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Conceito de Clínica Ampliada

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A clínica Ampliada em Saúde Mental
Aula 1 - Conceito de Clínica Ampliada
Pré aula: Reflitamos!!!!
Você conhece os serviços de saúde de sua cidade? Quais? 
Você acha que os Princípios da Política de Humanização realmente podem ser vividos na prática dos atendimentos da Saúde que você conhece? 
Acredita que nossas Políticas Públicas atuais na área da Saúde podem ser melhoradas, ou será que ainda devem ser efetivamente implantadas? 
Você se imagina exercendo um cargo dentro de algum serviço de Atendimento à Saúde e ajudando, com seu trabalho, na busca pela qualidade de vida dos usuários? 
O tema da psicoterapia vem sendo constantemente discutido ao longo da história do Sistema Conselhos de Psicologia;
Entre 2000 e 2008, ocorreram muitos debates a respeito da relevância de construir maiores referências para a prática da psicoterapia feita por psicólogos;
A Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf), do Sistema de Conselhos, constituiu um grupo de trabalho (GT) para pensar em critérios norteadores de ação na área e para subsidiar a discussão nos plenários dos Conselhos Regionais e Federal de Psicologia;
Em maio de 2007, o GT apresentou roteiro para essa discussão, com 4 eixos;
Além disso, foi pensada em uma articulação com a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep) para uma discussão de critérios na formação, no intuito de qualificar o trabalho da psicoterapia para os psicólogos.
Após essas ações, seria avaliado o material produzido e ampliado o debate com a categoria. 
Assim, em dezembro de 2008, a Apaf definiu 2009 como o Ano da Psicoterapia no Sistema Conselhos de Psicologia
Eixo I - A constituição das psicoterapias como campo interdisciplinar
 
a. Psicoterapia como uma disciplina científica ou como um conjunto de métodos e técnicas que definem uma prática. 
b. Interdisciplinaridade, transversalidade e multiprofissionalidade: o psicólogo neste contexto. 
c. Limitações das reivindicações da exclusividade por parte dos psicólogos. 
d. Psicoterapia como prática diversa (clínica ampliada). 
Clínica ampliada: A Humanização da Psicologia para fazer Saúde Integral
A Psicologia foi reconhecida oficialmente como profissão no Brasil em 1962. 
A formação e a atuação do profissional psicólogo foram estruturadas em torno de três principais áreas: a clínica, a escolar e a organização. 
A de maior destaque na formação, na atuação e no imaginário social da profissão foi a área clínica, trazendo uma concepção clássica psicoterapêutica que remete a uma atuação individualizada e voltada para as classes média e alta da população. 
Essa concepção trouxe algumas consequências para a atuação do profissional de psicologia, pois, reproduzindo a visão individualizada e curativa, os psicólogos normalmente se remetiam somente aos fenômenos mentais de modo individual, desconsiderando os fenômenos sociais.
Clínica Ampliada, objetiva uma ampliação no que se refere ao “objeto de trabalho” da clínica, considerando não só os aspectos psicopatológicos, mas também as situações de vulnerabilidade e risco nas quais o indivíduo está inserido. 
Essa ampliação considera que, de concreto, não há problema de saúde ou doença deslocado de uma realidade social, cultural, econômica e política, construídas socialmente.
Busca-se estratégias de redução de sofrimento psíquico a partir da escuta qualificada e continente das demandas que emergem nos contextos de socialização do indivíduo. 
Quando o sofrer existencial concretamente vinculado aos processos psicossociais é considerado como manifestação meramente psíquica, incorre-se seriamente o risco de aumentar o sofrimento do indivíduo.
A clínica que se propõe ampliada na Psicologia necessariamente se posiciona como uma clínica compromissada socialmente. 
Supera a concepção de ser um local ou área de atuação, e se caracteriza como uma atitude, um modo de se relacionar com o outro, um modo específico de cuidado. O que possibilitará ao indivíduo sentir-se acolhido e compreendido a partir de sua singularidade, traduzido em apoio para a transformação de sua realidade subjetiva e concreta, partindo de seus recursos e estratégias de enfrentamento, com bases em conhecimentos técnicos, científicos e éticos da Psicologia.
Importante saber o que é Psicologia Social e Comunitária!
Psicologia Social
Atua fundamentada na compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e coletivos, sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o objetivo de problematizar e propor ações no âmbito social. O psicólogo, nesse campo, desenvolve atividades em diferentes espaços institucionais e comunitários, no âmbito da Saúde, Educação, trabalho, lazer, meio ambiente, comunicação social, justiça, segurança e assistência social. Seu trabalho envolve proposições de políticas e ações relacionadas à comunidade em geral e aos movimentos sociais de grupos e ações relacionadas à grupos étnico-raciais, religiosos, de gênero, geracionais, de orientação sexual, de classes sociais e de outros segmentos socioculturais, com vistas à realização de projetos da área social e/ou definição de políticas públicas. Realiza estudo, pesquisa e supervisão sobre temas pertinentes à relação do indivíduo com a sociedade, com o intuito de promover a problematização e a construção de proposições que qualifiquem o trabalho e a formação no campo da Psicologia Social.
Psicologia Comunitária
A Psicologia Comunitária é uma aplicação da psicologia social para resolução dos problemas sociais na comunidades. Constitui-se como disciplina recente na história da psicologia. Sua origem remonta, por um lado à psiquiatria social e preventiva, à dinâmica e psicoterapia de grupos, práticas "psi" que conceituavam uma origem social a seus objetos de estudo. São comuns os termos: “Psicologia na Comunidade” (Bender, 1978); “Psicologia do Desenvolvimento Comunitário” (Escovar, 1979); “Saúde Mental Comunitária” (Berenger, 1982); “Psicologia Comunitária/na Comunidade” (Bonfim, 1992); etc.
A Psicologia Comunitária se caracteriza por trabalhar com sujeitos sociais em condições ambientais específicas, atento às suas respectivas psiques ou individualidades. Seus objetivos se referem a melhoria das relações entre os sujeitos e entre estes e a natureza e instituições sociais ou o seu empoderamento. Nesta perspectiva está todo o esforço para a mobilização das comunidades na busca de melhores condições de vida”. O termo Psicologia Comunitária inclui os estudos e práticas que vêm se realizando no Brasil a exemplo do Movimento de Saúde Mental Comunitário e do Movimento de Ação Comunitária na América Latina, e outras aplicações da psicologia social em problemas relacionados a comunidade.
Psi Comunitária, continuação,...
Fundamental para compreensão da Psicologia Comunitária é o conceito de comunidade, seu objeto material e campo de atuação. O termo Comunidade, utilizado hoje em dia na Psicologia Social, é bastante elástico e capaz de incluir em seu escopo desde um pequeno grupo social, um bairro, uma vila, uma escola, um hospital, um sindicato, uma associação de moradores, uma organização não - governamental, até abarcar os indivíduos que interagem numa cidade inteira.
Alguns aspectos comuns a Psicologia Comunitária: a) Uma visão pragmática da psicologia, isto é, uma preocupação com a aplicação prática dos achados da psicologia a situações sociais concretas, e pouco interesse com questões de natureza teórica e científica. b) Uma ênfase psicológica voltada para a melhoria da qualidade de vida das comunidades como objeto do saber psicológico. c) Foca nas questões interpessoais da comunidade, e não na preocupação tradicional da psicologia (o indivíduo e as questões intrapsíquicas).
A inserção do psicólogo nas comunidades de baixa renda promove o diálogo entre sujeitos de contextos diferentes, possibilitando a reconstrução cultural, a ética da solidariedade e a construção de projetos coletivos, num cenário de individualismo urbano crescente.
Continuando com o conceito de clinica ampliada...
A clínica ampliadaé uma das diretrizes que a Política Nacional de Humanização propõe para qualificar o modo de se fazer saúde. 
Ampliar a clínica é aumentar a autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade. 
É integrar a equipe de trabalhadores da saúde de diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, com a criação de vínculo com o usuário. A vulnerabilidade e o risco do indivíduo são considerados e o diagnóstico é feito não só pelo saber dos especialistas clínicos, mas também leva em conta a história de quem está sendo cuidado.
É um modelo de atenção à saúde que tem ganhado cada vez mais espaço nas instituições públicas e privadas.
É baseada no conceito de saúde integral, que vê a qualidade de vida como o resultado de fatores biopsicossociais. Outro pilar do modelo é integrar a equipe de profissionais de diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, criando, assim, vínculo e diálogo com o paciente.
Considera a saúde de uma forma mais global, envolvendo condições biológicas, sociais, psicológicas, ambientais e políticas em um território.
O foco da clínica ampliada é a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde envolvendo ações terapêuticas individuais ou coletivas.
O objetivo desse modelo é a promoção de qualidade de vida e autonomia e do fortalecimento do sujeito enquanto um protagonista de sua vida.
Qual o diferencial da clínica ampliada para o usuário?
A ampliação da clínica trabalha os danos e os benefícios gerados pelas práticas de saúde, e aposta nas equipes de diferentes especialidades compartilhando a responsabilidade com os usuários e seu entorno. O serviço de saúde pode acolher a queixa do usuário mesmo que a fala pareça não ter relação direta para o diagnóstico e tratamento, pois essa escuta auxilia o próprio usuário a descobrir os motivos de seu adoecimento, por exemplo.
A Clínica ampliada vai focar...
Na prática, como a clínica ampliada acontece?
Através da escuta, o trabalhador da saúde vai buscar junto ao usuário, os motivos pelos quais ele adoeceu e como se sente com os sintomas, para compreender a doença e se responsabilizar na produção de sua saúde. 
É importante estar atento para os afetos entre os trabalhadores e usuários buscando a autonomia da pessoa diante do seu tratamento, ao mesmo tempo em que seu caso é tratado de forma única e singular. Um hipertenso, por exemplo, pode e será cuidado de forma diferente de outro hipertenso, já que cada caso é um caso. Se o usuário estiver deprimido, isolado, desempregado, tudo isso interferirá no desenvolvimento da sua doença e precisa ser ouvido pelo profissional de saúde.
São abordadas questões temáticas como as condições de vida, a configuração familiar, rotina e outros fatores que influenciam na saúde.
Passam a ir além do individual, incluindo ações junto à família, grupos terapêuticos e de prática de atividade física ações no território.
Todo esse processo não exclui a importância dos diagnósticos e medicação, mas sim, passa a englobar outros elementos e a encarar a qualidade de vida como uma questão mais ampla.
A Clínica Ampliada e compartilhada, vem com a proposta de entender o significado do adoecimento e tratar a doença no contexto de vida, no qual esta doença está inserida. Portanto, sua proposta, não é tratar a doença, mas o sujeito de maneira integral.
A clínica ampliada é uma das diretrizes que a Política Nacional de Humanização propõe para qualificar o modo de se fazer saúde. 
 A Clínica Ampliada
Em 2004, o Ministério da Saúde implementa o PNH (Projeto Nacional de Humanização), publicando a cartilha sobre a Clínica Ampliada, dentro do Projeto Humaniza SUS, reconhecendo assim que o fator humano estava ausente em nosso sistema de Saúde.
A Clínica Ampliada propõe que o profissional de saúde desenvolva a capacidade de ajudar as pessoas, não só a combater as doenças, mas a transformar-se, de forma que a doença, mesmo sendo um limite, não a impeça de viver outras coisas na sua vida. 
Na explicitação de suas metas, a cartilha afirma:
Por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde.
Os valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a participação coletiva no processo de gestão e a indisociabilidade entre atenção e gestão.
Estas metas foram influenciadas indiretamente pelos princípios norteadores da Psicologia Humanista, especificamente aqueles propostos por Rogers desde a década de 40: singularidade, compromisso ético, responsabilidade, autonomia e diálogo com outros campos do conhecimento.
Esta clínica vê o doente primariamente como uma pessoa autônoma e digna de consideração, que necessita da escuta atenta do profissional de saúde.
Esta pessoa, a partir da formação de vínculos com os diferentes representantes do sistema de saúde, vai se tornar ator e autor de sua vida, incluindo os cuidados com sua saúde, engajando-se nos processos de promoção da saúde, orientações presentes na formulação da Psicologia Humanista na década de 60.
Encontramos no CBO - Catálogo Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho a delimitação do trabalho do Psicólogo clínico, cujos pontos essenciais remetem a sua atuação na área específica da saúde, para o exame de pessoas que apresentam problemas intra e interpessoais, de comportamento familiar ou social ou distúrbios psíquicos, e ao respectivo diagnóstico e terapêutica, empregando enfoque preventivo ou curativo e técnicas psicológicas a fim de contribuir para a possibilidade de o indivíduo elaborar sua inserção na vida comunitária.
Este profissional acompanha programas de pesquisa, treinamento e política sobre saúde mental, elabora, coordena e supervisiona, para garantir a qualidade de tratamento em nível de macro e micro sistemas. Atua junto a equipes multiprofissionais identificando e compreendendo os fatores emocionais, para intervir na saúde geral do indivíduo em unidades básicas, ambulatórios, hospitais, partindo das questões concernentes à sua inserção social. (Resolução CFP 013/2007).
Propõe-se uma Psicologia Clínica Centrada na Pessoa  comprometida com o contexto sócio-político-cultural das pessoas que são atendidas nos mais variados locais, mantendo sua especificidade enquanto escuta local (aos significados e sentidos implícitos) e, ao mesmo tempo, global (aos atravessamentos ambientais, sociais, políticos, religiosos, culturais, familiares, genéticos, físicos).
Pós aula - Reflita!!
O Difícil Facilitário do Verbo Ouvir
Um dos maiores problemas de comunicação, tanto a de massas como a interpessoal, é o de como o receptor, ou seja, o outro, ouve o que o emissor, ou seja, a pessoa, falou.
Numa mesma cena de telenovela, notícia de telejornal ou num simples papo ou discussão, observo que a mesma frase permite diferentes níveis de entendimento.
Na conversação dá-se o mesmo. Raras, raríssimas, são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que a outra está dizendo.
Diante desse quadro venho desenvolvendo uma série de observações e como ando bastante entusiasmado com a formulação delas, divido-as com o competente leitorado que, por certo, me ajudará passando-me as pesquisas que tenha a respeito.
Observe que:
1) Em geral o receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que o outro não está dizendo.
2) O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que quer ouvir.
3) O receptor não ouve o que o outro fala. Ele ouve o que já escutara antes e coloca o que o outro está falando naquilo que se acostumou a ouvir.
4) O receptor não ouve o que o outro fala. Ele ouve o que imagina que o outro ia falar.
5) Numa discussão, em geral, os discutidores não ouvem o que o outro está falando. Eles ouvem quase que só o que estão pensando para dizer em seguida.
6) O receptor não ouve o que o outro fala, Ele ouve o que gostaria ou de ouvir ou que o outro dissesse.
7) A pessoa não ouve o que a outra fala. Ela ouve o queestá sentindo.
8) A pessoa não ouve o que a outra fala. Ela ouve o que já pensava a respeito daquilo que a outra está falando.
9) A pessoa não ouve o que a outra está falando. Ela retira da fala da outra apenas as partes que tenham a ver com ela e a emocionem, agradem ou molestem.
10) A pessoa não ouve o que a outra está falando. Ouve o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento. Vale dizer, ela transforma o que a outra está falando em objeto de concordância ou discordância.
11) A pessoa não ouve o que a outra está falando: ouve o que possa se adaptar ao impulso de amor, raiva ou ódio que já sentia pela outra.
12) A pessoa não ouve o que a outra fala. Ouve da fala dela apenas aqueles pontos que possam fazer sentido para as ideias e pontos de vista que no momento a estejam influenciando ou tocando mais diretamente.
Esses doze pontos mostram como é raro e difícil conversar. Como é raro e difícil se comunicar! O que há, em geral, são monólogos simultâneos trocados à guisa de conversa, ou são monólogos paralelos, à guisa de diálogo. O próprio diálogo pode haver sem que, necessariamente, haja comunicação. Pode haver até um conhecimento a dois sem que necessariamente haja comunicação. Esta só se dá quando ambos os pólos ouvem-se, não, é claro, no sentido material de "escutar", mas no sentido de procurar compreender em sua extensão e profundidade o que o outro está dizendo.
Ouvir, portanto, é muito raro. É necessário limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia.
Ouvir implica uma entrega ao outro, uma diluição nele. Daí a dificuldade de as pessoas inteligentes efetivamente ouvirem. A sua inteligência em funcionamento permanente, o seu hábito de pensar, avaliar, julgar e analisar tudo interferem como um ruído na plena recepção daquilo que o outro está falando.
Não é só a inteligência a atrapalhar a plena audiência. Outros elementos perturbam o ato de ouvir. Um deles é o mecanismo de defesa. Há pessoas que se defendem de ouvir o que as outras estão dizendo, por verdadeiro pavor inconsciente de se perderem a si mesmas. Elas precisam "não ouvir" porque "não ouvindo" livram-se da retificação dos próprios pontos de vista, da aceitação de realidades diferentes das próprias, de verdades idem, e assim por diante. Livram-se do novo, que é saúde, mas as apavora. Não é, pois, um sólido mecanismo de defesa.
Ouvir é um grande desafio. Desafia de abertura interior; de impulso na direção do próximo, de comunhão com ele, de aceitação dele como é e como pensa. Ouvir é proeza, ouvir é raridade. Ouvir é ato de sabedoria.
Depois que a pessoa aprende a ouvir ela passa a fazer descobertas incríveis escondidas ou patentes em tudo aquilo que os outros estão dizendo a propósito de falar.
Ler mais: https://www.educacaoemocional.com/news/o-dificil-facilitario-do-verbo-ouvir/
Bibliografia desta aula
Acervo pessoal
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2010/07/Relatorio_AnoPsicoterapia.pdf – Material do CFP – Resoluções para o ANO DA PSICOTERAPIA que foi comemorado em 2009.
https://www.google.com/search?q=clinica+ampliada+e+compartilhada+pdf&oq=Clinica+ampliada+e+c&aqs=chrome.2.69i57j0l2j69i60l3.13532j1j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8 – Cartilha
file:///C:/Users/marcm/Documents/FAC/FAC%202019/CLÍNICA%20AMPLIADA/Clinica%20Ampliada%20cartilha.pdf – Cartilha
file:///C:/Users/marcm/Downloads/61-Texto%20do%20artigo-60-1-10-20130206.pdf - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A CLÍNICA AMPLIADA. PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA E O RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NA COMUNIDADE DE MUZEMA, NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

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