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Direito Processual Civil - Teoria Geral da Execução

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Teoria Geral da Execução
Ação de execução
Ação = direito público subjetivo, autônomo e abstrato, porém destinado não ao
acertamento da lide, mas sim à satisfação do direito de crédito já acertado em título
executivo.
Elementos da demanda executiva =
- causa de pedir ( inadimplemento);
- pedido (execução de fazer, não fazer, pagar, entregar coisa);
- partes (exequente e executado).
Requisitos para existência da ação de execução = interesse processual e
legitimidade ad causam.
Legitimidade Ad Causam
Conceito
É a pertinência subjetiva para a causa consistindo na análise de vínculo entre os
sujeitos da demanda e a situação jurídica afirmada - é a conexão que o autor ou réu
tem para/com o direito material.
É a pessoa que pode promover a execução (ativa) ou contra quem se promove a
execução (passiva).
Em regra, credor e devedor encontram-se no título executivo.
Diana Ismail Hamed Karaja 1
A legitimidade divide-se em:
↗ Primária
↗ Ordinária
Ativa ↘ Derivada, superveniente ou secundária
↘ Extraordinária
↗ Primária
↗ Ordinária
↘ Derivada, superveniente ou secundária
Passiva
↘ Extraordinária
Legitimidade Ativa Ordinária
→ Conceito: o autor, no momento de pleitear o pedido na fase de conhecimento,
pleiteia-se em nome próprio, direito próprio.
→ Ativa ordinária PRIMÁRIA: credor do título - Art. 778, caput.
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título
executivo.
→ Ativa ordinária SECUNDÁRIA: é derivada porque defende direito próprio, em
nome próprio, por fatos supervenientes à origem do crédito.
- Ex.: herdeiros de credor que morreu - eles detém legitimidade ordinária,
mas não primária;
- sub-rogação (inc. IV do art. 778): outra forma de substituição de partes - art.
347, CC;
- Art. 778, II, III, IV.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao
exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte
deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for
transferido por ato entre vivos;
Diana Ismail Hamed Karaja 2
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado.
Legitimidade Ativa Extraordinária
→ Conceito: pleiteia-se em nome próprio, direito alheio - quando alguém,
autorizado por lei, pode vir a juízo postular, em nome próprio, direito alheio -
substituição processual.
- Ex.1: associação dos sindicatos.
a) as associações de classe e os sindicatos possuem legitimidade ativa ad
causam para atuarem como substitutos processuais em Ações Coletivas, nas
fases de conhecimento, na liquidação e na EXECUÇÃO, independentemente
de autorização expressa dos substituídos e de juntada da relação nominal
dos filiados.(AgRg no AREsp 385.226/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 05/12/2013)
- Ex.2: MP em favor de incapaz;
- Ex.3: agente fiduciário nos debêntures - art. 68 da Lei 6404/1976 - LSA.
Legitimidade Passiva Ordinária
→ Passiva Ordinária PRIMÁRIA: devedor do título - Art. 778, caput c/c Art. 779, I.
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título
executivo.
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
→ Passiva Ordinária SECUNDÁRIA: responde em nome próprio, por débito próprio,
em razões de fatos supervenientes à origem do débito.
- Art. 779, II,III.
- Ex.: herdeiros - se o devedor morrer, o devedor responde nos limites da
herança.
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação
resultante do título executivo;
Legitimidade Passiva Extraordinária
→ Conceito: responde em nome próprio débito alheio.
Diana Ismail Hamed Karaja 3
- Obs.: Diferenciação entre titular da dívida (assume formalmente a dívida) e
responsável pela dívida (não assume formalmente a dívida, mas
responsabiliza-se por ela).
- Obs.2: é diferente da l. p. ordinária derivada, porque lá o devedor herdeiro
responde até o limite da herança, mas aqui não, porque é alheio.
→ Exemplos:
- 1) Art. 779, IV, V, VI;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do
débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.
- 2) Cônjuge (790, IV) (dívida feita por um, aproveita o casal – 1643 e 1644
CC);
- 3) O sócio, por via de desconsideração;
- 4) O terceiro, na fraude à execução;
- 5) O sucessor da coisa litigiosa.
Pontos complementares importantes
"Havendo convênio entre a Defensoria Pública e a OAB possibilitando a atuação dos
causídicos quando não houver defensor público para a causa, os honorários
advocatícios podem ser executados nos próprios autos, pelo defensor dativo em
face do Estado, mesmo se o Estado não tiver participado da ação de conhecimento -
EREsp 1.698.526-SP - Corte Especial"
→ advogado dativo: advogado particular que vai fazer a função de defensor público
em lugares onde não há defensor público - Estado que paga os honorários;
Dos pressupostos do processo executivo
Requisitos do título executivo
(tanto para títulos judiciais quanto para extrajudiciais)
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de
obrigação certa, líquida e exigível.
→ O contrato pode ou não ser executivo, para ele ser executivo basta a assinatura de
2 testemunhas e do devedor;
Diana Ismail Hamed Karaja 4
→ Certo: não há dúvidas acerca da obrigação que deva ser cumprida, além de quem é
o devedor e quem é credor.
- elementos subjetivo (identificação do credor e devedor);
- objetivo (o que se deve).
→ Liquidez: ocorre quando o título permite, independentemente de qualquer outra
prova, a exata definição do quantum debeatur.
- quantificada, individualizada ou, pelo menos, quantificável por simples
cálculo aritmético;
- os títulos judiciais que não são líquidos devem passar pela fase de liquidação.
→ Exigibilidade: ocorrerá quando o cumprimento da obrigação prevista no título
não se submeter a termo, condição ou qualquer outra limitação - exigível é o
crédito se o devedor se encontra inadimplente.
Observação importante: execução de prestações vincendas - Entendimento STJ.
Ex. prático: um contrato de empréstimo firmado em 30 meses, mas o devedor se
torna inadimplente a partir da 10ª parcela e o Banco credor propõe a ação executiva
desde logo. Neste caso, será possível a cobrança pela via executiva das parcelas
futuras que, no momento do ajuizamento da ação, não poderiam ser consideradas
exigíveis?
O artigo 323, CPC/2015, estabelece que na ação que tenha por objeto o cumprimento
de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no
pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na
condenação, enquanto perdurar a obrigação, caso o devedor, no curso do processo,
deixe de pagá-las.
O STJ considerou que, embora ele se refira à tutela em ação de conhecimento, é
possível estender a sua aplicação ao processo de execução de título extrajudicial:
REsp 1.759.364/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze.
https://scon.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=1.759.364&b=DTXT&p=true
Títulos executivos
Título executivo é o documento previsto em lei como tal e que representa obrigação
certa e líquida, a qual, uma vez inadimplida, possibilita o manejo da ação executiva.
Os títulos executivos judiciais são aqueles formados em processo judicial ou em
procedimento arbitral.
Os títulos executivos extrajudiciais representam relações jurídicas criadas
independentemente da interferência da função jurisdicional do Estado -
representam direitos acertados pelos particulares.
Diana Ismail Hamed Karaja 5
https://scon.stj.jus.br/SCON/decisoes/toc.jsp?livre=1.759.364&b=DTXT&p=true
Art.784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por
conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de
garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,
bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de
emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas
tabelas estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo
não inibe o credor de promover-lhe a execução.
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não
dependem de homologação para serem executados.
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos
de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for
indicado como o lugar de cumprimento da obrigação.
Convenção - Art. 785
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar
pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.
→ passar pela fase de conhecimento para transformar o título extrajudicial em
judicial.
→ autor/credor propor ação de conhecimento ao invés de ação de execução por
título extrajudicial.
Exigibilidade da obrigação
Diana Ismail Hamed Karaja 6
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação
certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo.
Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para apurar o
crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do título.
→ esse artigo arrola os requisitos e pressupostos necessários para promover a
execução extrajudicial: o inadimplemento do devedor e a existência de título
executivo.
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a
contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a
execução, sob pena de extinção do processo.
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo
a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não permitirá que o credor a receba sem
cumprir a contraprestação que lhe tocar.
→ os títulos executivos (judiciais ou extra) podem estabelecer obrigações para uma
ou ambas as partes. Se, no primeiro caso vencida e não satisfeita a obrigação, pode
o credor promover a execução, porém se o título criou obrigações para ambas as
partes, uma delas não pode proceder à execução antes de adimplir a
contraprestação.
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o devedor
cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento da prestação se ela não
corresponder ao direito ou à obrigação estabelecidos no título executivo, caso em
que poderá requerer a execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de
embargá-la.
Responsabilidade patrimonial
A responsabilidade patrimonial consiste no vínculo de natureza processual que
sujeita os bens de uma pessoa, devedora ou não, à execução.
É a sujeição de um patrimônio à satisfação de uma obrigação - significa elucidar
quais são os bens que respondem pela dívida (bens presentes e futuros do devedor).
A responsabilidade pode ser originária ou secundária.
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
→ bens presentes = aqueles que compõem o patrimônio no momento do
ajuizamento da execução.
→ bens futuros = aqueles que vierem a ser adquiridos no curso da execução.
Diana Ismail Hamed Karaja 7
Responsabilidade originária
A princípio, somente o patrimônio do devedor que responde pela dívida com vens
presentes e futuros.
Responsabilidade secundária
A execução pode sujeitar o patrimônio de pessoas que não figuram como devedoras
e que podem até não terem sido citadas para a execução.
São bens sujeitos à execução que não mais pertencem ao devedor ou, ainda que
pertençam, não se encontram em sua posse.
Bens de terceiro, que não faz parte da relação jurídico-material que originou a
execução, mas pode ser parte processual, e que podem ser utilizados para pagar a
dívida.
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real
ou obrigação reipersecutória;
→ sucessor a título singular = é aquele que adquiriu a coisa litigiosa no curso do
processo de conhecimento ou execução, tenha ou não substituído a parte originária
da demanda.
→ execução fundada em direito real = aquela que visa à realização de um dos
direitos do Artigo 1225 do CC.
→ obrigação reipersecutória = o devedor se obriga a restituir a coisa ao proprietário.
→ Ex.: se o proprietário não pagar a dívida, o banco pode tomar o bem do novo
proprietário, porque ele vai ser o sucessor a título singular.
II - do sócio, nos termos da lei;
→ em certos casos, o sócio responde solidariamente, por obrigação contraída pela
pessoa jurídica por ele integrada - é o que ocorre quando há solidariedade natural
(ex.: na sociedade em nome coletivo) ou solidariedade extraordinária, decorrente
de violação do contrato ou de gestão abusiva.
→ art. 135, III, CTN = caso em que o sócio responde solidariamente pelas dívidas
sociais, os bens do sócio podem ser usados para pagar a dívida da pessoa jurídica
nos termos da lei.
→ Sócio - artigo 795.
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros;
Diana Ismail Hamed Karaja 8
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua
meação respondem pela dívida;
→ no geral, qualquer que seja o regime do casamento, somente os bens do cônjuge
que firmou a dívida respondem pela execução.
→ exceção: dívida contraída em benefício da família → cônjuges respondem
conjuntamente.
- se comprovado que a dívida foi realizada em favor da família (art. 1643 e
1644 do CC). Para ser isento, cônjuge deve provar que a dívida não reverteu
em favor do casal;
- A execução de título extrajudicial por inadimplemento de
mensalidades escolares de filhos do casal pode ser redirecionada ao
outro consorte, ainda que não esteja nominado nos instrumentos
contratuais que deram origem à dívida. (...) Já a legitimidade passiva
extraordinária para a execução recai sobre aqueles que se obrigam,
pela lei ou pelo contrato, solidariamente, à satisfação de determinadas
dívidas. Note-se que o Código Civil de 2002 dispõe nos arts. 1.643 e
1.644 que, para a manutenção da economia doméstica, e, assim,
notadamente, em proveito da entidade familiar, o casal responderá
solidariamente, podendo-se postular a excussão dos bens do legitimado
ordinário e do coobrigado, extraordinariamente legitimado. (REsp
1.472.316-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade,
julgado em 05/12/2017, DJe 18/12/2017 – Info 618);
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;
→ fraude à execução: o devedor visa ocultar os seus bens - ex.: passar o seunome do
bem para outra pessoa;
→ os bens alienados em fraude à execução já se encontrarão integrados ao
patrimônio do adquirente, mas o ato jurídico realizado será desconsiderado, pois é
ineficaz perante o credor e o bem será penhorado mesmo em mãos de terceiro.
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
→ fraude contra credores (Art. 158 e seguintes, CC/2002).
- tem como requisitos a diminuição do patrimônio do devedor, que configure
situação de insolvência, e a intenção do devedor e do adquirente do bem de
causar o dano por meio da fraude;
- acarreta prejuízo apenas para o credor, e é combatida por meio de ação
pauliana, tendo como consequência a anulabilidade do ato.
→ Obs.: Dilatado os bens antes da citação válida: Ação pauliana.
Dilatado bens depois da citação válida: suscita-se fraude à execução.
Diana Ismail Hamed Karaja 9
→ Tanto na fraude à execução quanto na fraude contra credores, é indispensável
que a alienação/oneração dos bens seja capaz de reduzir o devedor à insolvência.
→ a execução somente poderá ser direcionada aos bens do devedor cuja alienação ou
gravação com ônus real já tenha sido previamente anulada em ação de
conhecimento.
→ portanto, é necessário que a autoridade judiciária tenha desconstituído o negócio
jurídico firmado com terceiro.
Fraude à credores (CC, Art.158, ss) Fraude à Execução (CPC, 792 ss)
Requisitos
-Eventus damni (prejuízo para o
credor)
-Consilium fraudis (atos onerosos)
Requisitos
-Eventus damni
-Consilium fraudis
-Qualquer ação que possa causar
insolvência, inclusive se na fase de
conhecimento
-Citação válida
Legitimidade
Credor quirografário
preexistente à fraude
Credor com garantia real
insuficiente
Legitimidade
- exequente
Efeito: Anula negócio jurídico Efeito: torna ineficaz o negócio jurídico
Ação Pauliana Pedido Incidental no procedimento
executivo. Pode culminar em embargos
de terceiro (art. 792,§4, CPC)
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.
Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o
proprietário de terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o
superficiário, responderá pela dívida, exclusivamente, o direito real do qual é
titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de constrição
exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou a
plantação, no segundo caso.
§ 1º Os atos de constrição a que se refere o caput serão averbados separadamente
na matrícula do imóvel, com a identificação do executado, do valor do crédito e do
Diana Ismail Hamed Karaja
10
objeto sobre o qual recai o gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde
pela dívida, se o terreno, a construção ou a plantação, de modo a assegurar a
publicidade da responsabilidade patrimonial de cada um deles pelas dívidas e pelas
obrigações que a eles estão vinculadas.
§ 2º Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse, à concessão de
uso especial para fins de moradia e à concessão de direito real de uso.
→ individualiza a tutela executiva quando esta recair sobre bens gravados pelo
direito real de superfície.
Fraude à execução
Fraude à execução, modalidade de alienação fraudulenta, levada a efeito pelo
devedor e cujo reconhecimento conduz à ineficácia do negócio jurídico, o que tem
por consequência a sujeição desse bem assim alienado à execução (Art. 790, V).
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão
reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver;
→ fraude se realizada a alienação ou a oneração de bem quando já houver averbação
da existência de ação.
→ terceiro que comprou o bem, que é considerado de má fé, vai ficar sem ele - ele
pode depois propor uma ação contra o executado;
→ Não precisa ter citação válida;
→ Ex.: comprar imóvel hipotecado.
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de
execução, na forma do art. 828 ;
→ o artigo 828 possibilita ao exequente obter certidão de que a execução foi
admitida pelo juiz, com a identificação das partes e valor da causa, para fins de
averbação no registro de imóveis, veículos ou outros bens sujeitos à penhora.
→ a simples averbação da certidão é suficiente para comprovar a má-fé do
adquirente no caso de se alegar que a alienação, ocorrida depois do ato averbatório,
desfalcou o patrimônio do executado, comprometendo a efetividade do processo
executivo.
→ não precisa de citação do executado.
→ a fraude só ocorrerá se: a alienação foi capaz de reduzir o devedor à insolvência.
Diana Ismail Hamed Karaja
11
- PORÉM, se o bem for constrito por qualquer gravame judicial, é diferente →
inc. III.
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro
ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
→ quando o bem alienado for constrito por qualquer gravame judicial, cogita-se
fraude.
→ não importa se a alienação desse bem levou o devedor à insolvência ou não.
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor
ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
→ bastará o ajuizamento de ação capaz de reduzir o devedor à insolvência para
caracterizar a fraude.
→ não é necessário que seja ação de execução, mas qualquer ação, sendo
indispensável que esta possa levar o devedor à insolvência.
→ a fraude à execução é referente ao processo de execução, porém possui efeitos
retroativos "ex tunc", ou seja, retroage à data do ato de alienação, mas desde que
seja posterior à citação (da fase de conhecimento).
- A fraude à execução somente é reconhecida na execução, mas possui efeito
ex tunc, isto é, retroage à data do ato de alienação/oneração;
- Obs.: se tratando de situação de execução de sentença/cumprimento de
sentença, o marco que caracteriza a fraude é a citação da fase de
conhecimento, não é a intimação do cumprimento de sentença.
V - nos demais casos expressos em lei.
→ pode-se citar: a penhora sobre crédito (Art. 856, §3) e a alienação/oneração de
bens do sujeito passivo de dívida ativa em execução fiscal (Art. 185, CTN).
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
→ Efeitos da alienação - ineficácia em relação ao exequente
→ A fraude à execução acarreta prejuízo ao credor e Estado/juiz.
→ A fraude tem por consequência, não a invalidade da alienação, mas sim a
ineficácia em relação ao exequente.
→ Ou seja, o contrato de compra e venda entre o executado e terceiro é válido para
todos os efeitos, mas ele só não vale/é ineficaz perante o determinado processo.
- o juiz determinará que a constrição recaia sobre o bem, ainda que esteja em
poder de terceiro, porque é esse bem que responderá pela dívida, como se a
alienação não tivesse ocorrido.
Diana Ismail Hamed Karaja
12
→ Nesse caso, a ineficácia significa a falta de vigência episódica em relação a
determinado processo/ decisão judicial.
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o
ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a
exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local
onde se encontra o bem.
→ Bem não sujeito a registro e sujeito a registro.
→ Bem sujeito a registro: quando o gravame que paira sobre o bem se achar
devidamente documentado, a alienação/oneração desse bem pelo devedor gerará as
sanções relativas à execução - a presunção acerca da fraude é absoluta , uma vez
que a eventual aquisição por terceiro não poderá se fundamentar na boa-fé se já era
possível, à época da aquisição, conhecer a restrição.
- S. 375 STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
→ Bem NÃO sujeito a registro: obriga o terceiro adquirentea demonstrar a sua
boa-fé, por meios objetivos que atestem o seu desconhecimento quanto à
existência de execução em desfavor do devedor/alienante.
- S. 375 STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
- Obs.: essa súmula do STJ carrega o entendimento de que o ônus da prova é do
credor e já no §2 do código, é do terceiro adquirente.
- deve precaver-se e buscar certidões em nome do vendedor (futuro ou atual
executado/réu) para comprovar sua boa-fé → cai muito na OAB;
§ 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução
verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende
desconsiderar.
→ Desconsideração da personalidade jurídica
→ a fraude poderá ser constatada quando:
1) o sócio aliena ou onera determinado bem, sem deixar qualquer reserva, após
ter sido CITADO na forma do art. 135;
2) a pessoa jurídica promove a alienação ou oneração de seus bens, sem deixar
reservas, após tomar formal conhecimento de demanda que pretende atingir
seu patrimônio por dívida contraída por um de seus sócios.
→ Enunciado 52 Enfam: A citação a que se refere o art. 792, § 3º, do CPC/2015
(fraude à execução) é a do executado originário (empresa), e não aquela prevista
Diana Ismail Hamed Karaja
13
para o incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 135 do
CPC/2015).
→ esse § se refere à empresa alienando os bens para o sócio APÓS a citação;
Linha do tempo:
empresa é primeiramente citada
↓
1. sócio aliena seus bens -----------------------------> não constitui
fraude ainda
2. empresa aliena seus bens para ------------------> pode ser constituída
fraude
sócio, sem deixar reservas. se comprovados restantes
dos requisitos (S.375)
↓
credor instaura incidente de personalidade jurídica
com o fim de sócio ser citado (art.135)
1. se o sócio aliena seus bens APÓS sua citação ----------> constitui fraude
se
comprovados os
restantes dos requisitos (S.375)
→ Diferença entre fraude à execução e desc. da personalidade jurídica:
- na fraude à execução (por outro motivos) o 3 é intimado;
- na fraude à execução por desc. da personalidade jurídica o sócio é citado e
será parte na execução (o sócio que não for citado e porventura tiver seus
bens constritos pode opor embargos de terceiro (Art. 674, III, CPC).
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro
adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15
(quinze) dias.
BIBLIOGRAFIA:
ARAUJO Jr., Gediel Claudino. Prática no Processo Civil. São Paulo: Grupo GEN, 2020.
MISAEL, M. F. Processo Civil Sintetizado, 15ª edição. São Paulo: Grupo GEN, 2017.
THEODORO Jr., Humberto. Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Grupo GEN,
2020.
Diana Ismail Hamed Karaja
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