Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Alimentação Saudável na Escola: um caminho de mão dupla “A alimentação saudável, é a estrutura para o corpo. Traz qualidade de vida, equilíbrio mental, e a esperança de uma longevidade lúcida. É um conjunto favorecido através de uma orientação adequada mantida integral e perfeita”. Francisco Aparecido de Castro Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 2 1 INTRODUÇÃO A obesidade é um problema de saúde pública que vem ganhando abrangência em toda a população mundial, causando inúmeros problemas de saúde, principalmente em crianças onde este agravo tem aumentado em grande proporção, causando desde desconforto corporal, patologias cardíacas, hipertensão arterial, diabetes entre outras doenças que gradativamente, podem levar até à morte. A obesidade tem sido comumente definida, como uma doença que se resulta do excesso de gordura corporal, ou ainda, pode ser conceituada, considerando os aspectos biofisiológicos, como o acúmulo de tecido gorduroso, localizado em todo o corpo (ARAÚJO, 2014). As estatísticas acerca da obesidade são por si impactantes, sua evolução tem sido substancial, especialmente em crianças menores de 5 anos, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2014 chegou aos expressivos dígitos de 41 milhões de crianças afetadas no mundo. Os dados, inclusive, regionalizam as incidências continentais da patologia apontando para aproximadamente 50% desse número vivendo na Ásia, e 25% no continente africano (WHO, 2016). No Brasil, os dados, apontam para elevada prevalência de obesidade em crianças, sendo que as meninas se mostraram mais vulneráveis (BARBOSA, 2009). O manejo da obesidade em crianças é um grande desafio, sobretudo pela inconsciência dos danos e gravidades que pode lhe trazer, além, é claro, da necessidade de mudanças de hábitos e disponibilidade de acompanhamento dos pais. É exatamente por isso que é importante enxergar a escola como um espaço para o desenvolvimento de medidas que salientem a qualidade de vida. Os exercícios físicos e lúdicos e a busca pela saúde possibilitam a prevenção e promoção em saúde, assim como apresentação influente de outros modos de alimentação (ARAÚJO, 2014). Ao observar o momento da alimentação das crianças de 6 a 11 anos de uma escola evangélica privada do município de Cuiabá-MT no horário do intervalo, percebeu-se que muitas delas compram lanche na cantina, dando preferência aos refrigerantes, salgados fritos e assados, biscoitos salgados. Algumas trazem sua alimentação de casa, priorizando o consumo de sucos industrializados, achocolatados, bolachas doces, biscoitos salgados e sanduíches. E destaca-se que na cantina, local de obtenção da alimentação dos referidos alunos, não foi possível verificar a venda de alimentos saudáveis e/ou naturais. Tal situação observada na instituição de ensino despertou o interesse no desenvolvimento de um trabalho final de curso, no formato projeto de intervenção. Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 3 1.1 JUSTIFICATIVA A motivação pessoal pela pesquisa deste tema nasce do contato com o ambiente escolar, diariamente, tanto na modalidade da educação infantil, quanto no ensino fundamental, em que foi possível perceber situações diversas com especial atenção para crianças que, a despeito da pouca idade, convivem com restrições alimentares, algumas por suspeita de doenças crônicas como o diabetes, e outras, por terem altos índices de colesterol e hipertrigliceridemia, surgindo, assim, o interesse e a preocupação por casos semelhantes a estes, cada vez mais frequentes em escolas. Este estudo considera a cronicidade da obesidade, reconhecendo especialmente o crescimento da doença no contexto infantil. Aponta-se a relação direta entre os fatores hereditários, contudo destacando os maus hábitos alimentares e o sedentarismo como aspectos relevantes para a compreensão desse fenômeno. É importante ponderar o valor, a influência e contribuição familiar para o debate e, principalmente, para o desenvolvimento de novos hábitos. A escola é um espaço social privilegiado para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Durante a permanência na instituição de ensino, as crianças fazem consumo alimentar de pelo menos uma refeição diária, além de adquirirem novos hábitos e comportamentos. Além da importância da atividade física, é imprescindível desenvolver nos alunos, pais e educadores, o despertar acerca do consumo alimentar saudável e a consequente melhoria da saúde. A saúde e educação são setores interdependentes, que precisam caminhar juntos no sentido de prover as condições necessárias para o desenvolvimento pleno da criança. As ações das instituições sociais de saúde e educação devem ser permeadas pela premissa que a saúde de um indivíduo perpassa a questão biológica. O processo saúde-doença é uma construção humana social, que se inicia na infância e culmina em resultados agudos ou crônicos durante a vida. A construção de práticas pedagógicas relacionadas a essa interação é um grande desafio, contudo, é necessário haver uma incorporação da educação em saúde como prática cotidiana dos equipamentos sociais que atendem crianças. A contribuição oferecida por este trabalho está na utilização da educação em saúde, como uma importante ferramenta para sensibilização das crianças sobre a importância do consumo de alimentos saudáveis, indispensáveis para manutenção da saúde e qualidade de vida. Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 4 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Orientar as crianças da Educação Infantil e anos iniciais sobre a importância da alimentação saudável. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Caracterizar os comportamentos e hábitos alimentares das crianças; • Realizar oficina, e rodas de conversa com ênfase em hábitos alimentares saudáveis, atividades físicas e obesidade infantil, direcionando as crianças; • Verificar as mudanças de comportamentos e hábitos alimentares das crianças. 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 OBESIDADE NA INFÂNCIA 3.1.1 Dados gerais sobre obesidade na infância Consideraremos neste estudo o conceito de criança disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente, em que se distingue de forma objetiva, o conceito legal. Salientando inclusive, a distinção existente entre esse conceito e outros advindos das ciências humanas como a pedagogia e psicologia. Para os propósitos deste trabalho, bem como para o público, e a faixa etária utilizada, para a qual a intervenção aqui proposta se destina, utiliza-se da definição do termo ‘criança’ apresentada pelo Art. 2º, nas Disposições Preliminares, da Lei nº 8.069/1990: “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 2012). A obesidade tem sido arrolada como uma das principais causas de preocupações com doenças que atingem faixas etárias infantis, principalmente porque a patologia, tanto nos casos de sobrepeso, constatados, quanto nos potenciais, que estão em risco, são inúmeros, em todo o mundo. Pontua-se que a evolução da doença tem ocorrido, particularmente, em países desenvolvidos, tendo a classe infantil como a principal afetada. Nos Estados Unidos, a partir do cruzamento de dados para verificação do avanço da obesidade, através de inquéritos Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 5 nacionais de 1965 e 1980, constata-se que a obesidade nas crianças de 6 a 11 anos aumentou em 67% entre os meninos e em 41% entre as meninas (ESCRIVÃO, 2000). A obesidade incorporou-se ao rol das doenças pediátricas a partir da década de 80, atualmente, é um dos eventos patológicos mais comuns enfrentados pelos médicos na prática clínica diária.Estima-se que existam cerca de 17,6 milhões de crianças menores de cinco anos com sobrepeso ou em risco de sobrepeso em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a obesidade afeta entre 20 e 27% das crianças e adolescentes, enquanto que, na Europa, 20% das crianças estão com sobrepeso, sendo que um terço são realmente obesas. De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde, a obesidade é responsável por 2 a 8% dos gastos em saúde (SANTOS et al., 2014). A prevalência de sobrepeso, em dados com referências mundiais, entre crianças menores de 5 anos aumentou de 4,8% para 6,1% entre 1990 e 2014, passando de 31 milhões para 41 milhões de crianças afetadas durante esse período. Em 2014, quase metade (48%) de todas as crianças com sobrepeso e obesas com idade inferior a cinco anos vivia na Ásia e um quarto (25%) na África. O número de pessoas nessa faixa etária com excesso de peso na África, em 1990, era de 5,4 milhões passando para 10,3 milhões em 2014 (OMS, 2016). Em 1975, havia, no Brasil, pouco mais de 8% de crianças e adolescentes subnutridos, e cerca de metade, 4%, de obesos. Na atualidade, esse quadro se inverteu e os dados apontam para 9% de obesos e 3% de subnutridos. O Brasil, com sua dimensão continental e suas diferenças socioeconômicas, apresenta dois quadros: desnutrição e obesidade. Nos últimos cinquenta anos observaram-se, ao mesmo tempo, a redução da desnutrição em crianças e adultos e o aumento de sobrepeso e obesidade na população brasileira, inclusive na de baixa renda (BARBOSA, 2009). A transição nutricional vivenciada no Brasil decorre de fatores externos derivados da globalização e de processos históricos e culturais próprios, e vincula-se à facilidade de acesso a alimentos industrializados que acompanha a urbanização e à falta de informação adequada, provocando erros no consumo alimentar alimentares e altos consumo de alimentos ricos em sal e gordura. Estudo epidemiológico de base domiciliar realizado no município de Santos, em 36 setores censitários sorteados aleatoriamente, utilizando-se de uma amostra de crianças de 7 a 10 anos, apontou uma prevalência de sobrepeso e obesidade de 26,7% para meninos e 34,6% para meninas. O acúmulo de gordura na região abdominal está associado a fatores de risco cardiovascular e a distúrbios metabólicos (BARBOSA, 2009). 3.2 OBESIDADE ENQUANTO DOENÇA Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5366:em-evento-na-opasoms-brasil-assume-metas-para-frear-crescimento-da-obesidade-ate-2019&catid=1273:noticiasfgcv&Itemid=821 6 3.2.1 Perspectiva conceitual da doença 3.2.1.1 Definições e consequências A obesidade tem sido vista como uma doença complexa, mesmo que as ocorrências de casos, em todas as faixas etárias, tenham aumentado significativamente. Além disso, afirma-se seu caráter crônico, por apresentar-se permanentemente. As consequências da obesidade infantil podem ser vistas a curto e longo prazo. A curto prazo estão as desordens ortopédicas, os distúrbios respiratórios, a diabetes, a hipertensão arterial e as dislipidemias, além dos distúrbios psicossociais; a longo prazo ocorre aumento da mortalidade por diversas causas e por doenças coronarianas nos indivíduos que desenvolveram obesidade na infância e adolescência. O grau de obesidade em crianças e adolescentes tem importantes implicações clínicas, uma vez que o risco de morte entre os adultos com obesidade grave é o dobro do encontrado entre os adultos moderadamente obesos. Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos na tentativa de apontar qual a possível etiologia da obesidade infanto-juvenil e quais os fatores de risco para o seu desenvolvimento. Uma das vertentes dos estudos diz respeito ao componente genético e os fatores biológicos da obesidade (SANTOS et al. 2014, p.11). Marti e Martinez (2001, apud PRADO et al., 2009) se utilizam de uma interessante definição de obesidade, ressaltando-a de modo especial como “uma condição patológica acompanhada por acúmulo excessivo de gordura quando comparada com valores previstos para dada estatura, gênero e idade”. Endossando seu texto, PRADO et al. (2009) relaciona perspicazmente o conceito de obesidade à condição que considera, sine qua non, para compreensão da mesma, seu fundamento disfuncional, patológico. O Stedman’s Medical Dictionary (2000) define doença como: 1. Interrupção, cessação, ou desordem na função corporal, sistêmica ou orgânica; 2. Uma entidade mórbida caracterizada usualmente por pelo menos dois dos três critérios: agentes etiológicos reconhecidos; grupo de sinais e sintomas identificados; ou consistentes alterações anatômicas; 3. Literalmente, doença é o oposto de saúde, onde algo está errado na função corporal. [...] Conway & René (2004) categoricamente afirmam que a obesidade é uma doença complexa de etiologia multifacetada, com sua própria fisiopatologia, comorbidades e capacidades desabilitantes. Aceitar a obesidade como uma doença é fundamental para o seu tratamento (PRADO et al., 2009, p.378). ROSSUM et al. (2015) contextualiza a concepção e compreensão da questão da obesidade em seu texto “Uma abordagem atual da obesidade”, considerando: A obesidade, uma doença crônica, complexa e epigenética, pode ser definida como o aumento do armazenamento de tecido adiposo no organismo, se associa a inúmeros riscos para a saúde, em detrimento de inúmeras complicações metabólicas correlacionadas a tal morbidade, cujo enfoque principal paira sobre as doenças de cunho cardiovascular e o diabetes. Riscos Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 7 marcantes à saúde podem ser percebidos à somatória de dados como o Índice de Massa Corporal (IMC), o tabagismo, a hipertensão, a dislipidemia. A má- alimentação, com escassez de frutas, legumes e verduras, e alto consumo de gorduras saturadas, carboidratos simples e álcool, além do sedentarismo, são fatores que podem levar à doença arterial coronariana, especialmente se existe predisposição genética. Fatores emocionais (ansiedade, estresse, a culpa e a preocupação, traumas e medo, a tristeza, frustração e raiva), motivam tanto a fadiga física, como algias e alergias, dificultando o tratamento da obesidade (ROSSUM et al., 2015, p. 54). Conforme CARVALHO et al. (2013), a obesidade infantil tem sido causa de alarme mundial, pelo fato de estimar-se que haja atualmente, em torno de 155 milhões de infantes com sobrepeso, dados que refletem principalmente a condição dos países industrializados, onde tem-se observado prevalência sobre essa informação numérica. A mesma autora assegura que: A obesidade infantil traz repercussões clínicas que levam à morbidade leve a moderada ou mesmo a condições potencialmente letais, em longo prazo. Pode-se afirmar que as consequências da obesidade têm implicações de caráter metabólico, anatômico, psicológico e comportamental. Distúrbios metabólicos relacionados à obesidade podem ser achados isolados de exames clínicos ou laboratoriais e a combinação entre resistência à insulina, hiperglicemia, hipertensão arterial sistêmica, aumento de triglicérides e diminuição do HDL constitui o diagnóstico de síndrome metabólica, com sérias repercussões para o desenvolvimento de problemas cardiovasculares na vida adulta (CARVALHO et al., 2013, p. 77). Outros fatores associados ao excesso de peso e acúmulo de gordura abdominal em crianças, descritos na literatura científica, são nível socioeconômico da família, estado nutricional dos pais e comportamentos sedentários da criança, também tem os hábitos alimentares não saudáveis e o consumo elevado de macro nutrientes são apontados como possíveis causas do acúmulo de gordura abdominal (MELZER, 2015). 3.2.1.2 Índice de Massa Corporal O diagnóstico de obesidade é clínico e se faz por meio da história clínica- nutricional, exame físico minuciosoe medidas antropométricas. Atualmente, o Índice mais utilizado para identificar pessoas obesas é o Índice de Massa Corporal (IMC), calculado pela fórmula peso (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em metros) (ABRANTES, LAMOUNIER e COLOSIMO, 2003). Segundo ROSSUM et al. (2015), a obesidade, enquanto doença crônica, tem-se mostrado fator de risco, especialmente pela associação intrínseca com inúmeros outros fatores de risco e outras complicações de saúde. A autora salienta que essa relação, a que se denomina comorbidade, ocorre particularmente com o tipo de alimentação, tanto nos Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 8 compostos essenciais que deixa de prover como na falta de frutas e verduras, assim como nos excessos presente na mesma, como no elevado consumo de gorduras saturadas e o uso de álcool. É possível, porém, pontuar que a obesidade se relaciona com fatores adjetivos da qualidade de vida como o sedentarismo que “é fator predisponente às dislipidemias e doença arteriais coronarianas, aliado à predisposição genética” (ROSSUM et al., 2015). 3.2.2 Tratamento de obesidade infantil Para lidar com o relevante aspecto da promoção em saúde é importante considerar o papel exercido pelo tratamento da obesidade infantil, a respeito do qual há uma conscientização geral, havendo, porém, certo conflito quanto ao modelo correto e eficaz a ser desenvolvido, sem qualquer consenso nesse quesito (SANTOS et al., 2014). Entretanto, se pode afirmar que, a partir dos padrões de mudanças alimentares, comportamentais e de qualidade de vida, como ocorre comumente na terapêutica adulta, é de suma importância que haja apoio próximo de profissionais que possam auxiliar aos indivíduos desta singular faixa etária, adequando as ações e intervenções em saúde aos casos, particularmente (SANTOS et al., 2014). A Sociedade Brasileira de Pediatria (2012) recomenda que o tratamento seja baseado sobre os seguintes domínios: dieta, modificação do estilo de vida, ajustes na dinâmica familiar, incentivo à prática de atividade física e apoio psicossocial. Deve-se ressaltar ainda a importância dessa abordagem deve ser realizada por uma equipe multiprofissional, composta pelo médico, nutricionista, educador físico, psicólogo e assistente social. O tratamento de crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade não deve ser adiado, pois as possibilidades de persistência dessas condições na vida adulta estão relacionadas com o tempo de duração da doença e a sua gravidade, somado ao risco de doenças cardiovasculares, dislipidemias, hipertensão e baixa tolerância à glicose. As mudanças no estilo de vida compreendem alterações dietéticas, a prática de atividade física, modificação de comportamentos e o incentivo da família. (SANTOS et al., 2014, p. 12). Especialmente, recomenda-se a inclusão de atividades físicas, e outras atividades lúdicas que despertem na criança e no adolescente a disposição pessoal para participação do tratamento, e como consequência contar com o empenho e vigor destes. Ainda assim, é parte relevante do tratamento da obesidade infantil, conjugar uma alimentação que privilegie além de nutrientes, alimentos comuns e de simples assentimento que facilitem o consumo e promovam uma necessária qualidade alimentar (SANTOS et al., 2014). Deve-se contemplar uma alimentação balanceada com distribuição adequada de macro e micronutrientes e orientação alimentar que permita escolha de alimentos de ingestão habitual ou de mais fácil aceitação. A alimentação tem sido um elemento chave na abordagem da obesidade infantil. As dietas hipocalóricas (baixa ingestão energética diária mantendo aporte equilibrado Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 9 de macro nutrientes) mostraram-se eficaz no controle do peso corporal, a curto e em longo prazo, em crianças dos seis aos 12 anos de idade. (SANTOS et al., 2014, p. 12). 3.2.3 Perspectiva de saúde pública A obesidade é considerada um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos e uma epidemia global. A epidemia mundial da obesidade vem crescendo em proporções alarmantes na infância, o que pode ser observado em países em desenvolvimento, que apresentaram aumento na prevalência da obesidade infantil, nas últimas décadas, e expressivamente “o desenvolvimento da obesidade torna-se cada vez mais precoce, sendo considerado um problema de saúde pública com tendência à perpetuação em todas as fases da vida do indivíduo” (ROSSUM et al., 2015). Diversas são as complicações médicas da obesidade, desde doenças circulatórias e dermatológicas até câncer e morte súbita. Problemas ortopédicos, complicações cardiovasculares, condições respiratórias, problemas de pele, intolerância à glicose, além de doenças gastrintestinais, aparecem muitas das vezes durante a vida de uma criança obesa. A pressão alta e diabetes tipo 2 já aparecem em crianças com 3 e 4 anos de idade, sendo a obesidade a principal causa (BARBOSA, 2009). Nas últimas três décadas tem-se um indicativo de comportamento epidêmico claramente, de forma a estabelecer um antagonismo de tendências temporais entre desnutrição e obesidade, o que define uma das características marcantes do processo de transição nutricional do país e é muito importante estar atento às funções psicossociais, em especial nas meninas, visto que crianças obesas têm maior risco de desenvolver distúrbio de comportamento alimentar na adolescência e no início da vida adulta (ESCRIVÃO, 2000). Do ponto de vista epidemiológico, para explicar essas mudanças, tudo conduz às teorias ambientalistas, uma vez que, nas últimas décadas, não ocorreram alterações substanciais nas características genéticas de tais populações, enquanto que as mudanças nos hábitos foram enormes. A prática de assistir televisão por várias horas por dia, a difusão dos jogos eletrônicos, o abandono do aleitamento materno, a utilização de alimentos formulados na alimentação infantil e a substituição dos alimentos processados no nível doméstico pelos alimentos industrializados, estes, em geral, com maior densidade energética, mais saborosos e sempre acompanhados de forte campanha de estímulo ao consumo, são fatores que devem ser considerados na determinação do crescimento da obesidade infantil (ESCRIVÃO, 2000, p. 2). 3.3 ESCOLA/AMBIENTE OBESOGÊNICO Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 10 3.3.1 Definição do ambiente obesogênico A escola tem sido compreendida em todo o mundo como fator influenciador para o desenvolvimento da obesidade infantil. Sendo caracterizada como um ambiente potencialmente obesogênico, o que significa dizer, que o espaço é visto como aspecto relevante na contribuição tanto para o desenvolvimento do sobrepeso, como também para sua manutenção (REIS, VASCONCELOS e BARROS, 2011). A partir dessa compreensão o governo brasileiro, incluindo diversos estados, particularmente, tem proposto medidas e políticas que revisem as ações de educação alimentar e nutricional, por meio da restrição ao comércio de alimentos inadequados à saúde e que possam contribuir com a obesidade. Assim incitar propostas políticas e práticas, como no cultivo de horta própria no ambiente, é parte substancial do caminho escolhido para instituir novas diretrizes para a alimentação escolar, mesmo sob limitações, resistências e resignações (REIS, VASCONCELOS e BARROS, 2011). 3.3.2 Prevenção da obesidade infantil Em relação à prevenção da obesidade infantil, SOUZA et al. (2003) afirmam que: O interesse na prevenção da obesidade infantil se justifica pelo aumento de sua prevalência com permanência na vida adulta, pela potencialidade enquanto fator de risco para as doenças crônico-degenerativas e mais recentemente pelo aparecimento de doenças como o diabetes mellitus tipo 2 em adolescentes obesos, antes predominante em adultos (SOUZAet al. 2003, p. 152). Essa declaração do autor contribui, em muito, para a importante discussão sobre prevenção e seu lugar interventivo na questão da obesidade infantil, considerando o aspecto desenvolvimentista da doença, seu avanço, e severidade, que poderiam ser interrompidos com interceptações em faixas etárias anteriores à vida adulta, contando inclusive com o auxílio das características metabólicas, “principalmente antes dos 10 anos de idade ou na adolescência, reduzem mais a severidade da doença do que as mesmas intervenções na idade adulta”. (SOUZA et al. 2003). E conforme confirma CARVALHO et al. (2013), é possível destacar a significativa relevância da intervenção infantil: Dada à prevalência da obesidade e suas graves consequências, é importante a implementação de medidas de prevenção e promoção de saúde ainda na infância, como ampliação de políticas de saúde com educação nutricional, desenvolvimento e infraestrutura apropriada para práticas recreativas e de exercícios físicos, legislação específica para a rotulagem de alimentos e publicidade e propaganda de alimentos. Além disso, é fundamental a atuação do pediatra, por meio de atendimento individualizado, especialmente se a Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 11 criança ou adolescente já apresenta excesso de peso. Os hábitos alimentares, que podem levar ao excesso de peso, estão relacionados à quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos. Os padrões alimentares mudaram nos últimos anos, explicando parcialmente o aumento das taxas de obesidade (CARVALHO, et al. 2013, p. 77-78). O ambiente escolar funciona como uma excelente ferramenta para auxiliar no embate contra a obesidade infantil, sendo inclusive possível assegurar que a escola serve ao propósito educativo também para demandas alimentares, por servir como espaço de aprendizado de novos conceitos, novos hábitos, e até mesmo contar com a cooperação dos modelos, sejam pelos amigos e pares ou mesmo pelos professores, que de algum modo podem ser responsáveis pela conscientização das mudanças necessárias e apoiadores para prevenção por meios lúdicos e atrativos (CARVALHO et al., 2013). 3.3.3 Escola e Promoção da Saúde A escola é um ambiente que serve há vários propósitos sociais, consideremos: educativo, desenvolvimentista, lúdico e outros. Além de colaborar como lócus oportuno para a inclusão de políticas, programas e ações voltados ao status social dos indivíduos, possibilitando a influência e a formação de saberes e opinião responsáveis pelos comportamentos de seus partícipes (GONÇALVES et al., 2008). Usar desse espaço para o desenvolvimento de programas de Educação e Promoção em saúde pode ser um importante fator para lidar com conflitos em saúde pública, principalmente por ter em seu caráter pedagógico o apoio necessário, “já que exerce uma grande influência sobre seus alunos nas etapas formativas e mais importantes de suas vidas” (GONÇALVES et al., 2008). A Promoção da Saúde como uma importante estratégia da saúde coletiva, contrapondo-se a medicalização da sociedade em geral e no interior do próprio sistema de saúde. Atualmente, a Promoção da Saúde é entendida como um campo conceitual, político e metodológico para analisar e atuar sobre as condições sociais que são críticas para melhorar a situação de saúde e a qualidade de vida das pessoas. Assim, desde a I Conferência Internacional de Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, em 1986, as demais conferências internacionais têm difundido conceitos básicos que exigem um reposicionamento da saúde coletiva em torno do compromisso de saúde para todos (MOYSÉS et al., 2004, p. 628). 4-SUGESTÃOES DE ATIVIDADES 4.1 Alfabeto dos legumes Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 12 4.2 Arte com frutas 4.3 Dado das frutas 4.4 Dominó dos legumes 4.5 Gráficos e tabelas 4.6 Jogo da Memória 4.7 Monte o seu prato 4.8 Salada de frutas 5-OFICINAS 5.1 Mural 5.2 Avental das frutas 5.3 História dos vegetais REFERÊNCIAS ABRANTES, M. M.; LAMOUNIER, J. A.; COLOSIMO, E. A. A Prevalência de sobrepeso e obesidade nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. Revista Associação Medica Brasileira, São Paulo, v. 49, n. 2, p.162, abr./jun. 2003. ARAÚJO, J. et al. História da saúde da criança: conquistas, políticas e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 67, n.6, p. 1000-1007, nov./dez. 2014. BARBOSA, V. Prevenção da Obesidade na Infância e na Adolescência. 2. ed. Barueri: Manole, 2009. 164p. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. Câmara dos Deputados. Brasília, 2012. 207p. CARVALHO, E. A. A. et al. Obesidade: aspectos epidemiológicos e prevenção. Revista de Medicina, Minas Gerais, v. 23, p. 74-82, set. 2013. DIONNE, H. A pesquisa-ação para o desenvolvimento local. Brasília: Liber Livro Editora, 2007. 132p. ESCRIVÃO, M.S, Obesidade exógena na infância e na adolescência. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, v. 76, 2000. GONÇALVES, F.D. et al. A promoção da saúde na educação infantil. Interface- Comunicação, Saúde, Educação, v.12, n. 24, p.181-92, jan./mar. 2008. MELZER, M. et al. Fatores associados ao acúmulo de gordura abdominal. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 33, n. 4, 2015. Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 13 MOYSÉS, S. J. et al. Avaliando o processo de construção de políticas públicas de promoção de saúde a experiência de Curitiba. Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 3, p. 627-641, 2004. OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório da Comissão pelo Fim da Obesidade Infantil busca reverter aumento de sobrepeso e obesidade. Application tools. Who AnthroPlus software. 2016 PRADO, W. L. et al. Obesidade e Adipocinas Inflamatórias: implicações práticas para a prescrição de exercício. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 15, n. 5, set/out, 2009. ROSSUM, J. F. V. et al. Uma abordagem atual da Obesidade. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, Minas Gerais, v. 9, n. 1, p. 54-59, fev. 2015. REIS, C. E. G.; VASCONCELOS, I. A.; BARROS, J. F. N.; Políticas públicas de nutrição para o controle da obesidade infantil. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 29, n. 4, jan. 2011. SANTOS, L. S. V. et al. Perspectivas atuais no tratamento da obesidade infantil. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, Minas Gerais, v. 5, n. 2, p. 09-16, fev. 2014. SBE – Sociedade Beneficente Evangélica. Regimento Escolar. Escola Evangélica “Missionário Gunnar Vingren”, Cuiabá, 2013. SOUZA, L. et al. Prevalência de Obesidade em Escolares de Salvador, Bahia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia Metabologia, São Paulo, v. 47, n. 2, p. 151-157, abr. 2003. Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 14 Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 15 Jéssica pollyana de sousa - jespolly@hotmail.com - IP: 201.17.172.224 1 INTRODUÇÃO 2 3.1 OBESIDADE NA INFÂNCIA 1. 2. 2.1. 1. 2. 3. 4. 4.1. 3.1.1 Dados gerais sobre obesidade na infância 5. 6. 6.1. 6.2. 1. 2. 3. 4. 4.1. 4.2. 3.2.1 Perspectiva conceitual da doença 3.2.2 Tratamento de obesidade infantil 6.3. 1. 2. 3. 4. 4.1. 4.2. 4.3. 3.3.1 Definição do ambiente obesogênico OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório da Comissão pelo Fim da Obesidade Infantil busca reverter aumento de sobrepeso e obesidade. Application tools. Who AnthroPlus software. 2016 REIS, C. E. G.; VASCONCELOS, I. A.; BARROS, J. F. N.; Políticas públicas de nutrição para o controle da obesidade infantil. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 29, n.4, jan. 2011.
Compartilhar