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11 Elany Portela Bacteriologia Morfologia De forma morfológica as bactérias podem ser classificadas quanto à forma (coco, bacilo, vibrião, espirilo e espiroqueta) e quanto ao seu grau de agregação (diplococo, estreptococos, estafilococos, sarcina, diplobacilos e estreptobacilos). Coco: possui forma esférica ou subesférica. As principais bactérias patogênicas gram-positivas, morfologicamente são os coccus. Bacilo ou Bastonetes: Em forma de bastonete, podem apresentar extremidades com ângulo reto. Escherichia coli: principal bactéria da microbiota intestinal, é responsável pela maior parte das doenças do nosso organismo. Os bacilos gram-negativos são chamados de enterobactérias, pois estão presentes no intestino, dessa forma sua veiculação e disseminação são mais fáceis, por isso são considerados as bactérias que mais causam infecções. Vibrião: possui forma semelhante a uma vírgula Espirilo: possui forma espiral ou ondulada Helicobacter pylori – é encontrada no estômago, na maioria das vezes está inativa. Algumas pessoas possuem suscetibilidade para que sua mucosa estomacal (células parietais), sejam colonizadas por essa bactéria, o que causa, inicialmente gastrite e refluxo, podendo gerar úlceras, com o tempo. Além disso, essa bactéria tem elevado potencial carcinogênico, a maioria das infecções tardias de helicobacter pylori causam cânceres gástricos. Espiroqueta: possui forma acentuada de espiral. Leptospita sp: causa leptospirose, uma infecção grave, frequente em ambientes com baixo saneamento básico, é transmitida pela urina do rato, possui alta neurotoxicidade e alta citotoxidade. Apenas os bacilos e cocos formam colônias, por isso só eles podem ser classificados quanto ao grau de agregação. Diplococo: possui forma esférica ou subesférica agrupada em pares Estreptococos : cocos alinhados em fileiras Estafilococos: agrupamento em cachos Apresentam coloração azul ou roxa, ou seja, gram-positiva Estafilococos aureus: possui alta virulência e patogenicidade, possui elevada resistência aos atuais antibióticos. Sarcina: possui forma cúbica, com 4 ou 8 cocos organizados simetricamente. Diplobacilos: bacilos reunidos em pares Estreptobacilos : bacilos alinhados em fileiras 12 Elany Portela Componente Nutricional Todas as bactérias que se relacionam com o organismo humano e animal, são heterótrofas, ou seja, decompõe matéria orgânica para adquirir carbono. Todas as bactérias são decompositoras e são consideradas fertilizantes, realizam extração de nitrogênio. A maioria das bactérias do nosso organismo agem de forma saprófita, extraem matéria orgânica e oferecem benefícios ao organismo, produzindo aminoácidos, vitaminas e auxiliando na digestão e equilíbrio homeostático. Dentre as bactérias saprófitas no nosso organismo podemos destacar a microbiota oral, genital, epitelial, respiratória e gastrointestinal. Esses microrganismos vivem em simbiose com nosso corpo. Fatores Ambientais pH O pH neutro é o mais adequado para a absorção de alimentos na grande maioria das bactérias, mas existem bactérias adaptadas a ambientes ácidos e alcalinos. Acidófilas: organismos com afinidades por meios com pH variando entre 0,1 e 4,5. Como o Lactobacillus (bacilos de doderlein- presentes na microbiota vaginal), que produz ácido lático, mas suporte apenas uma acidez moderada. Esse mecanismo de manter a acidificação da microbiota vaginal impede a colonização por outros microrganismos, caracterizando uma relação de simbiose. Neutrófilas: vivem em meios com valores de pH entre 5,4 e 8,5. Exemplo: Streptococcus mutans, presente na boca, forma o biofilme bacteriano no esmalte dentário, causando a cárie. Alcalófilas: vivem em meios com valores de pH entre 7 e 11,5. Como o Vibrio cholerae, agente causador da cólera asiática, que vive melhor em ambientes com pH em torno de 9. As enterobactérias também tem preferência por pH alcalino, Temperatura Cada bactéria tem uma temperatura ótima para absorção de nutrientes que está intimamente associado ao crescimento e desenvolvimento de culturas. Esse fator pode dividir as bactérias em grupos: termófilos, mesófilos, psicrotróficos, psicrófilos e hipertermófilas. As bactérias que vivem melhor no nosso organismo são as mesófilas, cujo temperatura ótima varia entre 30 e 37 ºC. Água É indispensável para o crescimento, as bactérias se nutrem pela passagem de substâncias em solução através da membrana plasmática, regula a pressão osmótica além de exercer regulação térmica (a maioria das bactérias, em especial as que não esporulam, morrem por dessecação) Nutrientes As bactérias necessitam de fontes de energia, nitrogênio, vitaminas e sais minerais. O peso 13 Elany Portela bacteriano é formado por 50% de carbono, 14% de nitrogênio e 4% de enxofre e fósforo. Fonte de carbono: as bactérias autótrofas podem usar o carbono inorgânico do meio, na forma de carbonato ou CO2, para produção de energia. Os organismo que necessitam obrigatoriamente de uma fonte orgânica de carbono são heterótrofos. Fonte de nitrogênio: serve para compor proteínas e ácidos nucleicos, mas para um grupo de bactérias ele ainda serve para formar nitrato (aceptor final de elétrons da cadeia de transporte em anaerobiose). É obtido pela decomposição de matéria orgânica proteica, algumas bactérias são fixadoras de nitrogênio, conseguindo absorvê-lo da atmosfera, como o Rhizobium e Bradyrhizobium. Nitrogênio, fósforo e enxofre atuam na síntese de aminoácidos, proteínas, DNA, RNA, ATP e compõem vitaminas (tiamina e biotina) Fonte de oxigênio: é o aceptor final da cadeia de transporte de elétrons aeróbia, pode ser assimilado tanto na forma de molécula, quanto combinado. Fonte de hidrogênio: é obtido de forma combinada, com exceção de um grupo de bactérias que precisa de H2 na forma molecular. Oligoelementos (elementos traços): ferro, cobre, molibdênio e zinco, são utilizados como cofatores e são constituintes do meio ou da água. Muitas bactérias causadoras de sepse produzem hemolisinas, que degradam hemácias para obtenção de ferro, importante elemento para o seu metabolismo, Oxigênio Funciona como receptor final de hidrogênio na respiração aeróbica. As células aeróbias exigem a presença de oxigênio livre, são as aeróbias estritas (superóxido dismutase, catalase, peroxidase), outras necessitam dele apenas em pequena quantidade, são as microaerófilas (Neisseria sp.). As anaeróbias obrigatórias (Treponema pallidum) não toleram a presença de oxigênio e as facultativas (Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis) podem crescer tanto na ausência quanto na presença de oxigênio. As anaeróbias aerotolerantes crescem na ausência de O2, mas toleram sua presença (Streptococcus sp.) 14 Elany Portela Reprodução Assexuada Bipartição: A célula mãe é dividida em duas células filhas idênticas, 1. Alongamento da célula. 2. Duplicação do material genético. 3. Invaginação da parede. 4. Separação das paredes. 5. Separação das duas células-filhas. Sexuada É qualquer processo de transferência de DNA entre células, depois de transferido o DNA se combina com o do receptor produzindo cromossomos com novas misturas de genes, esses cromossomos serão transmitidos às células-filhas quando a bactéria se dividir. Pode ser: transformação, transdução ou conjugação. Transformação: bactéria viva absorve material genético de bactérias destruídas, que está livre no meio. Para conseguir capturar o DNA, a célula precisa encontrar-se no estado de competência. Conjugação: requer contato entre as células, é a interligação de bactérias através de fimbrias, o intercâmbio implica a transferência de um plasmídeo. Pode ser dividido em 4 estágios: 1. formação de uma união específica doador-receptor (contato efetivo); 2. preparação para transferência do DNA (mobilização);3. transferência do DNA 4. formação de um plasmídeo funcional replicativo no receptor. Transdução: ocorre durante infecções causadas por bacteriófagos (vírus que infectam bactérias). É o processo no qual o DNA bacteriano é transferido entre células por um vírus Plasmídeo bacteriano: possui alta taxa de mutagenicidade, está em constante mutação e induz a síntese de proteínas bacterianas que podem promover a adaptação ao ambiente. É o DNA extracromossomial e circular. 15 Elany Portela Crescimento Bacteriano As bactérias se multiplicam por fissão binária (bipartição) numa progressão geométrica, e o tempo que isso leva (surgimento de duas células idênticas à célula mãe) é chamado de tempo de geração. Quando uma determinada bactéria é semeada num meio líquido de composição apropriada e incubada em temperatura adequada, o seu crescimento segue uma curva definida e característica, que é dividida em fases: 1. Fase de lag: praticamente não ocorre divisão celular, porém há aumento de massa. 2. Fase logarítmica: ocorre divisão regular numa velocidade máxima e constante. 3. Fase estacionária : a velocidade de multiplicação diminui gradualmente, até que se anule. O número de bactérias presentes, por unidade de volume, permanece constante por um tempo determinado. Durante essa fase, o número de bactérias novas que se formam contrabalança com o número daquelas que estão morrendo. 4. Fase de declínio: os micro-organismos gradualmente diminuem em número até que a cultura se torne estéril, ou seja, todos os micro- organismos morrem. Fermentação É decomposição microbiana de carboidratos na ausência de oxigênio, os compostos orgânicos servem como doadores e receptores de elétrons (hidrogênio). A fermentação conduz, geralmente, à cisão parcial de moléculas de glicose (glicólise). Dentre os vários tipos de fermentação, pode-se citar: – Fermentação homo lática: produção de ácido lático como produto final. – Fermentação alcoólica: produção de álcool como produto final. – Fermentação mista: produção de álcool, ácido e gás. – Fermentação butileno-glicólica: produção do butileno glicol (não ácido) como produto final. Controle do Crescimento de Microrganismos Terminologia Relacionada ao Controle do Crescimento Microbiano Esterilização Processo de destruição, inativação definitiva e/ou remoção de todas as formas de vida de um objeto ou material. Inclui os endósporos que são as formas mais resistentes de vida. É um processo absoluto, não havendo graus de esterilização. Desinfecção Destruição (morte) de micro-organismos capazes de transmitir infecção, patógenos. São usadas geralmente 16 Elany Portela substâncias químicas que são aplicadas em objetos ou materiais. Reduzem ou inibem o crescimento, mas não esterilizam necessariamente. Antissepsia Desinfecção química da pele, mucosas e tecidos vivos. Antissepsia é um caso particular da desinfecção. Germicida Agente químico genérico que mata germes, micróbios: bactericida — mata bactérias; virucida — mata vírus; fungicida — mata fungos; esporocida — mata esporos etc. Bacteriostase A condição na qual o crescimento bacteriano está inibido, mas a bactéria não está morta. Se o agente (substância ou condição) for retirado, o crescimento pode recomeçar. Substâncias químicas, quimioterápicos, podem ser bacteriostáticos. Refrigeração pode funcionar como microbiostática para a maioria dos organismos. Assepsia Ausência de micro-organismo em uma área. Técnicas assépticas previnem a entrada de (sem infecção) micro- organismos. Degermação Remoção de micro-organismos da pele por meio da remoção mecânica e/ou pelo uso de antissépticos. Exemplos; antes das injeções, o algodão embebido em álcool é passado na pele; igualmente o álcool- iodado, preparando o campo cirúrgico. Citologia Bacteriana Estruturas essenciais: estão presentes em todas as bactérias. São a parede celular, membrana celular, mesossomas, ribossomas e cromossoma. Estruturas acessórias: não estão presentes em todas as bactérias e estão associadas a fatores de aumento da virulência. São a cápsula, camada limosa , flagelo, pili (fímbria), esporos, grânulos de reserva e plasmídeo. Peptideoglicano Cadeias paralelas de N-acetilglicosamina (NAG) e ácido N- acetilmurâmico (NAM) alternados, ligados por ligações β 1-4 (ligações resistentes entre 1° e 4° carbono entre o NAG e NAM). Pontes de pentaglicina (Gly5) fazendo ligação inter-cadeias (bactérias Gram +) ou ligação peptídica cruzada (Gram –) Cadeias laterais de aminoácidos – 4 aminoácidos fazendo ligações laterais entre NAG e NAM. A transpeptidase é uma enzima bacteriana que ajuda na formação da cadeia lateral de aminoácidos. O peptídeoglicano é uma macromolécula composta por um arcabouço composto de uma alternância de N- acetil-glicosamina (NAG) e ácido N-acetilmurâmico (NAM). No NAM, encontram-se cadeias laterais de tetrapeptídeos (L-alanina, D-glutamato, mesodiaminopimelato e D-alanina) ligadas covalentemente. O número de interligações entre as cadeias laterais de tetrapeptídeos em bactérias Gram- positivas é bem superior ao encontrado em bactérias Gram-negativas. Embora as ligações glicosídicas entre NAG e NAM sejam fortes, apenas estas cadeias não são capazes de prover 17 Elany Portela toda a rigidez que esta estrutura proporciona. A total rigidez do peptideoglicano é atingida quando estas cadeias são interligadas pelos aminoácidos. A forma de cada célula é determinada pelo comprimento das cadeias de peptideoglicano e pela quantidade de interligações existentes entre essas cadeias. Parede Celular A parede celular bacteriana é uma estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática e confere forma às bactérias. Além disso ela oferece proteção osmótica e permeabilidade não seletiva, sendo essencial à sobrevivência e reprodução da bactéria. Sus estrutura é complexa composta por peptideoglicanos, polímeros de carboidratos ligados a proteínas como a mureína, com funções protetoras. A parede celular é o alvo de muitos antibióticos. Ela contém em algumas espécies infecciosas a endotoxina lipopolissacarídeo (LPS) uma substância que leva a reação excessiva do sistema imunitário, podendo causar morte no hóspede devido a choque séptico As autolisinas e lisozima são enzimas que degradam a parede celular das bactérias. As autolisinas são produzidas pelas próprias bactérias e atuam na degradação do peptideoglicano, elas só são produzidas e secretadas pelos mesossomas quando a bactéria está se dividindo (bipartição). As lisozimas são enzimas proteolíticas que ajudam a quebrar a parede bacteriana, principalmente onde tem peptideoglicano, ajudando a controlar a proliferação de bactéria. Essas enzimas .são encontradas na lágrima, saliva, leite materno, secreção genital, muco respiratório e muco gastrointestinal. Penicilinas As penicilinas pertencem a família dos beta- lactâmicos. A transpeptidade é uma enzima que produz as cadeias laterais de aminoácidos para formação do peptídeoglicano (que compõe 60% da parede celular das bactérias gram+). Essa enzima possui o sítio de ativação Proteína Ligadora de Penicilina (PBP). A penicilina age sobre a bactéria gram+ se ligando a PBP, ao realizar a ligação ela inativa a ação da transpeptidade, impedindo a formação do proteoglicano, logo ocorre a inibição do crescimento bacteriano. Dessa forma a penicilina não destrói bactérias, ela apenas inibe o seu crescimento, mas como a sobrevida das bactérias é curta elas são destruídas com o passar do tempo. A penicilina diminui a fase logaritmo, se não ocorre crescimento exponencial, não há colonização nem manutenção da infecção. A ação das penicilinas é mais eficiente em gram+ por causa da constituição da parede celular ( 60% de proteoglicanos) Antibióticos Podem ser classificados em amplo espectro e baixo espectro.Antibióticos de amplo espectro: tem uma atividade maior sobre as bactérias, sem atuar sobre um grupo Por que não temos infecções oculares, orais com frequência e os bebês não se contaminam durante a amamentação? Nosso organismo, a nível de mucosa, produz anticorpos da classe IGA, que neutraliza a infecção causada por vários microrganismos. IGA é anticorpo de mucosa Coleta na mucosa oral ou nasal: IGA Coleta no sangue: IGM e IGG 18 Elany Portela específico, agem contra bactérias gram-positivas e gram-negativas. Exemplo: tetraciclina e cloranfenicol. Ao ser utilizado com frequência pode estimular mecanismos de seleção natural, causando uma resistência (o paciente passa a ter menos opções de antibióticos para tratar infecções bacterianas). Antibióticos de baixo espectro: atuam sobre determinados grupos de bactérias, como a penicilina, que agre apenas sobre as bactérias gram-positivas. Esse tipo de antibiótico diminui as chances do paciente desenvolver resistência bacteriana. O antibiograma é um exame que testa os antibióticos e sua ação em uma bactéria especifica, para selecionar o antibiótico de menor espectro, essa ação diminui o desenvolvimento de resistência bacteriana. A resistência bacteriana acontece pois o uso indiscriminado de antibiótico e a interrupção precoce do tratamento resultam na manutenção das populações de bactérias no sítios de infecção, onde ocorre reprodução sexuada, que aumenta a variabilidade genética, facilitando o desenvolvimento de bactérias super-resistentes. Staphylococcus aureus meticilina resisten (MRSA): cepa de S. aureus, gram positiva, resistente ao antibiótico de amplo espectro mais potente (meticilina), ou seja, não existe nenhum antibiótico que atue contra a MRSA de forma eficiente. Caso essa cepa entre no sangue dos pacientes todos sofrerão óbito. A MRSA também expressa, na sua transpeptidase, a proteína PBP2, na qual nenhum antibiótico consegue se ligar para inibir sua função. KPC: é uma bactéria gram negativa resistente a todos os antibióticos existentes. Gram Através da parede celular e da Técnica de Coloração Gram (nome em homenagem a Christian Gram, desenvolvedor do método) é possível pode classificar o tipo de bactéria, as paredes de bactérias Gram- negativas e Gram-positivas apresentam diferenças marcantes. O método de coloração gram baseia-se no tratamento sucessivo de um esfregaço bacteriano, fixado pelo calor, com os reagentes cristal violeta, lugol, etanol-acetona e fucsina básica. Ambos os tipos de célula absorvem o complexo iodopararronilina, devido a ligação iônica entre os grupos básicos do corante e os grupos ácidos constituintes da parede celular. O iodo, em solução, também penetra nos dois tipos de células e forma com o corante um complexo violeta-iodo. Ao fazer uso do álcool como substância descorante, nas células Gram-negativas, o mesmo dissolve o complexo corante-iodo (assim como as camadas externas de lipopolissacarídeos), elimina-o e deixa a célula incolor, a qual, ao ser corada com a fucsina, adquire a coloração avermelhada. Nas células Gram-positivas, o álcool penetra com dificuldade na espessa camada de mucopeptídeo. A maior parte do complexo violeta-iodo permanece na célula, que retém assim, a sua coloração azulada. Bactérias Gram-negativas possuem uma parede composta de várias camadas que diferem na sua composição química e, consequentemente, é mais complexa que a parede das Gram-positivas que, apesar de ser mais espessa, apresenta predominantemente um único tipo de macromolécula. As diferenças entre as paredes de bactérias Gram- positivas e Gram-negativas são importantes no estudo dos mecanismos de ação dos quimioterápicos, de patogenicidade e de outros assuntos relacionados à composição química e estrutura da parede bacteriana. O médico pode prescrever o antibiótico de amplo espectro primeiro enquanto espera o resultado de cultura para saber qual o antibiótico de baixo espectro a ser utilizado – o médico pode fazer a troca do medicamento a qualquer momento, principalmente em ambiente hospitalar. Na sepse não é possível esperar o antibiograma, por isso deve-se iniciar com antibiótico de amplo espectro imediatamente. Como as bactérias comuns são produtores de penicilinases, dessa forma a penicilina não consegue atuar de maneira eficiente sozinha, para resolver esse problema foi desenvolvido antibióticos associados a princípio ativos. Exemplo: amoxicilina + ácido clavulânico. A amoxicilina inibe a transpeptidade, impedindo a produção de peptideoglicano, e o ácido clavulânico inibe as beta- lactamases (penicilinases), que podem inativar as penicilinas. 19 Elany Portela Na maioria das bactérias, a parede celular deve a sua rigidez a uma camada composta por peptideoglicano, que representa a maior parte da parede celular das bactérias gram-positivas. Gram-positiva A parede celular das bactérias gram-positivas é formada por cerca de 60% de peptideoglicano, além disso ela possui também proteínas e ácidos teicoicos (polímeros formados por resíduos de glicerol ou ribitol). São propriedades dos ácidos teicoicos: 1. Facilitar a ligação e a regulação da entrada e saída de cátions na célula; 2. regular a atividade das autolisinas durante o processo de divisão celular impedindo que quebras excessivas ocorram, provocando a lise celular; 3. constituir sítios receptores de bacteriófagos; 4. servir de sítio de ligação com o epitélio do hospedeiro em algumas bactérias patogênicas. 5. Constituir importantes antígenos celulares tornando possível a identificação sorológica de muitas bactérias Gram-positivas. Gram-negativa As bactérias gram-negativas possuem uma dupla camada externa, formada por lipopolissacarídeos (fosfolipídios e proteínas), que é o principal agente de patogenicidade, depois há a membrana plasmática externa, 10% de proteoglicano, espaço periplasmático (armazena enzimas para o metabolismo) e a membrana plasmática interna (fosfolipídios). A maior complexidade de sua parede não significa que a gram negativa é mais patogênica. Os fatores de virulência se classificam em: Endotoxinas (estruturas fixas na célula bacteriana) e exotoxinas (a bactéria tem a capacidade de liberar as toxinas produzida no ambiente), são esses fatores que fazem a bactéria ser mais ou menos patogênica. Geralmente as bactérias gram negativas são mais virulentas, por conta do LPS, porém as gram-positivas podem ser mais virulentas se tiverem os fatores acessórias. A membrana externa possui proteínas como: porinas (formam canais de comunicação com meio externo), proteínas de membrana externa (transporte de solutos e receptores da fimbria sexual) e lipoproteínas (faz uma ponte entre dois componentes) Lipopolissacarídeos (LPS) Os lipopolissacarídeos estimulam a produção de citocinas, que causam manifestações inflamatórias no paciente, como a febre, aumentando o potencial de antigenicidade dessas bactérias. São formados por lipídio A (endotoxina - estimula a produção de interleucinas), core (polissacarídeo), antígeno O (difere a LPS entre as bactérias – influencia na antigenicidade). Membrana Celular A membrana plasmática da célula procarionte é composta por proteínas (60%) imersas em uma bicamada de lipídeos (40%), sendo os fosfolipídios os mais importantes. A membrana não apresenta esteróis (colesterol) em sua estrutura, ele auxilia na fluidez da membrana. A função da MP bacteriana além de seletividade é a produção de energia, como os procariontes não tem mitocôndrias, a MP e os mesossomas atuam na produção de energia. A MP também secreta enzimas celulares. Mesossomas São invaginações da membrana celular, podendo ser septais ou laterais. Os mesossomas septais produzem autolisinas e os laterais fazem parte da respiração celular, gerando energia ,junto com a MP. Ribossomas São mais primitivos que o dos eucariontes, mas sua função desíntese proteica é a mesma Material Genético As bactérias não possuem carioteca, envoltório celular. Seu material genético consistem em cromossoma formado por fita de DNA dupla hélice, enovelado e disperso no citoplasma. O plasmídeo também é material genético bacteriano, geralmente é circular e não faz parte do material cromossômico, é extracromossomial e possui alta capacidade de mutabilidade. As bactérias conseguem produzir enzimas, novas substancias de virulência, por causa da alta mutaticidade do plasmídeo, é ele que proporciona os mecanismos de adaptação, aumento da variabilidade genética da bactéria. 20 Elany Portela ex.: algumas Escherichia coli causam infecção intestinal, pois existem populações de E. coli que conseguiram se adaptar e através de alterações plasmodiais conseguiu produzir fimbrias que se aderiram a mucosa do intestino, passando a ser patogênica, causando processos inflamatórios. Cápsula As estruturas acessórias não estão presentes em todas. As bactérias, essas estruturas auxiliam no potencial de virulência e patogenicidade de uma infecção, aumentando inclusive a intensidade dos sintomas. A cápsula é o material mais externo que a parede celular é polissacarídeo, semelhante ao glicocálice de células humanas, isso reduz a antigenicidade. Bactérias capsuladas presentes no tecido, quando vão para a corrente sanguínea são fagocitadas pelos macrófagos, mas quando o macrófago engloba essa bactéria, essa capsula inibe o mecanismo de sinalização para a produção do fagolisossomo, se o fagolisossomo não for formado os lisossomos não digerem a bactéria e ela fica presa no macrófago. As bactérias capsuladas conseguem sobreviver dentro de macrófagos sem serem destruídas, aproveitam esse momento para se multiplicar e disseminar no organismo do hospedeiro. Devido a isso, essas bactérias são capazes de causar bacteremia e septicemia em indivíduos imunocompetentes A capsula da bactéria é considerado antígeno K. Na sorologia é possível sorotipar os antígenos bacterianos, para descobrir cepas diferentes de bactérias. Camada limosa / Slime / Glicocálice São substâncias polimétricas extracelulares (PSE), predominantemente polissacarídeos, que estão frouxamente ligadas a parede celular, formam uma estrutura amorfa que pode evoluir para uma matriz altamente organizada, com camadas sobrepostas de bactérias, o biofilme. Facilita a interligação entres as bactérias , facilitando a agregação entre elas e a adesão nas superfícies . (humanas ou exógenas – como cateter urinário, prótese ortopédica, cama hospitalar). Streptococcus mutans é a bactéria que mais forma biofilme. Em pacientes com cateter urinário é comum a infecção por Staphylococcus epidemirdis, potente bactéria formadora de biofilme, a falta de higiene e tempo de uso prolongado facilitam a proliferação dessas bactérias, colonizando uretra, bexiga, causando desde cistite até uma pielonefrite Biofilme É uma comunidade bacteriana aderina a uma superfície, como ocorre na placa dental, nos grandes reservatórios de água e em caixas de lente de contato. Flagelos Possui função de locomoção bacteriana, dependendo do seu número e localização podem ser monotríquios, iofotríquios ou peitríquios, É formado por proteína (flagelina) e é um antígeno (Ag H) Fímbrias Fimbrias ou pili são prolongamentos proteicos, semelhante a “pelinhos”, que servem para fixação das bactérias no tecido. Normalmente as bactérias intestinais com fimbrias são patogênicas e as que não tem fimbrias são saprófitas A pili somática tem como função a aderência específica a células do hospedeiro e a pili sexual ajuda na conjugação entre bactérias gram negativas
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