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EDIVALDO M. BOAVENTURA ~ " .~O METODOLOGIA i DA PESQUISA Monografia Dissertação Tese sÃo PAULO EDITORA ATLAS S.A. - 2009 Depósito legal na Biblioteca Nacional cOJ.Úorme Decreto nl! 1.825, de 20 de dezembro de 1907. 1. Metodologia 2. Métodos de estudo 3. Pesquisa 4. Trabalhos científicos I. Título. Dados Intemacionãis de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bibliografia. ISBN978-85-224-3697-2 ~....••.. Para Guto. 1 i- CDD-001.42 "..rto~ i?~#~ ... ~~~~I>F:--~::Y7- '-'" Índices para catálogo sistemático: 1. Metodologia da pesquisa 001.42 2. Pesquisa: Metodologia 001.42 Impresso no BrasillPrintedin Br~l TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A vioiação dos direitos de autor (Lei nl! 9,610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Ir Editora Atlas S.A. Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campo, Elísio,) 01203.904 São Paulo (SP) Tel.: (0__ 11) 3357.9144 (pABX) W1iYW.E4itoraAtlas.com.br 03-6739 Boaventura, Edivaldo M. Metodologia da pesquisa : monografia, dissertação, tese / Edivaldo M. Boaventura. - 1. ed. - 4. reimpr. - São Paulo: Atlas, 2009. Capa: Roberto de Castro PoliseI Composição: Segmento & Co. Produções Gráficas Ltda. 1. ed. 2004; 4. reimpressão 2009 .@ 2003 by Editora Atlas S.A. :11: :I( I -I•til: ".n - I~.;. , I•.1••.: -I -\:1 ti I: • II "! • I' -.11.'.; 11 • ;! .\." ti---•I '{ "~;t., ~ 1 .i I ,I t I r(f (fJ~ .~'.t, ••• ~'j','" SUMÁRIo ",.t,", '., ;"'; . " Prefácio, 13 Introdução, 15 PARTEI - Proposta de Dissertação, 17 1 MONOGRAFIADAGRADUAÇÃOE DISSERTAÇÃODAPÓS-GRADUAÇÃO,19 1.1 Iniciação científica na graduação, 19 1.2 Ensaios dissertativos: mono~a!ia, dissertação e tese, 21 . 1.3 . Monografia de graduação e d~ l;specialização, 21 1.4 Dissertação de mestrado e tese de doutorado, 23 1.5 Acompanhamento pelo professor-orientador, 25 1.6 Normalização de trabalhos acadêmicos, 27 1.7 Projeto e relatório da pesquisa, 27.. 1.8 Texto para leitura, 28 Exerdcios, 30 Leituras sugeridas, 31 ~.-,,- 4 METODOLOGIADE PESQUISA,55 4.1 Natureza do estudo e metodologia, 55 4.2 Alternativas de pesquisa, 56 Exerdcios, 58 Leituras sugeridas, 59 5 ETAPASDAPESQUISA,61 5.1 Identificação do projeto, 62 5.2 Introdução, 62 5.3 Tema e definição do problema, 62 5.4 Questões orientadoras da pesquisa, 63 5.5 Justificativa, 63 3 REVISÃODALITERATURA,45 3.1 Fundamentação na literatura relacionada com o problema, 46 3.2 Trabalhos de revisão da literatura, 46 3.3 Dissertação, teses e comunidade científica, 47 3.4 Exemplo de revisão da literatura, 48 3.5 Revisão da literatura e pesquisa documental, 52 Exercícios, 52 Leituras sugeridas, 53 2 O PROBLEMADAPESQUISA,33 2.1 Escolha do tema, 33 2.2 Sugestões para a escolha do tema, 35 2.3 Tema e problema da pesquisa, 37 2.4 Como formular um problema de pesquisa?, 38 2.5 Exemplo de definição do problema, 39 2.6 Problema, questões e hip6teses, 40 2.7 Exemplo de questões orientadoras de pesquisa, 41 2.8 Justificativa e objetivos, 42 Exerdcios, 42 Leituras sugeridas, 43 ( r 9 5.6 Definição dos objetivos: geral e específicos, 63 5.7 Revisão daliteratura, 63 5.8 Metodologia, 64 5.9 Cronograma, 64 5.10 Custo, orçamento, material e pessoal, 66 5.11 Referências e elementos p6s.textuais, 66 Exercícios, 66 Leiturcis sugeridas, 66 SUMÁRIo 7 CITAÇÕESE RESUMOS, 79 7.1 Uso e representações das citações, 79 7.2 Citações e notas, 82 7.3 Sistemas de chamada das citações: numérico e autor.data, 83 7.4 Leitura, fichamento e texto científico, 85 7.5 Partindo das citações para as referências, 87 Exercício, 87 Leituras sugeridas, 88 8 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS,DOCUMENTAISE ELETRÔNICAS,89 8.1 Objetivos, 89 PARTE 11- Processo de Pesquisa, 67 6 PESQUISABIBUOGRÁFlCA,DOCUMENTALE ELETRÔNICA,69 6.1 Organização das bibliotecas universitárias, 70 6.2 Serviços bibliotecários, 71 6.3 Estudos bibliotecários com documentação, 72 6.4 Acesso e utilização da biblioteca, 73, '. , 6.5 Produção dos trabalhos acadêmicos 'e Ílso de fontes específicas, 74 6.6 Biblioteca e pesquisa para a dissertação, 75 6.7 Biblioteca, mem6ria da universidade, 76 6.8 Conclusão, 76 Exercícios, 77 Leituras sugeridas, 77 \ I METoDOLOGIA DA PESQUISA8 11 ORIGEM DO ESTUDO DE CASO, 117 11.1 Fundamentação do contraste, 118 11.2 Método do caso e ensino do direito, 119 11.3 A tradição romanistica e o common law, 121 11.4 O sistema anglo-americano, 122 11.5 O Brasil e a tradição legal do direito escrito, 123 11.6 Concepção de estudo de caso, 124 9 DOCUMENTAÇÃOE FONTES DE ESTUDO DO DIREITO, 97 9.1 Metodologia e fontes de estudo do direito, 97 9.2 Documentos jurídicos, 99 9.3 Documento jurídico: legislação, 99 9.4 Documento jurídico: jurisprudência, 101 .•. 9.5 Documento jurídico: doutrina, 102 9.6 Documento jurídico em meio eletrônico, 103 9.7 Direito comparado e outras fontes, 105 Exercícios, 106 . Leitura.:; sugerida.:;, 107 10 MÉTODO HISTÓRICO, PESQUISALEGALE EDUCAÇÃO,109 10.1 Combinação da investigação histórica com a pesquisa legal, 109 10.2 História e direito, 110 10.3 Coleta de dados: fontes primárias e secundárias, 111 1004 Classificação dos dados: crítica interna e externa, 114 10.5 Análise, interpretação dos dados, cronologia e organização tópica, 114 Exerdcios, 116 Leitura.:; sugerida.:;, 116 -I.y! • ..... jl I' .fiI .1 .'\.: :' J.,'.!, ! • I'.'." ""•..!l ' Jill.:.'.1.1 '." _. I, .i-'e i • ji' • '. , I.'. li'• I,'.1; • I:; li.1 i I,.,1 I::' .' I I;: • I11 • 1:1 • ,I,.. ' 1 I " 10 METoDOLOGIA DA PESQlllSA 8.2 Importância das referências, 90 8.3 Obras mais contempladas, 91 8.4 Publicações mais utilizadas, 91 Exerdcio, 95 Leitura.:; sugeridas, 95 SUMÁRIo 11.7 Stare decisis, precedente e motivo relevante, 125 11.8 Um caso de escolaridade total, 126 Exercícios, 128 Leitura.:; sugerida.:;, 128 PARTE111- Plano e Redação da Pesquisa, 129 12 PLANODA DISSERTAÇÃO,131 12.1 A ordenação lógica do trabalho acadêmico, 131 12.2 Primeira elaboração do plano, 133 12.3 O plano definitivo, 133 12.4 Divisão alfanumérica e por numeração progressiva, 135 12.5 Texto para leitura, 136 Exercícios, 137 Leitura.:; sugerida.:;, 138 13 REDAÇÃODA DISSERTAÇÃO,139 " 13.1 Estrutura dos trabalhos acadêmicos, 139 13.2 Elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, 141 13.3 Discurso e estilo na dissertação, 142 13.4 Normalização do texto e revisão, 144 13.5 Referências bibliográficas, documentais e eletrônicas, 145 13.6 Apresentação, defesa e entrega da dissertação, 145 Exercícios, 146 Leitura.:; sugeridas, 147 Refer€ncia.:;, 149 11 . "f " r j. '. o~ PREFÁCIO Feliz e fecundo encontro ocorreu no aeroporto de Lisboa entre o professor Edivaldo Boaventura e eu, ambos, com motivação acadêmica perante a Academia Portuguesa de História e a.Universidade de Coimbra, respectivamente. Naquele momento, o eminente mestre, prontamente, aceitou elaborar o plano de curso e a regência da matéria Metodologia da Pesquisa e Monografia Jurídica, exigência curricular da festejada Portaria n" 1.886/94, do MEC, para os novos cursos de Direito. Trata-se de pressuposto indispensável à colocação do grau de bacharel, adotado no Curso de Direito da Universidade Salvador (UNIFACS)desde o ano de 2000, o qual continua entiquecido com a presença do consagrado educador, também exaltado por qualidades profissionais que tanto credenciam o quadro docente. Desde então, desempenha seu magistério de forma lúcida e produtiva à medida que co-participa, ativamente, integrando também as bancas examina- doras das monografias, o requisito final com unissono aplauso dos formandos e do meio jurídico baiano. Publicações por editora nacional, prêmios jurídicos conferidos por res- peitáveis entidades e precedidas por certames públicos, conversão em projetos de mestrado no Brasil e no exterior, verdadeiro cartão de apresentação de jovens profissionais, são fatos e frutos reais que tomam aquela dissertação :.:~- , prestigiada pelos estudantes, hoje entusiastase orgulhosos autores de traba- lhos científicos de grande valor jurídico. Louvemos, então, e mais uma vez, ao professor Edivaldo Boaventura, homem sereno e digno. Intelectual com brilhante currículo e títulos acadê- micos de mais alta verticalização. Autor respeitado. Cidadão com passagem em várias esferas do poder, sempre deixando rastros de seu espirito público e empreendedor. Sinto-me, portanto, comjustíficado orgulho e lisonjeado por ter a oportu- nidade de apresentar este novo livro desse insigne educador. Faço-o, sobretudo, como ato de justiça e acreditando proclamar o reco- . nhecimento dos seus ensinamentos, aos quais se juntarão outros admiradores da presente obra, notável c?ntributo ao mundo jurídico nacional. Salvador, Bahia, outubro de 2003. Prof Adroaldo Leão Coordenador do Curso de Direito da UNIFACS. o~ INlRODuÇÃo Este livro surge do ensino da Metodologia da Pesquisa tanto na gradua- ção como na pós-graduação. Ao graduando, estudante de bacharelado ou de licenciatura interessa saber como elaborar sua monografia, Trabalho de Con- clusão de Curso (TCC). Igualmente, o aluno finaliza a especialização ou o aperfeiçoamento com a monografia. Por sua vez, o mestrando e o doutorando precisam redigir a proposta de dissertação ou tese. Assim, ministrando a disciplina Metodologia da Pesquisa, elaborei esque- mas e notas de aula que desenharam os capitulos deste livro. Recorri, então, ao aprendizado da pesquisa com a professora Helen Snyder, na Universidade do Estado da Pennsylvania, quando da elaboração da minha proposta de tese de doutorado, centrada em três partes essenciais: definição do problema de pesquisa, revisão da literatura e escolha da metodologia a ser utilizada, sem deixar de considerar outros componentes da problemática da pesquisa. O projeto parte da escolha do tema pelo aluno, que enseja o problema, poste centr,U em tomo do qual gira toda a investigação. Tema e problema fundamen- tam-se na literatura concernente que induz à metodologia, metodologia que depende do problema. A proposta de diSsertàção do mestrado ou de tese do doutorado, conforme a distinção brasileira, possibilita o exame de qualificação oral e escrito, etapa basilar na execução do projeto de pesquisa. Para o ensino da disciplina, reli os conhecidos autores, como Fred N. Kerlinger, e combinei com a literatura brasileira pertinente. À vertente 1 METODOLDGIA DA PEsQUISA14 i! I' , • j,l • I" • (.1: I' • 'li; • '1 1 ,1' • I 1.1 ~; , ..: . indutiva anglo-saxônica, voltada para a pesquisa como projeto, agreguei a experiência dedutiva anterior de estudos realizados na França, expresso em meu ensaio Como ordenar as idéias, que está,na 8' edição. Desse modo, posso dizer que trabalho com base no racionalismo francês e no empirismo anglo-americano. Ao avaliar os trabalhos finais dos alunos de metodologia, apresentados como pré-projetos ou projetos de pesquisa, sintO'que além do conhecimento acerca da definição do problema, questões, hip6teses, variáveis, relações e outros constructos, uma atenção especial merece a redação. Especialmente com os alunos de graduação, ao apresentar a monografia, a escrita é um sério entrave. Em face dos conteúdos metodol6gicos e d~ normalização do trabalho científico, apresentam-se os objetivos da Metodologia da Pesquisa a serem alcançados com a efetivação da monografia do concluinte da graduação ou da especialização e da proposta de dissertação ou tese. É um objetivo comporta- mental a ser atingido. Não é preciso chegar à simplificação da receita de bolo. Deve-se, todavia, buscar sempre um nível razoável de exeqüibilidade da proposta elaborada na disciplina de metodologia. A aprendizagem deve ser . cada vez mais fácil, rápida e aplicada. Indago sempre ao aluno quando entrega o trabalho no final da disciplina: com este projeto você realizará sua monogra- fia ou dissertação? A Metodologia da Pesquisa objetiva fornecer instrumentos capazes de conduzir os alunos ao rigor requerido'.pela Academia . . Por fim, é preciso refletir na formação científica do aluno, que deve começar na graduação e envolver toda a p6s-graduação. Tomo como ilustração " as condições do conhecimento. O ensino da metodologia exige teoria e certa especulação filos6fica, no que conceme à l6gica, à ética e à epistemologia das ciências, a ser aprofundada melhor nos semináriós do doutorado. É importante que o aluno desperte para o alcanc~ da investigação científica. É a abertura cartesiana para o problema do método. Método como caminho para a investi- gação. Somam-se, assim, ao ensino dos componentes metodol6gicos a redação científica e a reflexão filos6fica, acompanhadas das disposições da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do uso dos meios eletrônicos, em uma palavra, da Ciência da Informação. . Diante dessas diretrizes, o trabalho foi planejado em três partes. Na primeira, a proposta da dissertação, centrada na: definição do problema, revisão da literatura e procedimentos metodol6giCàS: Na segunda parte, o processo da pesquisa discute algumas metodologias mais usuais, como a bibliográfica, documental, de método hist6rico e de estudo de caso. Na ter- ceira, fecha-se o ciclo do processo investigativo com o relat6rio da monografia, dissertação ou tese, quando se discute o plano da dissertação e sua redação. ...- 16 METODOLOGIA DA PESQUISA 1 ~f)~ Parte I PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO __ ~._ •. '-".ri~ _ , . I.!I 11,:'.: ir:! ij ,i. i \1.,: i, r 1',1 ,I 1i I i'il i =• r , I! j t: r I \ I I ~~ , , \ ~o~ 1 MONOGRAFIA DA GRADUAÇÃO E DISSERTAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO A monografia, Trabalho de Conclúsão de Curso (TCC) de graduação ou de especialização, objetiva maior qualificação teórica e metodológica do aluno. Para a sua elaboração, deve o aluno contar com o acompanhamento do professor-orientador, desde a definição do tema, fase da pesquisa docu- mental, bibliográfica e, também, na Internet, em autores e obras pertinentes ao tema, atendendo, ainda, às orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Por sua vez, o projeto de pesquisa deve conter, pelo menos, a definição do problema, a fundamentação teórica pela revisão de literatura e a metodologia. 1.1 INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA GRADUAÇÃO o ensino da Metodologia da Pesquisa objetivando a elaboração da monografia, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), leva a refletir acerca da formação científica do aluno na graduação. A iniciativa tem mudado os cursos di' graduação, tanto o bacharelado, no caso do Direito, como a licenciatura, em Pedagogia, por exemplo, De simples repetidores, os alunos passam a criadores de novas atitudes e comportamentos. É a construção do conhecimento, usando a expressão de Jean Piaget. Nessas inovações, um realce especial deve ser dado à elaboração de textos científicos: resumos, 1 A matéria tem por base a experiência com o ensino da disciplina EDC Pesquisa em Educação, para o Curso de Pedagogia, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Faced/Utba), e da disciplina Metodologia da Pesquisa para elaboração da monografia jurídica, curso de Direito da Universidade Salvador (Unifacs), a partir de 2000. resenhas críticas ou recensões, relatórios e projetos de pesquisa (MARINHO et aI., 2003). O Direito, a Educação, a Administração, a Medicina, as Ciências Exatas e Sociais exigem e exigirão sempre certa especulação filosófica, especialmente no que concerne à Ética, à Lógica e à Epistemologia: o que é permitido? O que se entende? O que é ciência? A Metodologia da Pesquisa objetiva fornecer instrumentos capazes de conduzir os estudantes ao rigor científico requerido pela Academia na produção da monografia. Efetiva-se um dos resultados da aprendizagem com a elaboração de projetos. E, dessa maneira, acontece a abertura para o problema do método, concomitantemente com a formação em conteúdos. A formação científica, .lembra Severino (2000), começando na graduação, com a metodologia do trabalho científico, faz com que o aluno aprenda a lógica da exposição escrita e oral, inclusiveo emprego das refe- rências bibliográficas e eletrônicas e das citações, em conformidade com as orientações normalizadas pela ABNT. Ora, o princípio da indissociabilidade ensino-pesquisa, enunciado por Wilhelm von Humboldt, ao criar a Universidade de Berlim, em 1810, que Newton Sucupira introduziu na vida universitária brasileira na reforma de 1968, não atua unicamente na pós-graduação, mestrado e doutorado, mas deve fertilizar todo o trabalho universitário, de acordo com a norma que instituiu a monografia na graduação. A sua inclusão não foi pacífica. Continua polêmica em certas instituições privadas de ensino superior (IES). Aceita por muitos e contestada por outros, a monografia deve ser encarada tal como instrumento de qualificação teórica na formação científica do graduando. Com a metodologia científica de análise, o aluno adquire maior qualificação na aprendizagem pelo aprofundamento do tópico mónográfico. A inserção de matérias como a Metodologia da Pesquisa possibilita maior qualificação teó- rica e instrumental do aluno. A experiência do ensino tem demonstrado que a combinação da Meto- dologia da Pesquisa com a elaboração da monografia possibilita ao aluno produzir um texto de nível acadêmico (BOAVENTURA,2001). O ponto de partida para esse fazer acadêmico é a escolha do tema pelo aluno. Indaga-se, porém, como ele deverá fazê-lo. É imprescindível a ajuda dos professores. Um destes será o seu orientador. Com a monografia, inicia-se a formação científica na graduação pelo exercício da capacitação de expressão escrita do aluno. Não são muitas as oportunidades de dissertar e expor em vernáculo, com lógica e método na Universidade.' 1.3 MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO E DE ESPECIAUZAÇÃO Entenda-se por monografia o "documento constituído de uma só parte e ou de um número preestabelecido de partes que se complementam" (ABNT, 21MONOGRAFIA DA GRADUAÇÃO l!. DISSERTAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO 1.2 ENSAIOS DlSSERTATIVOS: MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO E TESE Além da aplicação de conhecimento, que se concretiza na elaboração e execução do projeto de pesquisa, a Metodologia da Pesquisa leva em conside- ração dois outros enfoques: a redação dissertativa e os procedimentos científicos. A monografia conclusiva da graduação é um texto eminentemente disser- tativo e argumentativo que "consiste no emprego de provas, justificativas, arrazoados, a fim de apoiar uma opinião ou tese ou rechaçar uma e outra", afirma Maria de Lourdes Siqueira (1999). A monografia de graduação, do curso de especialização ou de aperfeiçoamento, como também a dissertação de mestrado e a tese de doutorado, são, as três, ensaios dissertativos. Impli- cam a explanação de idéias com argumentação, porque o pesquisador discute dados, informações, provas e evidências na demonstração dos resultados encontrados (GARCIA,2000). Na experiência docente na pós-graduação, particularmente na produção de papers, examinam-se inúmeras monografias, dissertações e teses e se sente a pertinência da expressão escrita clara, correta e precisa. Assim, a redação da monografia deve ser uma comunicação impessoal, tanto quanto possível redigida na terceira pessoa do singular. Além de ser um exercício metodoló- gico, a monografia acarreta um problema redacional que o aluno deve saber encaminhar a fim de explanar convenientemente suas idéias. Do ponto de vista instrumental, a Metodologia da Pesquisa, direcionada para a elaboração da monografia, projeto e relatório conclusivo, não dispensa os instrumentos cientificos. Em atenção à investigação, busca-se uma explana- ção sobre os principais tipos de pesquisa - bibliográfica, documental, experi- mental, histórica, ex-post facto, levantamento, estudo de caso etc., de acordo com Antônio Carlos Gil (1999). A discussão dos conceitos básicos é significati- va para o seu emprego na monografia como, por exemplo, problema, relação, hipótese, variável e outros construtos (KERLINGER,1980). Da mesma forma, as possibilidades de uso de instrumentos como questionário, entrevista, for- mulário, observação participante, análise de conteúdo e do discurso e outras técnicas e processos nas investigações. Em resumo, a Metodologia da Pesquisa, objetivando a elaboração da proposta ou relatório de pesquisa, do artigo, enfim, do ensaio metodológico, procede à abertura cartesiana do aluno para o problema do método, para a sua formação científica. ;i 'i PROI'OSTA DIi DISSERTAÇÃO20 Para os objetivos deste texto, interessa considerar a modalidade Tra- balho de Conclusão de Curso (TCC), para cuja execução, do ponto de vista normativo, a exigência da monografia final é, realmente, uma das inova- ções instrumentais da formação científica: "Para a conclusão do curso, será Trabalhos acadêmicos - similares (trabalho de conclusão de curso - TCC,trabalho de graduação interdisciplinar - TGI,trabalho de conclusão de curso de especialização e/ou aperfeiçoamento e outros): Documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministra- dos. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador. NBR 6023: 2002, 3.27). Definindo melhor: ''A monografia é um documento publicado de uma só vez cujo conteúdo versa geralmente sobre um assunto dado", ao contrário do periódico, "publicado em intervalos regulares, cujo conteúdo muda de um número para outro e cada número contém geralmente vários artigos acerca de assuntos diferentes" (LEGENDRE,1993, p. 879 e 979). A palavra evoluiu de mono (único), grafia (estudo), para atender espe- cialmente a certo e determinado aspecto, afirmou Aurélio: "Dissertação ou estudo minucioso que se propõe esgotar determinado tema relativamente restrito" (FERREIRA,1986, p. 1154). Morais Silva (1994, v. 4, p. 12) conceitua como "dissertaç'ão ou trabalho escrito, que trata especialmente de determi- nado ponto da ciência, da história, da arte, da biografia de um só personagem, da geografia de um país determinado, etc." Em sentido restrito, conforme Salomon (1999, p. 254), monografia iden- tifica-se com tese: "tratamento estrito de um tema específico que resulte de pesquisa científica com o escopo de apresentar uma contribuição relevante ou original e pessoal à ciência"; e, continua o autor: "Em sentido lato, é todo trabalho científico de primeira mão, que resulte de pesquisa." Consideram-se, nessa categoria, as dissertações científicas, as dissertações de mestrado, exer- citações, tesinas, memórias científicas, papers etc. Conclusivamente, afirma: "o tratamento escrito aprofundado de um só assunto, de uma maneira descri- tiva e analítica, em que a reflexão é a tônica" . Por sua vez, Othon M. Garcia (2000, p. 403-417) concebe as monografias e teses na categoria das dissertações científicas, definindo monografia como , "estudo pormenorizado de determinado assunto relativamente restrito". Em sentido lato, designa: "indistintamente os gêneros maiores das dissertações científicas, e, em sentido restrito, especificamente, as teses acadêmicas". Para a elaboração de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações, monografias e outros), a NBR 14724:2002 define: 1.4 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO E TESE DE DOUTORADO 23MONOGRAFIA DA GRADUAÇÃO E DISSERTAÇÃO DA Pós-GRADUAÇÃO obrigatória apresentação e defesa de monografia final, perante banca exa- minadora, com tema e orientador escolhidos pelo aluno", conforme Portaria n" 1.886, de 30 de dezembro de 1994, do Ministério de Educação (BRASIL, 1994). Compreenda-se a monografia no conjunto das diretrizes curriculares e do conteúdo, isto é, realização de atividades de ensino, pesquisa e extensão, "interligadas e obrigatórias, segundo programação e distribuição aprovadas pela própria instituição de ensino superior, de forma a atender às necessidades de formação fundamental" (art. 3"). As orientações também prescrevem "ativi- dades complementares ajustadas entre aluno e a direção ou coordenação do curso, incluindo pesquisa, extensão, seminários, simpósios, congressos, confe~rências, monitoria, iniciação científica e disciplinas não previstas no currículo pleno" (art. 4"). Convencionou-se, no Brasil, que a monografia é o trabalho acadêmico conclusivo de cursos de graduação, bacharelado ou licenciatura e, ainda, do curso pós-graduado lato sensu, especialização e aperfeiçoamento; a disserta- ção finaliza o mestrado e a tese, o doutorado. Para Morais Silva (1994, v. 2, p. 325) dissertação é um "exercício escrito que os alunos da Universidade são obrigados a apresentar aos professores em certas épocas do ano sobre um ponto principal das matérias que estudaram". A dissertação, destinando-se à conclusão do mestrado, "deve evidenciar o co- nhecimento de literatura existente e a capacidade de sistematização do candi- dato sobre tema único". Expressamente, a NBR 14724:2002 registra: A concepçãoatual da tese de doutorado não data senão do fim do século XIX.Até então, conforme o sentido etimo- lógico da palavra, a tese consistia em algumas proposições escritas sobre uma questão de direito determinada, que o Dissertação. Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo cien- tífico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando à obtenção do título de mestre. Procurando conceituar "tese" como trabalho fmal de estudos em nivel de doutorado, Capitant (1951, p. 11) busca as origens da palavra: ,; ;! 'J PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO22 .',ll,I,'1 ,I .1".'],!. ',1 ' 11' I.! I.; 'I' ".11' .,Ii, I,I•.II!II: .1',I!.'I,••.I!.'e: .' 1 ".: I•• .'1.1 e,j.r I =1 ;,,11.: :1=.1'~I .1 .1 ! \1, A tese aparece como resultado último do processo de doutorado. É o seu produto final; materialmente, é o relatório da pesquisa; intelectualmente, é a contribuição do pesquisador para o acervo comum do conhecimento humano, podendo ser ainda a sistematização metódica de um tema. A tese é a síntese de todo o esforço do programa de doutorado. E, como tal, vai fluindo, ger- minando, apontando no correr dos cursos, dos seminários, das leituras, das Tese. Documento que representa o res~tadode um traba- lho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribui- ção para a especialidade em questão. É feito sob a coorde- nação de um orientador (doutor) e visa à obtenção do título de doutor, ou similar. Há teses de docente livre, "tese" (comunicação) apresentada em con- gressos, tese para professor titular, tese enquanto argumentação filosófica, no primeiro estágio do processo dialético, no sistema hegeliano. . Na linguagem acadêmica, portanto, tese significava proposição escrita para ser defendida, atacada por examinadores e sustentada pelo autor (ECO, 1977; BEAUD,1996; VIEIRA,1991). Examinemos, primeiramente, a palavra com a ajuda de AntÔnio Houaiss (2001, p. 2707) precisamente: 1. Proposiçãoque se apresenta ou expõe para ser defendida emcasode impugnação;2.Designaçãocomumàsproposições que se sustentam em público, nas escolas superiores, ~mfim de curso.Apalavra vemdo grego thé.sis, eos ação de colocar, de arranjar, de pôr em algum lugar, conclusão mantida por raciocínio, tempo musical marcado, compasso, conexo com o v. gr. tfthemi pôr, dispor, instituir, pelo lat. Ihesis, is argumento, proposição, principio de filosofiaou de direito, tema ou conclusão mantida por racioCÚlÍo, compasso musi. cal; cp. Té.sis;ver -tese e tema-; f. hist. 1721 these. É por volta da metade do século XIXque a dissertação escrita adquiriu importância dando corpo à tese. Assim, tese implica elaboração com base em investigação original. A norma NBR14724:2002 destaca o caráter original da investigação acadê- mica e sua conmbuição para o estudo científico de um tema único e delimitado: 25MooOGIW'1A DA GRADUAÇÃO 11DISSERtAÇAo DA. Pós.GRADUAC;ÁO 1.5 ACOMPANHAMENTO PELO PROFESSOR ORIENTADOR 2 O acompanhamento do professor-orientador é uma racionalização. da experiência do autor quando realizou o doutorado em Administração Educacional, na The Pennsylvania SrateUniversity;1978-1981. Na elaboração. e execução do projeto de pesquisa, devem ser conside- rados tanto os conteúdos da disciplina Metodologia da Pesquisa, quanto a orientação para elaboração da monografia dissertativa.2 O tópico mono gráfico previamente escolhido concentra as atenções' teóricas e metodológicas do aluno, possibilitando-lhe formação acadêmica direcionada para a investigação e não tão-somente para a repetição de conceitos em provas. A monografia implica um início de criação; por isso, é um desafio ao graduando ou ao profissional que realiza um curso de especialização. A experiência docente e a orientação de monografias, dissertações e teses tomam possível delinear algumas atividades no processo de orien- tação. Há uma série de tarefas que descrevem o papel do professor- orientador. No exercício dessa função, deve auxiliar e acompanhar o aluno, no seu fazer acadêmico, que se inicia com a previsão de disciplinas, exer- cícios, exames e pesquisas. Mais restritamente, cabe ao professor-orientador do trabalho monográfico e dissertativo, dentre muitas outras tarefas, pla- nejar com o aluno a trajetória para o desenvolvimento do plano até a sua conclusão e cujo acompanhamento pode ser especificamente destacado em alguns momentos. Em suma, com base nesses e em outros elementos trabalhados e discuti- dos em sala de aula, o aluno formulará por escrito e executará por etapas a sua monografia, como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito, em Administração, em Medicina Veterinária ou de licenciado em Pedagogia, ,!.etras, Ciências Sociais, Física, Química, por exemplo. Ele não fará conversas com professores e colegas. O documento não surge ex-abrupto. curSos e créditos germinam o problema da pesquisa. A aquisição de novos conhecimentos, a revisão da literatura, a atualização de teorias, a aprendi- zagem de métodos e processos de investigação habilitam e instrumentalizam o pesquisador para a elaboração da tese de doutorado. Toda tese é uma dissertação (BOAVENTURA,1994, p. 33). E toda dissertação deve encerrar uma tese (problema da pesquisa). í I I I f I ,,, I~ I, I! .~ PROPOSTA DS DISS£R'TAÇÃO candidato deveria sustentar em público e defendê-la contra as objeções apresentadas pelos examinadores. A tese era, essencialmente, um exercício oral, uma argumentação e não, como hoje, um trabalho escrito. Acrescente-se que essa argumentação se fazia em latim. 24 H'o- um bom trabalho de conclusão de curso que coroa todo o seu esforço, se não contar com a ajuda do professor orientador desde o início da elaboração da monografia. Caracteriza-se como um trabalho de acompanhamento da maior importância para a formação científica do aluno, pois aprende com o professor que deve estar sempre próximo, seja presencialmente ou por outros meios de comunicação: O prevísão de cursos, disciplinas, ativídades, elaboração de papers, exames, testes, pesquisas e monografias; O acompanhamento na escolha das disciplinas para matrícula e trancamento; O sugestões concernentes à vída acadêmica do orientando; O amalio ao orientando na elaboração da proposta de monografia, ou, conforme o caso, de dissertação ou tese; O assistência contínua durante o desenvolvímento do trabalho, em especial nos momentos mais desafiantes, como na definição do problema, pesquisa bibliográfica concernente ao tema, explicitação do plano definitivo e execução do trabalho nos moldes acadêmicos; O participação na escolha dos professores membros da comissão examinadora; O compreensão e atenção aos problemas de redação em língua portu- guesa e normalização do texto, sugerindo ao aluno a devída revísão e editoração do trabalho; O orientação na maneira como encarar e responderàs questões pe- rante a banca examinadora da monografia ou trabalhos mais avan- çados, como dissertação ou tese; O estímulo ao aluno para o ingresso e participação em atividades de cunho científico na comunidade acadêmica e científica ou órgãos assemelhados, especialmente em encontros, simpósios e congressos. É essa orientação que permite estabelecer etapas para a realização do trabalho, desde a elaboração do projeto até a finalização da monografia, conforme explanação a seguir. O papel do orientador pode ser definído como um misto de professor, amigo, guia, introdutor de estudante na comunidade científica, pela participação em congressos, apresentação de artigos e por muitas outras maneiras. O orientador é alguém comprometido, acadêmica e afetivamente, com o estudante, a quem não só aconselha, mas também defende (BOAVENTURA,1994, p. 12). 1.7 PROJETO E RELATÓRIO DA PESQUISA O problema, começando pela definição do tema e do problema; justificativa, isto é, por que escolheu determinado tema; objetivos geral e específicos; questões e hipóteses; . O fqndamentação, pela revísão de literatura, inclui estudos e pes- quisas anteriores realizados e publicados; . O metodologia, com a escolha do método em conformidade com o tema; sobre ele levantam-se questões pertinentes; normalmente, incluem-se, também, cronograma e orçamento. O projeto de 27MONOGRAFIA DA GRADUAÇÃO fi. D1SSEJl.TAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO 1.6 NORMALIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS Há dois momentos distintos no processo de elaboração: (a) o projeto de pesquisa, que conduz à sua execução por partes; e (b) o relatório de pesquisa, que é a monografia propriamente dita . A elaboração do projeto de pesquisa, por fases, deve ser enfatizada para a efetivação da proposta, etapa por etapa, step by step. É preciso prever todo o ciclo da dissertação mono gráfica, a começar pela elaboração, estruturação, conforme o plano inicial, redação definitiva, correção do texto escrito, apre- sentação e defesa oral perante a banca examinadora. Um projeto de pesquisa contém, necessariamente: No trabalho que objetiva a exatidão científica, uma atenção especial deve ser dirigida à normalização do texto acadêmico. Tanto na elaboração do projeto como na redação do relatório de pesquisa, atenção constante é dada às diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).Toda pesquisa começa pela correta referência bibliográfica ou eletrônica. A referência, defi- nida como "conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identidade indivídual" (NBR 6023:2002), disci- plina a mente, ordena a busca, caracterizando-se como uma atitude objetiva de quem investiga, pela presteza da informação colhida. A busca bibliográfica, segundo as normas, é um dos primeiros comportamentos científicos pelos quais são adquiridas exatidão e síntese, qualidades indispensáveis para todo e qualquer pesquisador. De igual modo, o acesso aos meios eletrônicos: site, home page, e-mail.CD-ROM e outros. O texto científico exige correção tanto na redação, quanto na citação, isto é, "menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte" (NBR 10520:2002). ., ri •! PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO26 ~ :1"..'• Itt: '.) ~ .I! .1'.:• ~••i r ~ ~~.I ~I•••.' 1.8 TEXTO PARA LEITURA Centenas ,dI,!Íllunos defendem TCCs ' Com o período letivo chegando ao fim, a UNAMA (Universidade da Amazônia) vive um momento especial - sobretu<jo para os alilrios que; daqui a dois meses, estarão recebendo seus diplomas de.gradua- ção. Mas, para cPegar .lá, eles precisam passar por um -teste 'que tem . 3 A proposta de dissertação seguiu a orientação da Ora. Helen,I.' Snyder. na disciplina Ed. Psyc. 475. lntroduction to Educacional Research, desenvolvida em The Pennsylvania State University, no período do inverno, 1980. Consistiu basicamente em três partes: (1) DefinIção do problema, justificar questões de pesquisa, delimitação e necessidade do estudo, definição dos tennos; (2) RevIsão da literatura, incluindo dissertações e estudos sobre Conselhos de Educação (tema da tese de Ph.D.), questões levantadas pela revisão e uso de documentos; (3) Meto- dologia, uso do método histórico e da pesquisa legal aplicados a um problema educacional. 29MONOGRAFlA o ..••GRADUAÇÃO a DISSERTAÇÃO DA pós.GRADUACÁO '-~'''~~.''''-~, "~'~-- ~~. ...-- -~~~- . .----~ •.. --:-'.~7(,:.,-:--~-- '----:--' ,pouco 'a .ver com as t~adicionais provas bimestrais: é a, defesa, do TrabilJ,ho de ConclUsão de Curso. "Este é o tipo detrabálho que evidencia, o clima institucional para a pesquisa, vivido desde a graduação e a , forma de colocar em prática a indissociabilidade ensino-pesquisa. Esta mostra dos trabalhos dá visibilidade ao que vêm produzindo professo- res-orientadores e seus alunos-orientandos," avalia a diretora' do CCHE, professora Ana Célia Bahia. " A temporada de defesa dos TCCs, monografias e de trabalhos de graduação' movimenta centenas, de alunos e professores de todos .os centros, à exceção do CEAC, cujos cursos não têm projeto de cop.ç1u, são. ,"Entretanto, o Centro' está passando por uma total refom1ulação e, 'em conseqüência, os cursos que nele se abrigam também. No caso, de Administração, o nOvo Projetojá está' em implantação, e eoi Ciên,cias Contábeis, a implantação se dará no próximo ano," explica o diretor do ' Centro, professor Ilmar Lopes Soare~. Os Centros de ,Ciências Humanas e Educação, EStudos Sociais Aplicados, Exatas e Tecnologia e Biológicas da Saúde, juntas, assistem a centenas de defesas de alunos. Os professores orientadores, tqdos eles doutores e rnestres, compõem bancas e vêem os alunos realizarem a defesa dos trabalhos que escreveram ao longo do último ano e, em alguns casos, até do terceiro ano, como acontece no curso de Ciências' Sociais. O professor doutor José'Ribamar Perreifa Júnior, da Universi- dade Federal do Maranhão, veio á Belém para participar <!a banca 'que eXaminou o trabalho da aluna de Letràs;Camila Delduque, e 'ficou impressionado' com a qualidade dos trabalhos defendidos. "Essa' gran- de jornada de defesas não apenas valoriza a pesquisa, como 'mostra a seriedade do 'trabalho que aqui se realiza," avaliou 'o professor, que atribuiu nota dez ao trabalho de Camila, que versou sobre a evolução do Caderno Cartaz, CIojornal "O Liberal:" ' , ,Para, oS professores que estão nas bancas, a defesa dos TCCs é um 'mom.ento importante, que cO!TIplementa todo um trabalho de acompa- nhamento da realização de pesquiSas. "É tão gratificante ver nossos alunos ,com um trábalhoque eles mesmos produzifam, resultado de , pesquisas e estudos e que deu a eles uma nova visão de sua área," diz a professora doutorada Lucy TeiXeira, dos cursos de Letras e Comlinicáção ' Social. O profe,ssor PauÍoNlines também compartilha dessa 'avaliação e diz que, mesmií com muitas 'banc~s? a av'aliação éirriportanrnSima. ' .. }1onte: CENTENASde alunos defendem TCCs. Comunicado - Semanário' da Univer- sidade da AmcÍzdnia. Belém; ano 20. nlt 1.071. 4 dez. 2000. -Matéria de capa. o "'. _": • o '.' • :1 I ,, I ..l PltorosTADEI DlSS£RTAçAo pesquisa, no qual constam as referências bibliográficas e eletrônicas, encerra, praticamente, os primeiros capítulos da monografia, dissertação ou tese.3 Com a execução do projeto, seguem: coleta e tabulação dos dados, análise e discussão dos resultados. O relatório de pesquisa consta dos elementos pré- textuais, textuais - introdução, revisão de literatura, metodologia, análise e discus- são dos resultados, conclusões e recomendações; e pós-textuais ou complemen- tares, como apêndices elaborado pelo autor, anexos, glossário e referências, conforme a NBR 14724:2002, que trata da estrutura dos trabalhos acadêmicos. Éde todo aconselhável que o aluno, primeiramente, elabore o projeto de pesquisa, a ser discutido em seminários, aprovado com parecer por mais de um profes- sor, se possível em exame de qualificação ou de pré-banca. Somente depois partirá para executá-lo, dando início à parte empírica da investigação. Por fim, como roteiro para a propostada monografia, dissertação ou tese, deve-se iniciar pela escolha do tema, seguindo-se a fundamentação teórica, exercitada pela elaboração de resumos, escolha da metodologia e redação da monografia. A proposta acadêmica de investigação compreende, portanto, três elementos fundamentais: problema, fundamentação teórica (revisão de litera- tura) e metodologia. Apresenta-se apenas um guia, que não dispensa, mas, ao contrário, exige estudo e leitura de obras que tratam das questões de ,método, como os compêndios de Fred N. Kerlinger (1973, 1979 e 1980) e Christian Leville e Jean Dionne (1999). 28 A Metodologia da Pesquisa, aplicada à investigação, concentra-se na elaboração da monografia como trabalho de conclusão do curso de graduação, de especialização ou de aperfeiçoamento. Um dos propósitos da aprendizagem é possibilitar ao aluno concretizar conceitos, definir problemas e questões, formular hipóteses, harmonizando noções em pré-projetos e projetos para posteriores desenvolvimentos. Com a informática, a aprendizagem deve ser cada vez mais aplicada, rápida e fácil . Ao concluir a leitura deste capítulo inicial, procure responder às perguntas, dissertando sobre os tópicos e não indicando apenas como deveriam ser. 1 O aluno ou profissional terá um exercício para completar a leitura. Para começar, identifique o seu projeto e escreva: (1) título do trabalho ou idéia do tema; (2) o seu nome; (3) nome do professor orientador designado para acompanhá-lo na elaboração do projeto e relatório da pesquisa; (4) curso de graduação, bacha- relado ou licenciatura, ou de pós-graduação lato sensu, especiali- zação ou aperfeiçoamento, mestrado ou doutorado. Caso ainda não tenha título definitivo, forneça uma idéia do tema escolhido, idéia essa que o aprendiz, aluno ou profissional, transformará em proposta de monografia, dissertação ou tese. É importante que procure cumprir essa tarefa inicial, fácil e pequena. Comece redi- gindo a identificação do seu projeto de pesquisa . 2 Pasta no computador ou arquivo. Logo no início, crie uma pasta no seu computador para o seu projeto de pesquisa. Ela bem que merece uma pasta especial! Ao cursar Metodologia da Pes- quisa, presencialmente, ou a distância, vá colocando sistematica- mente tudo que você leu, pensou ou escutou na pasta eletrônica. De vez em quando, revise, faça cópia em disquete ou em CD-Rom, discuta com o seu orientador ou exponha em seminário. Mas guarde tudo em pasta eletrônica ou em arquivo de papel. Lembre-se de que o projeto está em processo. 3 Esquema ou esboço inicial do plano da exposição. Com o tema escolhido, procure definir o problema, núcleo do tema, ponto de partida e porto de chegada. Problematize o seu tema para desencadear o raciocínio e centrar o seu trabalho de pesquisa. Fundamente o seu problema nas leituras que possibilitam a discus- são e enriquecimento. O problema é o poste central em torno do qual girará todo o seu trabalho. A fundamentação teórica ilumina o tema. Anote o que você leu ou pensou e vá organizando o plano da Leituras Sugeridas SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico . 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000. SALOMON, Délcio V.Como fazer uma monografia. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 31MONOGRAFtA DA GRADUAÇÃO E DISSERTAÇÃO DA PÓS.GRADUAÇÃO sua monografia. Comece por um esquema o mais simples possível, um esboço, como se fora um primeiro risco. Não se trata de simples sumário, mas da previsão lógica do trabalho a desen- volver. Faça o inventário mental e recepcione as idéias que che- gam aos poucos, como pingos de chuva, depois vem a tempestade mental. Anote tudo como vem, mesmo sem ordem, esta virá com a organização do plano. , ',' 1 i PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO EXERCÍCIOS 30 -- •. ')".!.',' I.", i.~l.,.~,' / ill.1'.11, .~i.~'.Iii., •.'• i,I.: .,'.;i é\11.,:,.'••.'.,": .~:.!I ~ "I .I.'.~I•'!I., ~I '.1~, I. " , 1 I ,I, i, , I " '! " " ,, ";1 i i I, " , ",-I " i,I ~--.- ~ o@ 2 o PROBLEMA DA PESQUISA Para encaminhar a pesquisa, parre-se da escolha do tema, do qual se formula o problema. Tema é o assunto que se quer desenvolver ou aprovar. Thdo começa com essa escolha pelo pesquisador, aluno ou professor, seja a monografia de graduação ou de especialização, disserração de mestrado ou tese de doutorado. Uma vez encontrado o tema, como definir o problema? Como ponto de partida da pesqulsa, o problema é desdobrado em questões ou hipóteses, fundamentado na literatura concernente e operacionalizado pela metodologia. Tema e problema devem ser anunciados claramente, justificando-se a opção e definindo-se os objetivos a alcançar. Deve-se proceder a uma discussão acerca de alguns conceitos básicos em pesquisa: hipótese, variável, relação, dado, estudo, experimento, problema e outros constructos' (KERLINGER,1980). 2.1 ESCOLHADO TEMA Matriculado na graduação ou selecionado para mestrado ou doutorado, o aluno procurará um assunto que atenda às suas condições intelectuais, 1 "Quando os cientistas falam sobre os conceitos usados em seu trabalho. freqüentemente os chama 'de 'construetos'. Construeto é um termo útil porque indica a natureza sintética das variáveis psicológicas e sociológicas". Kerlinger (1980. p. 45). "~ predileções de leitura e motivações profissionais. Não sendo uma escolha fácil, requer esforço pessoal, decisão que deve emanar do próprio aluno, contando com a ajuda do professor-orientador, dos professores do curso e dos colegas. Aprende-se muito com os professores, muito mais com os colegas e com- panheiros. O mais aconselhável é a escolha fluir da experiência profissional do pesquisador. O problema pode surgir, nos semestres finais do curso, com o estágio ou explorando a inclinação por determinada disciplina. Ainda como aluno de graduação, a escolha pode ser motivada pelo trabalho no escritório onde aprende na prática, no posto que ocupa no serviço público ou na empresa. A escolha implica sempre aprofundamento da experiência com reflexão e leitura. Conta também para a escolha o gosto por uma disciplina que o aluno aprecie, pela literatura que a envolve, sentindo-se inclinado ou, até mesmo, apaixonado pelo seu temário. Apreciando as fontes do problema, Ary,Jacobs e Razavieth (1979, p. 12) consideram que há três importantes: experiência, deduções da teoria e litera- tura concernente. O tema, enquadrando-se em uma das disciplinas, não deve perder o caráter interdisciplinar. A escolha do tema é uma decisão do aluno, candidato a elaborar um trabalho monográfico como uma das condições para a conclusão do curso de graduação, bacharelado ou licenciatura. Não será por demais recomendar-lhe que reflita longamente antes de fixar-se no tópico monográfico. O estudo, no entanto, não deve ultrapassar a medida da capacidade intelectual do estu- dante. Insiste-se que a escolha do tema constitui um ato particularmente difícil e significativo para a sua vida discente e profissional. Quanto ao momento da escolha do tópico monográfico, não se deve esperar o derradeiro instante do curso. Há vantagens de se decidir durante o ensino das disciplinas, na fase da obtenção dos créditos. Quanto mais cedo se fixar no tópico, melhor. Quando se escolhe em um momento apropriado, não somente se realiza uma escolha mais ajustada, como também se poupa tempo. A opção, uma vez realizada, começa a germinar, a crescer na cabeça do aluno e, a partir daí, surge o problema. Considere-se que o problema exige longa e fecunda meditação; não se torna possível quando a escolha é feita, açodadamente, nos momentos derradeiros do curso, no último semestre. Uma vez escolhido o tema e definido o problema, o aluno deve procurar a bibliografia pertinente, utilizando as normas de referências bibliográficas e eletrônicas, seguindo a ordenação lógica da exposição para o estabelecimento do projeto de pesquisa ou a confecção direta da própria monografia; para tanto, contará com o acompanhamento do professor orientador. Os passos iníciais para a elaboração do projeto de dissertação seguem as sugestões de HenriCapitant (1951). O conhecido jurista francês parte da escolha do tema que conduz ao problema, discute as buscas bibliográficas, as fontes a utilizar e o estabelecimento do plano; primeiramente, o plano provisório e, depois, com a progressão das leituras e o amadurecimento do assunto, o plano defini- tivo. Capitant (1951) enfatiza, com muita razão, como o aluno deve conduzir a documentação, especialmente, os precedentes históricos, o exame crítico da jurisprudência, as coleções de julgados, as estatísticas, o direito comparado. Em resumo, as fontes do direito. De posse dessas fontes e materiais, chega-se à elaboração do projeto da monografia, compreendida como uma dissertação . Depois dessas considerações quanto à escolha do tema e ao momento apropriado do tópico monográfico, com a larga experiência jurídica, aquele autor enumera alguns aconselhamentos tão úteis quanto práticos, no seu rico e sugestivo ensaio sobre a tese de doutorado em Direito: o Decidir por uma disciplina jurídica. O aluno decide em que ramo do direito público ou do direito privado ou, ainda, de alguma ciência social tomará o tema da dissertação. A preferência dependerá do gosto do estudante pelos seus estudos anteriores ou da carreira que seguirá. O aluno, por exemplo, que exerce a profissão em empresa ou trabalha no serviço público terá interesse em aprofundar um instituto jurídico ligado à sua ocupação. O Definir um problema que será objeto de estudo. Escolhido o tema, em seguida, o aluno definirá o problema objeto do seu trabalho. Não basta o tema, é preciso estabelecer o problema, núcleo central de toda investigação a ser desdobrado em questões, hipóteses, justifi- cativas, objetivos, metodologias, discussões dos dados e resultados . Nesse sentido, explica Severino (2000, p. 74-75): O raciocínio - parte essencial de um trabalho, não se desencadeia quando não se estabelece devidamente um problema. Em outras palavras, o tema deve ser problematizado. Toda argumentação, todo raciocínio desenvolvido num trabalho logicamente construído é uma demonstração que visa solucionar determinado problema. A gênese dessa problemática dar-se-á pela reflexão surgida por ocasião das leituras, dos debates, das experiências, da aprendizagem, enfim da vivência intelectual no meio do estudo universitário e no ambiente científico e cultural . O Selecionar um tema pouco estudado. É preferível pesquisar um tema pouco estudado e tratá-lo a fundo a tomar uma vasta matéria e abordá-Ia superficialmente. Uma questão que, em princípio, parece limitada, depois de leituras e reflexões, toma uma extensão considerável. •... ~.I.II.'1 ••••.",." I1.Ii•••••.1•••.11 ••.,'.1. '••:1•••••• 34 PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO i.'.'.•li ¥ l ~ ~' ~•t I •• o PROBLEMA DA PESQUISA 2.2 SUGESTÕES PARA A ESCOLHA DO TEMA 35 predileções de leitura e motivações profissionais. Não sendo uma escolha fácil, requer esforço pessoal, decisão que deve emanar do próprio aluno, contando com a ajuda do professor-orientador, dos professores do curso e dos colegas. Aprende-se muito com os professores, muito mais com os colegas e com. panheiros. O mais aconselhável é a escolha fluir da experiência profissional do pesquisador. O problema pode surgir, nos semestres finais do curso, com o estágio ou explorando a inclinação por determinada disciplina. Ainda como aluno de graduação, a escolha pode ser motivada pelo trabalho no escritório onde aprende na prática, no posto que ocupa no serviço público ou na empresa. A escolha implica sempre aprofundamento da experiência com reflexão e leitura. Conta também para a escolha o gosto por uma disciplina que o aluno aprecie, pela literatura que a envolve, sentindo-se inclinado ou, até mesmo, apaixonado pelo seu temário. Apreciando as fontes do problema, Ary,Jacobs e Razavieth (1979, p. 12) consideram que há três importantes: experiência, deduções da teoria e litera- tura concernente. O tema, enquadrando-se em uma das disciplinas, não deve perder o caráter interdisciplinar. A escolha do tema é uma decisão do aluno, candidato a elaborar um trabalho monográfico como uma das condições para a conclusão do curso de graduação, bacharelado ou licenciatura. Não será por demais recomendar-lhe que reflita longamente antes de fixar-se no tópico monográfico. O estudo, no entanto, não deve ultrapassara medida da capacidade intelectual do estu- dante. Insiste-se que a escolha do tema constitui um ato particularmente difícil e significativo para a sua vida discente e profissional. Quanto ao momento da escolha do tópico monográfico, não se deve esperar o derradeiro instante do curso. Há vantagens de se decidir durante o ensino das disciplinas, na fase da obtenção dos créditos. Quanto mais cedo se fixar no tópico, melhor. Quando se escolhe em um momento apropriado, não somente se realiza uma escolha mais ajustada, como também se poupa tempo. A opção, uma vez realizada, começa a germinar, a crescer na cabeça do aluno e, a partir daí, surge o problema. Considere-se que o problema exige longa e fecunda meditação; não se torna possível quando a escolha é feita, açodadamente, nos momentos derradeiros do curso, no último semestre. Uma vez escolhido o tema e definido o problema, o aluno deve procurar a bibliografia pertinente, utilizando as normas de referências bibliográficas e eletrônicas, seguindo a ordenação lógica da exposição para o estabelecimento do projeto de pesquisa ou a confecção direta da própria monografia; para - tanto, contará com o acompanhamento do professor orientador.' Os passos iniciais para a elaboração do projeto de c1issertação seguem as sugestões de Henri Capitant (1951). O conhecido jurista francês parte da escolha do tema que conduz ao problema, discute as buscas bibliográficas, as fontes a utilizar e o estabelecimento do plano; primeiramente, o plano provisório e, depois, com a progressão das leituras e o amadurecimento do assunto, o plano defini- tivo. Capitant (1951) enfatiza, com muita razão, como o aluno deve conduzir a .documentação, especialmente, os precedentes históricos, o exame critico da jurisprudência, as coleções de julgados, as estatísticas, o direito comparado. Em resumo, as fontes do clireito. De posse dessas fontes e materiais, chega-se à elaboração do projeto da monografia, compreenclida como uma dissertação. Depois dessas considerações quanto à escolha do tema e ao momento apropriado do tópico monográfico, com a larga experiência juddica, aquele autor enumera alguns aconselhamentos tão úteis quanto práticos, no seu rico e sugestivo ensaio sobre a tese de doutorado em Direito: o Decidir por uma disciplina jundica. O aluno decide em que ramo do direito público ou do direito privado ou, ainda, de alguma ciência social tomará O tema da dissertação. A preferência dependerá do gosto do estudante pelos seus estudos anteriores ou da carreira que seguirá. O aluno, por exemplo, que exerce a profissão em empresa ou trabalha no serviço público terá interesse em aprofundar um instituto juddico ligado à sua ocupação. O Definir um problema que será objeto de estudo. Escolhido o tema, em seguida, o aluno definirá o problema objeto do seu trabalho. Não basta o tema, é preciso estabelecer o problema, núcleo central de toda investigação a ser desdobrado em questões, hipóteses, justifi- cativas, objetivos, metodologias, discussões dos dados e resultados. Nesse sentido, explica Severino (2000, p. 74-75): O raciocinio - parte essencial de um trabalho, não se desencadeia quando não se estabelece devidamente um problema. Em outras palavras, o tema deve ser problematizado. Toda argumentação, todo raciocínio desenvolvido num trabalho logicamente construído é uma demonstração que visa solucionar determinado problema. A gênese dessa problemática dar-se-~ pela reflexão surgida por ocasião das leituras, dos debates, das experiências, da aprendizagem, enfim da vivência intelectual no meio do estudo universitário e no ambiente cientifico e cultural. O Selecionar um tema pouco estudado. É prefedvel pesquisar um tema pouco estudado e tratá-lo afundo a tomar uma vasta matéria e abordá-la superficialmente. Uma questão que, em princípio, parece limitada, depois de leituras e reflexões, toma uma extensão considerável. ~ 35o PROBLEMA DA PEsQUISA 2.2 SUGESTÕES PARA A ESCOLHA DO TEMA ./ I 1 ! i .1 \j ( :I I 'I (; t ~. i PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO34 o Evitar um tema objeto de tese recente. É preciso evitar a escolha de um tema sobre o qual uma boa tese foi elaborada nos anos prece- dentes. Poderá parecer que está sendo reeditada, não possibilitando a satisfação da criação pessoal, satisfação que a tese deve proporcio- nar ao seu autor. Por outro lado, existem instituições que evoluem constantemente e exigem estudos periódicos, principalmente, no que diz respeito à jurisprudência. O Examinar ajurisprudência. Os estudos acerca da jurisprudência, tanto em direito privado como em direito público, oferecem uma mina excessivamente rica e cujos assuntos estão longe de ser esgotados. O Historiar a jurisprudência antiga. Para aqueles que gostam de his- tória, aconselham-se trabalhos sobre jurisprudência anterior ao século XlX. O Comentar uma lei recente. Os comentários de leis recentes, que não possuem ainda jurisprudência, possibilitam um trabalho assaz in- grato. Da mesma forma, com os eventos que mudam o mundo, o trabalho legislativo tem sido intenso. Podem ser estudadas as fontes e o desenvolvimento para mostrar em que sentido aconteceu a evolução sociaL O direito, em todas as suas manifestações, insere-se no meio social e por isso não deve ser concebido sem referência à sociedade que deve reger. O Discutir a natureza jurldica de uma instituição. Pode-se dizer o mesmo dos trabalhos sobre a natureza jurídica de uma instituição. Esses trabalhos apresentam grandes dificuldades e não devem ser aconselhados senão a alunos que tenham realizado bons estudos e possuam maturidade em conduzi-los. O Reservar espaço para a história, direito comparado e ciência social. Nos trabalhos desse gênero, mais ainda do que em outros tipos, um espaço extenso deve ser reservado tanto para a história, quanto para o direito comparado, ao que se acrescentam a economia e as ciências sociais de modo geral. Todo aluno deve ser capaz de ler ou de compreender, pelo menos, uma ou duas línguas estrangeiras. Recomenda-se aos doutorandos que cursem um ano acadêmico ou dois semestres no exterior (doutorado sanduíche) ou em um centro nacional de tra- dição universitária, como, por exemplo, na Universidade de São Paulo e sempre com o acompanhamento de um professor orientador. Há inúmeras outras indicações para a escolha do tema e definição do problema, como as propostas por Nunes (1997, p. 5-14): interesse do aluno; definição clara do tema; outro tema anteriormente conhecido ou não; limi- tação; problematização; disponibilidade das fontes de consulta e, ainda, a possibilidade de o tema ser indicado pelo professor orientador. É essencial fornecer uma idéia clara, precisa e delimitada do tema. A primeira preocupação de quem expõe é, de imedia:to, dar uma idéia do assunto. Ao escrever as primeiras linhas da exposição, definir o tema, o qual, para ser entendido, precisa ser expresso de maneira exata; daí, a necessidade de se definir o seu objeto. Torna-se necessário escolher os termos que encer- ram a proposição, pois, ao definir-se, delimita-se o tema. Quando se trata do assunto da monografia, dissertação ou tese, dentre os muitos aspectos pelos quais se pode tratá-lo, elege-se um deles, no qual se circunscreve o âmbito da dissertação. É forçoso saber escolher o que se prende ao tema selecionado e o que dele se afasta, razão pela qual se delimita o tema logo na parte introdutória da monografia, dissertação ou tese. Isto porque quem pesquisa apenas investiga um problema, desdobrado em poucas ques- tões e hipóteses. Esclareça-se, entretanto, que nem todo problema é um problema cientí- fico. Uma dor de cabeça ou um desajuste conjugal são problemas humanos a serem considerados pelo médico, psicanalista ou advogado. Não são .questões científicas. Para Fred N. Kerlinger (1979, p. 31-33), "um problema científico é uma questão que mostra uma situação, necessitando de discussão, investiga- ção, decisão e solução". Como uma questão, enunciada de maneira interro- gativa, tem, portanto, a vantagem de apresentá-Ia diretamente. Para Kerlínger, uma questão científica diz respeito às relações entre fenômenos e variáveis; "um problema é uma questão que pergunta como as variáveis estão relilciõ- nadas". Todo o processo de investigação é procura de resposta ao problema da pesquisa. O problema é o núcleo do tema. O problema cientificamente considerado há de possibilitar tratamento metodológico, com verificação pelas técnicas e processos que possibilitem evidências empíricas. Em síntese, problema é uma questão ainda não resol- vida ou resolvivel que permite abordagem metodológica no encaminha- mento de solução. Cientificamente, resumem Henriques e Medeiros (1999, p. 29): "pro- blema significa qualquer questão não resolvida que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento". Tomando-se como tema, por exemplo, o c;,onselho de Educação da Bahia, em 20 anos de funcionamento,' o problema pode ser definido: qual a relação entre funções atribuídas e decisões tomadas? O problema bem definido é o fulcro em torno do qual gira toda a pesquisa, de onde saem questões, hipóteses e instrumentos a serem aplicados. • ~.'II=. 'él I.1, ~i ~I ~"-, I 36 PRoPOSTA DE DtsSERTAÇÃO ,- o PROB1.EMA DA PEsQUISA 2.3 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA 37/ 2.4 COMO FORMULAR UM PROBLEMA DE PESQUISA? 2 Esta síntese foi trabalhada pelos alunos, tomando por base o livro de AntÔIÚOGil, Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. SãoPaulo:Atlas.1996. p. 26-33.Trabalhode equipe dos alunos da disciplina Pesquisa em Educação, Faculdade de Educação da UFBA,2001. Por que formular um problema? Inúmeras razões de ordem prática e intelectual podem exortar o pesquisador à formulação do problema, e seu interesse pela escolha vai depender de determinados fatores como seus valores sociais e incentivos sociais. Toda pesquisa inicia-se com algum tipo de problema. Contudo, defini-lo não é uma tarefa fácil, pois são várias as suas acepções. Especificamente, no caso da realização de uma pesquisa, o que interessa é o problema científico. Antônio Carlos Gil (1996) cita Kerlinger (1980) quando este diz que uma das maneiras mais práticas para entender um problema científico é considerar primeiro aquilo que não é problema cientifico. ••••••••••••••••••••••••••••••••••• 39o PROBLEMA DA PEsQUlSA ~fr~:~?,.fopro.ble'ma dãtes'~ t~y(t'a~sútõrig~n{'{i.~'#~q)~riê~êj~dõ~Ü:to"r,qti'e~ ',',...10, •••. ~'ó'?~ -.'...•.'- ~',"", -":,-,.- :-.i; •• ,~~~'., ;--:;---_. ~- •. "-.' •. ~,.,~ ••.•.•• "••••• ""'-'/f..-., 0""-' .,', .desenvolveu o.projeto 4e mvestigaçao baseado em traballios anteno.-, .}.,'res soiír'é"'ó'sistéma'dé<educài;ão na'Bàhia;: EXPenênciâ,'deduç5es' cie)t; r"7:u;nâ teõíiâ"e réIái;ão'do'tópiéo'dúése'com 'à'rév;sllõ'C:ià'litéiániia sãõ.~l,.1; ;j' "'- ••-o, ••.•.••• " .,. •..••.!••••.••••• '~~ •••_.'~. ,. ",>:; .-l4"""" .. '~ ••••••", .•••• :r'~, •.•.•.• ~-""',lo '.;~ .,,' as três.principais fontesde um problema de pesquisa; segundo Donaldi.,} r~A!Y.~tá!?'üêstiiélil'¥xa;niÍlõíi' o'iiâ'peld6:CbhSelJi.õ ÉStad\iai'4é Edu::A" '!" êâçãõ'iíaBahiá~ de' 1963 "á' 1.975~O Coniielho' foiêriãdoém" 1963 ,ê;'~~ ._ , .•..• ,.". ..••. - .•~,- •.•."'.••_ •• "",fo. ".::L'" q", _-P •.•••.••.••" ,....-¥. ,.V •••. ~."J ...•...•••••,.~.~ .• " ,p, o :~u~~e.q~en~~!;'ell:te•..rr~rg~n!Zild,s..e.m1967, ten!l~c.~lll? P':!r.~lP~~~n,;~~ \~. ções a aplicação das normas:~ducaéionais. bem como a forniulaçao 'de ;'<: .~,:~'diretq~es;paiê~ceres'e-."êstuCios;~omo" àrga:nismo'_ldIDslátiyõ~'deliper~-;','~ ,;:_, .••• -. _, ' • • •.••• .L," '. , ,~~.... _" ".' .••. ,.~ . 1."- .• ',.."'\0.,..........-. - ." - ~ '1'l'.?vo~~;~t~,~!.rto p~~!l'.)~di:!~IL C91npó..e:sede 2i})lelllb\~s, e~s~~~~£s,li ~jl:p,elo;govem~~_o!'e.ap;,o~ad':'~.jJ.~I,~:'As~em~léia!:egis,l~.tiya~p:z~!eprej ~~-:: ••:sental1tes dos setore'~Plll>licp e particular do.ensino;Al; norma~ fe.de':~,>' ç; rais fuiidáineniâràma aütorldade: do Çôns'elhó'nô'dé'sêiivolviriiento (ie.'l: ,':,diietrize's' i'élitivaS'a: iIÍiplementáçãõ de plan;'~educãcio;'ãis,".de nor-"'?!: ~.'7'mas-de ensifià e,~dédecisões~referentes' ã. aIt.inô's;nõ'ãrtiqitÇ{do sistêIriá!{i~ .. ". ,_:,~~. 1,.,..LOl.' .•...'1'.;!>'_.~,•••••"' •• ;'~,----c-~- •••• 0'- - '.~ "'II"I'- . 'i"""I de educação.~..".,.',.i "" d~cr\~~:~~I.':\t-'.-Jl:~:~';.t"rh.it"f.'~~1.l!~~,~,k-t :t;~:f-~ :;, •.•••• _ ~ ~ -? ].',j. \~i.:-~"f~~ti:'~\:~~:~-~i~'_:i ..~ :'.~~ .;~~ - :.~: ;. '~~"i.l"- "t ~:::'--'. --!.~....:.."1.;'.V"; '. /.,,; A}-DB/61 f"5!li!9.~a d~s.centra.h~~ça_o~d~~,?~I,fi?,pela ,?ud.lll1ç~~~::., '. respon~ab!Hda~<;s,~_a:esf~Ea.:.federil,lp~~~,~' es!.a~u,,!.;.O;P~~s,:lI~os<j.; " ;_E.st~d';laj~,~f~\:Ívaralll..'\?!,s~~n~~~li~~çã.~pela~ de~isÕe.~;tomad.asrelati;,~ . ~as ~~s se.';l~p~Rble!!1"as.le para que 9p,er:.,:,.s.~m~~e.tiv,,:ment~:!\LD13/61~(' .'especlficoucertas funçoes a serem desempenhadas pelos estados. Se-c,.~ .~. 'gundo 'ã LDIÍ/61 ê lei~.subseqüentés;{ eduêaçiÍo' ~'àdihiitisttãdá'pelos:::;1 ~ .". ~'. ' •••••• ,•••• OM ..••.•, >.' .•....•..•••. , •. -, ','" . - ..!'. '" . ""'- ••• "",1- .' i '.(a) sistema fedefal de educação composto do M~tério da Educaçao, doi:'"' .J Conselliô Fedê~~1'd;Éducàçãô ~ oÍltr,os órgãos, cUjaj;;rlsaição én:àdo,'r ." nal; e (b) dós sistemâs estâdüãis'de:êduéaçãõ;' iritegradõs pelái escolàS'~~ : públicàs .e'~p'arti21t1arés'de'iiiiíiieiróesegundõ graü-s; escolas-muÍlid-)~' ,:' pàis e' iÍlstituições estàduais eÍiiunicipais de "educãção supérior. ASsim,'~~'. _'.' • ...,.,_" . _~~. ";"~._', _, '~.'11""', ,.' _ ..••. ,••.•••""'""" ••••I , segllndo o.modelo da LDB: os sisteinás federá! e estadual têm QSseus.!-; • ,.•~ ~.~,',.~,_...-, '.t:. ,'"I'~'" r:._ •.•.••.••..,-..-->0'_ •••••.••• "" .•... ,._ •. ,,,,.~_, o:. ,0<',,", • '\ próprios conselhos com funções normativas, deliberativas e opinativas: ~J ~i~.;~'"'~t,'~Â.1ef;~1i.:dJcaê~~~fd'~~í9:~í;~cl~~~~1na~~ftiibuições'~O;':sc~ 'lão~-Conselhos; réforçànC:iô6' pâpelestaduaJ -na édúCàçãó.ii '.:!-':,:"'n,~,~_ ": "'-':~ .r"''';':.~/:ií>-'~~~',.,>~"'.::,t1"~"":t> 'I "~",.-. ,'•.. i~ ~';' t ~~r, ~lI!:••••- ".:. '::'~,,~~!'~:~~"J i.:"'.••;f :--.-•••• ~" .,.~t,1~;es.t;\~~_,~~~IS_0\,',<?,. C??,"e_lho;~tad~al. d~~~J!c~ç~J: ..~.:.Bl'.~i~.'~ , _~,como uma orgarnzaçao,. especlil\qlente suas funçoes e deClsoes,segun', <~ :.~~~"I~~~~el(C}2~?)A~~~~S; (I_i~~){J;:,tZiõiti/!?6~).e<iiij-o£! Pà~ã~{: ;c tanto; utilizax:am.se oS.procedimentosda p~squisa histórica e legal:'~". , I.!';:...~';', '''":''' K'o~~v:~.••.~::. y.~'~'~~",,~~('I.hi~'~' .~..:o1~',~"q~~~~',,,,,~~.,'t<"'lI'h.-.••.;1t, ," '::::,.;i' O estüdo foi .planejaçlo para ser conduzido a uma análise organi- .. ••• ,', ~~ .. ',-' ••.. ., ~..t- ~_ .' "'~-.'",,,-_' .,'.-.•' .••. " ••.,' ,_o.. 'l' ';.,~ ".' .••.- ~ '" , .z~cio~~,'~ist?ri~~ b~eg~ da"c~~ça~" org.~~iz.~Çã~,~~.se~v9~Vl~.;!'~?Jt- .' .....:.:.:....:'~".~,.( . 1"'.,' -.: 1'- •••• t~_..ro :,~,"",' •. ",. A"f".',., ~. - t-,._. 2.5 EXEMPLO DE DEFINIÇÃO DO PROBLEMA :~! ~ ~,. "•J, '11 ~ j: I, J:' J, :jl ./ i ! \ 1 j I I I t PROPOSTA DE Dtssl!Jl'tll.ÇÃO Como formular um problema? Complexidade da questão: como não é fácil formular um problema de pesquisa, é necessário refletir muito para melhor desem- penhar esse processo. Alguns pesquisadores fazem recomendações que podem facilitar: 1. o problema deve ser formulado como pergunta: esta é a maneira mais fácil e direta de formular um problema; 2. o problema deve ser claro e preciso: para que o problema possa ser passível de solução é necessário que ele seja claro e preciso; 3. o problema deve ser empírico: ou seja, baseado na expe- riência; problemas cientlficos não devem referir-se a valores; 4. o problema deve ser suscetível de solução: para formular adequadamente um problema é preciso ter o domí- nio da tecnologia adequada à sua solução; 5. o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: a delimitação do problema guarda estreita relação com os meios disponíveis para a investigação.2 38 I lo, 2.6 PROBLEMA, QUESTÕES E HIPÓTESES, 3 Aconselha-se vivamente a leitura de Fred N. Kerlinger, Behavioral research: a conceptual approach (New York: Holt, Rinehart and Winston Inc. 1979. Há tradução em. portUguês, Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1980. Kerlinger é autor da clássica obra. Foundadon ofbehavioral research, 2. ed. New York: Holt, Rinehan and Winstons, 1973. A precisão de conceitos é um dos pontos fortes de Kerlinger; definiu muito bem problema, relação, hipótese, variáveis e outros constructos. " Para melhor operacionalização do problema, ele deve ser desdobrado em , questões que possibilitem a sua compreensão e funcionalidade, permitindo or emprego de instrumentos, de técnicas e de processos de investigação, comor entrevistas, questionários, formulários, observações etc. Em lugar de questões, A podem ser fomiuladas hipóteses a serem verificadas empiricamente. O racio- cínio hipotético é usual em pesquisa, pois pode ser confirmado ou não no desenvolvimento da investigação. As hipóteses são instrumentos típicos das ciências físicas que vieram a enriquecer a pesquisa social. Quase todos os manuais de Metodologia da Pesquisa reservam um capítulo ou parte para as hip6teses; entretanto, elas não perderam o seu mecanicismo. Fred Kerlinger (1980, p. 38), por exemplo, concebe hipótese como "um enunciado conjetural das relações entre duas ou mais variáveis, São sentenças declarativas e rela- cionam de alguma forma variáveis e variáveis, São enunciados de relações, e, como os problemas, devem implicar a testagem das relações enunciadas". Na excelente conceituação de Kerlinger,3 problemas e hipóteses são semelhantes, 41o PRoBLEMA DA P£sQulsA .<W i ;~.ã:iífuE}~1ll?~~i~~~.i~é~t(td.9 ?r~.b}e:ID,ã~:~~r!'~t,\!d~d~/f~f.ap}~l ~;.Q) colocadasas segumtes,questqes:~,..s~~j,t.,;:;.fi..~~J.~:~',l+ ~~ •• ''1•.}'f; J ~,~j,:t ~,~4~'~~~;i:6~;~~6sitoíd~cr{~~ãg~d6,tc~~~IRo~'.J~'\~463?;~:rt';:"t~1 :...t~;,: • ~,"'" ,~ ••• j :. -,.:~~"' •.I:L'''''.~~'_.t'::".l.'of_' l' ••:,~,",:,ç'~i~~""~_.:-:~•...••~~;~.::-'" ..,:;-+ t ....•..';.,,;,...•-.•... '••..",. "'!Quais as razões' da sua reorgariizaçãoem 1967? ••..<.~."'.~.,''.. • "'f,_,;.4 .•• ,~,i:tlll.,':~...~...•~j~~ •• , '" -t:'t.~, ~.-'~,i'{':..... "--,{,\1.,,'>~,,,." .'.. 'j- .••• .:~~~,,.. '''~ ~9!1.ais,asl Íf.Ilplicações 4a. r~.fq~aJ~d~c,a;!p'pal ~~e.'1971.l~..a:~'~'l atuaçaodo Conselho?'~~'.li:>o~~'"'.{Z,'\ li~:.t,..,J ","A;' , .~:t';I.•t'- 'lO.:''''''. j .~- ",' . ;."i"'-Z_ •... :"f,.:'~J.ê.,Li,•. ~.,.:,~, ~.••, .•.~,..'•.Jr..f,* __~i,~\,.' ,:.'~..•,,,,,d ~ "'.'." ~ r ~,~,1 , "Tais questões referiam-sé aos mais importantes períodos de ama: . '. t" çã~di.C?~~~el.hª~:,~~~2.~,~,sitâ~C!i~çª9!.,re~õrgà~,~~~~~"e~?~s~~y.o.~Vi1!.1.~htà~~.t). 7~~a~~~~ofdes~,esPr~.~o~oJro~,~~~~~v~~~c~~.~~;~~;':~J...f ,"f~,~,~+~ >1;'. .•.. ~ .. .,,~ f~ ••.~ (~ "i~~/_.""~'t_':;j. '. ,,~~~ .,. . ~.. ;""'1 J:.~..,~ ~:n., 'r-,f ..•.'. ,: ••:-1:'~1",~.s?'.!!?~~cl~~~ifi~~mas funções e a,:;.de~is,õesdo .Cons~lh()~~ 1 '- ./~~ ,\1rJl.!i~yasaq.s:yáJ;1os_.I!íy~~.,ge~çl.u~aç.~~?~"':.~~/I'--4.,!.• ~+.,~',;_~t~J.,. < •• 3 ,-, -.- 1. -........... "',' ••'~' t:' • '+' s I"!I" ,. ,. :. _/ ~_;;'. ~.L'~ ~,GgIDO,se -relàcionam.as:'funçõesIatribuídas'e fas,.deCisões~::~ ". ' " __ o .' '. 'T" ••.••..~ " ~,"---'- ~". 'O." ' .•. "c'.i~'.., :4,. ',i:,itomadas?"{..:.',1.-'4~''': ;" .,I; •••t; ..•.~ ~{(,tj;~:. ';.Jõ#~;:~~ ,)~'":'.t~'t';""F'~ ~~ oi, .~ • ,~~ •••••• 01< .~~",.:"':'''~". 'L.'}': ~. ..:" • ~. " .•••.•••. ,' ~ -4;1~"""" r't..~~- .1, ~;~~~,., , 3. 'Até qüé1)ôntó as decisões do Con'selho ~ relacionãiri'com â;'!1~_'"':'''.~:~Leduêação'~dé prlffiêirõe s~gündõ.gtius?,,'~.:"!' ~t~~~.~.~';,:',,~-~~: .:....:..L:.~..".-.~f! '; r,..:, ,',"'l.t1.--:-!"'t"::J;,..u~;'~": ...t-•...•~'i.r~i,Jt.'.t>,."f,~~:-.':1..1 2.7 EXEMPW DE QUESI'ÕES ORIENTADORASDE PESQUISA demonstram relações; entretanto, os problemas são sempre definidos interrogativamente, enquanto as hipóteses são sentenças afirmativas. É polê- mico o emprego de hipóteses em pesquisa qualitativa. Sugere.se o uso do problema com questões orientadoras da pesquisa por ser mais funcional. Há que testar as hipóteses. Além de problema, hip6tese e relação, variável é outro conceito funda- mental em ciência. É um constructo. É qualquer coisa que muda de valor, tomando.se diferente. Mànejar duas ou três variáveis em uma pesquisa é aceitável; mais que isso já toma a investigação bem mais complexa. Por exemplo, em uma tese sobre a cor na universidade, uma doutoranda colocou a variável mulher negra e mulher branca. A reação da banca examinadora considerou que a pesquisa tomou-se bem mais complicada. Melhor teria sido permanecer sem a variável mulher. Para Kerlinger (1980, p. 45), deve-se sempre ser preciso na conceituação: "Logicamente variáveis são propriedades que tomam valores diferentes. Ãlgumas variáveis podem ter muitos valores, até um número infinito (teoricamente); por outro lado, variável pode ter um mínimo de dois valores." Kerlinger exemplifica com inteligência, retenção, atitudes em relações às mulheres, que podem ter valores diferentes, Quando uma variável tem somente um valor, é chamada de constante. PROPOSTA DE DISSI!RTAÇÁO40 n~~~~_~"'<'t'~'j.":~"~"""'~'Ii~~~. "••.••..~~.~.;hd.~.,i~~1 ":'do' Conselho Estadual' de"Edú~ação .da;Bahia,"A' pesquisa 'estudou os :~. ,,;~perlódósde ôperação~do-Conselhci,;,rfiárde',n cronôló'8iâà;paraexa::f3 ~~./~rri~~¥'~~~'~~..~nç?e~;4~cis2e£~Yfi~p~~~:,~~~Í1~~:~~~d~get~~:e~u;¥ç~~Ot£~~ .S'do Estado.' IncluIUtambém a sua partlClpaçao no processo de planeja, :,,~". ." -.,....•..y~' '. f- • -, , ,._ -., ~ ." _ ". _ o '_.' '.'. r.,.~-!~e!1t~~_t;.;a9P~~i~~~~;~~i.e~}lc~窺~el~~.ifOl;rll~]~ç~9~1~~J.l?g~tic~~,'~; ~, .educ~C1onaISdurante o período de 1963 a 1975.f;{;lt'!':it:": .••,;,,.~''''~J~.::-i'~i.•.'.....ot<j.~'t'.4 •., "'! •••..• ,:Ii:~-.,;.~;,~~_,r~-~ ~~..s.;",~~;j" ~.;J""".,; t'~ ';:~~".•"",:,-•.""r"l ~ ~;~~~::?.•}~,~~~~~~E:iltê~l~d.ig~-~e,t:~ii~;,~~q!~ç,~<2í~1õ-(:Sõ~~"el!I~~~fi~a(J.ü~~,~~...~~, ~;)Educação da Bahia;'de 1963 'al.1975; como se .relacionaram1funções1r,; ~ !ài:ribuíaáse' dé'êisõés"i:cimadas?-trâia';ede umproblema lii$t:óiicodé 1:::i ~~ttimá"org"a'"nizâç' ãoeQuêàciÓii'a] ..t: lr~"~~,"Y~~'~'~:'.f;a,r~;.i(l~;~...~~~r~,~~:,r~j';;;,~.';~' "-l-_~" .• _.... , • '~'''.' ."Ir~"'''''''''''''''''''-' .,.',:., ,"'-s.'.~...•••.~~.~•.,;'~....,.:"1úi.+ ••,~,b.~)..,f:'.:lt,:~r ''!'-~.'!-'('~•.•.'~ .••'.l l, "'"'_!~' ,.+ •.... - -, ~1. ,~..~~ •..~•..•' • /~ .•...• -"...•~-'{::;.•.,~,...:l.~, .., )":--~"'1_ ;~:•....\<~;., ti\f~:"~:g~.~~~Í11~]o~l~!:~e~r~d,~'d~Jese..,~~:~2W9ra,~~.~J.U~~d~~~!~_g:açã~~~ .",.'EducaCionaLiA 'study.ofthe .legal'functtons and ,responsab[lttes ,of, the~'-., "'1- ""'"', '01" ••••• - ~., -.. • -"'l-',...~ 'J"oi~"- -"'V' ~- • ", -_1_._ J. V.Stat~g~uijcll of Ed~ca.tion'oJ.l2.cihi?,'B.ri1f!.~ffr'?J::Wt.~~iFol1;975~~t~~é:l~Ir::i~,~~eg~(;.A);A?~1,.~!1W~4iy"al1°~¥~ ~~~ve.2~J~~;.t.:'Nl:"1~t:r~?,7{~1 •. .7 ~.Io-:' •••• , ;4r..,'\I" -t't ' •• J ~•••• ,~\,,,,,,.-t;:t;,t-" 'f ~~..t.•• ~~~~, .•.~:M"",,,.."'.'~'.::Il~"'N-1;.~ •• 4Jo-o':'~ n~;!~ • ',i 4~ -~\'11 i: ~~ >111~ I " .,,. Il~I~, .11,'"•••..''-'!.'"..~:.'."I!• • "1 JI!'~' , ~l4t.'I.~: ~;•; +;. %, Ii I.11tl , .Ii' 'I "I'~'.h 2.8 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS EXERcíCIOS 1. Exercício sobre a escolha do tema e definição do proble- ma. Para concretizar a escolha, no finál desta primeira etapa, você deverá enunciar o tema; justificando-o, definindo os objetivos a álcançar com o seu trabálho de pesquisa. Pense em sua experiência profissionál, comentário ou crítica de álguma teoria, sugestão ou inspiração na literatura especializada, Leve o tema escrito para a sála de aula para discuti-lo com o professor e com os colegas. Atenção: não passe para a etapa seguinte antes de haver escolhido o tema e definido o problema. o projeto justifica-se de diversos modos, Partindo-se da motivação e do interesse pessoal na investigação, pode-se ressaltar a sua importância teórica ou prática, a relevância social e a oportunidade econômica, Ajustificativa situa o projeto no quadro da problemática, podendo envolver análise e dados. A justificativa do projeto pode conduzir, naturálmente, à definição dos objetivos, isto é, o que se pretende álcançar com a dissertação. O objetivo geral deverá explicitar de modo claro, preciso e delimitado os fins pretendidos com a pesquisa, tendo em Vista o problema. Os objetivos específicos derivam do objetivo gerál e apresentam as distintas ações que devem ser desenvolVi. das. Há verbos que ajudam a definir os objetivos: compreender, identificar, situar, caracterizar. •••••••••••••••••••••••••••••••••• 43o PRoBI..F.MA DA PEsQUISA 2. Qual o tema e o problema de sua monografia? Não indique apenas sobre o que pretende escrever, mas redija alguns parágrafos, dissertando, transformando sua idéia, fruto da sua experiência ou da sua predileção por uma disciplina, em projeto, Uma vez que você já tem Otema certo, procure definir o problema. Lembre-se de que o problema é o núcleo do tema. Em torno dele girará todo o seu trabalho. A definição do problema é o ponto de partida de toda a pesquisa . 3. Quals são as questões orientadoras da sua pesquisa? O seu problema' de pesquisa só pode ser resolVido, metodologi- camente, com discussão, por etapas, consultando a literatura concernente, desdobrado em questões que possibilitarão o emprego de métodos, técnicas e processos de pesquisa: observação, questio- nário, entreVista, formulário. 4. Como justificar a sua pesquisa? Por que você quer realizar essa pesquisa? Tem importância teórica ou prática? Quál a relevân- cia sociál? Qual a contribuição que você pretende trazer com esse trabalho? Reflita sobre a motivação, dissertando sobre a opção, importância sociál, interesse para a comunidade e atualidade do assunto. Por que você escolheu determinado tema e não outro? 5. Quais são os objetivos da sua investigação? Quais são os objetivos geral e específico do seu trabálho? EVidente que os objeti- vos decorrem do tema e do problema. O tema-problema induz de imediato os objetivos a atingir, a serem álcançados com o seu trabálho. Logo, o que você pretende com o seu trabálho? Dando continuidade ao exercício anterior, coloque essa resposta depois da identificação do projeto, isto é, as respostas do primeiro exercício. Dessa maneira, você vai elaborando o seu projeto de pesquisa de acordo com os três elementos essenciais: problema, fundamen- tação e metodologia. CAPl'D\NT,Henri. La these de doctorat en droit. 4. ed. Paris: Dalloz, 1951. KERLINGER,Fred N, Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. Tradução de Helena M. Rotundo; reVisão técnica R. Málufe. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1980. Leituras Sugeridas I' PROPOSTA Da OtssERV.Ç.l.o42 '''.'''''--$--''''-~. ---~;r~,,:-....-.--:.~~"'i.J;:$~.U:O:;: .' ~•• > '''''', . '4. - Até que P0l)to as decisões do CO)lselho,se r~l~cionaJ.llcóm a .,(' :~_c:"icái;ã9SÚp~~0r,~eadtiJtos'~cq~ti{'úada?' ,'::'~ .• .. "::'~ 5: 'Áté,qti~P.orit.~~s ~eCi~Õ~sd?C6riS.é~0'ie~l;ia~ici,!~c~ni. à-: . ; administraçãóe planejilÍnemo;dà:éducaçaó?: .. :.. ':. ':' '. ,: ,As trêsp#eira;, q~e~~~;~r~~e~~~~~ia~s~ês~~ri~dÓS c!~d~s~ti- ." : . volViinento'!IpConselhó:.Enüàg~J;erfodó:aô:es~d6, fôr,un vei'jficada$' . . às cinco questões tl,eiia:tl!rézaorgan:íiàci~riálsô.bre ,fuilciQnarhentodo . Conselh.?,Asttê~ pri~eirasqu.!!~tõe~prqporciqn~ra.fi.t:q ,neçe~sário coh-', texto histórico para o dese'nirolVimétitódo estUdo:;Em síntese; o,projeto .. . dip~<iiiisa'incluiú:trêsqu~stÕe;' relati-;à;aclâesériv~lVimentó do Con-' . seihó(l;2e 3) é:ás chtcqqJe~tõ~s'ádicioilili;f1; 2; 3:4 e 5)diriirra:m-se', a9fupciori;';'>'ento e,à.orgáiliz~çãci;~q'ttiferído C,ôqsellÍb.. ', ,... : .. ": ..•. - •• ' ~ ' •• ,". ;'.. •••• •• ' • • I REvISÃO DA LITERATURA Uma vez escolhido o tema e definido o
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