRMATIVAS NO BRASIL – AS COTAS RACIAIS
Os debates sobre cotas raciais desde sempre existiram. Antes mesmo da abolição dos escravos, discutiam-se
medidas sobre a questão. As atrocidades cometidas pelo Estado suscitaram em vários setores da sociedade e
principalmente no Parlamento, a necessidade de ações reparadoras pelos danos causados aos negros africanos e
aos seus descendentes.
Em 1823, José Bonifácio tentou, junto à Assembleia Constituinte, uma mudança que buscava amenizar o
sofrimento dos escravos imposto pelo sistema escravista. A proposta tinha como principal objetivo engendrar
condições mais humanas para a transição do antigo regime de escravidão para o sistema de trabalho livre.
Bonifácio preocupava-se com a convivência entre as elites escravocratas e a multidão de “negros brutais” recém-
libertados de um regime extremamente opressor. Enganam-se, porém, os que enxergam a preocupação de José
Bonifácio apenas pelo viés humanitário. O peso da culpa por ir de encontro aos princípios ortodoxos cristãos
também cabe na interpretação sobre seus atos.
As consequências do Brasil escravocrata são percebidas ainda, hoje, dentro da sociedade brasileira, e
principalmente ressentidas pelo povo negro. A aceitação da cor de pele, o orgulho da sua identidade e o
reconhecimento da própria história são condições valiosas para uma incessante busca pela igualdade de direitos.
Atenção
Diante disso, todas as medidas tomadas para reparação e todas as
conquistas até então alcançadas pelo movimento afrodescendente,
embora permitam uma redução do abismo que o separa da elite
branca, ainda são insu�cientes para conduzi-lo a um espaço de
destaque mínimo.
Por outro lado, os movimentos sociais são organizados a �m de expressar suas demandas com propostas de
transformação, bem como estimular e coordenar ações coletivas pela inclusão. Seja por meio de discursos ou
ações práticas, eles lutam pela inclusão social e reconhecimento da diversidade cultural.
A complexa formação destes movimentos reúne um conjunto de entidades, organizações e indivíduos que lutam
contra o racismo e pleiteiam condições mais dignas de sobrevivência para a população negra. Observam-se para
isto os aspectos culturais, políticos e educacionais.
Um importante acontecimento na luta pelas ações a�rmativas aconteceu em 20 de novembro de 1995. A Marcha
Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela cidadania e pela vida marcou um momento importante na luta do
povo negro contra a discriminação.
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26/09/2021 20:50 O povo brasileiro e a

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