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Imunidade do recém-nascido Introdução O desenvolvimento do sistema imunológico no feto dos mamíferos segue um padrão consistente: timo, órgãos linfoides secundários, células IgM positivas. Desenvolvimento do S.I e infecção intrauterina Caso o animal nasça com hiperplasia linfoide (tecido linfoide muito desenvolvido), tenha elevação dos níveis de Ig e ainda não mamou, isso é sinal que pode ter um processo infeccioso intrauterino. Infecção: ↪Cepa não citopática (vírus se multiplica na célula e não a destrói): se ao nascer o animal tiver contato com essa cepa, ele fica com o vírus no corpo. Porém, se entrar em contato depois de uns dias que já houveram maior produção de órgãos linfoides, ele consegue combater. ↪Cepa citopática (mata a célula): • Contato ao nascer: mal formação ou aborto • Contato entre 100-150 dias: mal formação • Contato depois de 150 dias: animal elimina o vírus. Imunidade passiva A mãe transfere no nascimento anticorpos aos filhotes. Vida curta e sem memória, depois de um tempo essas Ig vão sendo degradadas e o animal começa a fazer os próprios ACs. Resposta imune dos animais recém-nascidos Tem pouca memória imune Resposta imune primaria lenta: baixa produção de anticorpos Transferência passiva de anticorpos: mãe → filhote Linfócitos podem ser transferidos via placenta Transferência de imunidade da mãe para o descendente Ocorre intrauterina e a transferência depende do tipo de placenta que o animal possui (quantas camadas tem a placenta). Homem e primatas: placenta do tipo hemocorial ↪Transferência de IgG, deixando o recém-nascido com níveis de IgG comparáveis ao do adulto. Cães e gatos: placenta do tipo endoteliocorial ↪5-10% da IgG materna pode ser transferida para o feto ↪Anticorpos são adquiridos através do colostro. Ruminantes: placenta do tipo sindesmocorial ↪IgG materna não é transferida pela placenta ↪Todos os anticorpos são adquiridos através do colostro Equinos e suínos: placenta do tipo epiteliocorial ↪IgG materna não é transferida pela placenta ↪Anticorpos são adquiridos através do colostro Absorção do colostro A absorção ocorre a partir de receptores presentes no recém-nascido para os anticorpos vindo do colostro. Receptor FcRn: presente na célula epitelial que se liga aos anticorpos que vieram do colostro e estão no lúmen intestinal, transferindo esses anticorpos para o sangue. Equinos e suínos absorvem seletivamente IgG e IgM, e a IgA permanece no intestino. Ruminantes não há absorção seletiva, IgG, IgM e IgA são absorvidas e IgA é reexcretada. Transferência via colostro, leite A mamada tem que ser logo após o nascimento para que os anticorpos sejam absorvidos sem ser degradados pelo caminho, uma vez que após o nascimento há baixa atividade proteolítica do trato gastrointestinal, assim o anticorpo chega inteiro ao intestino. Há também inibidores de tripsina no colostro para ajudar que a Ig não seja degradada. Ig se liga ao receptor FcRn no epitélio intestinal: essa ligação facilita a endocitose pelas células epiteliais, assim a Ig atravessa a célula e chega a circulação A permeabilidade da célula epitelial para a Ig tem duração limitada, ela é mais alta ao nascimento e declina após 6 horas. Além da degradação ser mais recorrente. Secreção e composição do colostro e leite Colostro X Leite Colostro: gera imunidade sistêmica, porque a Ig vai para o sangue. Deve ser tomado nas primeiras horas do nascimento. Leite: gera imunidade local. Níveis de Igs no soro do potro Falha de transferência passiva Filhote prematuro: a mãe possui quantidade insuficiente de colostro Lactação prematura: perda por gotejamento Falha na ingestão: nascimento de múltiplos (os filhotes maiores competem com os menores pela teta e ganham, deixando os menores sem leite), tetas com anormalidades e defeitos no maxilar. Falha na absorção Diagnóstico de falha de transferência passiva Teste da turvação de zinco: o sulfato de zinco quando colocado na presença de IgG, ocorre precipitação. Sendo assim possível quantificar a IgG presente no animal. No caso de deficiência de imunoglobulina sérica no colostro da mãe, o TSZ indicara o baixo teor de imunoglobulina sérica no recém-nascido e a necessidade da aplicação de colostro de boa qualidade por via oral. Esse diagnostico pode ser feito também por: imunodifusão radial, ELISA, aglutinação em látex. Imunidade mediada por células O colostro é repleto de linfócitos, portanto, garante imunidade celular ao neonato. Os linfócitos colostrais podem sobreviver por até 36 horas no intestino de bezerros neonatos, e alguns podem penetrar no epitélio das placas de Peyer e alcançar linfonodos e a circulação. Linfócitos T CD8+ no colostro de bovinos podem produzir IFN-γ, influenciando o desenvolvimento precoce de respostas Th1 em bezerros neonatos. Isso acelera o desenvolvimento de linfócitos ativados no bezerro. Portanto, a ingestão de leucócitos colostrais maternos após o nascimento estimula o desenvolvimento do sistema imune neonatal. Imunidade adaptativa no neonato O neonato pode desenvolver uma imunidade local ou sistêmica. Na imunidade local os tecidos linfoides intestinais respondem rapidamente aos antígenos ingeridos. Essa resistência inicial é atribuída à produção inata de IFN-α/β, mas existe uma resposta precoce de IgM intestinal, que muda para IgA em 2 semanas. A imunidade sistêmica é adquirida pelos anticorpos maternos. Tais anticorpos inibem a capacidade do recém-nascido de montar sua própria resposta imune. Desse modo, animais muito jovens são incapazes de responder a uma imunização ativa com vacinas. À medida que o título de anticorpos maternos cai a resposta imune fica mais eficiente. Isso ocorre porque os anticorpos maternos mascaram os epítopos dos antígenos vacinais, impedindo seu reconhecimento pelos linfócitos B do animal e, portanto, impedindo a imunidade ativa. Portanto, a resposta imune pode ser induzida apenas quando os títulos de anticorpos maternos caírem abaixo de um limiar crítico. Vacinação Como os anticorpos maternos inibem a síntese de Igs neonatais, eles impedem o sucesso da vacinação em animais jovens. Poucos cães recém-nascidos podem ser vacinados com sucesso, mas a maioria pode ser protegida com 3 meses. Filhotes privados de colostro podem ser vacinados com 2 semanas. Considerações semelhantes são aplicadas na vacinação em grandes animais, porém sua eficiência é maior com 6 meses de idade. Animais vacinados antes dos 6 meses devem ser revacinados aos 6 meses. Desse modo, recomenda-se que a primeira vacinação seja realizada em três doses, garantido uma maior proteção.
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