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Histórico da Separação de Poderes A separação de poderes tem uma evolução histórica importante, hoje este tema vive em crise, sempre foi um tema que gerou discussões, debates. A política de Aristóteles, por exemplo, na Grécia Antiga, já trazia esta discussão, principalmente em Atenas, há temas que ainda são debatidos ainda hoje. Aristóteles diferenciava funções, reconhecimentos de leis, ele fazia uma análise de como ele viu os vários governos da época, um governo só do povo nunca existiu, nem na democrática Atenas. A política de Aristóteles nos mostra que ainda discutimos os mesmos temas políticos, até hoje. Alguns autores dizem que como Aristóteles foi o primeiro a falar sobre a divisão de poderes, mas na verdade ele não enxergava uma divisão de poderes distintos, ele apenas visualizava funções políticas diferentes dentro do governo, não poderes distintos cada um com as suas funções, esta noção vem apenas depois, na Idade Moderna, com o inglês John Locke, na obra O segundo tratado do governo civil, está aí a primeira grande concepção de separação de poderes. Como Locke visualizava a divisão de poderes? Para Locke o poder legislativo era supremo e sagrado, produtor de normas que vinham de costumes da sociedade, essa era a noção de legislar da época, reconhecia por escrito condutas que eram costumeiras, quem integraria este poder para Locke eram os representes da sociedade e, por incrível que pareça, os juízes. Locke via os juízes como os ingleses, os juízes produtores de precedentes, por isso ele não destacava entre os poderes o chamado judiciário. Abaixo do poder Legislativo vinha para Locke um poder executivo exercido pelo rei, este poder deveria executar as normas vindas e aprovadas pelo legislativo. O poder federativo de Locke seria aquele de cuidar das relações internacionais, de formar alianças com outros Estados Nacionais e Locke dizia que este poder também deveria ser delegado ao rei. No Século XVIII vem a segunda teoria da separação de poderes, a teoria de Charles de Secondat, nobre francês, que ficou notoriamente conhecido como Barão de Montesquieu. Ele descreve a concepção da separação]o de poderes no livro intitulado O espírito das leis. Montesquieu era um admirador inglês, apesar de ser francês, foi nesta admiração que ele se inspirou para fazer a sua análise da divisão de poderes, ou seja, a divisão ocorreu primeiro na prática e depois veio para a teoria. O berço do poder legislativo contemporâneo veio do parlamento inglês. Ato do estabelecimento (1701, Inglaterra) – norma que deu liberdade aos juízes, que antes eram subordinados ao rei. Foi no ato de estabelecimento que Montesquieu viu o nascimento do poder judiciário, enquanto enxergava no Rei o poder Executivo. O tópico “Da constituição da Inglaterra” é onde Montesquieu discorre sobre a divisão em três poderes, ele já começa o capítulo dizendo “Todo aquele que exerce o poder tende a abusar dele”, diante disto ele diz que todo Estado deveria dividir o poder, para que houvesse controle, como ele havia enxergado na Inglaterra. A divisão é a seguinte: Inspirado no sistema Bicameral da Inglaterra, há uma divisão do poder Legislativo, a câmara alta, seria a Nobreza ou Senado e a Câmara baixa, os representantes do povo. Diferente de Locke, os poderes para Montesquieu estavam lado a lado, ele enxergava um equilíbrio, sem um ser dominante ou hegemônico, com pressuposto de convivências harmônica. Criação, alteração e revogação eram papéis do legislativo, o executivo deveria manter a segurança interna, o rei era encarregado de garantir a defesa nacional também. Um paralelo interessante entre história e atualidade é que até hoje o chefe do executivo é encarregado de nomear forças armadas e os cargos relacionados à segurança nacional. A função do judiciário seria punir os crimes e solucionar os conflitos da sociedade aplicando a lei. O papel do juiz não é criar norma, mas aplicar a lei já produzida de um caso existente. A separação de poderes de Montesquieu deixa claro que o judiciário não produz lei, o que contesta um pouco a sua inspiração no parlamento Inglês, pois lá o juiz produzia normas. A solução de Montesquieu para que ocorresse equilíbrio entre os poderes seria o sistema de freios e contrapesos, um poder controlado a outro, o que os Norte Americanos ao fazerem a sua constituição chamaram de Checks and Balances. Por exemplo, o legislativo faz a lei, mas ela pode ser vetada pelo executivo, já o judiciário observa a lei, mas quando necessário ele pode declarar a inconstitucionalidade. A ideia de Montesquieu teve grande difusão, mas já era visível a questão de um poder se sobressair em relação a outro diante de conflitos, assim, no século XIX surge a terceira teoria, um suíço, Benjamin Constant, que fez uma teoria complementar a de Montesquieu, para ele a única solução seria um quarto poder, chamado de poder neutro, com o único papel de controlar os outros três poderes para que eles permanecessem dentro dos limites das suas funções. O poder neutro faria um tipo de coordenação. O primeiro país a aplicar esta ideia de Benjamin foi o Brasil em sua primeira Constituição (1824), aqui, este poder foi denominado, poder moderador. Montesquieu e Benjamin trataram da divisão de poderes antes do surgimento da Teoria do Estado, que só veio com Georg Jellinek em 1901, ou seja, apesar de usar estas expressões de “poder legislativo”, “poder judiciário”, “poder executivo”, temos que entender que usamos a palavra poder por tradição, pois com a teoria do Estado sabemos que um o Estado tem poder uno e soberano, então um país somente será soberano se o seu poder o assim for, a verdade é que as funções do Estado são divididas em três ramos do mesmo poder.
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