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Redes sociais e saúde mental 2.1 Uso excessivo das redes sociais Castells (2003) afirma que a internet é como a representação de um tecido em nossas vidas atuais, sendo além disso, a base tecnológica para a construção da era da informação. A rede social é um sistema não linear, ajustável, dinâmico, sem fronteiras, um espaço de interação, que possibilita a criação de vínculos e contatos, colaborando para a construção da sociedade. Segundo Silva (2016), para os jovens, o uso das redes sociais podem se tornar uma dependência, pois é o ambiente onde a juventude atual vive alguns momentos desta fase, onde pré julgamentos e relacionamentos são publicamente expostos diante centenas de pessoas, conhecidas ou não, e sempre com o objetivo de alcançar mais usuários. A falsa imagem causada pelo alto compartilhamento do cotidiano dos usuários na rede traz a não satisfação pelo lazer e sim pela exposição. O uso excessivo das redes sociais pode estar atrelado a questões como falta de presença familiar, amizade, havendo a possibilidade de trazer riscos à saúde mental. As redes sociais revelam-se um ambiente onde jovens estão passíveis a agredir verbalmente outros usuários, e sofrer cyberbullying, que, estando no papel de agressor ou vítima, posteriormente podem causar danos psicológicos a outrem. Além de que o ambiente pode oferecer o anonimato dos usuários, que conforme Wendt (2013), pode possibilitar assim a reincidência de agressão, ocasionando inúmeros desconfortos para os usuários. Estes ataques podem ocasionar mudanças de hábito, discórdias e até desestruturação de famílias, que são alguns dos fatores que aumentaram as taxas de quadros de depressão. O uso da internet todos os dias causa inúmeros conflitos, dentre eles: dificuldades de aprendizagem, transtornos de ansiedade e déficit de atenção. A brevidade causada pelas redes sociais, podem provocar sintomas ansiosos e depressivos naqueles que usufruem. Segundo a Organização Mundial de Saúde, hoje em todo o mundo, a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes. A falsa ilusão de presença causada pelo ambiente virtual com esse contexto de desestruturação familiar e social influencia na aquisição de transtornos mentais, como: ansiedade e depressão. É válido ressaltar que as redes sociais possuem lados positivos e úteis, mas que também podem resultar na dependência daqueles que estão diariamente nas redes, tornando-se um instrumento primordial para a satisfação diária e pessoal do indivíduo. Como afirma Moromizato e Pimentel (2017), a problemática com o uso da internet também é associada ao comportamento de dependência, suscetível em indivíduos que buscam estimulação externa e expressam intolerância ao tédio em que se encontram. Tal dependência excessiva das redes sociais é caracterizada pela busca de sentimentos positivos, podendo ser prejudicial ou adaptativo. 2.2 Redes Sociais e Autoestima Desde 2004 a sociedade brasileira vem conhecendo outras formas de interação e participação social por meio das redes sociais digitais, a princípio o termo - rede social - se refere aos contratos que são estabelecidos no meio social tendo em vista que, o que liga os indivíduos são a necessidade ou interesse comum, o que é pertinente pensar sobre isso é que enquanto metáfora, rede social é utilizada há mais de um século para representar um conjunto complexo de relações entre os participantes de sistemas sociais, desta forma, as redes sociais digitais se mostram ainda mais complexas desde 2004 no Brasil, quando a primeira rede social a ganhar um grande destaque e alcance fincou sua influência no território brasileiro, o Orkut. Os instrumentos utilizados hoje para interação, compartilhamento, comunicação, trabalho e divulgação de conteúdo dividem opiniões entre seus usuários. Além de as funções se expandirem, os efeitos provocados pelo uso desmedido das redes se tornou pauta principal nos diversos meios, além do tecnológico, ciências “brandas” como a psicologia dedica parte de seus estudos em exatamente, observar, estudar e analisar as redes sociais digitais e os indivíduos, de modo a traçar os efeitos positivos e negativos, consequências e formas de uso, contudo, o enfoque neste trabalho é nas consequências do uso desmedido das ferramentas ou apps digitais, em como as redes sociais, sendo estas digitais, impactam a vida de seus usuários, de modo a realizar um recorte das redes sociais e a autoestima. Este tema, redes sociais e autoestima é um dos tópicos do TED talk do Psiquiatra, Professor do curso de medicina da Unisinos, Flávio Milman Shansis, em sua palestra intitulada As redes sociais e a saúde mental, no início de sua fala ele menciona a porcentagem da população mundial que possui o acesso a internet e computador, 50%, tendo em vista que a palestra foi proferida em 09 de agosto de 2017. Atualmente, a taxa é chamada de "penetração global” e corresponde a 59,5% em todo o mundo, quanto ao Brasil, segundo o site gov.br a taxa é de 82,7% dos domicílios que possuem internet, um porcentagem exorbitante crescida em um curto espaço de tempo. O acesso a internet é a porta de entrada para o uso das redes sociais, elas são utilizadas para comunicar, seja mensagens em grupos de trabalho, família ou amigos ou um post sobre como o indivíduo está se sentindo ao ver um pôr do sol da praia. O alcance que as postagens e todos os nossos movimentos dentro das redes sociais podem ter ainda são mal quantificados, pois enquanto indivíduos, estamos sempre atrasados em relação a tecnologia, ou melhor, aos algoritmos que controlam o fator engajamento e o funcionamento das redes sociais. Na palestra do Flávio, um dos tópicos ao qual ele vai se propor a trazer uma discussão sobre é as redes sociais e autoestima, em que ele chama a atenção do espectador para o fator da autopromoção, ou seja, o fato do indivíduo procurar sempre oferecer sua melhor imagem ou melhor, “máscara”, para a sociedade, vender seu eu para aqueles que podem querer lhe seguir ou acompanhar suas divulgações nas redes. A corrida pela autopromoção está cada vez mais acirrada, uma vez que, fazendo um recorte sobre estética, os procedimentos estéticos passaram a ter uma procura muito grande nos últimos meses, os filtros usados em redes como, o falecido Snapchat e o da vez, Instagram, distorcem imagens. Uma vez que esta última rede social “recicla” os melhores recursos de outras como uma tentativa de se manter no mercado por mais tempo, porque as redes se reinventam e surgem outras mais a cada dia. Sobre o fator estético é pertinente ressaltar que os fatores de risco para a dependência das redes sociais digitais são: adolescentes do sexo feminino, a baixa autoestima, perfeccionistmo, descontrole impulsivo, necessidade constante de aprovação e indivíduos introvertidos, estes fatores de risco não são restritos em si ou únicos, mas são os mais observados em análises de uso das redes. O que isso nos revela é que, pensando no público adoslecente, eles são os mais vulneráveis a esta dependência, porque são indivíduos que estão em desenvolvimento e em formação, geralmente, apresentam um comportamento mais reservado e introvertido, necessidade de aprovação e descontrole impulsivo por ainda estar aprendendo a controlar os impulsos. O uso desmedido das redes e a autoestima se encontram em números crescentes de procura por procedimentos estéticos e também por um número cada vez maior de influencers que realizam uma autopromoção incessante nas redes sociais, principalmente no Instagram, são indivíduos que divulgam dietas, malhação, casas luxuosas, viagens incríveis e roupas de marca que não revelam um grupo majoritário da sociedade brasileira, mas sim, uma minoria privilegiada que divulga informações muitas vezes distorcida da realidade e provoca efeitos negativos para os jovens que consomem seus conteúdos. A rede social, Instagram, é uma vitrine virtual onde quem mais publica de modo a chamar mais atenção com a estética dos posts e da vida que leva dentro da rede tem mais alcance e assim, uma maiorautopromoção, por mais que no Ted talk do Flávio ele não desenvolve tanto a discussão sobre autoestima, não precisamos ir tão longe para refletir sobre isso, praticamente todos os indivíduos estão inseridos neste mundo virtual e quase todos possuem Instagram e são espectadores e testemunhas desta autopromoção cotidiana em redes sociais de imagens. 2.3 Dependência das redes sociais Conforme Terroso e Argimon (2016), a internet é um sistema de comunicação e organização demasiadamente importante, dado que, grande parte das atividades econômicas, políticas e sociais são realizadas pela internet, demarcando o que as autoras chamam da “era da cibercultura”, como comentado anteriormente, essa ascensão das redes sociais influenciou a interação entre a humanidade e o computador, assim como o Dr. Shansis demarca que o uso das redes sociais estão “dentro de um continuum” onde alguns indivíduos fazem uso adequado e outros fazem uso inadequado, tornando-se dependentes. Durante a palestra, o Dr. Shansis compara os dependentes de internet com os dependentes de substâncias psicoativas, apresentando semelhanças nas características que os dependentes possuem, como abstinência e recaídas. Essas semelhanças nos remetem aos problemas e as dificuldades que os adolescentes possuem, devido a falta de estímulo que provoque excitação e o mobilizem efetivamente, e diante dessa ausência de motivação, ou destes problemas pessoais, sociais ou familiares, os jovens passam por experiências de estresse, ansiedade, medo, falta de sentido na vida, dentre outros. Devido a todos esses sentimentos desestimulantes, o adolescente pretende procurar sensações que o fazem sentir-se bem, podendo ser as drogas psicoativas ou até mesmo as redes, pois ocasionam alívio imediato no sistema de recompensa. Vale salientar, que o sistema cerebral de recompensa atua desde quando nascemos, e passa pelo embotamento durante a adolescência, período em que os estímulos não causam a mesma estimulação como na fase anterior. Por isso, existe a busca exacerbada por novas experiências que ativam esses sistema, geralmente associadas a atividades que possuem alto valor de sobrevivência, ou importantes. As redes sociais satisfazem a necessidade de vínculos, trazendo a sensação de pertença, em grupos sociais, quando somos socialmente reconhecidos, seja através de curtidas, compartilhamentos ou seguidores, permitindo formar vínculos afetivos, todavia essa busca unicamente pelo contato virtual, acaba sendo uma consequência reforçadora da ação, pois aumenta a repetição do comportamento, causando problemas no sistema de recompensa, que ficará sensível pelo busca de estímulos temporários e imediatos. Essa característica efêmera do estímulo leva o sujeito à voltar-se ao estado de embotamento de insatisfação e sentimento de culpa, gerando problemas e dificuldades, criando um ciclo vicioso. Ademais, durante a palestra é ressaltado que apenas a minoria das pessoas que possuem acesso às redes sociais são dependentes, “sendo 6% da população mundial que tem alguma dependência” (SHANSIS, 2017), todavia, atualmente, segundo o jornal El País, devido o contexto pandêmico ocasionado desde o ano de 2020, denota-se que o vício em redes sociais dispara em níveis consideravelmente exuberantes, tendo uma maior prevalência de problemas de saúde mental, como a qualidade do sono resultante do acesso mencionado pelo Dr. Shansis. Na amostra brasileira realizada por Terroso e Argimon (2016), demonstra que em comparação as investigações nos demais países, denotando a prevalência de dependência de internet, por cerca de 20,7%, sendo considerado ⅕ dos adolescentes, observa-se também que esta pesquisa foi realizada em anos anteriores à 2016, ou seja, atualmente esse dado tende a se elevar. Apesar dos fatores de risco provocados pela dependência apresentados na palestra, como o descontrole de impulsos, introversão, perfeccionismo, baixa autoestima, depressão, necessidade constante de aprovação, dentre outros, não se pode generalizar as redes sociais, pois como avanço tecnológico possui potenciais e características importantes para a sociedade. Conforme o psiquiatra e professor ministrante da palestra: “não fala-se que deve ou que não se deve utilizar a internet ou as redes sociais, e sim de um uso mais comedido”, por isso é de tamanha preocupação a influência que a dependência de internet ocasiona aos adolescentes, prejudicando o desenvolvimento psicológico, pois desconhecem as potenciais consequências adversas do uso exagerado.