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PROBLEMAS ECONÔMICOS CONTEMPORÂNEOS: 
POLÍTICAS PÚBLICAS PROMOTORAS DE CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NO BRASIL
Vivemos em uma economia capitalista. Embora isso possa ser naturalizado, muitas 
vezes não entendemos como a lógica capitalista para o crescimento funciona. A economia 
é a base para o crescimento social dos cidadãos. Isso ocorre porque o crescimento 
econômico deposita sob a guarda dos cidadãos mais renda, e isso gera acesso ao consumo 
de bens e serviços que melhoram o dia a dia do cidadão. Além disso, o Estado depende 
do consumo e da renda das empresas e das famílias para garantir sua capacidade de 
investimento, contribuindo para a melhoria da vida dos cidadãos por meio de serviços 
públicos de qualidade. Ou seja, não há possibilidade de melhorar a vida das pessoas 
sem que o Estado busque uma condição de pleno emprego dos recursos, ou seja, que se 
estipule que todos os cidadãos estejam empregamos, que a capacidade de investimento 
dos agentes privados seja estimulada para que haja renda em giro na sociedade. Assim, 
tanto o Estado quanto às famílias podem exercer sua cidadania de forma mais ampla, 
muito embora, nem sempre a renda seja distribuída da melhor forma possível. 
1 A ECONOMIA E O CRESCIMENTO
O Estado, tem estruturado políticas de crescimento econômico com objetivo como 
uma das bases para o desenvolvimento, aliando a uma série de outras questões. Se o 
observarmos as diretrizes brasileiras para o desenvolvimento, certamente nos chamará 
a atenção o eixo econômico como sendo a base material pela qual se possibilita que 
todas as demais diretrizes e metas sejam alcançadas. Isso ocorre porque o crescimento 
econômico é o principal responsável pela melhoria da vida dos seres humanos. 
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O Estado brasileiro, portanto, tem buscado manter estável os pilares macroeconômicos. 
Os pilares macroeconômicos possuem por função dar condições para que as transações 
econômicas apresentem maior eficiência, de modo que mais riqueza seja gerada. Desse 
modo, a economia se estabiliza e os investidores se sentem mais encorajados a financiar 
o crescimento econômico. Desse modo, ao assegurar o bom funcionamento dos pilares 
macroeconômicos temos como resultado o crescimento da renda, da estrutura produtiva 
e uma infraestrutura pública e privada mais eficientes, proporcionando a elevação da 
renda per capita nacional. 
Segundo Brasil (2019, p.24), 
“as ações do eixo econômico têm forte relação com os objetivos 
fundamentais de garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza 
e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” 
Sendo assim, podemos elencar algumas diretrizes que o governo estabelece para 
o eixo econômico das políticas públicas brasileiras. Primeiramente, temos como meta o 
alcance do crescimento econômico de maneira sustentada, ou seja, a longo prazo e sem 
solavancos, buscando a ampliação da produtividade, para que mais renda seja gerada, 
de modo que sejam reduzidas as desigualdades ainda pujantes no Brasil, sejam regionais 
ou sociais, bem como a busca pela sustentabilidade.
Segundo a abordagem atual do governo brasileiro, a busca pelo crescimento 
econômico sustentável, significa que o setor produtivo, associado ao Estado deve conseguir 
suprir as necessidades de seus cidadãos sem que as futuras gerações sejam afetadas 
negativamente pelas decisões tomadas. Portanto, o equilíbrio e a sustentabilidade são 
tão importantes. Pelo lado do meio ambiente não podemos aceitar políticas predatórias, 
que possibilitem crescimento acelerado momentâneo e que a longo prazo entregam 
índices maiores de poluição, desmatamento e destruição de nascentes e espécies. Pelo 
lado econômico é preciso tomar cuidado com o crescimento insustentável, seja pelo 
desequilíbrio econômico, seja pelo alto endividamento. 
 Sendo assim, a via da ampliação da produtividade é a melhor saída, afinal, por meio 
dela é possível acelerar o crescimento sem que outros fatores sejam depreciados, ou que 
seja necessário depredar o patrimônio ambiental nacional. Diversas questões impactam 
no desenvolvimento econômico, um deles é o período de transição demográfica que se 
acentua, gerando uma nova característica populacional, de pessoas mais velhas e que 
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vivem mais, o que impacta na quantidade de mão de obra disponível, bem como em 
benefícios sociais como a aposentadoria, dentre outros. Portanto o trabalho é um fator 
de preocupação para o futuro, afi nal, é a principal fonte de renda dos sujeitos e o Brasil 
ainda possui elevados índices de desemprego. 
De acordo com Brasil, (2019, p.25), as políticas econômicas para lidar com o cenário 
atual devem:
Priorizar e investir fortemente na promoção da inovação 
tecnológica, a partir de esforços públicos e privados, a fi m de 
assegurar a competitividade da economia. Além disso, é preciso 
aumentar signifi cativamente os investimentos e melhorar a 
qualidade de suas inversões, com destaque para os investimentos 
em infraestrutura e educação – que têm retornos sociais e 
econômicos mais elevados.
Outro foco atual da política macroeconômica do Governo Federal é a responsabilidade 
fi scal. Se observarmos as contas públicas veremos que existe uma situação prolongada 
de défi cit, fazendo com que as contas públicas sejam consumidas pelo endividamento e 
pelo pagamento de juros produzidos pelas dívidas. Se o governo gasta mais do que ganha 
signifi ca que em pouco tempo todo o valor arrecadado será dirigido ao pagamento de 
dívidas, o que faz com que o governo perca a capacidade de investimento. 
Portanto, o desajuste fi scal é um problema que merece atenção constante, 
principalmente no momento atual. A situação de défi cit produzida pela crise econômica 
de 2008 e pelo decrescimento do preço internacional de commodities, associada a 
questão da mudança demográfi ca estabelecida para as próximas décadas. Portanto, é 
preciso focar em reformas estruturais e administrativas com a fi nalidade de ampliar a 
produtividade do setor público, bem como a melhoria da situação fi scal são diretrizes 
importantes para a manutenção da estabilidade macroeconômica no longo prazo. 
2. INDICADORES E METAS ECONÔMICAS PARA O BRASIL
As políticas públicas adotadas pelos governos devem estar alinhadas a um conjunto 
de metas. Primeiramente, é preciso perseguir a variação real do PIB per capita, de modo que 
ela cresça em relação aos anos anteriores. Em segundo lugar, os agentes governamentais 
devem obter a variação real da produtividade, calculada a partir da variação da razão 
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entre o PIB, em valores constantes, e o número total de ocupações no país. Em seguida é 
preciso observar a taxa composta da subutilização da força de trabalho, que é a razão 
entre o número de pessoas subutilizadas (desempregadas ou em estado de subemprego) 
em relação à força de trabalho ampliada. Por fim, é preciso atentar-se ao comércio 
exterior da atividade brasileira, que representa a proporção de importações em função 
das exportações de bens e serviços em relação ao PIB. 
Se observarmos a situação atual 
do nosso PIB veremos que ele pode 
ser considerado de situação média, 
aproximando-se da média mundial e dos 
países vizinhos pertencentes à América 
Latina. No entanto, ainda há muito a 
conquistar quando comparamos os 
resultados do produto nacional à países 
ricos como os pertencentes à Organização 
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como os Estados Unidos, por 
exemplo. Historicamente, o PIB brasileiro apresentou melhora constante entre os anos 
de 2000 a 2017, acumulando uma melhora total de 23,7%. No entanto, o crescimento do 
PIB desacelerou, de modo após 2016, ainda que mantendo um patamar de elevação se 
considerarmos o período apresentado, nos últimos anos ao passar por uma recessão em 
que o PIB tornou-se negativo, e em decorrênciada paralisação internacional de 2020 por 
conta da crise sanitária do coronavírus. 
Além disso, é preciso pensar nas irregularidades regionais. Quando analisamos as 
diversas regiões brasileiras vemos que o Brasil ainda apresenta grande concentração 
econômica em algumas regiões em detrimento de outras. Em 2015, por exemplo, o estado 
de São Paulo respondia por 32,4% do PIB do país. Enquanto isso, somando as vinte e duas 
unidades da federação em menor PIB, temos que eles representavam cerca de 35,3% 
do PIB nacional. Ou seja, enquanto um estado produz ⅓ do produto nacional outros 22 
dividem entre si a produção de mais ⅓. 
Além dessa questão, podemos verificar que a produtividade brasileira não apresenta 
bom histórico de desenvolvimento. Segundo Brasil (2019, p.48) 
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Este resultado independe do indicador utilizado, seja a 
produtividade do trabalho ou a produtividade total dos fatores. 
O crescimento econômico do país tem se apoiado, sobretudo, em 
questões demográfi cas e em níveis mais elevados de emprego. 
Dados da Penn World Table (PWT) versão 9.0, que permitem 
comparações internacionais, mostram que a evolução da 
produtividade no Brasil tem sido inferior à de outros países. 
Analisamos a produtividade de uma economia é medida pela relação entre o PIB de 
um país e o número de trabalhadores e representa quanto cada trabalhador produz de 
PIB. Portanto, podemos dizer que ela depende das características do trabalho, quanto 
de capital e de outros fatores de produção são aplicados para a produção de algo. 
Além disso, tem a ver com a capacidade que os trabalhadores possuem de manusear 
adequadamente um determinado fator de produção.
Sendo assim, podemos afi rmar que a produtividade pode ser, em grande parte, um 
estímulo para o crescimento do PIB per capita, principalmente considerando o cenário 
brasileiro que apresenta baixos índices de produtividade. Sendo assim, essa é uma 
importante questão a ser levada em consideração para a formação de políticas públicas 
para o crescimento sustentável da economia brasileira. 
Vamos analisar a questão da produtividade levando em consideração a mudança 
demográfi ca prevista para os próximos anos. Nos próximos anos, temos que a população 
em idade ativa, atingiu seu pico máximo em 2017, o que quer dizer que, a partir de lá, 
temos um decréscimo da mão de obra disponível, ou seja, a ampliação da produtividade 
não tem a ver com a quantidade de pessoas trabalhando, necessitando que o Estado e 
os setores produtivos busquem outras saídas. 
Portanto, as políticas públicas devem pautar pela excelência e qualidade na 
prestação de serviço para que mais pessoas sejam atendidas com menos recursos. Além 
disso, é preciso que o governo inventa em e-governo, tendência mundial de automação 
nos serviços públicos, facilitando e desburocratizando o serviço público. No setor privado 
é preciso que a concorrência seja estimulada por meio de investimentos públicos e 
privados, principalmente em setores essenciais para o escoamento da produção e de 
infraestrutura.
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Por fi m, é preciso que o ambiente de negócios seja potencializado por meio da 
qualifi cação da mão de obra, ampliando os salários, enquanto que trabalhos perigosos 
e repetitivos passem a ser desempenhados automaticamente por máquinas ou 
computadores. A competitividade é um dos fatores mais importantes para se chegar 
à maior efi ciência produtiva, por isso, o governo deve pensar em formas de facilitar 
o empreendedorismo, bem como a entrada de capitais, pessoas e empresas de fora, 
pensando em uma concorrência globalizada. 
Outra questão econômica que deve ser combatida pelo Estado é o prejuízo advindo 
de atividades criminosas. Vejamos o que diz Brasil (2019, p.50) sobre isso:
Entre 1996 e 2015, os custos econômicos da criminalidade 
cresceram de cerca de R$ 113 bilhões para R$ 285 bilhões, um 
incremento real médio de cerca de 4,5% ao ano, de acordo com 
estudo da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE), da 
Presidência da República (PR). Os principais componentes deste 
custo, por ordem de importância, foram: segurança pública (1,35% 
do PIB); segurança privada (0,94% do PIB); seguros e perdas 
materiais (0,80% do PIB); custos judiciais (0,58% do PIB); perda de 
capacidade produtiva (0,40% do PIB); encarceramento (0,26% do 
PIB); e custos dos serviços médicos e terapêuticos (0,05% do PIB) 
Parecem dados dissociados, não? Você já pensou que a criminalidade poderia 
implicar em uma redução da efi ciência no ambiente de negócios? Bem, a falta de segurança 
pública, bem como as questões envolvendo o custo da justiça impactam na redução 
da competitividade do país, de modo muito similar a um imposto cobrado em cadeia, 
afi nal, vão encarecendo o produto fi nal. Se uma empresa de transporte paga seguros 
elevados por conta da alta criminalidade, isso chega ao cliente. Se a incerteza é grande, 
pessoas deixam de investir, e assim sucessivamente. Alguns especialistas consideram 
que o custo anual das empresas com segurança ou decorrência de ação criminosa giram 
em torno de R$ 365 bilhões por ano, se forem contabilizadas vidas perdidas, seguros 
e investimento privado em segurança, bem como custos públicos com a execução das 
penas e a segurança pública. 
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Por fim, outro fator que merece abordagem é o mercado de trabalho. Relembrando 
aspectos básicos da economia, sabemos que em mercados com elevado índice de 
concorrência as leis de oferta e de demanda encontram um ponto de equilíbrio perfeito em 
que os preços se acomodam e que os fatores de produção estão totalmente empregados. 
No entanto, o mercado real não é tão homogêneo o que faz com que o Estado tenha que 
entrar em ação, providenciando estímulos ao pleno emprego. 
. Nesse caso, é preciso que o Estado se esforce no sentido de ampliar a demanda por 
vagas de trabalho, auxiliando no investimento em tornar as pessoas mais qualificadas para 
o trabalho, Sendo assim, o emprego é estratégico se pretendemos ampliar a produtividade 
da economia. Muitas pessoas não conseguem arrumar emprego por baixa qualificação, 
tendo que ocupar subempregos ou ainda a informalidade como forma de garantir seu 
sustento. Entra aqui a questão do investimento em educação para a formação universal, 
técnica e superior, mas também o incentivo pela profissionalização, pelo aprendizado e 
pela inovação. 
Ou seja, não basta que as pessoas estejam trabalhando. É preciso compreender 
as características qualitativas dos trabalhos desempenhados em uma sociedade. Se 
olharmos para a idade média veremos que todos os servos tinham trabalho, nem por isso 
esse trabalho lhes dava condições de viver bem. Assim como hoje, diversos brasileiros 
estão empregados em subempregados, de modo que o valor ganho, bem como o valor 
gerado para a coletividade é muito baixo. Por isso, a eficiência pública e privada devem 
ser perseguidas pelos governos brasileiros como uma política de Estado. 
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Neste material foi possível compreender um importante perspectiva para o 
desenvolvimento, o crescimento econômico. Sendo assim, podemos afirmar que ele se 
caracteriza pela busca de recursos materiais, capitais e insumos necessários para que a 
população tenha acesso a maior renda e, portanto, ao consumo. Bem como, para que o 
Estado tenha alavancado seu poder de investimento. Sendo assim, é preciso salientar que, 
do ponto de vista macroeconômico o governo deve estimular a atividade econômica de 
modo que haja maior produtividade, sem que haja desequilíbrio em especificidades como 
a inflação, os juros, a taxa de câmbio, dentre outros. Do ponto de vista microeconômico, 
existe a preocupação com a oferta de fatores de produção, bem como o estímulo à 
concorrência e a qualidade. Desse modo, temos que o crescimento depende da ação dos 
agentes privados e da colaboração do Estado em prolde uma economia mais eficiente. 
Referências da unidade:
BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Estratégia Na-
cional de Desenvolvimento Econômico e Social. Brasília, 2019.

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