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CARGOS E REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA José de Oliveira Franco Walter Franco Lopes da Silva Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico por que passam as empresas, o fator humano ainda é visto como determinante no sucesso de suas estratégias de curto, médio ou longo prazo. Fator humano é vantagem competitiva das empresas na atualidade, mas precisa ser visto como mais uma variável dentro de um grupo infl uenciado, por exemplo, pela tecnologia, política de remuneração, missão e estratégia da empresa, além do capital e o ambiente organizacional. Logo, é quase impossí- vel pensar a função do moderno gestor de pessoas sem um profundo conhe- cimento de todas essas variáveis que afetam diretamente o desempenho dos colaboradores. Este livro tem como objetivo colocar o leitor em contato com as principais etapas da construção de uma estrutura de cargos e salários. G es tã o C A R G O S E R E M U N E R A Ç Ã O E S T R A T É G IC A Jo sé d e O liv ei ra F ra nc o W al te r Fr an co L op es d a S ilv a Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-5414-5 NOVA CAPA_Cargos_remuneração.indd 1 20/10/2016 17:24:35 José de Oliveira Franco Walter Franco Lopes da Silva Cargos e Remuneracao Estratégica IESDE BRASIL S/A Curitiba 2016 CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F895c Franco, José de Oliveira Cargos e remuneração estratégica / José de Oliveira Franco , Walter Franco Lopes da Silva. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2015. 236 p. : il. ISBN 978-85-387-5414-5 1. Administração de pessoal. 2. Salários. I. Silva, Walter Franco Rocha da. II. Título. 15-28558 CDD: 658.32 CDU: 005.954.6/.955 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. © 2016 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Produção FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão IESDE Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Imagem Capa Shutterstock.com/Africa Studio Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração | 7 2. Princípios gerais para a montagem da estrutura de cargos e salários | 21 3. As etapas para a construção do Plano de Cargos e Salários (PCS) | 33 4. Divulgação do projeto e introdução à descrição de cargos | 45 5. Descrição e especificação dos cargos | 61 6. Avaliação e classificação dos cargos | 71 7. Métodos quantitativos de avaliação de cargos | 87 8. Métodos sistêmicos e introdução à pesquisa | 101 9. Avaliação dos cargos a partir do manual e montagem da estrutura salarial | 115 10. Política salarial, enquadramentos e estratégias de remuneração | 125 11. Benefícios e serviços no século XXI | 143 12. Busca da eficiência e produtividade | 163 13. Implantação de um plano de benefícios e serviços | 179 14. Excelência na administração | 197 15. Previdência social e privada no Brasil | 211 Gabarito | 227 Referências | 233 Carta ao aluno Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico por que pas- sam as empresas, o fator humano ainda é visto como determinante no sucesso de suas estratégias de curto, médio ou longo prazo. A globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico e a busca pela qualidade e produtividade são acessórios do que poderíamos chamar de grande diferencial competitivo. Diferencial este que nada mais é que o trabalho das pessoas nas organizações. É certo que a empresa não existe sem as pessoas. Entretanto, estaríamos efetu- ando uma análise um tanto quanto simplista ao creditarmos uni- camente ao profissional o sucesso dos negócios, deixando de lado muitos outros aspectos. Fator humano é vantagem competitiva das empresas na atualidade, mas precisa ser visto como mais uma vari- ável dentro de um grupo influenciado, por exemplo, pela tecnolo- gia, política de remuneração, missão e estratégia da empresa, além do capital e o ambiente organizacional. Logo, é quase impossível pensar a função do moderno gestor de pessoas sem um profundo conhecimento de todas essas variáveis que afetam diretamente o desempenho dos colaboradores. Este livro tem como objetivo colocar o leitor em contato com as princi- pais etapas da construção de uma estrutura de cargos e salários. Cada capítulo traz de forma geral as etapas da construção do plano de cargos e salários, com explicações detalhadas e colocando ao aluno algumas situações para reflexão e, ao mesmo tempo, traz também uma análise conceitual sobre o tema. Tor- nando-se, assim, um referencial para cada etapa da construção da estrutura de cargos, salários e benefícios. Boa leitura e bom estudo! Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração 1.1 Introdução: salário e remuneração Para quem já trabalha na área de Recursos Humanos, os ter- mos salário e remuneração são comuns e usados de tal maneira que o seu entendimento se torna até automático. Por outro lado, para quem não é do ramo, a diferença pode não ser tão notória assim. No entanto, é essencial que para nossos estudos nessa área saibamos exatamente qual é a diferença entre um termo e o outro, pois certa- mente a diferença também existe em sua forma prática. Por exem- plo: você deve ajustar o salário ou a remuneração? Uma tabela sala- rial é construída considerando o salário ou a remuneração? Isso faz uma enorme diferença se considerarmos que, proporcionalmente, um, na maioria das vezes, é maior que o outro. 1 Cargos e remuneração estratégica – 8 – Para pensarmos nessa questão, é importante conhecer a etimologia (ori- gem da palavra) e a definição desses termos: Salário = salarium Origem latina e que deriva do sal. Na época dos roma- nos, costumava-se pagar seus servidores com sal. Remuneração = remuneratio Origem latina: o re vem de reciprocid- ade e muneror vem de recompensar. Já na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), atualmente temos: Salário = é a retribuição de um serviço prestado pelo empregado por força de um contrato de trabalho. Remuneração = é a somatória de todos os itens que compõem o seu pagamento. Dessa forma, é essencial perceber que quando falamos de salário deve- mos pensar em algo que é oferecido contratualmente em contraprestação a um serviço. Esse termo muda bastante a maneira de enxergarmos a diferença entre salário e remuneração. A remuneração, para ser estabelecida, independe de um contrato for- mal, pois funciona, de certa forma, como uma recompensa por um serviço prestado e que, quando somada ao salário, resulta na remuneração. Portanto, salário é aquilo que recebemos por força de contrato e remuneração é a soma de parcelas que ganhamos e que, ao serem somadas ao salário contratual, torna-se a remuneração total. Exemplo salário + gratificação + horas extras + prêmios = remuneração total. – 9 – Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração 1.2 Diferenças entre era industrial e era do conhecimento Para acompanhar as mudanças que ocorrem todos os dias no mundo dos negócios, os profissionais precisam estar sempre em constante mudança, tendo um perfil generalista, com conhecimentos mais amplos, habilidades múltiplas e competências adequadas a uma nova era. Aumentar a autonomia dos profissionais é uma tendência mundial, assim como envolver as pessoas em equipes de trabalho, comprometidas com etapas ou conjunto de tarefas. Com uma política de Recursos Humanos adequada, é possível ter aumento de produtividade, em razão de uma maior satisfação pessoal e pro- fissional proporcionada pelo envolvimento nos processos e melhoriados mes- mos, mas, para tanto, é necessário que toda essa gama de importância dada ao novo profissional tenha sua contrapartida, ou seja, sua recompensa. Atualmente, as empresas estão mais preocupadas em remunerar melhor, pois sabem que é necessário recompensar o esforço, a dedicação e o aumento de capacidade, seja ela técnica ou comportamental, e é por isso também que é essencial entender a diferença entre as duas eras, a industrial e a do conhecimento. Era industrial Era da informação/ conhecimento Trabalho Reprodutibilidade Criatividade Rigidez Flexibilidade Divisão de tarefas Multidisciplinaridade e multiespecialização Liderança autoritária Liderança internacional Individualismo Trabalho em equipe Organização Hierarquia vertical Redução dos níveis hierárquicos Centralização Descentralização Pouca autonomia para colaboradores Maior autonomia para colaboradores Cargos e remuneração estratégica – 10 – Era industrial Era da informação/ conhecimento Gestão empresarial Foco no lucro ($) Foco nos recursos humanos e na gestão da informação Regras e normas (rigidez) Colaboração, participação Visão de curto prazo Visão no longo prazo Economias nacionais Globalização Patrimônio líquido Patrimônio humano É por essa diferença bastante relevante entre esses dois momentos da história, a era industrial e a era do conhecimento, que a área de Recursos Humanos conquistou um papel fundamental no processo de mudança e de conceitos. Podemos perceber que hoje o mais importante é buscar nas pessoas níveis muito maiores de contribuição para as empresas, pois é por esse cami- nho que os resultados podem aparecer com maior rapidez. Hoje, por exemplo, as pessoas querem mais autonomia para tomar deci- sões, e os líderes, de certa forma, delegam mais responsabilidades e atribuem maior importância ao papel de cada um dentro das empresas. Certamente, isso não se fez da noite para o dia e a globalização teve papel fundamental em tudo isso, pois essa mesma globalização foi fortemente influenciada pela tec- nologia de informação e das comunicações, o que nos colocou mais próximos do resto do mundo e derrubou as fronteiras que separavam as pessoas. 1.3 Modelos tradicionais versus modelos estratégicos de remuneração Foi, então, acompanhando essas mudanças ocorridas no mundo dos negócios, que as empresas começaram a repensar seus modelos de remuneração, afinal, quanto maior as responsabilidades, as competências e os resultados obtidos, maior as chances de que uma pessoa de valor na organização busque outras opções, e em muitas situações a entrega desses profissionais para a con- corrência passou a ser realidade. – 11 – Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração Na era industrial, o que segurava ou de certa forma fidelizava um empre- gado era a troca de compromissos, ou seja: “eu não te demito, e você é eterna- mente fiel a nós!”. Isso mudou radicalmente na era do conhecimento, ou seja, ninguém mais estabelece um compromissso com alguém apenas pela garantia de emprego, pois essa garantia teve seu prazo de validade expirado à medida que a competitividade aumentou, tanto no mercado profissional quanto entre as empresas que, para sobreviverem, precisam das melhores cabeças. Com isso, tornou-se essencial o posicionamento da área de Recursos Humanos frente a essa questão. Foi, então, que surgiram muitos programas para atrair e reter talentos, ou pessoas-chave para a empresa. Entre os inúme- ros programas para esse fim, os sistemas de remuneração tornaram-se extre- mamente importantes e tiveram que ser repensados em todas as suas formas. As empresas que não se preocuparam com isso passaram a competir em des- vantagem com as demais. Para se pensar nessa questão, é importante dividirmos os modelos de remuneração da seguinte forma: Modelos tradicionais Modelos de remuneração estratégica Baseados nas descrições de cargo; Combinação equilibrada de diferentes formas de remuneração. � Remuneração funcional; � Pacote de benefícios; � Remuneração por habilidades; � Remuneração por competências; � Planos privados de aposentaria; � Remuneração variável; � Participação acionária. Privilegia o equilíbrio interno em detrimento do equilíbrio externo; Pressupostos: � Linha de autoridade definida; � Atividades definidas em pro- cedimentos escritos; � Responsabilidades e atribuições individuais conhecidas e com pouca variação com o tempo. É importante mencionar que os dois modelos se completam, pois não há como estabelecer um modelo de remuneração estratégica sem que tenhamos montado um modelo tradicional que leva os conceitos e princípios básicos do sistema. Cargos e remuneração estratégica – 12 – A seguir, demonstramos um exemplo do avanço da remuneração variá- vel (forma de remuneração estratégica), em pesquisa realizada pela Human Resource Consulting. Esse gráfico pretende mostrar que a tendência, hoje, é a de que a remuneração variável é um diferencial e que tem ganhado espaço se comparado com os valores pagos a título de salário fixo. Gráfico 1 – Avanço da remuneração variável em múltiplos salários Número de salários pagos como bônus no ano. F on te : H um an R es ou rc e C on su lt in g. Presidentes 6,6 6,2 8,2 6,8 5,8 Diretores 4,7 5,1 5,6 4,3 4,2 Gerentes 2,7 3 3,3 2,5 2,8 Concluímos, então, que não há como ter uma metodologia estratégica de remuneração sem que haja uma definição funcional da mesma, e que pre- cisamos alinhar a estratégia empresarial aos objetivos. Em linhas gerais, pre- cisamos trabalhar para que os empregados não recebam apenas um salário por sua contribuição, mas que também sejam motivados a trazerem melhores resultados através de suas competências, o que pode ser reforçado por uma remuneração adicional. 1.4 Principais objetivos para a construção de um modelo de remuneração Assim como modernizamos as coisas nas empresas, é necessário também que todo o sistema seja atualizado e modernizado. Para isso, é de fundamental importância que tenhamos bem claros os principais objetivos que norteiam a construção de uma estrutura de cargos e salários em uma empresa e o que se pretende atingir, pois se o plano não der certo ou se for montado de forma errô- nea, ou ainda se ele estiver perfeitamente estruturado e todos os empregados da empresa estiverem bem envolvidos, em nenhum dos casos poderemos recuar! – 13 – Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração Se o plano for um sucesso, teremos que manter sua manutenção para sempre; se for um fracasso, dificilmente ganharemos, no futuro, credibilidade para retomar o modelo, por isso é importante que os objetivos para a constru- ção desse modelo estejam bem claro para todos os envolvidos. Sendo assim, podemos listar, senão todos, alguns dos objetivos para uma melhor clareza, dispostos a seguir. 1.4.1 Equilibrar interna e externamente os cargos em relação às tarefas executadas Muitas vezes, em um empresa, a quantidade de cargos e nomes de cargos torna-se um tanto quanto exagerada, tendo em vista os tipos de tarefas que são executadas. Às vezes, percebemos tarefas redundantes e que normalmente são executadas por dois, três ou até mais pessoas. Tomando esse mesmo exem- plo, também observamos que às vezes o peso da execução de uma tarefa é relativamente mais complexa que outra e é executada por várias pessoas em diferentes situações.Quem nunca se deparou comparando seu salário com o de outro colega que exerce, de certa forma, o mesmo trabalho que o seu, mas acaba tendo um salário maior? A pergunta que fica é sempre: por quê? A montagem de uma estrutura de cargos e salários vem tentando responder a essa pergunta ao longo dos anos para as empresas e também para as pessoas. A principal preocupação quando criamos um projeto como esse é dar manutenção e responder a questões como essa, quando falamos de equilíbrio interno. Certamente, é preciso perceber que diferenças salariais entre as pessoas sãojustificadas quando há uma percepção maior nos quesitos responsabilidades do cargo, produtividade, conhecimentos, experiências, entre outros fatores. Já o equilíbrio externo é conseguido quando a empresa, além de observar as questões relacionadas ao equilíbrio interno, olha para outro fator impor- tante: quanto as outras empresas, concorrentes ou não, estão pagando para esse mesmo cargo que eu tenho aqui na minha empresa? Além da comparação que muitos empregados fazem do seu salário no ambiente interno de trabalho em relação ao de outros colegas, eles também comparam o quanto ganham em relação a empresa X ou a empresa Y ou mesmo quando consultam algum jornal, algum site de empregos na internet e veem um anúncio de emprego que oferece um salário maior. Cargos e remuneração estratégica – 14 – É exatamente essa comparação que faz com que as empresas se preocu- pem não só em equilibrar internamente seus cargos e salários, mas também em olhar para o ambiente externo e obter um maior equilíbrio frente às outras empresas e ao mercado de trabalho de um modo geral. O principal problema de não se ter um equilíbrio externo adequado em relação ao mercado de tra- balho é que a empresa passa a ter dificuldades em encontrar profissionais qua- lificados que aceitem trabalhar nas condições oferecidas, podendo até passar a perder esses profissionais para outras empresas, gerando, com isso, uma alta rotatividade na empresa. Essa situação causa desgastes, perda de competitivi- dade, de produtividade e de lucratividade e faz com que o ambiente ou clima interno passe a ser negativo. 1.4.2 Conhecer, classificar e atualizar os cargos Em uma estrutura formal de cargos e salários, é de fundamental impor- tância conhecer a empresa e as funções exercidas por cada empregado para que se torne mais fácil a relação entre as duas partes: empresa e empregado. Por isso, conhecer os cargos, as atribuições e as responsabilidades é também um objetivo importante na implantação do projeto. À medida que conhecemos esses pontos, classificá-los em ordem de importância ou, em outras palavras, hierarquizá-los, passa a ser uma tarefa não muito difícil e isso certamente nos remeterá a atualização desses cargos, sendo esse um passo fundamental para o início do equilíbrio interno e externo. 1.4.3 Criar ferramentas para a implantação de outras práticas e estratégias de remuneração O estabelecimento de uma política de cargos e salários exerce um papel determinante no desempenho e no resultado de uma empresa, define qual é a importância e a preocupação que a empresa dá ao seu potencial humano e como pode retribuir um bom trabalho executado. Com isso, a construção do plano de cargos e salários torna-se de fundamental importância, pois é somente a partir dele que podemos pensar em outras estratégias, como a implantação de um plano de carreira, planos de treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho e outras práticas de remuneração, como programas de remune- – 15 – Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração ração variável, participação nos lucros e resultados (PLR) (Lei 10.101/2000), remuneração por habilidades e competências, entre outras. 1.4.4 Redução do turnover1 e do absenteísmo2 À medida que uma empresa mantém política e prática transparentes de remuneração, com regras bem definidas e conhecidas por todos, natu- ralmente haverá uma mudança em todos os aspectos, principalmente nos aspectos comportamentais e ligados à motivação. Se há satisfação no trabalho, pelo menos no que diz respeito às políticas e às práticas de remuneração, o desejo do empregado em contribuir e estar à disposição pode ser elevado se ele perceber claramente que há uma recom- pensa para esse comportamento. O empregado certamente terá vontade de continuar fazendo parte dessa empresa, que proporciona a ele boas práticas de gestão e, principal- mente, uma perspectiva de futuro. Sendo assim, estar disponível se traduz por uma efetividade maior na frequência e no comparecimento dele ao tra- balho (redução do absenteísmo), bem como na permanência nele (redução do turnover, ou seja, da rotatividade). Texto complementar PLR - Lei 10.101 de 19 de novembro de 2000 Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. Faço saber que o Presidente da República adotou a Medida Provisória 1.982-77, de 2000, que o Congresso Nacional 1 Turnover: palavra da língua inglesa que, quando utilizada em inglês comercial, significa mo- vimento total (de vendas e mercadoria e rotatividade (de pessoal). 2 Absenteísmo: segundo o Dicionário Houaiss, significa ausência de empregado ao trabalho, causada especificamente por motivo de doença ou dano físico ou também por falta de assidui- dade habitual ou sistemática ao trabalho. Cargos e remuneração estratégica – 16 – aprovou, e eu, Antonio Carlos Magalhães, Presidente, para os efeitos do disposto no parágrafo único do art. 62 da Cons- tituição Federal, promulgo a seguinte Lei: Art. 1.º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integra- ção entre o capital e o trabalho e como incentivo à produti- vidade, nos termos do art. 7.º, inciso XI, da Constituição. Art. 2.º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I - comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei n.º 12.832, de 2013) II - convenção ou acordo coletivo. §1.º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cum- primento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II - programas de metas, resultados e prazos, pactua- dos previamente. §2.º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. §3.º Não se equipara a empresa, para os fins desta Lei: I - a pessoa física; II - a entidade sem fins lucrativos que, cumulativamente: – 17 – Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração a) não distribua resultados, a qualquer título, ainda que indire- tamente, a dirigentes, administradores ou empresas vinculadas; b) aplique integralmente os seus recursos em sua atividade institucional e no País; c) destine o seu patrimônio a entidade congênere ou ao poder público, em caso de encerramento de suas atividades; d) mantenha escrituração contábil capaz de comprovar a obser- vância dos demais requisitos deste inciso, e das normas fiscais, comerciais e de direito econômico que lhe sejam aplicáveis. Art. 3.º A participação de que trata o art. 2.º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo traba- lhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1.º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional às participa- ções atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2.º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. (Redação dada pela Lei n.º 12.832, de 2013) §3.º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de pla- nos de participação nos lucros ou resultados, mantidosespon- taneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. §4.º A periodicidade semestral mínima referida no §2.º poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. Cargos e remuneração estratégica – 18 – §5.º A participação de que trata este artigo será tributada pelo imposto sobre a renda exclusivamente na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos, no ano do recebimento ou crédito, com base na tabela progressiva anual constante do Anexo e não integrará a base de cálculo do imposto devido pelo beneficiário na Declaração de Ajuste Anual. (Redação dada pela Lei n.º 12.832, de 2013) Art. 4.º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes pode- rão utilizar-se dos seguintes mecanismos de solução do litígio: I - mediação; II - arbitragem de ofertas finais, utilizando-se, no que couber, os termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) §1.º Considera-se arbitragem de ofertas finais aquela em que o árbitro deve restringir-se a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes. §2.º O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes. §3.º Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes. §4.º O laudo arbitral terá força normativa, independente- mente de homologação judicial. Art. 5.º A participação de que trata o art. 1.º desta Lei, rela- tivamente aos trabalhadores em empresas estatais, observará diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo. Parágrafo único. Consideram-se empresas estatais as empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e con- troladas e demais empresas em que a União, direta ou indireta- mente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. – 19 – Conceitos básicos para iniciar uma estrutura de remuneração Art. 6.º Fica autorizado o trabalho aos domingos nas ativida- des do comércio em geral, observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. Parágrafo único. O repouso semanal remunerado deverá coin- cidir, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras a serem estipuladas em negociação coletiva. Art. 6.º - A. É permitido o trabalho em feriados nas ativida- des do comércio em geral, desde que autorizado em conven- ção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. Art. 6.º - B. As infrações ao disposto nos arts. 6o e 6o-A desta Lei serão punidas com a multa prevista no art. 75 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto- -Lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. Parágrafo único. O processo de fiscalização, de autuação e de imposição de multas reger-se-á pelo disposto no Título VII da Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 7.º Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória 1.982-76, de 26 de outubro de 2000. Art. 8.º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Congresso Nacional, em 19 de dezembro de 2000; 179.º da Independência e 112.º da República. Senador ANTONIO CARLOS MAGALHÃES Presidente Atividades 1. Qual é a principal diferença entre salário e remuneração? a. Salário é a recompensa que se recebe por um serviço prestado e remuneração é a forma contratual de receber essa recompensa. Cargos e remuneração estratégica – 20 – b. Salário é o valor contratual e remuneração é a soma entre o valor contratual e outros ganhos. c. Salário é a soma de todas as parcelas que compõem a remunera- ção, essa é a principal diferença. d. Salário pode sofrer reajuste, remuneração não. 2. Considerando a era industrial e a era do conhecimento, podemos afirmar que: a. as duas não sofreram muita diferenciação ao longo do tempo. b. na era industrial, os empregados tinham maior autonomia que na era do conhecimento. c. a passagem da era industrial para a era do conhecimento foi deter- minante para uma evolução e importância para a área de Recur- sos Humanos. d. no nível de gestão, podemos afirmar que a era do conhecimento tem muito mais foco em lucratividade. 3. Dar manutenção ao equilíbrio interno e externo significa: a. manter as pessoas bem informadas sobre as políticas internas e externas. b. estabelecer critérios para promoção e evolução na carreira. c. avaliar os cargos do ponto de vista de atribuições e responsabili- dades entre outros cargos na em presa e pesquisar o mercado de trabalho a fim de verificar a equivalência salarial desses cargos. d. estabelecer os valores de salários baseado no mercado de trabalho. Saiba Mais Para saber um pouco mais sobre motivação relacionada ao trabalho, leia o capítulo 4 (Conceitos básicos de Motivação) da obra abaixo: ROBBINS, Stephen Paul. Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2004. Princípios gerais para a montagem da estrutura de cargos e salários 2.1 Conceito e filosofia A área de cargos e salários, assim como os outros departamen- tos dentro dos Recursos Humanos de uma organização, pode ser definida como um dos seus subsistemas, conforme podemos obser- var no esquema a seguir. 2 Cargos e remuneração estratégica – 22 – Administração de pessoal Cargos e salários Treinamento e desenvolvimento Recrutamento e seleção de pessoal Avaliação do desempenho Para que o subsistema de cargos e salários funcione adequadamente é de fundamental importância que os outros subsistemas trabalhem de maneira harmônica e conjunta com ele, pois são as demais áreas que for- necem os insumos para o bom desenvolvimento dos trabalhos nessa área e vice-versa. Outra questão importante para uma boa implantação de um sistema de cargos e salários é o seu planejamento e a maneira pela qual vai ser conduzida dentro de cada empresa. Dessa forma, é importante que, antes do início da implementação, uma vasta discussão a respeito seja proferida a fim de que todas as dúvidas sejam amplamente debatidas, pois nada pior que iniciar a implantação de um sistema como esse, que envolve uma grande quantidade de pessoas, e não se ter respostas para algumas perguntas. Por isso, os idealizadores do plano devem estar preparados para dar as respostas quando forem solicitadas. A preocupação central dos envolvidos na construção de uma estrutura de cargos e salários deve ser a determinação do valor de remuneração a ser atribuída ao profissional na execução de certo trabalho ou o pagamento que se fará para determinado cargo envolvido na estrutura. – 23 – Princípios gerais para a montagem da estrutura de cargos e salários Dessa maneira, quando falamos em remunerar, não levamos em conta apenas o salário contratual, ou seja, aquele que faz parte do contrato, que já é reconhecido, que é fixo e com o qual o trabalhador conta no final de um mês de trabalho. Devemos pensar também em como podemos implementar nesse ganho outras parcelas para deixar os ganhos dos traba- lhadores maiores em função de fatores como maior produtividade, maior comprometimento, maior risco e assim sucessivamente. No entanto, para chegar a esse nível de evolução é necessário que tenhamos em mente que precisamos garantir o mínimo necessário em termos de salário por meio de uma estrutura funcional adequada. 2.2 Estrutura funcional e objetivos Uma estrutura funcional nada mais é do que o básico, aquilo que se deve fazer antes de qualquer outra opção mais elaborada. Para essa estrutura funcional ser eficiente, temos que levar em conta alguns objetivos básicos em sua montagem, que podem ser divididos em: Objetivos/resultados intermediários � Descrição de cargos;� Avaliação dos cargos; � Pesquisa de mercado; � Estrutura salarial; � Políticas e normas; � Enquadramento do pessoal. Objetivos/resultados finais � Equilíbrio interno e externo; � Competitividade para atrair e fixar pessoal; � Favorecer a melhoria das relações trabalhistas; � Favorecer o clima organizacional. É importante reforçar que para alcançarmos uma competitividade ade- quada, cujo objetivo é a conquista de bons resultados para a empresa, precisa- mos pensar que há condições mínimas sob dois pontos de vista convergentes que também devem ser levados em consideração para que o objetivo possa ser atingido. Ter remuneração atrativa para que haja competitividade interna e externa não significa necessariamente pagar mais, mas pagar o que é justo de acordo com a contribuição que o empregado traz para a empresa. Cargos e remuneração estratégica – 24 – ORGANIZACIONAIS � Estratégias � Valorização do RH � Clima organizacional � Lideranças � Ações integradas PESSOAIS � Competência � Compromisso � Motivação � Desenvolvimento De qualquer forma, à medida que condições mínimas para o aumento dessa competitividade se desenvolvem, como a aquisição de um portfólio maior de competências por parte do empregado, ou mesmo um maior nível de desenvolvimento do mesmo. De certa forma, aspectos da competitividade organizacional passam a ter maior relevância para a empresa e, sem dúvida, ela passa a ter também competências organizacionais mais desenvolvidas. Exis- tindo maior contribuição ou comprometimento por parte do empregado, ele deverá ser recompensado. 2.3 Organograma Mesmo pessoas que não possuem uma vida economicamente ativa têm uma ideia do que é um organograma e qual é a sua função. No entanto, vamos a algumas explicações básicas que servirão para entender melhor como um cargo se posiciona no organograma de uma empresa. Basicamente, os organogramas apresentam de forma organizada a maneira como os cargos se relacionam e isso é dado pelo que chamamos de nível hierárquico. O desenho inicial de um organograma é importante na construção de um plano de cargos e salários, pois determina onde estão e onde estarão os cargos após a construção desse plano. Normalmente, um cargo pode possuir um ou mais ocupantes. O posi- cionamento no organograma determina qual é o nível do cargo na hierarquia, qual é o nível de subordinação ou para quem o ocupante do cargo responde, quem o ocupante do cargo supervisiona ou coordena e quais são as relações – 25 – Princípios gerais para a montagem da estrutura de cargos e salários laterais que o ocupante do cargo estabelece com os demais cargos. Vejamos um exemplo a seguir: Cargo 1 2 3 O modelo apresentado acima é o mais comum nas organizações, é o organograma matricial, que apresenta a hierarquia mais comum dentro das empresas. A visão inicial da empresa por meio do organograma, normal- mente, facilita muito o início dos trabalhos de montagem da estrutura de cargos e salários. Cada uma das linhas desse organograma representa uma situação específica em relação ao cargo e aos demais cargos na organização. 2.3.1 Tipos de organograma utilizados � Clássicos: o organograma clássico também é chamado de vertical. É o tipo mais comum de organograma, elaborado com retângulos que repre- sentam os órgãos e linhas que fazem a ligação hierárquica e de comuni- cação entre eles. � Não clássicos: são todos os demais tipos a seguir: � em barras: são representados por intermédio de longos retângulos a partir de uma base vertical, onde o tamanho do retângulo é direta- mente proporcional à importância da autoridade que o representa. � em setores (setorial, setograma): são elaborados por meio de círcu- los concêntricos, os quais representam os diversos níveis de autori- Cargos e remuneração estratégica – 26 – dade a partir do círculo central, onde localiza-se a autoridade maior da empresa. � radial (solar, circular): o seu objetivo é mostrar o macrossistema das empresas componentes de um grande grupo empresarial. � lambda: apresentam apenas grupos de órgãos que possuam carac- terísticas comuns. � bandeira: apresentam grupos de órgãos que possuem uma mis- são específica e bem definida na estrutura organizacional, normal- mente em quatro níveis. � Organograma Linear de Responsabilidade (OLR): possui um diferenciador em relação aos demais organogramas, pois a sua preocupação não é apresentar o posicionamento hierárquico, mas o inter-relacionamento entre diversas atividades e os responsáveis por cada uma delas. � informativo: apresenta um máximo de informações de diversas naturezas relacionadas com cada unidade organizacional da empresa. 2.3.2 Desenho de cargos As empresas somente começam a funcionar quando as pessoas que devem exercer um determinado tipo de cargo começam a ocupar seus espaços e a exercer suas funções e são colocadas em uma posição no organograma. A pergunta que fazemos é: como determinamos o que um cargo irá fazer e por que fazemos isso? O desenho de cargos, ou papéis, como alguns autores também colocam, é bastante antigo. Podemos entender que de certa forma um cargo, muitas vezes, tem diferentes abordagens, atribuições e responsabilidades se compa- rarmos uma empresa a outra. No entanto, temos que tomar cuidado, pois na sua essência a maioria dos cargos guarda uma semelhança ou mesmo uma característica específica que o define como tal. Dependendo de que maneira estabelecemos como um cargo fará deter- minada tarefa, podemos obter melhor resultado ou não, sendo que em algu- mas situações do trabalho, o mesmo pode se tornar monótono, repetitivo, – 27 – Princípios gerais para a montagem da estrutura de cargos e salários padronizado demais e, com isso, podemos ter efeito contrário ao que se pre- tende, que é uma boa produtividade e que poderá levar a empresa a uma melhor competitividade e, finalmente, a um bom resultado. Muitas vezes, a motivação do trabalhador está diretamente relacionada à maneira com que um cargo foi desenhado na empresa. Em um trabalho de linha de produção, por exemplo, temos que considerar que muitas vezes a fadiga e a repetição podem ser fatores críticos e que podem prejudicar tanto o empregado quanto a empresa. O primeiro, em função da monotonia, riscos e fadiga propriamente dita, o que certamente afetará a sua produtividade. O segundo, em consequência do primeiro, afetará a produtividade e, conse- quentemente, os resultados da empresa. É certo que na montagem de uma estrutura de cargos e salários e, prin- cipalmente, na etapa de avaliação dos cargos, esses fatores devem ser levados em consideração e utilizados para determinar o quanto isso vale, ou o quanto isso representa no total a ser pago para aquele cargo. Para Chiavenato (1996, p. 22), Desenhar um cargo significa: a) estabelecer o conjunto de tarefas que o ocupante do cargo deverá desempenhar (conteúdo do cargo); b) como esse conjunto de tarefas deverá ser desempenhado (métodos e processos de trabalho; c) a quem o ocupante do cargo deverá se repor- tar (responsabilidade); d) quem o ocupante do cargo deverá supervi- sionar ou dirigir (autoridade). O desenho de cargos, em sua essência, normalmente não é feito pela área de Recursos Humanos. Aqui vale ressaltar que não devemos confundir desenho de cargos com descrição de cargos, essa última conduzida pela área de Recursos Humanos durante a montagem de uma estrutura de cargos e salários. Para exemplificar essa questão relativa ao desenho de cargos, pode- mos fazer referência a alguns modelos, apresentados a seguir. 2.3.2.1 Modelo clássico Utilizado por engenheiros pioneiros da teoria da administração, repre- sentado principalmente por Frederick W. Taylor. Enquanto Taylor buscava o aumento da produtividade por meio de um melhor alinhamento entre a Administração e a operação, outros teóricos desse Cargos e remuneração estratégica – 28 – tema na época da abordagem da Administração Científica preocupavam-se exclusivamentecom a forma com a qual poderiam melhorar a execução das tarefas de um cargo e passaram a adotar métodos prescritivos de trabalho, utilizando-se inclusive de incentivos salariais para adesão dos empregados a esses métodos. A principal maneira para isso era, na época, o estudo de tempos e movi- mentos, voltado para o fazer, e não para o pensar. O objetivo principal desse desenho era o da superespecialização, que reduziriam os custos com treina- mento, simplificação e padronização das tarefas, facilitando a supervisão e a aplicação do princípio da linha de montagem. 2.3.2.2 Modelo das relações humanas Na tentativa de minimizar os problemas oriundos do desenho de cargos feito no modelo clássico (mecanicista e reducionista), surgiu o modelo das relações humanas, que não difere muito da abordagem clássica, mas traz a possibilidade de pensar nas implicações humanas, buscando olhar mais para os cargos em si e em quais condições o trabalho é executado. Nesse ponto, o homem passa a ser visto não como uma máquina, mas como um ser que pensa e que se relaciona. Esse modelo permitiu que fosse estabelecido maior contato entre as pes- soas no ambiente de trabalho e buscou desenvolver a relação entre colegas e prover o ocupante do cargo de oportunidades de crescimento individual. O conforto e as condições físicas de trabalho são pensadas nessa aborda- gem de forma a reduzir o desconforto causado pela rotina do trabalho e trazer um sentimento de maior importância naquilo que o empregado produz. 2.3.2.3 Modelo de recursos humanos No modelo de recursos humanos, há uma complexidade maior para tra- tar de um desenho de cargos adequado, pois nessa abordagem é de fundamen- tal importância a interação entre indivíduos na busca de maior desempenho. O incentivo à criatividade e à capacidade de autodireção também é incentivada à medida que essas condições trazem maior satisfação para o tra- balho; com isso as lideranças devem buscar também a contribuição individual para a melhoria do desempenho. – 29 – Princípios gerais para a montagem da estrutura de cargos e salários Comparação entre os modelos de desenho de cargos Modelo clássico Modelo de recursos humanos Abordagem: Engenharia Industrial Abordagem: Ciências Comportamentais O objetivo é a redução de custos. O objetivo é proporcionar melhores fer- ramentas de gestão, especialmente em custos e controle da força de trabalho. O programa é imposto de cima para baixo. O programa pertence à gerên- cia de linha, o engenheiro é um consultor profissional. O engenheiro industrial decide sobre as técni- cas de mensuração. O gerente apenas contribui com seu conhecimento sobre as operações. O gerente de linha é envolvido nas decisões diárias de o que medir. O relatório de desempenho é feito pelo Departamento de Engenharia Industrial. Aumento da produtividade é con- sequência de cargos significativos. Padrões poderão ser orientações úteis. Padronização. No desenho de um cargo, requi- sitos técnicos, objetivos organi- zacionais e motivação humana são levados em consideração. O trabalhador deve adaptar-se ao cargo. O engenheiro industrial atua como consultor. O engenheiro industrial atua como expert externo. O modelo de desenho de cargos baseado na abordagem de Recursos Humanos deve ser pensado levando em conta cinco dimensões: Relação com os outros Variedade do trabalho Autonomia Identidade Retroação Trabalho variado, diferente e inovador. Trabalho inde- pendente. O ocupante decide como fazer. Trabalho inte- gral, significa- tivo, noção de conjunto. Informação clara sobre o desempenho (feedback). Oportunidade de contatos e amizades. Cargos e remuneração estratégica – 30 – Atividades 1. A área de Recursos Humanos pode ser dividida em alguns subsistemas. Marque os quatro subsistemas de RH mais comuns nas organizações. a. Administração financeira, cargos e salários, recrutamento e sele- ção, administração de pessoal. b. Cargos e salários, treinamento e desenvolvimento e jurídico tra- balhista, administração de pessoal. c. Cargos e salários, recrutamento e seleção e medicina e segurança do trabalho, jurídico trabalhista. d. Treinamento e desenvolvimento, cargos e salários, recrutamento e seleção e administração de pessoal. 2. Podemos definir estrutura funcional de cargos e salários como: a. a estrutura básica, pois outras implementações de remuneração não podem existir adequadamente sem ela. b. a estrutura que faz funcionar toda a área de cargos e salários. c. uma estrutura padronizada por convenção e que apresenta um modelo pré-formatado de como deve ser a estrutura salarial. d. uma estrutura que não necessariamente alinha objetivos pessoais com os organizacionais, pois o primeiro tem mais importância que o segundo. 3. O desenho de cargo é importante, pois: a. define como deve ser o cargo do ponto de vista apenas das tarefas atribuídas a esse. b. estuda os tempos e movimentos do trabalho executado e com isso obtém maior resultado para a empresa. c. traz para nós o entendimento da Teoria Clássica da Administração. d. define qual é o conteúdo do cargo, os métodos e processos de trabalho, as responsabilidades e autoridade. – 31 – Princípios gerais para a montagem da estrutura de cargos e salários Saiba Mais CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel de recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. Para aprender um pouco mais sobre estruturas organizacionais e, principalmente, conhecer os vários estilos e formas de orga- nograma, consulte: OLIVEIRA, D. de P. Rebouças de. Sistema, Organização e Métodos. São Paulo: Atlas, 2006. Para entender a questão do homem visto como máquina e entender um pouco mais da crítica que se faz ao estudo dos tempos e movimentos, assista ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, 1936. As etapas para a construção do Plano de Cargos e Salários (PCS) Para termos uma estrutura de cargos e salários adequada e bem-estruturada, como em todos os outros projetos, é importante que haja um planejamento apropriado, no qual as etapas são defi- nidas, os prazos são ajustados e o andamento é estabelecido em um cronograma. Afinal, esse é um projeto que possivelmente mudará algumas coisas na organização e, portanto, deve ser bem organizado para que não haja problemas no meio do caminho e os objetivos sejam cumpridos. No entanto, antes de entrarmos nas etapas propriamente ditas, é importante verificarmos alguns conceitos-chave e esclarecer- mos algumas dúvidas que existem, como: qual é a diferença entre cargo e função? O que é uma tarefa do ponto de vista conceitual? Dessa forma, vamos responder a essas questões-chave para que ao longo do curso os conceitos sejam fixados. 3 Cargos e remuneração estratégica – 34 – 3.1 Cargo e função Parece que não, mas frequentemente usamos tanto a palavra cargo como a palavra função indiscriminadamente. Em uma estrutura de cargos e salários, existe uma grande diferença entre esses dois termos. Conforme formos construindo o modelo, essas diferenças ficarão mais evidentes e pas- sarão a ser automaticamente utilizadas. “Cargo: é o conjunto de funções substancialmente idênticas quanto à natureza das tarefas executadas e às especificações exigidas dos ocupantes.” “Função: é o agregado de tarefas atribuí- das a cada indivíduo na organização.” “Tarefa: é a atividade executada por um indivíduo na organização.” (PONTES, 2000, p. 41-42.) Podemos dizer que função está relacionada diretamente com o serviço a ser executado, como secretária da área comercial, serviços administrativos da área financeira, entre outros. Por outro lado, cargo é o conjunto dessas funções somadas, desde que elas sejam próximas no que diz respeito às exigências que se faz para alguém executar essa função, por exemplo, secretária, assistente financeiro. Final- mente, a tarefa está relacionada à atividade que se faz, como atendimento telefônico, arquivamento de documentos,manutenção de equipamentos. É importante que esses conceitos fiquem claros, uma vez que a aná- lise do cargo está relacionada com eles. O estudo e a análise de um cargo demonstrarão quais são as tarefas que fazem parte de determinado cargo e quais especificações são exigidas de quem vai ocupar o cargo na empresa. – 35 – As etapas para a construção do Plano de Cargos e Salários (PCS) 3.2 Etapas Dados os conceitos básicos, para que possamos prosseguir, é impor- tante situar as principais etapas da construção do plano de cargos e salários em uma empresa. Se pudéssemos esquematizar as etapas da construção desse projeto, teríamos: Quadro 1 – Etapas para a construção de uma estrutura de cargos e salários Planejamento Implantação Divulgação Política salarial Análise de cargos Estrutura salarial Descrição dos cargos Avaliação e classi ficação dos cargos Pesquisa salarial 1 2 4 6 7 8 9 5 3 Para cada uma dessas etapas, temos um produto específico de saída que alimentará as demais etapas a serem construídas sucessivamente. Vamos falar de cada uma delas separadamente a fim de aprofundarmos os conhecimentos sobre elas. Antes, no entanto, é conveniente que façamos uma reflexão sobre um dos objetivos do plano de cargos e salários: a manutenção das carreiras na organização. É certo que uma empresa que não possua algum tipo de instrumento para definir qual será o próximo passo de um determinado empregado no que diz respeito a seu cargo, seu salário e sua carreira na organização está fadada ao fracasso. Isso porque todo ser humano quer ter uma perspectiva de onde ele pode chegar, como ele pode contribuir e o que ele precisa para chegar lá. Cargos e remuneração estratégica – 36 – Certamente, se não há estruturação ou definição de políticas claras para isso, o empregado não irá produzir com toda sua capacidade e isso será apenas o começo de muitos problemas que a empresa cultivará. No entanto, a pergunta que nos fazemos é: será que com uma boa estrutura de cargos e salários e também com uma política de carreira defi- nida conseguiremos bons resultados por meio das pessoas? Existem várias respostas para essa pergunta: sim, não, talvez. Entretanto, provavelmente ficaremos com a última, pois a implantação de uma política de cargos e salários é somente o começo. Outros programas também devem ser implan- tados, como o plano de desenvolvimento, o plano de gestão do desempe- nho, o plano de participação nos resultados (PLR), e assim sucessivamente. No entanto, a estruturação de cargos e salários já é um bom começo para a mudança. A empresa precisa manter os salários competitivos para atrair pessoas capacitadas no mercado de trabalho e conservar essas pessoas no seu quadro de empregados. Ao mesmo tempo, sendo o salário um grande componente dos custos das empresas, é necessário tentar manter na empresa pessoas altamente capacitadas para que não haja a necessidade de manter no quadro de pessoal excesso de contingente para garantir maior produção, ou maior qualidade. Em outras palavras, é importante remunerar bem para atrair e reter pessoas bem capacitadas e, com isso, não contratar mais que o neces- sário para que a produtividade e a qualidade sejam fatores-chave do sucesso da empresa. É por isso que apenas a implantação de um plano de cargos e salários, muitas vezes, não é suficiente para atingir esse objetivo e, então, outros programas são implantados em complemento a esse. É o caso dos planos de carreira e sucessão e também os planos de participação nos lucros e resul- tados (PLR). Esses, além de complementar o outro, estabelecem uma partici- pação mais efetiva do empregado no resultado da empresa que ele ajudou a construir. Essas questões complementares devem ser discutidas e planejadas na etapa de política salarial (Etapa 8) como podemos ver novamente no esquema a seguir, agora com explicações inerentes a cada etapa. – 37 – As etapas para a construção do Plano de Cargos e Salários (PCS) Quadro 2 – Esquema geral da montagem de uma estrutura de cargos e salários Definição da estrutura do programa Participação nos lucros e nos resultados Definição das carreiras Avaliação e classifi- cação dos cargos Escolha dos cargos, escolha das empre- sas, coleta Cálculo da curva salarial, graus, amplitude da faixa Política de remuneração Implantação Política salarial Planejamento Divulgação Análise dos cargos Coleta de dados, descrição dos cargos, titulação Descrição dos cargos Descrição dos cargos, titulação, classificação Pacote benefícios, composição da remuneração Divulgação, operacionalização, manutenção Salário, admissão, promoções, reajustes Elaboração do plano, discussão, aprovação Divulgação do plano aos empre- gados Sucessão de cargos, divulgação, desem- penho, T&D Comitê de avaliação, método escolhido Pesquisa salarial Estrutura salarial 3.2.1 A definição do comitê Como você imagina que a área de RH desenvolve seus programas, pro- jetos e implanta modelos de gestão de pessoas de acordo com as tendências atuais nessa área e acompanhando as mudanças de um mundo moderno? Quem são os agentes de mudança? Seria a área de Recursos Humanos? Os gestores de pessoas? A resposta para essas questões estão muito além de uma simples discussão. Embora a área de Recursos Humanos seja a principal incentivadora das mudan- ças e, sem dúvida, alinha sua estratégia às diretrizes de uma empresa, ela não é a única agente de mudança. Afinal, não há mudança sem que haja envolvimento de todos e, principalmente, comprometimento com a mudança. A área de Recursos Humanos deve trazer para o seu lado todos aqueles que podem contribuir com ela e, sendo assim, passa a ser de certa maneira Cargos e remuneração estratégica – 38 – a grande impulsionadora e líder desse movimento na empresa. Afinal, é ela que detém os conhecimentos sobre as pessoas e a expertise sobre esse assunto. Parceria, alianças e envolvimento são palavras de ordem nesse contexto. É por meio das pessoas, principalmente dos líderes, nas empresas que a área de Recursos Humanos coloca em ação os planos que ajudarão a empresa a construir um resultado melhor (lucratividade) e um melhor posicionamento frente a seus concorrentes (competitividade). Quando a área de Recursos Humanos desenvolve programas a fim de alinhar planejamento estratégico com práticas em gestão de pessoas, é impor- tante que haja a participação de algumas pesso as-chave dentro da organiza- ção, tendo em vista que esse movimento trata diretamente com pessoas, seja no que diz respeito ao levantamento de informações de seu cargo, competên- cias ou remuneração. A questão é definir bem quais são essas pessoas-chave. O comitê deve representar a empresa de maneira geral, incluindo formadores de opinião, líderes de pessoas, conhecedores da cultura da empresa. Enfim, pessoas que possam ser os facilitadores e, ao mesmo tempo, que participem da decisão em relação às novas práticas a serem adotadas na montagem da estrutura de cargos e salários. Algumas pessoas não podem deixar de fazer parte desse comitê: o gerente de RH ou o gerente de remuneração (ou uma pessoa a ele equiparada), uma vez que esse detém o conhecimento técnico para a construção da estrutura de cargos e salários, funcionará como facilitador desse processo. Também precisam fazer parte do comitê os gerentes de área ou da área que está sendo estudada naquele momento. Isso facilitará o trabalho do comitê no momento em que será feita a avaliação dos cargos dentro da nova estrutura salarial. Afinal, são eles que detêm os conhecimentos técnicos e sabem quais são as habilidades necessárias para se ter um bom funcionário trabalhando na função. O comitê fará frente principalmente no momento da avaliação e clas- sificação de cargos, uma vez que, para um melhor trabalho e transparência nessa etapa, a decisão e o novo desenho daquele momento não podem ser concentrados na mãode apenas um ou outro. – 39 – As etapas para a construção do Plano de Cargos e Salários (PCS) 3.3 As principais etapas (básicas) para a montagem da estrutura de cargos e salários É de suma importância que todo o projeto de implantação da estru- tura de cargos e salários seja bem planejado para que seus resultados sejam positivos. Assim, nessa etapa de planejamento, é importante que se faça uma divisão dos trabalhos, que terminarão com o projeto final de implantação. De maneira geral, as etapas da construção da estrutura de cargos e salá- rios estão representadas no quadro 2. No entanto, as etapas básicas para a construção do modelo podem ser definidas da seguinte forma: 2 divulgação – consiste em dizer para todos o que se pretende fazer na organização a partir da reestruturação de seus cargos e salários, trazendo para todos uma melhor compreensão de co mo se dará o processo e quais serão os objetivos finais a serem atingidos a partir de cada etapa. 2 descrição e análise dos cargos – é de extrema importância, pois é ela que trará para todos uma fotografia de como é a empresa no momento atual, do ponto de vista dos cargos e como ela ficará após a finalização da última etapa da construção do programa. 2 avaliação e classificação dos cargos – todos os cargos têm uma importância relativa para a organização, dependendo do segmento em que atua ou de como essa função trará para a empresa seus resultados. Existem várias metodologias de avaliação de cargos em uma empresa. 2 pesquisa salarial – trará para a empresa informações relativas ao equilíbrio externo e será utilizada para a compreensão da importân- cia relativa do cargo no mercado de maneira geral. 2 estrutura salarial – talvez seja a mais importante ou a mais técnica e trabalhosa, pois são utilizados vários conceitos estatísticos que requerem um conhecimento mais aprofundado. 2 política salarial – deve ser acompanhada por regras claras e trans- parentes e darão também possibilidade de construir futuramente programas de remuneração diferenciadas e mais atualizadas com Cargos e remuneração estratégica – 40 – as melhores práticas de mercado. É também a partir da definição da política salarial que podemos desenvolver planos de carreira e sucessão e criar uma perspectiva para os funcionários da empresa. Texto complementar O texto a seguir apresenta uma visão geral sobre as questões relaciona- das à implantação de um plano de cargos e salários. Faça uma reflexão sobre o assunto, levando em consideração quando o autor cita os termos cargos e funções e perceba a diferença relativa que o mesmo dá a questão. Os pilares da remuneração (PEROSSI, 2007) Em geral, os administradores questionam-me quando o assunto está relacionado em como estabelecer o salário, ou seja, como faço para definir o salário mais adequado? Como valorizar aqueles que vestem a camisa (os que demonstram comprometimento e, em geral, não têm hora para entrar e nem para sair)? Quais parâmetros posso utilizar na fixação do salário (relatividade interna, tempo de casa, mercado)? Como reconhecer e valorizar as pessoas diferenciadas den- tro da equipe (aquelas que têm qualidade diferenciada de entrega dos trabalhos)? Como explicar as diferenças salariais entre as pessoas dentro da equipe? Longe de ser uma receita, este artigo tem como objetivo pro- porcionar reflexões e discussões sobre os pilares que podem sustentar o processo salarial. Independentemente da região, segmento de atuação, cultura predominante e origem do capi- tal, (nacional ou multinacional), o nível salarial está sempre presente entre os cinco principais indicadores de desconforto e/ou descontentamento nas pesquisas formais e/ou informais feitas nas organizações. Contextualizar o ambiente organizacional e identificar os – 41 – As etapas para a construção do Plano de Cargos e Salários (PCS) principais aspectos que estão afetando a satisfação salarial é o primeiro diagnóstico que necessita ser feito para alinhar a estratégia a ser adotada. Entretanto, quando pensamos nesse tema, alguns indicadores deveriam estar presentes, a fim de proporcionar maior trans- parência e credibilidade junto aos funcionários, bem como trazer mais segurança para os administradores. Dentro dessa premissa, destaco a natureza das funções/cargos, o mercado, as competências e as habilidades, a performance, a estratégia e a saúde financeira das organizações como principais pilares do processo. Todas as funções são importantes, mas a importância relativa entre elas é diferente e aí podemos encontrar o primeiro indi- cador que, se bem ponderado e avaliado, permite estabelecer o ranking interno entre elas e, com isso, tornar visível a pirâ- mide das funções que, na prática, chamamos de relatividade interna. Conhecer o valor da função no mercado é importante para dimensionar a estratégia salarial a ser adotada. O mercado é amplo e, considerando as características das funções, é funda- mental o mapeamento e a seleção das empresas que vão servir de referencial na política a ser adotada. Na dúvida, tenho como sugestão duas perguntas que podem ajudar na escolha das empresas: para onde eu posso perder a minha mão de obra? Onde eu vou buscar a minha mão de obra para futuras contratações? Pagar por tempo de casa pode ser um risco, já que há evidên- cias de que tempo de casa não significa que o funcionário tem maior conhecimento e melhor desempenho em rela- ção a um funcionário mais novo. Com isso, ganha espaço a identificação e a análise das competências e habilidades que poderão servir de alicerce na definição do salário indi- vidual. As competências e as habilidades têm que estar Cargos e remuneração estratégica – 42 – correlacionadas com a performance, e aí entra o papel do gestor que precisa estar capacitado para identificar, dentro da equipe, as pessoas que realmente estão agregando valor às suas atividades. E como alinhar o salário considerando a função/cargo, o mer- cado e as competências e as habilidades? A estratégia de remuneração e a saúde financeira da empresa estão presentes nesse cenário e precisam estar balanceadas para atingir os objetivos propostos. Como vou pagar e quanto o meu negócio suporta o investimento salarial que será feito? Pagar o primeiro quartil, média, mediana, terceiro quartil ou os maiores salários de mercado são decisões estratégicas e as ações escolhidas poderão ser diferentes em relação às funções consideradas chave dentro do processo em relação às demais. Todo esse cenário deve ser consolidado com um eficaz plano de comunicação, envolvendo gestores e funcionários, para tornar o sistema mais transparente. Importante destacar a manu- tenção das políticas, o que requer acompanhamento, análise, avaliação e adequação para manter a sua competitividade. É importante ressaltar que o mercado é dinâmico e, em alguns segmentos, a velocidade de mudança pode ser mais rápida e, por isso, a atenção aos seus movimentos é essencial para manter a sustentação dos pilares da política de remuneração. Atividades 1. Cargo e função são diferentes, pois: a. cargo é o que a pessoa faz e função é a posição que ela ocupa na empresa. b. os cargos e as funções dizem respeito à mesma coisa, não havendo distinção entre os dois termos. – 43 – As etapas para a construção do Plano de Cargos e Salários (PCS) c. cargo é o agregado de funções idênticas quanto à natureza das tarefas e função é o agregado de tarefas. d. cargo é o agregado de tarefas e função são cargos idênticos e de mesmo nome. 2. Por que a fase de divulgação é importante no projeto de implantação de cargos e salários? a. Porque responde a várias dúvidas dos presidentes das empresas. b. Apresenta para todos quais os principais objetivos a serem atingi- dos com o plano. c. Apresenta aos empregados qual será o salário a ser pago para cada função em uma tabela. d. Estabelece quais principais cargos participarão da estrutura salarial. 3.Sobre a etapa de divulgação do plano de cargos e salários, podemos afirmar que: a. é uma etapa intermediária e serve para orientar as pessoas que trabalharão na montagem da estrutura de cargos e salários. b. é uma etapa final da montagem da estrutura de cargos e salários e serve para informar aos gerentes da empresa qual é a nova política salarial. c. é uma etapa inicial importante e que tem por finalidade informar a todos sobre os objetivos do plano. d. é uma etapa inicial e que tem como finalidade informar as mu- danças que ocorrerão nas políticas de cargos e salários já definidas anteriormente. Saiba Mais No livro a seguir, mais especificamente no capítulo 2, o autor nos dá uma visão e nos faz pensar a respeito de novas ten- dências nas empresas a respeito de alinhamento entre cargos e competências. Certamente, é uma visão interessante, pois nos faz sair um pouco das questões tradicionais e pensar em algo Cargos e remuneração estratégica – 44 – mais voltado à estratégia e processo de negócio, vinculado, inclusive, à questão cargo e competência. Vale a pena ler! CRUZ, Tadeu. O Teatro Organizacional: construindo e implantando processos de negócio. Rio de Janeiro: E-pa- pers, 2006. Divulgação do projeto e introdução à descrição de cargos Ao iniciarmos um projeto de descrição de cargos, existem duas questões que não podem ser esquecidas: a divulgação do pro- jeto e a descrição de cargos. Em ambos os casos, um componente fundamental do projeto está presente: as pessoas. Não podemos ini- ciar um projeto que envolva pessoas sem ao menos informá-las por que estamos fazendo isso, ou por que estamos perguntando algo sobre o cargo dele na empresa. É essencial saber como devemos divulgar o projeto. Em um processo de divulgação interna na empresa sobre algo que vamos desenvolver, é preciso decidir qual é o melhor canal para ser utilizado nesse contexto. Ao divulgar um plano, a linguagem a ser utilizada é um fator relevante, pois nem todos estão preparados ou detêm conhecimento suficiente para entender o que está sendo dito. Mui- tos dos envolvidos podem não ter suficiente instrução para entender uma mensagem escrita, por exemplo. Ter um leque de opções é o caminho mais seguro para que possamos divulgar adequadamente o que vai ser feito. 4 Cargos e remuneração estratégica – 46 – Podemos divulgar o projeto de várias maneiras, entre elas: 2 utilizando os murais da empresa com informativos; 2 por meio da rede de computadores – pop-ups, banners, e-mails, intranet; 2 distribuindo folhetos ou jornais; 2 por meio de reuniões com lideranças que poderão multi- plicar a informação; 2 por meio de reuniões ou palestras com todos os empregados; O canal de comunicação, a linguagem e a forma utilizada são aspec- tos importantes para obtenção de bons resultados. Pode-se também mesclar vários meios de divulgação do projeto, uma vez que, como falamos, nem todos os meios de comunicação atingem todos os públicos e, dessa forma, a garantia de que a informação chegará será muito maior. 4.1 O que divulgar? Ao divulgar o plano de cargos e salários, os empregados devem entender o que a empresa pretende fazer e o que realmente significa um plano de cargos e salários. Essas informações devem ser prioritárias. O objetivo do plano e o que vai acontecer com os colaboradores são as primeiras questões que todos fazem. Se todos forem bem informados e confiarem na informação, o sucesso do plano já estará encaminhado. Caso contrário, se todos tiverem dúvidas, ficarem receo- sos, tiverem a sensação de que essa será uma oportunidade para a empresa fazer corte de pessoal (e essa é uma das primeiras sensações), o plano estará fadado ao fracasso. Mais uma vez, temos que ter em mente que o ingrediente principal para o sucesso do projeto está nas pessoas e na sua colaboração. 4.2 O envolvimento das pessoas na descrição de cargos Sem dúvida, se as pessoas estiverem bem informadas e confiantes no sucesso do plano, certamente irão colaborar. No início da implantação do programa, esse envolvimento será muito grande, pois é a fase em que todos participarão, informando o conteúdo do cargo para os especialistas de Recur- sos Humanos que farão todo o catálogo de cargos da empresa. – 47 – Divulgação do projeto e introdução à descrição de cargos 4.3 Coleta de dados para a etapa da descrição de cargo A coleta de dados é uma etapa de importância significativa na monta- gem do plano de estrutura de cargos e salários. Dependendo da qualidade da coleta de dados nessa fase, os cargos estarão melhor ou pior descritos. O fundamental aqui é entender que a coleta de dados alimenta a descrição da tarefa do cargo de modo que quando houver a avaliação dos cargos e a hierar- quização dos mesmos, pelo nível de importância, essa coleta fará a diferença. 4.3.1 Métodos de coleta de dados Para qualquer método a ser utilizado na coleta de dados para a descri- ção de cargos, é sempre importante o rapport (quebra-gelo), que tem como finalidade estabelecer um contato franco e cordial, esclarecendo sobre os motivos e os objetivos da entrevista e da análise de cargos. É preciso infor- mar o entrevistado de que suas respostas serão anotadas para que seja possível elaborar a descrição e a especificação do cargo, e que depois de elaborada será devolvida para que ele possa criticar e assinar. Os métodos de coleta de dados são os seguintes: 4.3.1.1 Observação local É um método utilizado para buscar informações dos cargos cujas tarefas envolvam operações manuais ou tarefas simples e repetitivas. Exemplo: cargos do grupo ocupacional operacional. 4.3.1.2 Questionário É um método indicado para todos os cargos. Um questionário padrão é elaborado e distribuído para todos os empregados da empresa preen- cherem. Os empregados deverão, nesse momento, ser informados sobre os objetivos da análise de cargos, a fim de evitar ansiedade e mal-enten- didos. O questionário deve ser elaborado de forma simples e clara, acom- panhado das instruções e de um modelo já preenchido. Dependendo do que se pretende, pode-se estabelecer que a coleta de dados por questio- nário seja feita pelos empregados juntamente com a supervisão do consultor da área de cargos e salários e um membro do comitê representante da área do cargo. Cargos e remuneração estratégica – 48 – 4.3.1.3 Entrevista É o melhor método para a obtenção dos dados e análise dos cargos. O analista de cargos conduz a entrevista, previamente estruturada, com o ocu- pante do cargo. Ela deve ser realizada no local de trabalho do entrevistado para deixá-lo mais à vontade e para que possa mostrar exemplos dos trabalhos que realiza. A entrevista é uma conversação dirigida a um propósito definido, que consiste em obter dados detalhados e precisos das tarefas desenvolvidas pelo empregado. Para tanto, é necessário: 2 compreender que tipo de informações precisamos obter durante a entrevista e quais técnicas devemos utilizar para coletá-las; 2 desenvolver uma postura de empatia, colocando-nos no lugar do colaborador que estamos entrevistando, evitando preconcei- tos, respeitando o entrevistado e procurando, assim, conquistar sua confiança; 2 criar condições favoráveis para o entrevistado, transmitir natu- ralmente suas informações, bem como evitar a “transferência” de ideias e sentimentos no entrevistado; 2 adaptar-se às circunstâncias do momento rapidamente, falando sua linguagem da maneira mais clara e simples; 2 manter expressão facial serena e de compreensão, entendendo e apoiando suas reações; 2 não externar (o consultor – analista de cargos e salários) sentimen- tos próprios, opiniões e crenças que possam gerar controvérsias e discordâncias; 2 perguntar e entender a descrição de procedimentos, para quem é feito, a fonte de origem e o que o empregado faz. Para obter as informações necessárias, a principal ferramenta de trabalho do entrevistador é a pergunta e, para tanto, deve-se prestar atenção ao queé dito. Também devemos estar atentos aos seguintes aspectos: 2 Análise das tarefas do cargo – nesse momento são obtidos os dados referentes às tarefas executadas e que farão parte da descrição – 49 – Divulgação do projeto e introdução à descrição de cargos formal do cargo. Solicitar que o empregado liste suas tarefas do dia a dia torna mais fácil a compreensão e a organização das ideias no momento da descrição. Por exemplo, se o empregado entrevistado exerce o cargo de auxiliar financeiro, poderá listar tarefas como arquivar documentos, redigir cartas para bancos, agendar paga- mentos a serem efetuados, entre outras tarefas. 2 Listar as tarefas inerentes ao cargo – isso facilitará o trabalho no momento da descrição. A vantagem é que o método de entrevista como coleta de dados, de uma certa forma, já traz a descrição de car- gos montada e com todas as dúvidas esclarecidas, o que não ocorre nos outros métodos e, por isso, o resultado será mais confiável. A desvantagem do método de entrevista está relacionada ao tempo e ao custo, uma vez que, para se ter um bom resultado e qualidade no produto final, é necessário que se tenha bons e experientes analistas no momento da entrevista, bem como um tempo maior para a condução da mesma. 4.3.1.4 Experiência prévia do analista Esse método consiste na construção da descrição do cargo por meio da experiência que o analista de cargos e salários traz de outros trabalhos já efe- tuados e que alimentam as informações. O analista, por exemplo, pode saber o que um analista contábil faz e montar preliminarmente uma descri- ção das tarefas, baseado em sua experiência com o mesmo cargo em outras empresas. No entanto, a descrição preliminar deve ser colocada à disposi- ção do empregado que ocupa o cargo a fim de validá-la, complementando ou excluindo informações. Cabe também reforçar que esse método é usado para complementar um dos métodos anteriores, já que dificilmente o analista conhecerá bem todos os cargos da empresa. 4.3.1.5 Métodos combinados Os métodos combinados são adequados quando nem todos os métodos anteriormente descritos atenderem aos objetivos. Faz-se, então, uma combi- nação entre os métodos, ora efetuando a coleta por um método, ora por outro mais adequado a determinado cargo. Os métodos podem ser combinados nas formas descritas a seguir: Cargos e remuneração estratégica – 50 – 4.3.1.6 Questionário e entrevista 2 Com o ocupante do cargo – o empregado responde ao questioná- rio e logo em seguida o analista de cargos e salários efetua a entre- vista com base no questionário desenvolvido para se obter certeza sobre as respostas e também esclarecer algumas dúvidas. 2 Com o gerente responsável – o gerente da área responde ao ques- tionário sobre determinado cargo ocupado por um subordinado dele e depois o analista faz a entrevista com o ocupante do cargo para validar o questionário respondido pelo gerente. 2 Com o analista de cargos e salários – o analista conduz uma entre- vista com o empregado que ocupa o cargo de posse do questionário e, à medida que vai entrevistando o empregado, vai preenchendo também o questionário. Questionário e observação local: 2 Gerente e ocupante do cargo – o gerente preenche o questioná- rio sobre o cargo que o empregado subordinado ocupa e o ana- lista de cargos e salários vai ao local de trabalho observar o empre- gado trabalhando, validando, assim, o que o gerente preencheu no questionário. 2 Analista de cargos e salários – o analista vai ao local de trabalho do empregado e observa-o na execução de suas tarefas. Ao mesmo tempo em que observa o empregado, ele vai preenchendo o ques- tionário em seu poder. Observação local e entrevista: 2 Ocupante do cargo – o analista de cargos e salários vai ao local de trabalho do empregado e observa-o na execução de suas tarefas. Em seguida, realiza uma rápida entrevista com o ocupante do cargo a fim de validar sua observação. 2 Ocupante do cargo e gerente – nesse caso, o analista de cargos e salários vai ao local de trabalho do empregado e observa-o na exe- cução de suas tarefas. Em seguida, realiza uma rápida entrevista com o gerente ao qual o empregado observado está subordinado. – 51 – Divulgação do projeto e introdução à descrição de cargos Os métodos combinados acabam trazendo algumas vantagens para o processo de coleta de dados, pois, entre outros aspectos, esse método vai diminuir o tempo de entrevista, melhorar a qualidade das informações cole- tadas pelos questionários e eliminar dúvidas que possam surgir na aplicação de um único método utilizado. 4.3.2 Abordagem inicial para uma boa coleta de dados A abordagem inicial na fase de coleta de dados, caso essa seja feita por entrevista, deve iniciar-se com um cumprimento receptivo, sorriso sincero, maneiras francas e cordiais, necessárias ao desenvolvimento de um clima de confiança. A esse processo, dá-se o nome de rapport que, em suma, é a relação em que o empregado toma a liberdade de falar livremente. Deve-se evitar exageros, artifícios com maneiras extravagantes, malícias, entre outros. Isso tudo porque a entrevista cria uma expectativa no colaborador e faz com que ele se coloque numa postura defensiva. Portanto, é imprescindível que desde logo o analista informe a finalidade de entrevista e justifique por que a empresa quer tais informações. Exemplo de abordagem inicial A organização está procurando descrever e analisar os cargos existentes. Para isso, será preciso conhe- cer o que faz cada empregado, os conhecimentos que ele precisa ter, a experiência necessária, o esforço que deve fazer e as responsabilidades atribuídas. Por esse motivo, ficaríamos agradecidos pela colabora- ção, dizendo-nos com detalhes tudo aquilo que faz. A intenção da empresa é aperfeiçoar as normas futuras de seleção, treinamento e avaliação de cargos. A descrição de cargos é fundamental para isso. Eliminadas as dúvidas, em clima mais ameno, inicia-se a coleta de informações. Cargos e remuneração estratégica – 52 – 4.3.3 Tornando o método de coleta de dados mais eficaz Na prática, notamos que o que funciona melhor na etapa de coleta de dados para a elaboração das descrições de cargo é a combinação dos métodos de preenchimento de formulário e o processo de entrevista. O envolvimento dos empregados na coleta de dados demonstra a disposição da empresa em informar e considerá-los como peças fundamentais no processo de montagem da estrutura de cargos e salários. A entrevista para revisão dessas informações coletadas nos questionários pode ser realizada com grupos menores, mas que envolvam principalmente gerentes ou supervisores na revisão dos formulários dos empregados de suas respectivas áreas. Para que se tenha um produto final adequado às necessidades, é impor- tante pensarmos em: 2 construir um modelo de questionário que tenha todas as informa- ções necessárias na etapa de coleta de dados, mas que tenha prin- cipalmente simplicidade para tornar o entendimento adequado a todos os públicos que o questionário irá atingir; 2 elaborar instruções de preenchimento claras e objetivas e em lin- guagem que todos possam entender; 2 preparar um kit contendo as instruções, os questionários em branco para serem preenchidos e devolvidos e um modelo de questionário preenchido para servir de exemplo; 2 orientar os líderes da empresa, gerente, supervisores e chefes que incentivem e acompanhem o trabalho de coleta de dados, reforçando a importância do correto preenchimento do mesmo para a obtenção de um bom produto final. Após o recebimento de todos os questionários devidamente preenchi- dos, é importante que tenhamos em mente que o grande trabalho virá a partir dessa “matéria--prima” construída pelos próprios empregados que ocupam os cargos na empresa. Devemos, então: – 53 – Divulgação do projeto e introdução à descrição de cargos 2 passar à etapa de entrevista com os gerentes e os supervisores, a fim de rever
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