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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução ● O esqueleto imaturo se recompõe e se remodela rapidamente → crianças têm uma tolerância para imobilização de membros que não é a mesma da população adulta. → maioria dos tratamentos tem uma abordagem não cirúrgica. Osso da criança Anatomia: ● Epífise → A região no lado articular da linha epifisial. Dentro dela, está o centro de ossificação secundário. ● Linha epifisial → faixa cartilaginosa altamente especializada (radiolucente) entre a epífise e a metáfise. → proporciona crescimento longitudinal. ● Metáfise → região alargada entre a diáfise e a linha epifisial. → O córtex é mais fino do que no osso da diáfise. ● Diáfise → A seção mediana tubular de um osso longo. O córtex é uniforme e espesso → muitas vezes, começam a se ossificar no período pré-natal nos centros de ossificação primários. ● Apófis →: As linhas epifisiais são áreas periféricas em ossos específicos que se formam como centros de ossificação secundários e costumam atuar como pontos de fixação para músculos e ligamentos. 🦴 Linha epifisial ● Estrutura complexa, que se encontra em um estado de atividade celular contínua ● Responsável por gerar o crescimento longitudinal no osso. ● Os condrócitos na zona proliferativa sofrem divisão e são empilhados em colunas. → Células hipertrofiam-se e começam a se degenerar, deixando para trás uma matriz que se torna calcificada. Zonas histológicas ● Zona de repouso → Uma camada de condrócitos aleatoriamente distribuídos e quiescentes à espera de sinais hormonais para que iniciem a mitose ● Zona de proliferação →Condrócitos que se dividem rapidamente, empilhados uns sobre os outros, com uma aparência achatada e formando colunas ● Zona de hipertrofia → Condrócitos aumentados e que absorvem lipídios, glicogênio e fosfatase alcalina ● Zona de calcificação provisória → Condrócitos que sofrem apoptose (morte celular controlada), deixando para trás uma matriz, que, em seguida, se ossifica ● Zona de maturação → Osso ossificado passando por organização 🤔 Local de fraqueza estrutural potencial, sendo reforçada por uma camada fibrosa circundante→ anel de Lacroix. ● Subjacente ao anel de Lacroix, está o sulco (ou anel) de Ranvier, uma região triangular com condroblastos, responsável pelo aumento da largura da linha epifisial com o crescimento. Periósteo ● Potencial osteogênico significativo e é comparativamente mais ativo metabolicamente do que o periósteo adulto ● Promove a formação de calos, união de fraturas e remodelação durante o processo de cicatrização. ● Mais espesso e forte em crianças → limita o deslocamento da fratura, reduz a probabilidade de fraturas expostas e mantém a estabilidade da fratura em comparação com fraturas em adultos. 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● As qualidades e a função do periósteo pediátrico são responsáveis por alguns dos padrões únicos de fratura observados em crianças. ● Exemplos dessas fraturas incluem fivela, galho verde e deformação plástica (ou arqueamento). Idade óssea Normalmente determinada a partir de uma radiografia da mão e do punho esquerdos e requer interpretação especializada. Os métodos mais comumente usados para determinar a idade esquelética são o Atlas de Greulich e Pyle e o método de Tanner-Whitehouse 3 (TW3). Os principais hormônios são o GH, insulin like growth factor I (IGFI), hormônio tireoidiano e os hormônios sexuais, estes inclusive responsáveis pelo estirão puberal. Ílio 1) Definição precoce do acetábulo; 2) Primeira sobreposição do ílio e sacro na região da articulação sacroilíaca; 3) Definição da espinha ilíaca ântero-superior e local da origem do tendão direto do músculo reto femoral. De acordo com a posição do indivíduo e a variação natural, esse estágio pode ser primeiro detectado como uma linha ou região de menos densidade. Ambas estão indicadas no diagrama; 4) Primeira aparição do centro secundário do osso ilíaco; 5) Ossificação do ilíaco em toda a sua extensão; 6) Primeiro sinal de invasão óssea da placa cartilaginosa de crescimento; 7) Total ossificação da placa de crescimento. Ísquio 1) Avaliação da incisura no aspecto lateral do ísquio; 2) Definição da linha de maior densidade na face medial do ísquio, que é muito distinta do aspecto acetabular da púbis e não deve ser confundida; 3) Ossificação precoce do ramo isquiático mostrando um processo em forma de gancho na parte distal do osso; 4) Sobreposição do aspecto láterosuperior do ísquio e cabeça do fêmur; 5) Primeira aparição do centro secundário da crista; 6) Ossificação da crista isquiática e tuberosidade isquiática; 7) Ossificação da crista isquiática em toda a sua extensão; 8) Total ossificação da placa cartilaginosa de crescimento. Borda acetabular → Aparição do centro acetabular secundário na parte superior da borda acetabular. O tempo entre a primeira aparição deste centro e sua fusão é uma questão de meses. Junção isquiopúbica 1) As extremidades afiladas dos dois ossos estão muito perto, mas ainda sem contato; 2) A ossificação prosseguiu até as margens externas estarem lisas e confluentes; 3) O desenvolvimento do calo no local da união; 4) União final com absorção do calo, margens ósseas lisas. Púbis 1) Definição do ramo púbico parecido com processo ganchoso distal no pólo medial do osso; 2) Ossificação da porção acetabular do osso. Este estágio pode ser reconhecido pela definição da margem distal púbica da cartilagem trirradiada e da margem púbica do acetábulo. Cartilagem trirradiada → As únicas partes da cartilagem visíveis nas radiografias que estão sendo estudadas são aquelas entre o ílio e o púbis e entre o ílio e o ísquio. 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 1) Definição final da cartilagem trirradiada pela ossificação total dos três centros primários que a cercam, cujas margens estão irregulares; 2) Primeiro sinal de invasão óssea da cartilagem trirradiada; 3) Ossificação da cartilagem trirradiada. Cabeça femoral 1) Centro pequeno e primitivo, frequentemente de forma arredondada; 2) Alongamento do eixo transverso. Nesse estágio geralmente há tendência de achatamento da região em contato com o disco epifisário e arredondamento da superfície articular; 3) Definição de extensão e profundidade da placa cartilaginosa de crescimento. As partes opostas da metáfise e epífise estão paralelas; 4) Redução da placa cartilaginosa de crescimento a uma fina linha de bordas irregulares. A linha externa da superfície articular da epífise está agora em contato contínuo com a da metáfise; 5) Desenvolvimento de um "esporão" na ponte medial distal da epífise. O crescimento da placa cartilaginosa não é mais uma linha contínua, mas adquiriu aparência ondulada; 6) A epífise é mais larga que o colo femoral e agora, na face articular, tem o contorno de osso maduro; 7) Primeiro sinal de invasão óssea da placa cartilaginosa de crescimento; 8) Ossificação total da placa. Trocanter maior 1) Centro primitivo irregular no contorno; 2) Aquisição de contorno suave rodeado na superfície lateral e metafisária; 3) O contorno da parte lateral da epífise torna-se alinhado e contínuo com a parte súpero-lateral da diáfise femoral; 4) Uma excrescência ou nódulo aparece no ângulo súpero-medial da epífise. Esse nódulo poderá evoluir como centro separado ou desenvolver-se como prolongamento da epífise; 5) Preenchimento ósseo entre o nódulo e o colo femoral; 6) Primeiro sinal de invasão óssea da placa cartilaginosa de crescimento; 7) Ossificação total da placa. Trocanter menor 1) Centro primitivo que pode ser linear ou circular; 2) Aquisição da linearidade definitiva; 3) Aquisição de forma semelhante a uma lua crescente situada próximo à metáfise; 4) Primeiro sinal de invasão óssea da placa cartilaginosa de crescimento; 5) Ossificação total da placa. 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Lesões da Linha Epifisial Apesar do anel de Lacroix, a linha epifisial é mais fraca que o osso e os ligamentosque a circundam. → vulnerável a lesões, rompimentos que normalmente ocorrem no interior das zonas de hipertrofia e calcificação provisória. A cicatrização é rápida, mas danos estruturais permanentes podem resultar em fechamento prematuro da linha epifisial. → As fraturas que se dispersam para as zonas proliferativa e de repouso apresentam uma chance maior de interrupção do crescimento, devido ao rompimento das células germinais. Fechamento parcial ● Provoca a cessação do crescimento na região danificada, enquanto a porção saudável da linha epifisial continua a crescer → resulta em deformidade progressiva, sobretudo se a região da parada parcial está localizada perifericamente e não centralmente Fechamento completo ● Resultará em um osso encurtado. ● Pode causar uma discrepância no comprimento em relação a um osso adjacente localizado no mesmo membro (p. ex., rádio em relação à ulna) ou se comparado com o membro contralateral (resultando em discrepância no comprimento da perna). 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Classificação de Salter-Harris ● Útil no planejamento do tratamento e tem valor prognóstico para prever distúrbios posteriores no crescimento. ● s complicações da lesão fisária incluem parada do crescimento, diminuição permanente da amplitude de movimento e deformidade angular SALTER: I. Transversal (Straight across) → A linha de fratura passa transversal à linha epifisial e não acomete o osso da epífise ou da metáfise II. Acima (Above) → A linha de fratura deixa um fragmento de osso da linha epifisial (o fragmento de Thurston-Holland) acima da linha epifisial. → Mais comum!!!!!!!! III. Abaixo (Lower) → A linha de fratura passa distalmente na articulação, resultando em um fragmento epifisiário que está abaixo da linha epifisial IV. Através (Through) → A linha de fratura passa através da metáfise, da linha epifisial e da epífise V. Esmagamento (Eradication) → lesão por compressão, que causa pouco desvio, mas danos consideráveis na estrutura da linha epifisial. VI. Lesão do sulco de Ranvier (Ring of Ranvier injury) → lesão por aparador de grama” → abrasão que resulta na perda de osso periférico e da linha epifisial. As subclasses das fraturas de Salter são descritas pela classificação de Ogden: 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA E o tratamento?? ● Tipos I e II → tratadas de forma não cirúrgica com gesso. ○ Devem ser cuidadosamente manipuladas dentro dos 5 primeiros dias, levando em conta o grande potencial de remodelação ○ Para evitar a perda tardia da posição, muitas vezes é aconselhável fixar uma fratura de tipo I ou II manipulada com fios-k lisos por meio da linha epifisial. ○ A manipulação depois de 5 dias aumenta o risco de dano e interrupção do crescimento, → a cicatrização começou. ○ Caso se perca uma boa posição inicial ou a lesão se apresente posteriormente após 5 dias, a posição inadequada costuma ser mais bem aceita na expectativa de que a remodelação vá melhorar a posição. ○ As osteotomias podem ser realizadas posteriormente para corrigir a deformidade residual, caso a remodelação seja insuficiente. ● Tipos III e IV → devem ser tratadas com fixação e redução anatômica imediata para reduzir o risco de parada de crescimento e perda de continuidade da superfície articular → pode requerer redução aberta do elemento intra-articular, com fixação que não atravessa a linha epifisial ● Tipo V → não podem ser melhoradas cirurgicamente, e só é possível monitorar o desenvolvimento de parada de crescimento parcial ou completa. ○ Cirurgia de salvamento ● Tipo VI→ tto de fratura aberta→ dano à linha epifisial muito significativo. Acompanhamento ● O acompanhamento cuidadoso a longo prazo (18-24 meses) é necessário para as lesões que correm alto risco de interrupção da linha epifisial. Fraturas de alto risco: ● Tipos de Salter-Harris III, IV, V e VI ● Fraturas das linhas epifisiais de alta energia de qualquer tipo ● Fraturas das linhas epifisiais femorais distais ● Fraturas das linhas epifisiais tibiais proximais. 📏 O crescimento deve ser monitorado clínica e radiograficamente!! Uma irregularidade na linha epifisial pode ser visível em radiografias simples antes do desenvolvimento de alguma deformidade clínica. RM→ avaliação mais precisa da linha epifisial ● Deve ser considerada se houver qualquer suspeita de alteração do crescimento durante o acompanhamento. A intervenção é mais bem realizada antes que alguma deformidade perceptível ou incongruência articular ocorra. → Determinadas pela idade da criança e pela extensão do fechamento da linha epifisial: ● Preservação da linha epifisial → Ocasionalmente, apenas uma pequena área de parada parcial é vista na forma de uma “barra óssea” – uma ponte de osso que atravessa a linha epifisial e causa restrição. Ela pode ser excisada (o procedimento de Langenskiöld) para possibilitar o crescimento uniforme da linha epifisial afetada. Esta técnica funciona melhor em barras periféricas pequenas. As barras maiores e aquelas localizadas centralmente são tratadas com menos sucesso com esta técnica. ● Ablação da linha epifisial → Quando a barra óssea não pode ser tratada por excisão, a lesão é completada por ablação da linha epifisial intacta remanescente → evitar o desenvolvimento de uma deformidade maior.→ epifisiodese. ○ Caso tenha ocorrido uma parada completa da linha epifisial, a epifisiodese de outros ossos (não lesionados) pode ser necessária para evitar o desenvolvimento de deformidade ou de discrepância no comprimento. Cirurgia tardia para deformidade secundária à parada do crescimento ● A apresentação de graus estabelecidos e inaceitáveis de deformidade exigirá cirurgia de realinhamento para corrigir eixos mecânicos e alinhamento articular.→De 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA forma aguda com osteotomia e fixação, ou gradualmente com um fixador externo. Lesão do tipo Salter-Harris III do maléolo medial foi tratada de forma apropriada com apenas um parafuso que não atravessou a linha epifisial. Apesar da cirurgia adequada, ocorreu parada do crescimento parcial no aspecto medial da linha epifisial, enquanto o aspecto lateral continuou a crescer, com resultante deformidade em varo. Foi necessária uma osteotomia corretiva para realinhar a articulação do tornozelo: Tipos de Fraturas Pediátricas ● Ossos das crianças são inerentemente mais elásticos (menos quebradiços) do que os dos adultos e podem se envergar antes de eles se fraturarem completamente. ● Têm uma espessa manga periosteal que fornece nutrição e apoio mecânico. Sob uma força de flexão, os ossos das crianças passarão pelos seguintes estágios: 1. Deformação elástica → O osso envergado retorna a uma forma normal quando não há força de deformação. 2. Deformação plástica ou fratura em arco→ Sob cargas maiores, o osso se deforma, apesar de as corticais permanecerem em continuidade. A deformidade permanece depois de se retirar a força. →Comuns na ulna, no rádio e ocasionalmente na fíbula ● Se a deformação for inferior a 20 graus ou se a deformidade ocorrer em uma criança pequena (< 4 anos de idade), a angulação geralmente se corrige sozinha. Caso contrário, é necessário o encaminhamento urgente a um ortopedista para redução fechada ou intervenção cirúrgica para garantir a cicatrização adequada. 3. Fratura em tórus ou fivela→ Com uma carga maior, ocorre falha no lado do osso que sofre a compressão, e o córtex curva-se e fratura-se. O lado do osso que recebeu a tensão permanece em continuidade, e a fratura permanece estável. ● Muitas vezes na junção entre a metáfise porosa e a diáfise mais densa ● Compressão cortical pode estar associada a um periósteo intacto ou rompido, dependendo da extensão da fratura. 4. Fratura em galho verde → Uma carga ainda maior causa falha do lado da tensão (fratura), bem como uma dobra do lado da compressão.→Risco de repetição ● Todas as fraturas em galho verde justificam a imobilização seguida degesso dentro de alguns dias após a lesão. A necessidade de encaminhamento ortopédico na consulta inicial depende da idade da criança e do grau de angulação 5. Fratura completa→ perda da continuidade óssea tanto no lado da compressão quanto no lado da tensão. ● Observa-se que, mesmo quando a fratura em galho verde evolui para uma fratura completa, o periósteo no lado da compressão geralmente permanece intacto. 6. Fisárias → As placas de crescimento são suscetíveis a fraturas e representam um ponto fraco no osso pediátrico. → parte mais fraca da fise é a terceira zona (zona de cartilagem hipertrófica), e é o local mais comum para fraturas fisárias. ● Como a resistência à tração do osso pediátrico é menor do que a dos ligamentos, o mesmo mecanismo de lesão que causa uma lesão ligamentar em adultos (entorse ou distensão) pode ser mais provável de causar uma lesão óssea em crianças → a fise se separará ou fraturará antes da ruptura ou "entorse" de um ligamento forte e flexível adjacente 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Estabilidade da fratura ● Fraturas em tórus → incompletas → intrinsecamente estáveis. ● Fraturas em galho verde e fraturas completas → instáveis → periósteo intacto e solto no lado da compressão da fratura é utilizado para se conseguir a redução da fratura, e para manter esta posição usa-se a moldagem do gesso em três pontos. ● Fraturas transversais simples ou oblíquas curtas → não se encurtam sob carga →estáveis em relação ao comprimento ● Fraturas cominutivas e em espiral → instáveis → comprimento não pode ser mantido com gesso ou hastes intramedulares elásticas → requerem outras formas de estabilização cirúrgica. Fraturas com avulsão (apofisárias) ● Apófise → centro de ossificação secundário que geralmente tem uma inserção ligamentar ou muscular. 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● São vulneráveis à lesão por avulsão. ● O cotovelo, a pelve e o fêmur proximal são locais comuns. Remodelação Uma fratura pediátrica angulada tem um grande potencial para correção espontânea por dois mecanismos: realinhamento da linha epifisial ou remodelação da deformidade metafisária/diafisária. → Potencial que os ossos de crianças têm de se remodelar diminui gradualmente conforme elas se aproximam da maturidade esquelética. Realinhamento da linha epifisial ● A linha epifisial de um osso longo costuma ser orientada ortogonalmente (90°) em relação ao eixo longo do osso. ● Uma fratura mal consolidada, em que a linha epifisial é colocada angulada em relação ao eixo longo, causará uma redistribuição de cargas, com um lado da linha epifisial (o lado mais longo) sendo colocado sob carga aumentada. Enquanto isso, o outro lado (o mais curto) recebe carga reduzida. Lei de Hueter-Volkmann ● O aumento da pressão em uma parte da linha epifisial retardará seu crescimento, enquanto a pressão reduzida em outra parte acelerará seu crescimento. Isso leva a uma correção gradual da orientação da linha epifisial. Deformidade localizada no plano dominante de movimento da articulação adjacente → está alinhada com a direção em que a articulação normalmente se move com mais frequência. → o osso afetado será submetido a forças e estresses nessa direção específica com maior frequência durante a atividade normal do paciente. ● Essa maior frequência de forças e estresses no osso deformado pode estimular a remodelação óssea mais efetiva. → osso, em resposta às cargas mecânicas, começa a reorganizar sua estrutura interna para melhor suportar essas forças e, assim, permitir que o se reestabeleça mais próximo da sua forma e função normais. Em contrapartida, quando uma deformidade está localizada em um plano que não é o dominante de movimento da articulação adjacente, a remodelação óssea pode ser menos eficiente, pois o osso não é tão frequentemente exposto a forças direcionadas nessa direção específica. 🎡Há muito pouca capacidade para remodelar uma deformidade rotacional. Quantidade de remodelação A remodelação não é inteiramente previsível, mas existe um bom potencial quando: ● Idade menor (pelo menos 2 anos antes da maturidade esquelética prevista) ● Deformidade no plano de movimento da articulação adjacente ● Deformidade perto de uma linha epifisial em rápido crescimento (p. ex., úmero proximal, fêmur distal, rádio distal; as linhas epifisiais dos cotovelos e tornozelos têm crescimento mais lento e menos capacidade de se remodelarem). A deformidade angular pode ser corrigida cerca de 1° por mês. A deformidade clinicamente aparente desaparecerá antes que haja completa correção radiológica. Interpretação de Radiografias Definição e contorno → presença da linha epifisial e de vários centros de ossificação pode fazer com que seja difícil decidir se uma linha radiolucente é patológica ou fisiológica. 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Núcleos de ossificação geralmente têm uma aparência arredondada e lisa, e as linhas epifisiais costumam ser largas e bem definidas. ● Linhas de fratura muitas vezes apresentam angulação acentuada ou irregular Sinais em partes moles → imagens podem mostrar edema dou níveis anormais de gordura-líquido, que podem ser mais óbvios do que a lesão óssea. ● A presença de sinais anormais em partes moles deve suscitar a realização de exame minucioso da arquitetura óssea ou a solicitação de outros exames de imagem. Complicações Lesão vascular Os pulsos periféricos são, muitas vezes, difíceis de ser palpados em crianças pequenas → avaliação vascular baseia-se mais na avaliação de cor, temperatura e reenchimento capilar. ● A isquemia aguda, com uma deformidade significativa do membro, exige realinhamento urgente do membro, que deve ser realizado sob sedação e sem demora. Lesão nervosa Crianças pequenas, várias vezes, não conseguem colaborar com uma avaliação clínica completa da função motora e sensorial.→ deve-se prestar atenção aos dados objetivos, como a ausência de transpiração ou a posição passiva dos dedos, que podem revelar um comprometimento neurológico. Maus-tratos Auso repetido não é incomum → 5% das crianças afetadas podem morrer em resultado disso. P Histórico Levantam suspeita: ● Demora na apresentação ● Histórias inconsistentes por parte de cuidadores, testemunhas ou da criança ● Vários atendimentos no Departamento de Emergência ● Histórico de preocupações relativas à proteção da criança. 🚨 É pouco provável que essas informações sejam fornecidas voluntariamente. Elas devem ser verificadas nos registros da criança. Exame físico Seguintes achados suscitam preocupações: ● Hematomas com uma forma específica ou definição nítida (p. ex., marcas de pontas de dedos ou de algum instrumento) ● Múltiplas lesões de idades diferentes ● Queimaduras – especialmente diversas pequenas sugerindo ponta de cigarro ● Hemorragia subconjuntival – em consequência de sacudidas ou de asfixia ● Lesão intraoral ou geniturinária ● Marcas de mordida. Características radiológicas Lesões ósseas específicas que têm associação com maus-tratos incluem: ● Fratura de fêmur em crianças que ainda não andam ● Fraturas de costelas – especialmente quando são múltiplas ● Fraturas metafisárias em canto ou em alça de balde 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Fraturas descobertas coincidentemente, mais antigas, previamente não diagnosticadas. ● Fraturas do esterno, escápula ou processos espinhosos ● Fraturas agudas bilaterais de ossos longos ● Fraturas e subluxações do corpo vertebral na ausência de história de trauma de grande força ● Fraturas digitais em crianças menores de 36 meses ou sem história correspondente ● Fraturas fisárias deslocadas (às vezes chamadas de separações epifisárias), especialmente fraturas transfisárias distais do úmero, em crianças incapazes de andar ● Fraturas complexas de crânio em crianças com menos de 18 meses de idade, particularmente sem história correspondente Qualquer suspeita requer que a criança seja mantida no hospital sob supervisão,para proteção contra mais danos, enquanto se busca ajuda de um profissional experiente e especializado. Redflags ● O cuidador não oferece histórico ou nega especificamente histórico de trauma, apesar da lesão grave ● História implausível para grau ou tipo de lesão* 11 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Demora inexplicada ou excessiva na procura de atendimento ● Lesão atribuída a esforços de ressuscitação em casa ● Histórias do cuidador que mudam com recontagem ou entram em conflito com versões de outros observadores ● Lesão grave explicada como autoinfligida ou atribuída a outras crianças pequenas ou animais de estimação Contusões ● Qualquer hematoma em bebês de 4 meses de idade ou menos ● Mais de 1 hematoma em lactente pré-móvel e mais de 2 hematomas em criança engatinhando ● Hematomas localizados no tronco, orelha, pescoço, mandíbula, bochecha ou nádegas ● Contusões com um padrão de objeto percussivo (por exemplo, tapa, cinto ou marcas de laço; colheres; espátulas; ou outros objetos) ● Marcas de mordida humana Lesões orais ● Lacerações labiais ou hematomas ● Rupturas do frênulo lingual ou labial ● Lacerações na língua ● Hematomas ou feridas na mucosa bucal, gengivas ou palato, especialmente em lactentes incapazes de deambular ● Dentes ausentes ou fraturados com história ausente ou implausível ● Fraturas maxilares ou mandibulares com história ausente ou implausível ● Hematomas, liquenificação ou cicatrizes nos cantos da boca por amordaçamento Queimaduras ● Queimaduras em crianças <5 anos de idade que não se enquadram em um padrão de derramamento não intencional ● Escaldaduras de água quente da torneira devido à imersão, demonstrando uma linha superior nítida de demarcação ("marca da maré alta"), afetando ambos os lados do corpo simetricamente ou envolvendo as extremidades inferiores e/ou períneo ● Queimaduras com uma borda bem demarcada no formato do objeto em chamas (por exemplo, ferro de passar roupa, espátulas, colheres, grelhas, grades metálicas de secadores de cabelo, ferros de frisar ou tampas metálicas de isqueiros de butano) ● Queimaduras de cigarro que aparecem como queimaduras circulares discretas de 8 a 12 mm de diâmetro e são profundas (por exemplo, queimaduras de terceiro grau) Lesão grave sem explicação ● Hematoma subdural ou hemorragia retiniana em criança pequena sem trauma público significativo, como queda da janela de um prédio alto ou acidente de carro ● Outra lesão intracraniana sem história clara de trauma ● Lesão abdominal (perfuração ou hematoma do intestino, pâncreas ou bexiga; hematoma ou laceração de órgão sólido [por exemplo, fígado, baço ou rim]) Criança Claudicante É uma apresentação comum na emergência e pode ser um desafio diagnóstico. ● Muitas vezes, não há histórico de traumatismo, mas isso não exclui a possibilidade de lesões, já que as crianças nem sempre podem ser supervisionadas em todos os momentos e, ocasionalmente, não admitem terem sofrido um acidente. Causa Características A favor Contra Fratura da criança pequena Idade 1-3 anos Deve começar a melhorar dentro de 1 semana após o início Sensibilidade na região da tíbia A radiografia pode mostrar uma fina linha de fratura em espiral Pirexia Exames de sangue alterados Ausência de clínica na tíbia Quadril irritável/ sinovite transitória Idade 3-10 anos Histórico de pródromo infeccioso Pirexia <38°C Criança com dor, mas com bom estado geral Derrame articular no ultrassom Pirexia>38°C Proteína C-reativa> 20 mg/L Hemograma alterado Pseudoparalisia de membro Artrite séptica Todas as idades Quadro clínico recente Comprometimen to estado geral Proteína C-reativa> 20 mg/L Hemograma alterado Pirexia>38°C Pseudoparalisia de membro Derrame articular Hemograma normal >48 horas após início Sem derrame no ultrassom >48 horas após início Osteomielite/pi omiosite Todas as idades História de <1 semana Como na artrite séptica Como na artrite séptica Possível derrame articular, mas tratar como artrite séptica caso esteja presente 12 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Doença de Perthes Idade 3-10 anos História >2 semanas Suportando carga Bom estado geral Exame anormal do quadril Características radiográficas típicas Hemograma alterado Pirexia Epifisiólise do fêmur proximal Idade tipicamente 9-14 anos Dor na coxa ou no joelho (em vez de dor no quadril) História súbita ou prolongada Exame anormal do quadril com perda de rotação interna e abdução Radiografia anormal na posição de rã Radiografia normal do quadril na posição de rã Exames de sangue anormais Pirexia (Linha de fratura em espiral) Não é raro não encontrar nenhuma causa evidente para uma claudicação. Assim, pode ser aconselhável dar alta à criança com a prescrição de analgesia simples e recomendações. Sugere-se que os seguintes critérios devam ser atendidos antes de considerar a alta: ● A criança esteja bem ● Investigações diagnósticas normais (como descrito anteriormente) ● Nenhuma preocupação com abuso ou negligência ● Cuidadores confiáveis que compreendem as recomendações para voltar se a situação piorar. Circunstâncias Especiais Fraturas potencialmente ocultas → podem não ser evidentes nas radiografias simples iniciais e muitas vezes requerem diagnóstico baseado em achados físicos e imagens de acompanhamento: ● Fratura do Toddler (fratura em espiral não deslocada da tíbia distal) → fratura não deslocada da diáfise tibial distal em pacientes na faixa etária de nove meses a três anos, quando a sustentação de peso está apenas começando. ○ As radiografias AP e lateral da perna afetada podem mostrar uma fratura tênue que pode ser facilmente perdida, confundida com um vaso nutriente ou inaparente. ○ As incidências oblíquas da tíbia podem auxiliar no diagnóstico quando as radiografias AP e lateral simples não são reveladoras. ○ Em pacientes com achados clínicos sugestivos de fratura, mas radiografias simples negativas, radiografias simples repetidas em sete dias geralmente mostram evidências de uma linha de fratura que não era aparente na radiografia inicial ou crescimento de osso novo sugerindo uma fratura. ● Fratura Salter-Harris I sem deslocamento → podem ter radiografias simples normais. → diagnóstico é clinicamente suspeitado quando a sensibilidade focal é encontrada sobre a placa de crescimento e confirmada posteriormente quando a consolidação óssea é 13 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA encontrada em radiografias repetidas obtidas sete dias após a lesão. ● Fraturas supracondilares tipo I não deslocadas do cotovelo → linha de fratura pode não ser vista em radiografias simples, mas o derrame do cotovelo indicado por sinais de vela anterior e/ou coxim gorduroso posterior é apreciado ● Fraturas por estresse → representam lesões por uso excessivo que surgem de microtraumas acumulados após esforço repetitivo. → dano cumulativo por fadiga pode causar rachaduras pequenas, mas progressivas, no periósteo. → os locais comuns de fratura por estresse variam dependendo do esporte → tíbia, a fíbula, a parte interarticular (ou seja, espondilólise) e o fêmur. Lesões de MMSS Clavícula ● Clavícula medial, terço médio ou clavícula lateral ● Em crianças maiores, o mecanismo da lesão costuma estar relacionado com uma queda ao se praticar esportes. ● Toda a extensão da clavícula deve ser palpada para localizar a sensibilidade e o edema ● A luxação da articulação esternoclavicular apresenta-se com edema medial ou perda de sua aparência clínica normal. Características radiológicas ● Vista AP da clavícula → mais adequada para confirmar a maioria das fraturas ● USG→ procurar a lesão da linha epifisial medial ou lateralmente. ● TC → demonstrar o desvio da extremidade medial da clavícula, que não dá para ver direito com radiografias simples. Imobilização ● Uma tipoia larga oferece um controle definitivo da maioria das lesões do corpoda clavícula ou da linha epifisial. Tratamento ortopédico ● Não operatório ○ Liberam-se as crianças para que movam o membro afetado conforme a dor permite e tirem a tipoia assim que se sentirem confortáveis. ● Operatório ○ Reservado para as fraturas expostas e pode ser considerado nos casos de politraumatismo em crianças maiores e adolescentes. ○ Uma luxação esternoclavicular desviada posteriormente exigirá redução, caso haja disfagia ou dispneia. Escápula As fraturas escapulares são muito raras em crianças, mas costumam ser confundidas com vários centros de ossificação secundários observados na escápula infantil. Como nos adultos, uma fratura escapular verdadeira indica um traumatismo significativo na porção superior de tronco, cabeça e pescoço. Úmero proximal ● As fraturas em galho verde das lesões do úmero proximal da linha epifisial e metafisárias constituem a maioria das lesões nessa região. 14 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Potencial de remodelação excepcional, o que permite uma tolerância elevada para o desvio e a angulação. Classificação ● A classificação de Salter-Harris é aplicada nas lesões da linha epifisial do úmero proximal. Clínica ● Paciente geralmente se apresenta segurando o braço, com dor localizada e perda da função. ● Algum edema pode ser visível, com equimose desenvolvendo-se mais tarde. Características radiológicas ● Série de traumatismo de ombro → Realizam-se as radiografias AP e axilar (ou axial modificada) ● USG → < 2 anos, a ultrassonografia é mais adequada para demonstrar o úmero proximal cartilaginoso do que a radiografia simples. Imobilização ● Tipoia Tratamento ortopédico ● Não operatório ○ As fraturas da linha epifisial e metafisárias podem cicatrizar dentro de 2-4 semanas, com mobilização completa assim que a dor permitir. ● Operatório ○ Cirurgia raramente é indicada. ○ As fraturas com desvio total da epífise umerais proximais em crianças acima de 10 anos são uma exceção e são tratadas com hastes intramedulares flexíveis e de redução 15 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Cotovelo ● O cotovelo é um local relativamente comum de lesão na infância e pode ser complexo fazer uma avaliação radiográfica, devido aos vários centros de ossificação.. Nas crianças, os côndilos são uma continuação do corpo do úmero. Enquanto isso, os epicôndilos são separados do corpo do úmero por uma linha epifisial. Portanto, as crianças podem sofrer tanto de lesões condilares quanto epicondilares. As lesões cardinais do cotovelo pediátrico são: ● Fraturas supracondilianas → mais comum!! ● Fraturas do côndilo lateral ● Côndilo medial→ rara ● Avulsão do epicôndilo medial – geralmente associada à luxação no cotovelo ● Luxação do cotovelo ● Fraturas do rádio de cabeça/pescoço. Avaliação radiológica ● Os aspectos radiológicos normais do cotovelo variam de acordo com a idade conforme a ossificação progride. ● A linha radiocapitelar e a linha umeral anterior são indicadores importantes de alinhamento anatômico. ● O sinal da vela indica a probabilidade de presença de uma fratura, mesmo que não se possa identificá-la na radiografia. Supracondilianas do úmero ● Decorre de uma queda com o membro superior estendido. A fratura ocorre na porção mais fina do osso entre a fossa do olécrano e a coronóidea Classificação ● Tipo em extensão → classificação de Gartland modificada: ○ Tipo 1 → fratura da cortical anterior mas sem deslocamento. ○ Tipo 2 → fratura angulada mas com a cortical anterior posterior do úmero distal intacta. ○ Tipo 3 → fratura deslocada (e geralmente rodada) sem contato cortical. Tipo em flexão→ difícil de tratar Clínica ● Deformidade e edema no cotovelo. ● Hematoma é visível na região cubital anterior. ● Enrugamento da pele na região cubital anterior sugere o encarceramento dela na ponta proximal da fratura ● 5% apresentarão fratura ipsilateral, geralmente no rádio distal. ● Deve-se examinar a integridade neurológica e vascular. Mais de 15% das fraturas supracondilianas do tipo 3 apresentam neuropatia e 5% com comprometimento vascular significativo. ○ Mão fria e pálida é sinal de emergência!! ● A síndrome compartimental é um risco, embora raro. Imobilização e redução inicial ● A prioridade para o cotovelo obviamente lesionado é proporcionar sedação e imobilização. ● Uma tala axilopalmar pode ser aplicada na posição em que o paciente se apresenta – geralmente, em extensão. ● As tentativas em flexionar esse membro com a finalidade de engessá-lo será dolorosa e pode comprometer as estruturas neurológicas e vasculares. ● As radiografias tiradas posteriormente definirão o tratamento. Características radiológicas ● Vistas AP e lateral do cotovelo. 16 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Acompanhamento ambulatorial ● As fraturas em extensão do tipo 1 devem ser colocadas em gesso em 90-100° de flexão do cotovelo. ● As fraturas em extensão do tipo 1 são retiradas do gesso após 3 semanas quando se inicia a mobilização total. Internação do paciente ● Lesões em extensão do tipo 2 ou 3 ou flexão → tala inicial + encaminhamento para o serviço de ortopedia. Tratamento Operatório ● Fraturas supracondilianas do tipo em extensão ○ Fixação com fios de Kirschner e gesso durante 3 semanas. ● Fraturas supracondilianas do tipo em flexão ○ Reduzidas e fixadas com pino com o cotovelo em extensão quase plena. Complicações Iniciais ● Infecção → As extremidades expostas dos fios de Kirschner podem se tornar colonizadas ou infectadas. ● Neuropraxia → Lesão no nervo mediano que deve se resolver dentro de 10-12 semanas. ● Rigidez → Um pouco de rigidez inicial é normal, mas um arco de movimento funcional deve voltar em 6 semanas. Uma perda mínima de extensão pode persistir. Tardias ● 5% dos pacientes apresentam deformidade residual. A deformidade em cúbito varo (cabo de espingarda) é desfigurante, embora n seja funcionalmente problemática. Se for marcante, pode-se indicar uma osteotomia do úmero distal por motivos estéticos. Fraturas do côndilo lateral ● Representam 15% das fraturas pediátricas do cotovelo e podem ser difíceis de localizar e fáceis de subestimar. ● Associadas à deformidade devido a consolidação viciosa e a pseudoartrose, rara complicação pediátrica. Classificação de Milch descreve a fratura em relação ao sulco troclear ● Tipo 1 → A linha da fratura sai pelo sulco capitulotroclear ou lateral a ele. ● Tipo 2 → A linha da fratura sai pela tróclea, o que resulta na instabilidade da fratura e, geralmente, de toda a articulação umeroulnar. Clínica ● Dor no cotovelo e sem tolerância à mobilização. ● Há sensibilidade lateralmente. ● Pode ser observado edema lateralmente, embora não seja evidente em geral. ● Uma pequena equimose lateral pode estar presente. Características radiológicas ● Incidências AP e perfil do cotovelo → geralmente suficientes, mas as características podem ser sutis. Edema significativo em partes moles lateralmente é indicativo deste tipo de lesão, assim como a presença do sinal da gordura posteriormente. ● Incidência oblíqua interna→ obtida com uma incidência em AP com o braço rodado internamente em 30° → útil para confirmar a extensão do desvio. ● TC→ quando não se tem certeza diagnóstica. Imobilização e acompanhamento ambulatorial ● As fraturas com <2 mm de deslocamento nas incidências AP, perfil e oblíqua são tratadas com gesso axilopalmar e encaminhadas para a clínica ortopédica. → devem ser vistas dentro de cinco dias, levando em 17 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA conta que o desvio identificado após esse período se torna difícil de ser tratado. ● Gesso axilopalmar durante 3-4 semanas → radiografias semanais fora do gesso até que estejam consolidadas Internação do paciente ● As fraturas com >2 mm de desvio devem ser encaminhadas para redução cirúrgica e estabilização. Tratamento Operatório ● As fraturas com >2 mm de desvio devem ser reduzidas e estabilizadas. ● Pode ser feito de maneira fechadacom fixação percutânea em casos minimamente desviados, mas a redução aberta é geralmente necessária para garantir a restauração da superfície articular. ● A estabilidade pode ser alcançada com fios de Kirschner divergentes ou um parafuso canulado no segmento metafisário em crianças maiores. ● Coloca-se um gesso durante 3 semanas antes da mobilização. Complicações Tardias ● Um aumento do volume lateral persiste no cotovelo em 50%, mas sem comprometimento funcional. ● Podem ocorrer osteonecrose, pseudoartrose e consolidação viciosa, mas talvez haja o retorno de uma função razoável nessas situações sem intervenção. Uma cirurgia ocorre geralmente por motivos estéticos. epicondilares mediais ● Trata-se de uma avulsão apofisária e está geralmente associada à luxação do cotovelo. ● Se o epicôndilo medial não puder ser observado nas radiografias após o traumatismo no cotovelo em uma criança acima de 6 anos de idade, significa que pode estar encarcerado na articulação umeroulnar Não operatório ● Em caso de um cotovelo congruente com uma fratura epicondilar medial que não esteja encarcerada na articulação, o tratamento conservador com gesso ou tipoia por 2 semanas é aceitável. Operatório ● Se a fratura estiver presa na articulação do cotovelo, deve-se tentar a manobra de Roberts. ● Sob sedação ou anestesia geral, o cotovelo é estendido, supinado e tracionado em valgo. ● Depois, o punho é rapidamente colocado em extensão, e assim usando a tensão nos flexores para empurrar o epicôndilo medial para fora da articulação. ● Caso não se obtenha êxito com essa manobra, será necessário que seja retirado usando-se uma abordagem cirúrgica medial. Fraturas diafisárias do rádio e da ulna ● Estão entre as fraturas mais comuns encontradas em crianças. ● A incidência tem pico no início da adolescência. ● A maioria pode ser tratada com tratamento não cirúrgico e apresenta bons resultados funcionais. Classificação ● A classificação AO pode ser aplicada, mas a terminologia descritiva simples da localização e do tipo de fratura é a mais comum. 18 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● As fraturas em galho verde incompletas devem ser reconhecidas, assim como a deformidade plástica Clínica ● As fraturas diafisárias do antebraço são clinicamente evidentes. O paciente se apresentará aflito e com deformidade visível. ● Examina-se minuciosamente o antebraço por qualquer lesão cutânea. ● O antebraço é o local mais comum de fraturas expostas em crianças. ● É obrigatória uma avaliação detalhada dos estados neurológico e vascular. ● A síndrome do compartimento é rara, mas sempre possível, especialmente com lesões de alta energia. Características radiológicas ● Incidência AP e perfil do antebraço → Ambas as articulações do cotovelo e do punho devem ser examinadas minuciosamente para avaliar se as articulações continuam congruentes. Imobilização e acompanhamento ambulatorial ● Tala axilopalmar ● As fraturas deslocadas devem ser encaminhadas para a clínica ortopédica. ● A remodelação pode resolver a deformidade se ainda houver >2 anos de crescimento, mas a possibilidade é menor do que nos casos de lesões metafisárias ● As indicações para o tratamento não operatório são: ○ <15° de angulação ○ Sem desvios rotacionais ou perda da curvatura normal do rádio. Internação do paciente ● As fraturas deslocadas devem ser encaminhadas para possível manipulação ou fixação. ● Deve-se somente tentar a redução emergencial da deformidade se houver sinais de comprometimento neurológico ou vascular agudo. Isso é raro, mesmo diante de uma deformidade clínica muito significativa. Tratamento Operatório ● Redução fechada ○ A maioria das fraturas diafisárias desviadas pode ser tratada de forma bem-sucedida com a redução fechada sob anestesia geral. ○ As fraturas em galho verde ficam geralmente estáveis quando tratadas com um gesso usando os princípios de modelagem de três pontos. ○ As fraturas com cavalgamento exigirão um aumento inicial na deformidade para relaxar o periósteo intacto, seguido por tração longitudinal antes da redução. ○ O antebraço deve ser engessado na posição que proporcionar a melhor redução. ● Fixação intramedular flexível ○ Indicada para fraturas abertas, lesões de Monteggia, fraturas irredutíveis e aquelas com perda inicial de redução (na revisão da primeira semana). ○ No pós-operatório, coloca-se um gesso para o conforto durante 3-4 semanas. As hastes são geralmente retiradas após 3-6 meses. Complicações ● Refratura →complicação mais comum em cerca de 5%, e a retomada da prática de esportes ou outros comportamentos de alto risco deve ser postergada por 2 meses após a retirada do gesso. ● A consolidação viciosa deve ser observada a curto prazo, pois a remodelagem geralmente melhora a aparência e a função do membro sem a necessidade de intervenção. Um platô na recuperação com função ou 19 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA aparência residual inaceitável é uma indicação para osteotomia corretiva. Fraturas do rádio e da ulna distal ● Estão entre as mais comuns na infância. ○ Fraturas de toro (fivela) e galho verde ocorrem com mais frequência em crianças com menos de 10 anos de idade ○ Separações fisárias são mais prováveis em pacientes com mais de 10 anos ○ Em adolescentes, as fraturas geralmente acompanham um surto de crescimento ○ A localização das fraturas também avança distalmente com o aumento da idade ● A maioria é benigna, pois se beneficia da grande proximidade das linhas epifisiais de rápido crescimento do rádio e da ulna distal com boa possibilidade de remodelagem. ● Uma queda sobre a mão estendida é responsável pela maioria das fraturas do antebraço em crianças ● A maioria consiste em fraturas metafisárias simples, mas as lesões das linhas epifisiais são comuns e geralmente do tipo II de Salter-Harris. ● Fraturas intra-articulares são raras. ● Classificaçãode Salter-Harris é usada para as lesões das linhas epifisiais. Adota-se uma classificação descritiva para as outras lesões. Colles → + clássica → cai com a palma da mão + fragmento posterior Smith → cai com o dorso da mão + fragmento anterio → traumas com energia cinética maior Barton→ acometimento intra-articular Fraturas estilóides ulnares → avulsão distal no local do complexo de fibrocartilagem triangular (TFCC) ou a fixação do ligamento ulnocarpal). → Geralmente ocorre em conjunto com uma fratura radial. 20 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Na maioria dos casos, o cuidado com a fratura é determinado pelo tipo de fratura radial, com uma exceção → uma fratura deslocada que ocorre na base do estiloide ulnar pode indicar uma ruptura de tendão e indicar cirurgia Clínica ● Geralmente ocorre dor associada a edema, sensibilidade e deformidade do punho. Exame físico ● Uma vez excluídas outras lesões, o exame pode se concentrar no antebraço. ● O clínico deve examinar o braço da clavícula para baixo → avaliar: ○ Deformidade óbvia → deformidade dorsal pode representar uma fratura fisária ou uma fratura metafisária ou diafisária deslocada resultante de uma queda sobre a mão estendida. A queda sobre a mão flexionada resulta em deformidade volar ○ Estado neurovascular → pulsos radial e braquial e da função motora e sensorial dos nervos mediano, radial e ulnar ○ Feridas abertas ○ Presença e localização de sensibilidade ou inchaço → Quando não há deformidade óbvia, sensibilidade sobre o rádio distal ou ulna e/ou diminuição da força de preensão indica uma maior probabilidade de uma fratura estar presente ○ Lesão na articulação acima e abaixo da área lesada → associação ocasional de fraturas do antebraço com cotovelo supracondiliano e fraturas do osso escafóide ○ Amplitude de movimento de todas as articulações do braço afetado ○ Lesões associadas ● Exame motor ○ Sinal de "OK" → nervo interósseo anterior (ramo do nervo mediano) ○ Dedo aberto contra resistência ou segurando um pedaço de papel firmementeentre os dedos médio e anular→ nervo ulnar ○ ○ Sinal do polegar para cima→ nervo radial ● Exame sensorial → testes usando toque leve → paciente é questionado se há uma diferença na sensação.→ teste da diferenciação de 2 pontos: ○ Espaço dorsal do polegar→ nervo radial ○ Dedo indicador→ nervo mediano ○ Mindinho (ou dedo mindinho)→ nervo ulnar Características radiológicas ● Incidência AP e perfil do punho → Pequenas irregularidades ou edemas corticais podem ser fraturas tipo tórus ● USG → precisão diagnóstica para detectar ou excluir fraturas distais do antebraço 21 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Imobilização e reavaliação ● Aplica-se uma tala no punho e, depois, devem ser realizadas repetidas radiografias, além de registro dos exames neurológico e vascular. ● Pequenas fraturas tipo tórus do rádio distal requerem apenas tratamento sintomático com uma tala removível durante 2-3 semanas. O acompanhamento formal não é necessário. ● Crianças com fraturas em galho verde →requerem imobilização em gesso ou tala de braço curto 22 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA (dependendo do grau de angulação e deslocamento) por quatro a seis semanas, dependendo da velocidade da cicatrização radiográfica e dos sintomas do paciente. → são instáveis e podem continuar a se deslocar após a fundição → precisa reavaliar sempre enquanto engessado!! ○ Crianças com fraturas em galho verde sem deslocamento e com deslocamento leve devem ser submetidas a imobilização com reavaliação e gesso por um cirurgião ortopédico em três a cinco dias ○ Angulação que pode ser tratada sem redução: ■ Crianças menores de 5 anos – 10 a 30 graus de angulação na radiografia simples de perfil e até 10 graus de angulação na incidência ântero-posterior (AP) ■ Crianças de 5 a menos de 10 anos de idade – 10 a 20 graus de angulação na radiografia simples de perfil e até 10 graus de angulação na incidência AP ■ Crianças com mais de 10 anos de idade – 5 a 15 graus de angulação na radiografia simples de perfil e 0 grau de angulação na incidência AP ○ A redução imediata por um clínico experiente ou cirurgião ortopédico é indicada para fraturas com angulação maior do que a descrita acima, ou nos casos em que o braço parece angulado na inspeção visual ● As fraturas metafisárias com até 30° de angulação devem ser encaminhadas para uma clínica ortopédica. ● Engrossamento cortical localizado da metáfise radial, sem ou com angulação mínima → tratamento sintomático com uma tala removível durante 2-3 semanas. → Não é necessário o acompanhamento formal. ● A angulação ou o desvio dorsal são bem tolerados estética e funcionalmente em até 30° de inclinação em crianças menores. Do mesmo modo, pacientes com até 50% de translação dorsal de uma fratura do tipo II de Salter-Harris se recuperarão totalmente em um ano. ● O gesso para a fratura tipo Colles é aceitável para as fraturas metafisárias e fisárias. ● As fraturas com inclinação volar são menos aceitáveis esteticamente, mas ainda assim se remodelam bem se houver 2 ou mais anos de crescimento pela frente. É necessário um gesso axilopalmar para essas fraturas anguladas. Ele deve ser aplicado com o antebraço em supinação para superar a força deformante do músculo braquiorradial. Tratamento Operatório ● Fraturas metafisárias ○ Fraturas metafisárias com >30° de angulação. ○ Fraturas metafisárias totalmente cavalgadas. ○ Para as fraturas metafisárias desviadas ou anguladas, uma manipulação fechada com gesso moldado costuma ser eficaz, com controle radiográfico em uma semana para avaliar o redeslocamento. ○ As fraturas metafisárias totalmente cavalgadas que foram submetidas à redução fechada devem ser estabilizadas com um único fio de Kirschner de maneira retrógrada através do estiloide radial e pela fratura. ● Fraturas fisárias ○ Fraturas Salter-Harris do tipo II com >50% de translação. ○ Manipuladas e estabilizadas com um fio de Kirschner liso através do estilóide radial. ○ Esses fios são geralmente retirados em torno de 3 semanas sem a necessidade de anestésicos. As fraturas da linha epifisal não devem ser manipuladas mais de 5 dias após a lesão, pois acarreta uma alta probabilidade de lesão na placa de crescimento. Cuidados Domiciliares Cuidados com gesso ou tala ● Inchaço leve da área lesada é comum durante os primeiros dias. O inchaço pode fazer com que seu 23 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA gesso pareça apertado inicialmente. Para reduzir o inchaço, mantenha o gesso acima do nível do coração por 24 a 48 horas. Isso pode ser feito descansando-o em travesseiros. Além disso, mova suavemente os dedos das mãos ou dos pés (onde o gesso está localizado) com frequência. ● Pode usar gelo coberto com uma toalha fina no gesso por 20 minutos a cada duas horas enquanto estiver acordado.→Reduz inchaço ● Cobrir durante o banho ● Se o gesso ficar molhado, você pode secá-lo com um secador de cabelo em temperatura fria. → Quente queima a pele! ● Mantenha o gesso limpo e evite que sujeira ou areia entrem no gesso. Não aplique pó ou loção sobre ou perto do gesso. ● Não coloque nada dentro do gesso, mesmo em áreas que coçam. Colar itens dentro do gesso pode ferir a pele e levar a infecções. Usar um secador de cabelo na configuração fria pode ajudar a aliviar a coceira. ● Não puxe o enchimento de dentro do gesso. ● As crianças com gesso podem ir à escola e brincar adequadamente. ● Para crianças que estão imobilizadas e precisam de acompanhamento da fratura, os cuidadores devem ser instruídos a não remover a tala antes da próxima consulta de acompanhamento e a mantê-la seca. ● Para crianças com fraturas do toro que não requerem avaliação de acompanhamento de rotina, os cuidadores devem ser aconselhados a fazer a criança usar a tala por três semanas, mas a tala pode ser removida para tomar banho e dormir. Se não houver dor após três semanas, a criança não precisa de mais acompanhamento. ● Procurar ajuda se: ○ Áreas doloridas ou mau cheiro do gesso, rachaduras ou rupturas no gesso, ou se o gesso estiver muito apertado ou muito solto. ○ Inchaço que causa dor ou faz com que não consiga mover os dedos das mãos ou dos pés. ○ Desenvolve formigamento ou dormência no braço ou nos dedos das mãos ou dos pés. ○ Dedos das mãos ou pés estão azuis ou frios. ○ Desenvolve dor intensa no braço ou perna engessada ou próximo a ela. ○ O gesso fica encharcado e não seca com secador de cabelo Controle da dor ● Todos os pacientes devem receber uma tipóia e ser instruídos a manter o local da fratura elevado acima do nível do coração o máximo possível nas primeiras 48 horas após a lesão. ● Para controle da dor, a área pode ser congelada colocando-se um pano fino sobre o gesso ou tala e aplicando-se uma bolsa de gelo por 15 a 20 minutos de cada vez nas primeiras 24 a 48 horas. ● Controle da dor com ibuprofeno oral . Após o atendimento inicial, crianças com fraturas distais do antebraço, exceto fraturas do toro, devem ser acompanhadas por um cirurgião ortopédico especializado em pediatria. ● Necessário para as fraturas que são propensas à parada do crescimento, refratura (fraturas em galho verde e fraturas completas anguladas), ou perda de redução (fraturas completas). O tempo específico depende do tipo de fratura e do tratamento. ● Fraturas fisárias imobilizadas ou fundidas – Dentro de uma semana ● Galho-verde com tala ou fraturas ibcompletas – 3 a 5 dias ● Galho-verde fundido ou fraturas completas – 7 a 10 dias As crianças que receberam cuidados cirúrgicos podem ser internadas para observação de 24 a 48 horas do estado neurovascular e dos compartimentos de tecidos moles. Uma vez liberados, esses pacientes são acompanhados de perto e podem necessitar de avaliação ortopédica semanal com radiografias para determinar o momento ideal para a remoção subsequente do hardware. Retorno à atividade ● Varia de acordo com o tipo de fratura. ● Para pacientes que passaram por gesso, o ortopedistaaprova o retorno total às atividades com base nas avaliações radiográficas da consolidação da fratura durante o acompanhamento. ● A maioria das fraturas deslocadas requer pelo menos três meses de cicatrização antes do retorno à atividade total. ● Salter Harris I ou II não deslocadas e fraturas em galho verde geralmente cicatrizam totalmente em quatro a seis semanas. Nesse ponto, a criança pode praticar esportes usando uma tala, se permitido (por exemplo, futebol) por mais duas semanas ou até que o antebraço esteja totalmente recuperado. Se a criança não puder usar a tala durante os esportes, ela deve abster-se de 24 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA esportes coletivos até que o pulso volte a funcionar sem dor (normalmente um total de seis a oito semanas). ● Para fraturas de toro (fivela), as crianças podem ser tratadas com uma bandagem elástica macia ou tala removível e geralmente cicatrizam dentro de duas a quatro semanas. Durante esse período, evitar atividades que possam ferir novamente o punho e resultar em uma fratura mais significativa. Alternativamente, uma tala removível pode ser aplicada para proteção adicional durante os esportes. Complicações ● Até 5 por cento das crianças que se submetem à redução de fratura do antebraço e gesso podem exigir uma segunda visita ao pronto-socorro por dor e inchaço ● Síndrome compartimental ou comprometimento neurovascular são raros. ● Fraturas fisárias → A consolidação viciosa representa o problema mais comum nessas fraturas. A neuropatia mediana também pode ocorrer após uma fratura fisária distal radial e/ou ulnar como resultado de trauma direto ou uma síndrome secundária do túnel do carpo. ● Fraturas do toro (fivela) → A falta de ruptura anatômica torna extremamente improvável a lesão neurovascular ou complicações funcionais de longo prazo. ● Fraturas em galho verde → A refração pode ocorrer em crianças com fraturas mal consolidadas. Por esse motivo, essas fraturas precisam ser adequadamente imobilizadas até que a cicatrização radiográfica e clínica sejam evidentes. Além disso, as atividades devem ser restritas por um tempo adicional (uma a seis semanas) para que ocorra a recuperação total do movimento e força do braço ● Fraturas completas → 25% por cento das fraturas completas se deslocam durante o acompanhamento, apesar da redução fechada inicial adequada e gesso → requerem redução fechada repetida ou intervenção cirúrgica. Na maioria dos casos, a deformidade será remodelada com o tempo. ○ Resultados funcionais ou estéticos adversos também podem ocorrer, sendo a rotação do antebraço o movimento mais frequentemente afetado. ○ A parada do crescimento e as lesões neurovasculares podem ocorrer, mas são muito menos comuns do que em pacientes com fraturas fisárias. Complicações do gesso ● Rigidez articular ● Atrofia muscular ● Gesso apertado devido a inchaço do tecido com dor resultante, neuropatia por compressão, comprometimento vascular e/ou síndrome compartimental aguda 25 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Lesão e ulceração da pele devido a acolchoamento inadequado ou ao uso de um cabide ou outro objeto pelo paciente para coçar áreas que coçam sob o gesso ● Queimaduras na pele durante a colocação Sedação e Analgesia Termos ● Analgesia → alívio da percepção da dor sem a produção intencional do estado de sedação. A alteração do nível de consciência pode ser efeito secundário das medicações administradas. ● Alívio da ansiedade → situação na qual não há alteração do nível de consciência, existindo apenas diminuição do estado de apreensão. ● Sedação→ redução controlada do nível de consciência e/ou percepção da dor mantendo os sinais vitais estáveis, a via aérea independente e a respiração espontânea adequada. ● Sedação profunda → depressão profunda do nível de consciência a qualquer estímulo. Este estado é frequentemente acompanhado por perda dos reflexos de proteção e necessita de conduta adequada de vias aéreas, ventilatória e controle da pressão arterial. Avaliação da dor ● Em menores de 2 anos de idade, a avaliação é dificultada. ● Crianças entre 3 e 7 anos de idade são capazes de fornecer informações apropriadas a respeito da dor.→ métodos mais comuns são os de autorrelato, que utilizam instrumentos como escala analógica visual de 10 cm ou escala com medidas extremas ancoradas por números (de 0 a 10), descrição (“sem dor” a “pior dor”) ou diagrama (face sorrindo à face chorando), por meio dos quais o paciente indi ca seu nível de dor. ● Para maiores de 8 anos de idade, podese utilizar uma escala visual análoga Princípios gerais de sedação e analgesia ● Medidas não farmacológicas devem sempre ser consideradas,: ○ Controle do ambiente: diminuição das fontes de estímulos visuais e sonoros; ○ Utilização de objetos para acalmar as crianças, principalmente aqueles já conhecidos por elas; ○ Explicações a respeito dos procedimentos; ○ Reforço positivo; ○ Fisioterapia com terapia ocupacional; ○ Presença dos pais; ○ Intervenções psicológicas. 26 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Quando a terapia medicamentosa é utilizada, devese considerar a presença de comorbidades, possível interação medicamentosa, procedimento a ser realizado, estado neurológico e hemodinâmico. ● As medicações são frequentemente administradas por via EV contínua. ● Apesar de prevalecer o emprego de associação de drogas para propiciar tanto sedação quanto analgesia e obter sinergismo das drogas, diversos estudos sugerem que é mais efetivo promover inicialmente a analgesia. Analgésicos ● Paracetamol, os salicilatos (aspirina), o ibuprofeno, o diclofenaco sódico e o naproxeno → bloqueio central e periféri co da prostaglandina pela inibição da cicloxigenase tipos 1, 2 e 3. ● Dipirona→ tratamento da dor pósoperatória. ● Os opioides mais comumente utilizados para o tratamento da dor são os agonistas de receptores M, incluindo meperidina, morfina e fentanil, sendo os dois últimos os mais utilizados em UTI pediátrica. ● Anestésicos locais são drogas que, reversivelmente, bloqueiam a condução dos impulsos neuronais ao longo das vias nervosas centrais e periféricas. As principais indicações de uso são: limpeza de feridas, punção lombar e medular, blo queio de nervos digital, peniano, femoral e intercostal, punção de veias e artérias e lesões traumáticas→ usa mto bupivacaína Sedação ● Benzos→ diazepam, midazolam, lorazepam ● Barbitúricos → pentobarbital, tiopental, hidrato de cloral, etomidato, propofol ○ Hipertensão intracraniana e estado de mal epiléptico ○ Longa meiavida e a disponibilidade de drogas mais seguras têm limitado seu uso. ○ O propofol apresenta rápido começo de sedação com perfil de recuperação rápido e suave e efeito hipnótico relacionado à dose. Útil para procedimentos breves e repetitivos ● Agente dissociativo → cetamina→ induz um estado de catalepsia que promove sedação, analgesia e amnésia. Tem como vantagens o fato de manter as funções cardiovascular e respiratória estáveis, da mesma forma que mantém o tônus muscular e os reflexos protetores de vias aéreas. Bloqueio de Plexo Braquial O plexo braquial pode ser bloqueado em vários níveis: no pescoço com bloqueio interescalênico, acima da clavícula com bloqueio supraclavicular, abaixo da clavícula com bloqueio infraclavicular ou na axila com bloqueio axilar Injeções do anestésico em pontos altos do plexo levarão a um bloqueio preferencial de nervos originados das raízes altas do plexo braquial e baixas do plexo cervical. Já injeções feitas na axila levarão a bloqueio preferencial de nervos originados das raízes baixas do plexo Abordagem interescalênica: ● Pontos de referência: ○ Cartilagem cricóidea; ○ Sulco interescalênico; ○ Intersecção da veia jugular externa com o sulco interescalênico. 27 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Indicação→ intervenções em ombro, clavícula, braço e face lateral do antebraço, sendo pouco indicado para procedimentos em mãos e nas demais partes que compõem o antebraço a menos que seja associado a um bloqueio ulnar. Abordagem Supraclavicular: ● Pontos de referência: ○ Sulco interescalênico no ponto mais próximo da clavícula. ○ Pulsação da artéria subclávia (se palpável ● Via de Dupré ○ Utilização de pontos de referência na superfície e um risco menor de pneumotórax ○ Pontos de referência: ■ Vértice do triângulo de Sédillot (formado pelas bordas esternal e clavicular do músculo esternocleidomastóideo e a clavícula); ■ Borda interna da inserção clavicular do músculo trapézio; ■ Veia jugular externa. ● Indicação→Braço, antebraço e mão Abordagem infraclavicular: ● Pontos de referência: ○ Ponto médio da clavícula; ○ Borda superior do músculo peitoral maior; ○ Processo coracóide; ○ Artéria axilar ● Indicação → cirurgias eletivas e urgências em cotovelo, antebraço e mão e analgesia controlada pelo paciente por meio da técnica contínua Abordagem perivascular axilar: ● Pontos de referência: ○ Pulsação da artéria axilar, na borda do músculo peitoral maior 28 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Gesso que Faltou Usado de duas maneiras principais: para criar um molde dividido (uma goteira [ou tala] gessada) ou inteiro (aparelho gessado). Goteiras gessadas (talas) Coloca-se a goteira gessada em um lado do membro lesionado para atuar como uma tala. O gesso costuma ser posto em ataduras com várias camadas de espessura. ● Não proporciona uma fixação em três pontos, mas geralmente tem preferência durante a fase aguda da lesão por possibilitar uma aplicação relativamente direta na emergência e poder ser removido facilmente com uma tesoura em caso de constrição. ● Em geral, as ataduras que sustentam uma goteira gessada permitem que o membro edemacie um pouco, sem causar constrição, mas isso não é confiável. 29 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Aparelhos gessados Enrolado circunferencialmente em torno de um membro para proporcionar estabilidade. ● As camadas são montadas, umas sobre as outras, até que o gesso alcance a resistência desejada. ● Um aparelho gessado pode ser moldado na forma desejada, possibilitando uma fixação em três pontos, e oferece melhor estabilidade da fratura do que a goteira gessada. →Apoio circunferencial ● Os aparelhos gessados requerem um pouco mais de experiência para serem aplicados e são um pouco mais difíceis de remover em caso de edema e comprometimento circulatório. Moldagem e fixação em três pontos ● No momento da fratura, o periósteo no lado da tensão da fratura se rompe, enquanto o periósteo no lado da compressão normalmente permanece intacto. ● Em uma fratura de Colles, à medida que o fragmento se inclina dorsalmente, o periósteo volar se rompe, enquanto o periósteo dorsal não é afetado. Pode-se explorar essa dobradiça periosteal dorsal intacta para melhorar a estabilidade da fratura engessada Durante o engessamento, a pressão é aplicada na face volar do punho no nível da fratura, de modo a agir como um fulcro. Em seguida, pressiona-se o lado dorsal do punho, nos segmentos proximal e distal à fratura. Quando se pressiona, o periósteo sofre tensão, produzindo alguma compressão no lado volar por estar apoiado contra o fulcro. É o que se chama de fixação em três pontos. A moldagem mantém-se até que o gesso endureça. A pressão aplicada sobre uma área pequena resulta em uma alta pressão sob o gesso e no comprometimento da pele, razão pela qual se recomenda pressionar a parte posterior da palma e a eminência tenar da mão, a fim de criar uma área tão ampla quanto o tamanho do osso permitir. ✋ Três pontos de pressão requerem três mãos, razão pela qual é essencial um assistente. Este deve usar a parte plana da mão para evitar pontos de pressão. ● Sobre uma área ampla (enquanto segura a parte posterior da coxa, por exemplo), o assistente deve movimentar suavemente a mão para a frente e para trás a fim de evitar compressões localizadas. ● Um gesso bem moldado nunca é perfeitamente plano em sua superfície externa. ● O gesso precisa ser curvo para manter o osso reto. ● A efetividade da pressão em três pontos pode ser confirmada por meio das radiografias finais, avaliando-se onde o revestimento de algodão laminado sofreu compressão. Cuidados de rotina ● Observar sinais de constrição (dor, edema excessivo, palidez, parestesia ou amortecimento) e retornar imediatamente se houver qualquer motivo de preocupação ● Movimentar as articulações adjacentes, mantendo os dedos das mãos e dos pés flexíveis e móveis, bem como mexendo e esticando o cotovelo e o ombro (ou o quadril e o joelho) em toda a sua amplitude várias vezes ao dia (p. ex., durante cinco minutos a cada hora em que o paciente estiver acordado) ● Manter o gesso limpo e seco; a água sob o gesso resulta em maceração da pele ● Não empurrar nada para dentro do gesso para coçar ou por qualquer outra razão ● Manter elevado o membro afetado. Remoção do gesso Constrição do gesso ● Se houver qualquer comprometimento circulatório, a situação requer avaliação e intervenção urgentes. ● Em caso de comprometimento leve, com edema modesto e desconforto moderado, coloca-se o membro em uma altura elevada e reavalia-se a situação após 15-20 minutos. Se melhorar, mantém-se a elevação. 30 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Em caso de comprometimento grave ou persistente, a goteira ou o aparelho gessado deve ser partido até a pele ou removido. Remoção da goteira gessada ● Para retirar uma goteira gessada, cortam-se as ataduras, o algodão laminado e a malha tubular que a envolvem até que a pele esteja totalmente exposta, utilizando uma tesoura especial para evitar lesões. ● Afrouxam-se as bordas da tala de gesso até se certificar de que não há qualquer tipo de constrição do membro. ● Eventuais compressas ou gazes cirúrgicas endurecidas com coágulo de sangue também podem causar constrição e devem ser cuidadosamente elevadas. Corte do gesso ● O aparelho gessado deve ser cortado longitudinalmente com uma serra ou tesoura para gesso. ● A serra de cortar gesso tem uma lâmina oscilante (não giratória) e é altamente eficaz, mas pode causar queimaduras ou lacerações na pele se utilizada de maneira incorreta. ● Escolhe-se para o corte uma linha que esteja bem acolchoada por baixo com o algodão laminado e que não se encontre sobre qualquer saliência óssea. ● A face volar do punho e do antebraço, bem como a área sobre o compartimento anterior da perna, são locais convenientes. ● ● Deve-se avisar ao paciente que o ruído da serra e da conexão de vácuo é considerável. ● Corta-se o gesso em um determinado nível. O ruído da serra muda, e sente-se uma perda de resistência quando a lâmina atravessa o gesso e atinge o algodão. ● Se o paciente reclamar de dor, reavalia-se a técnica. ● Após dividir o gesso ao longo de toda a sua extensão, usam-se os separadores de gesso para separar as bordas do aparelho. ● Depois, cortam-se o revestimento e a bandagem macia até a pele ao longo de toda a extensão do aparelho gessado. 31
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