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Ortopedia e Traumatologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB FRATURAS EPIFISÁRIAS As fraturas de placa epifisária (ou fraturas de fise) ocorrem em crianças quando o trauma atinge as epífises dos ossos longos. Dependendo do grau de fratura, podem provocar o fechamento precoce da placa epifisária (cartilagem de crescimento), bloqueando o crescimento do osso (discrepância de comprimento entre os membros) ou de parte dele (deformidades angulares). Dependendo do tipo de fratura, a placa epifisária lesada pode fechar e, neste caso, a extremidade óssea acometida para de crescer! Imagine se isto ocorrer na epífise distal do fêmur direito de uma criança... O resultado é o crescimento assimétrico do fêmur direito e esquerdo, pois este último crescerá mais que o primeiro, provocando uma discrepância de comprimento entre os membros inferiores!!! Quanto mais nova for a criança que sofreu uma fratura dessas, maior será a discrepância na fase adulta!! Um outro exemplo: imagine que a fratura comprometeu apenas a porção medial da placa epifisária femoral distal... A porção lateral do osso continua crescendo, determinando uma deformidade angular (que pode ser grave) do tipo genu varum! Portanto, é fundamental que as fraturas epifisárias na criança sejam avaliadas com precisão e que o tratamento seja realizado precocemente e corretamente, para evitar sequelas futuras. Locais mais comuns: ▪ Radiodistal (mais comum): é o tipo mais comum, responsável por cerca de metade dos casos, é a fratura-descolamento da epífise distal do rádio. Geralmente ocorre em crianças entre 6-12 anos, após queda com o apoio da mão, com o punho hiperestendido e o antebraço supinado. Normalmente é do tipo I ou II de Salter-Harris e o prognóstico após redução fechada e imobilização é excelente. ▪ Fêmur distal (2ª mais comum): é o segundo tipo mais comum, a fratura-descolamento da epífise distal do fêmur ocorre por trauma de hiperextensão do joelho. Costuma ser tipo I ou II de Salter- Harris, mas o prognóstico não é tão bom, exigindo frequentemente tratamento cirúrgico. ▪ Cabeça do rádio, ▪ Côndilo lateral do úmero ▪ Tíbia distal (tornozelo). Classificação das fraturas de placa epifisária – Salter-Harris: Salter-Harris I A linha de fratura é a própria placa epifisária, separando a epífise da metáfise Salter-Harris II Ocorre separação entre epífise e metáfise, mas também há um fragmento metafisário ligado à epífise separada (no RX, este é o famoso sinal de Thurston- Holland). Corresponde a maior parte das fraturas de fise (80%). Salter-Harris III A fratura atravessa a epífise em direção à articulação com comprometimento longitudinal da placa. Salter-Harris IV A fratura atravessa a epífise, a placa epifisária e a metáfise Salter-Harris V Ocorre fratura de compressão da placa epifisária (de difícil diagnóstico radiográfico). Ortopedia e Traumatologia Thomás R. Campos | Medicina - UFOB Tratamento: O prognóstico e o tratamento dependem dessa classificação de Salter-Harris: ▪ Fraturas tipo I e II de Salter-Harris têm bom prognóstico e geralmente não interferem no crescimento nem provocam deformidades, por isso podem ser tratadas com redução incruenta e imobilização gessada, sem necessidade de redução perfeita, pois o prognóstico é muito bom. ▪ Fraturas tipos III e IV de Salter-Harris provocam fechamento da fise se não reduzidas e estabilizadas de forma anatômica e por isso têm indicação cirúrgica, com redução cruenta e fixação interna. ▪ Fraturas tipo V são de mau prognóstico e devem ser abordadas com técnicas cirúrgicas complexas para reduzir a deformidade (as sequelas são inevitáveis).
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