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Eczema Atópico

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Eczema Atópico 
Quezia Brito 
ECZEMA 
 Dermatites caracterizadas pela presença de 
eritema, edema, vesiculação, secreção, crostas e 
liquenificação 
 As lesões se sucedem ou se associam 
 Prurido é um sintoma constante 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 AGUDO: eritema, edema, vesiculação e 
secreção 
 SUB-AGUDO: eritema e edema menos 
intensos e 
predomínio de secreção com formação de 
crostas 
 CRÔNICO: liquenificação 
 
DERMATITE ATÓPICA 
 Sinonímia: Eczema Atópico 
 Dermatite eczematosa, pruriginosa, crônica 
 Períodos de crises e de acalmia 
 Frequentemente associada à asma e/ou rinite 
alérgica (30% dos indivíduos) 
 Primeira manifestação de atopia em muitos 
pacientes 
 Marcha atópica 
 
INÍCIO 
 Maioria dos casos tem início na infância 
(Dermatite atópica de início precoce) 
➢ 45%: Até 06 meses 
➢ 60%: Durante o 1º ano 
➢ 85%: Antes dos 5 anos 
 Minoria dos casos (2%) tem início na idade 
adulta (Dermatite atópica de início tardio) 
 
 
 
PATOGENIA 
 É um transtorno multifatorial que surge de 
complexas interações genéticas – ambientais 
✓Susceptibilidade genética: história familiar de 
atopia em 70% dos casos 
Ambos os pais atópicos: 79% das crianças 
Um dos pais atópico: 58% das crianças 
 
 
✓Disfunção da barreira cutânea 
↑penetração de microrganismos, 
↑susceptibilidade às infecções 
↑penetração de irritantes: irritação e inflamação 
↑penetração de alergênicos: ↑sensibilização 
alérgica 
 
✓Alterações imunológica 
-Manifestações respiratórias 
- IgE elevados 
- Depressão da imunidade celular 
- Maior frequência de infecções 
- Molusco contagioso e verruga vulgar 
 
✓Alterações fisiológicas: 
-fenômenos psicofisiológicos: tendência à 
hiperatividade e inteligência superior à média 
-prurido: limiar do prurido é mais baixo 
-sudorese: fator importante no desencadeamento 
e/ou agravamento do prurido 
 
QUADRO CLÍNICO 
 Tríade clássica: xerose, prurido e eczema 
✓Xerose: 
-Pele seca com descamação fina e áspera ao 
tato; 
-Nas áreas com eczema assim como nas áreas 
não afetadas; 
-Habitualmente generalizada 
 
✓Prurido: 
- sinal clássica da DA 
- Acompanha a DA em todas as suas fases 
-Os atópicos têm baixo limiar ao prurido 
-Ciclo prurido–coçagem–prurido 
-O ato de coçar danifica a barreira cutânea, 
produz liquenificação e facilita a infecção 
secundária 
 
✓Eczema: 
-Agudo, subagudo ou crônico 
-Pode ocorrer de maneira sequencial, mas, na 
maioria dos casos, coexiste em diferentes regiões 
corpóreas ou até na mesma região 
-Evolução por surtos 
 
 As manifestações clínicas da DA variam com 
a idade e apresentam características peculiares 
quanto à morfologia e localização das lesões 
 
PERÍODOS EVOLUTIVOS: 
✓Dermatite atópica infantil (3 meses aos 2 anos) 
- Lesões vésico-secretantes-crostosas 
- Regiões malares, poupando o maciço médio-
facial 
- Pode estender-se e atingir toda a face, couro 
cabeludo, pescoço, dobras anticubitais e poplíteas 
e, nos casos mais graves, generalizar-se 
- Prurido frequentemente intenso 
-Complicação mais frequente: infecção 
secundária 
-Evolução por surtos, podendo regredir 
completamente, e apenas melhorar ou persistir 
 
✓Dermatite atópica pré-puberal (3 anos - 12 anos) 
-Continuidade do eczema infantil ou surge nessa 
fase da vida 
-Liquenificação, escoriações e crostas 
-Regiões das dobras antecubitais e poplíteas: 
-Marcadores da doença nessa faixa etária 
-Face, pescoço, punhos, nádegas, face posterior 
da coxa e dorso das mãos e dos pés 
-Prurido geralmente intenso 
-Infecção secundária: Menos frequente 
-Evolução por surtos, podendo se agravar, 
desaparecer ou permanecer até a puberdade 
 
 
✓Dermatite atópica da adolescência e do adulto 
(>12 anos) 
-Lesões difusas, eritematosas, descamativas 
-Liquenificação e escoriações 
-Xerose proeminente (Descamação fina 
disseminada) 
-Áreas de flexão: Pescoço, antecubitais e 
poplíteas 
-Punhos, mãos e mamilos 
-Região perioral e periorbital (Palidez e eczema) 
-Prurido geralmente intenso 
-Infecção secundária: Não é frequente 
-Evolução por surtos, com períodos de melhora 
e agudização, podendo eventualmente, haver 
generalização e eritrodermia 
 
 
 
 
MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS 
✓Dermatite crônica nas mãos: 
-Adolescentes e 
adultos 
-Dorso das mãos 
-Lesões 
eritematosas e 
descamativas que podem liquenificar 
-Pode ser a única manifestação ou o primeiro 
sinal da doença 
 
✓Dermatite crônica nos pés: 
-Menos frequente 
-Principalmente crianças dos 6 aos 13 anos de 
idade 
-Eritema e descamação nas plantas 
-Diagnóstico diferencial: Dermatofitose ou 
dermatite de contato (calçados, meias sintéticas 
ou sabões) 
 
✓Polpite descamativa 
-Mais frequente na infância e no período pré-
puberal 
-Eritema, descamação fina e fissuras dolorosas 
-Polpas digitais das mãos, dos pés ou de ambos 
-Distrofias ungueais 
 
✓Queilite e dermatite perioral 
-Mais frequente em adolescente e adultos 
-Descamação crônicas dos lábios ou descamação 
com fissuras, queilite angular e eczema perioral 
-O ressecamento e a descamação dos lábios 
pioram, especialmente, no frio 
 
 
 
 
 
 
✓Padrão invertido 
-Lesões pápulo-pruriginosas, 
geralmente formando placas 
liquenificadas ou lesões 
eritêmato-descamativas 
-Cotovelos e joelhos 
-Diagnóstico diferencial: Psoríase 
 
SINAIS CLÍNICOS QUE AUXILIAM O 
DIAGNÓSTICO 
✓Prega infraorbital de Dennie-Morgan 
-60% dos pacientes 
atópicos 
-Mais frequente nos 
lactentes, tendendo a 
desaparecer com a idade 
 
✓Sinal de Hertoghe 
-40% dos pacientes atópicos 
-Mais frequente nas 
formas crônicas e 
com prurido intenso 
 
 
✓Pigmentação periorbital 
-Mais frequente nos jovens 
portadores de manifestações 
respiratórias (asma e/ou rinite) 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 É clínico: xerose cutânea, prurido, 
morfotopografia das lesões, cronicidade e/ou 
recidivas frequentes 
 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS 
 Dermatite Seborreica 
-Não poupa o maciço centro-facial 
-Melhora espontaneamente com o tempo 
 
 Dermatite de Contato 
-História de agentes sensibilizantes 
-Níquel, borracha, sabões, detergentes 
 
 Psoríase 
-Prurido, se existir, nunca é intenso 
-Não tem antecedentes de manifestações de 
atopia 
 
 Dermatofitoses 
-Podem ser rapidamente excluídas pelo exame 
micológico direto 
 
TRATAMENTO – MEDIDAS GERAIS 
 Controle da afecção 
-Diminuir os sintomas (prurido) 
-Corrigir a barreira cutânea (xerose) 
-Reduzir os surtos (inflamação/eczema) 
-Reconhecer, afastar ou excluir fatores 
desencadeantes e agravantes (específicos e 
inespecíficos) 
 
 Orientações 
-Causa desconhecida da DA 
-Predisposição familiar 
-Controle da afecção 
-Evitar falsa perspectiva de cura e o abandono da 
terapia 
-Condições da pele tendem a melhorar com a 
idade 
 
 Banho 
-Rápidos (3 a 5 min) 
-Sabonetes suaves ou neutros 
-Evitar esponjas ou similares 
-Banho de mar é preferível ao banho de piscina 
 
 Hidratação e lubrificação 
-Cremes hidratantes sem cheiro 
-Aplicação após o banho e várias vezes durante 
o dia 
 
 Vestuário 
-Roupas de algodão e folgadas 
-Evitar o contato com tecidos de lã e fibras 
sintéticas 
-Lavagem das roupas com sabão, e não com 
detergentes 
-Não utilizar branqueadores (cloro) nem 
amaciantes 
 
 Cortar as unhas duas vezes por semana 
 
 Ambiente 
-Locais limpos e isentos de poeira, ácaros, pelos 
de animais domésticos e fungos 
-Colchão e travesseiro de espuma e revestidos 
de plástico 
-Lençóis e colchas de algodão 
-Evitar brinquedos de pelúcia, tapetes, cortinas e 
carpetes no quarto 
 
TRATAMENTO – MEDICAMENTOSO 
 Corticoides 
-Medicamentos mais úteis no tratamento da DA 
-Úteis em todas formas clínicas da DA e em todas 
as idades 
0 a 2 anos: Corticoides de baixa 
potência (hidrocortisona 0,5 a 1%) 
>2 anos: Corticoides de baixa potência 
(hidrocortisona 1 a 2%) ou corticoides de média 
potência (mometasona, desonida) 
Adolescentes e adultos: Corticoides de 
alta potência(betametasona, triancinolona) ou 
corticoides de potência muito alta (clobetasol) 
 
 
 
 
 Imunomoduladores tópicos 
-Formas de DA menos intensas 
-DA localizadas em áreas sensíveis: face, dobras 
e genitais 
-Não produzem os efeitos colaterais dos 
corticoides tópicos (atrofia, telangiectasias, estrias) 
-Alto custo 
-Pimecrolimo 1% (creme) e Tacrolimo 0,03% e 
0,1% (pomada) 
 
 Antibióticos tópicos 
-Quando houver infecção secundária 
-Mupirocina 2%, Ácido fusídico 2% ou 
Gentamicina 0,1% 
 
 Antissépticos 
-Formas agudas com infecção secundária 
-Banhos de imersão ou compressas de 
permanganato de potássio diluído (1g/20L de 
água 
 
 Corticoides sistêmicos 
-Devem ser evitados pela necessidade da 
administração contínua e possibilidade de rebote 
-Droga de escolha: Prednisona (1 a 2 mg/Kg/dia) 
-Reduzir a dose gradualmente 
 
 Antibióticos sistêmicos 
-Na suspeita de infecção 
-Drogas: Eritromicina, cefalexina 
-Infecção secundária recorrente: 40% das 
crianças atópicas 
 
 Anti-histamínicos 
-Controle do prurido 
-Sedativos: Administrar ao deitar (ajuda a conciliar 
o sono): Hidroxizina, Cetirizina, Clorfeniramina 
-Não sedativos: Administrar pela manhã: 
Loratadina, Fexofenadina, Epinastina 
 
 
 
 Imunomoduladores sistêmicos 
-Talidomida: mais eficiente para o controle da DA 
-Interferon-gama: diminui o prurido 
-Inibidores de fosfodiesterase: podem aliviar os 
surtos 
 
 Fototerapia 
-Todas as formas de fototerapia mostram-se 
úteis na DA 
UVB 
UVB narrow-band (melhor) 
UVA em combinação com UVB (melhor) 
PUVA 
 
 Imunossupressores 
-Formas graves e resistentes da DA 
-Drogas: ciclosporina, metotrexato, azatioprina, 
micofenolato de mofetil

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