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RESUMO - PAGAMENTO INDEVIDO E ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

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RESUMO: ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA E PAGAMENTO INDEVIDO 
O pagamento indevido e o enriquecimento sem causa são tratados em capítulos distintos no Código Civil de 2002, estando compreendidos do art. 876 ao art. 883, e do art. 884 ao art. 886, respectivamente. Apesar disso, é comum que tais assuntos sejam estudados em conjunto, pois para a maioria da doutrina o pagamento indevido é uma espécie de enriquecimento sem causa: todo pagamento indevido ocasiona o enriquecimento sem causa, não sendo válido o inverso. 
À priori, para o ordenamento jurídico brasileiro, o enriquecimento ilícito/sem causa é aquele em que uma parte obtém lucros sem justificativa justa – ou quando a justificativa, ainda que justa, já tenha sido suspensa – em detrimento de outra, que fica no prejuízo. A consequência prevista é a restituição do bem indevidamente auferido ou do seu valor na época em que foi exigido, acrescido de atualização monetária. À título de exemplo, tem-se os apresentados por Stolze (2020, p. 1326):
É o que ocorre, por exemplo, quando uma pessoa, de boafé, beneficia ou constrói em terreno alheio, ou, bem assim, quando paga uma dívida por engano. Nesses casos, o proprietário do solo e o recebedor da quantia enriqueceram-se ilicitamente à custa de terceiro.
Por sua vez, alguém que paga indevidamente promove o enriquecimento sem causa de outrem. 
O pagamento indevido acontece em duas espécies. A primeira delas é reconhecida como pagamento objetivamente indevido, quando, por exemplo, o indivíduo efetua o pagamento de uma dívida inexistente, quando celebra o pagamento de uma dívida condicional sem que a condição tenha sido cumprida ou quando paga mais do que deveria. A segunda espécie, pagamento subjetivamente indevido, é quando o indivíduo paga a um terceiro na convicção de que este seria seu verdadeiro credor ou quando o pagamento é feito por alguém que não é devedor. 
Em todos os casos a restituição é obrigatória, entretanto cabe a quem pagou indevidamente o ônus da prova.
Quanto aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações oriundas da coisa dada de forma indevida, será aplicado as normas do Código Civil sobre possuidores de boa ou de má-fé. Ainda quanto à boa-fé dos sujeitos, o CC/2002 dispõe que alguém que tenha adquirido um imóvel indevido e tiver o alienado de boa-fé por título oneroso, restituirá somente o valor que recebeu na venda; se tiver feito com má-fé, a restituição contará com acréscimo das perdas e danos. O terceiro adquirente poderá ser reivindicado caso a alienação tenha ocorrido por título gratuito ou se ele tiver agido de má-fé. 
Em sequência, se o pagamento indevido compreendeu uma obrigação de fazer ou de não fazer, o indivíduo que recebeu a prestação será obrigado a indenizar aquele que a cumpriu, conforme o lucro obtido com a prestação. 
Por fim, para evitar ou desfazer o enriquecimento sem causa, existe a ação actio in rem verso ou repetição de indébito, com objetivo de reaver o pagamento. Possui como requisitos o nexo causal entre o enriquecimento do réu sem causa jurídica e o empobrecimento do autor, de modo que inexistam outros meios para reaver o prejuízo. No que tange a esse último requisito, exemplifica-se: 
Embora, por exemplo, o locador alegue o enriquecimento sem causa, à sua custa, do locatário que não vem pagando regularmente os aluguéis, resta-lhe ajuizar a ação de despejo por falta de pagamento, ou a ação de cobrança dos aluguéis, não podendo ajuizar a de in rem verso. Se deixou prescrever a pretensão específica, também não poderá socorrer-se desta última. Caso contrário, as demais ações seriam absorvidas por ela (GONÇALVES apud STOLZE, 2020, p. 1334).
A ação não atingirá seu objetivo caso a dívida esteja prescrita, seja judicialmente inexigível ou tenha se firmado para fins imorais, ilegais ou ilícitos. Como já dito, cabe a quem pagou indevidamente provar que o fez, bem como provocar aquele que recebeu o pagamento dentro do prazo de três anos.
REFERÊNCIAS
STOLZE, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil – volume único. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

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