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CASO CLÍNICO: Aparelho Respiratório SMB, 66 anos, sexo masculino. Paciente relata fadiga, febre, calafrios e tosse produtiva, às vezes com eliminação de escarro esverdeado, há 4 dias. Dois dias após o início do quadro, a dispnéia tornou-se mais grave e a febre elevada (TA: 39,5º C). No momento, queixa-se de dor torácica, em pontada, na região inferior do hemitórax esquerdo, que se acentua com a tosse e à inspiração. Nega tabagismo. Relata ser diabético há dois anos. EXAME FÍSICO PA: 140 x 90 mm Hg FC: 128 bpm FR: 36 irpm TA: 40ºC. Paciente com estado geral preservado, corado, hidratado, anictérico, acianótico, sem linfadenomegalias. AR: crepitações na região inferior do hemitórax esquerdo. ACV: bulhas taquicárdicas e normofonéticas. AD e AGU: ndn. · Fadiga: Sensação de desgaste, cansaço e falta de energia, por contrações musculares fortes que perduram por período prolongado → ocorre a depleção do glicogênio muscular, sendo assim, há uma perda do suprimento de nutrientes, ocorrendo a interrupção do fluxo sanguíneo e baixa de oxigênio. · Febre: Elevação da temperatura corporal acima de um valor considerado ”normal” e decorrente da elevação da temperatura do termostato hipotalâmico. Acompanha sensação de frio, arrepios e abalos musculares 37,5º C e 38,4º C Anamnese: TA 39,5ºC há dois dias Exame físico: TA 40º C Possíveis causas: Lesão de tecido - infecções, cirurgias, neoplasias malignas Bloqueio na perda de calor (ausência de glândulas sudoríparas) Aumento na produção de calor (hipertireoidismo) · Frequência respiratória: Número de incursões respiratórias realizadas por uma pessoa em um minuto (ciclo completo de respiração) Anamnese FR: 36 irpm · Calafrios: Mecanismo corporal que visa aumentar a produção de calor corporal através de tremores musculares → citocinas e prostaglandinas são liberadas como parte de uma resposta imune e aumentam o ponto de ajuste da temperatura corporal no hipotálamo, aumentando assim, o tônus dos músculos esqueléticos para produção de calor. · Tosse produtiva: A tosse produtiva, também chamada de tosse cheia, é um tipo de tosse que é caracterizada pela produção de secreção nas vias respiratórias (muco ou catarro). O som emitido ao tossir é diferente e característico, facilmente identificado. Também é comum que o excesso de muco das vias respiratórias saia pela boca. Anamnese: Tosse produtiva, às vezes com eliminação de escarro esverdeado há 4 dias. · Dispneia: Dificuldade em realizar o ato respiratório → paciente precisa aumentar o esforço que faz para respirar, provocando a sensação de respiração difícil ou trabalhosa. · Dor torácica: Dor ou desconforto que pode ser oriundo dos sistemas cardíaco, vascular, gastrointestinal, musculoesquelético, pulmonar, infeccioso e psicológico. Tem caráter atípico em pontadas e localização típica região inferior do hemitórax esquerdo. · Crepitações: Sons descontínuos, explosivos e de curta duração (menor que 20 ms). Podem ocorrer pela presença de secreções nas grandes vias aéreas e pela reabertura súbita de brônquios previamente colapsados. Hipóteses diagnósticas HD: PNEUMONIA Pneumonias Bacterianas Adquiridas na Comunidade (PAC) Infecção pulmonar em indivíduos saudáveis, adquirida em um ambiente normal (em contraste com a pneumonia adquirida no hospital). Condições predisponentes: · Extremos de idade; · Doenças crônicas (insuficiência cardíaca congestiva, DPOC e diabetes); · Deficiências imunológicas congênitas ou adquiridas; · Função esplênica diminuída ou ausente · Diagnóstico Exames laboratoriais Raio x tórax Sempre que possível, sua realização é recomendada. - Feita na incidência posteroanterior e de perfil - Auxilia no diagnóstico diferencial - Permite avaliar a extensão da lesão e a presença ou não de complicações - Quando repetir o RX de tórax? . Fumantes acima de 50 anos . Persistência de sintomas . Persistência de achados no exame físico Tomografia computadorizada Útil quando há dúvida da presença de opacidade pulmonar – Recomendada diante de quadro clínico exuberante com radiografia de tórax normal – usada também para detecção de complicações (derrame pleural; abscesso pulmonar; diferenciar opacidade pneumônica de massas pulmonares) Exames complementares Hemograma: Leucocitose → mais comum e inicial; leucopenia e presença de células precursoras dos leucócitos → indicativo de gravidade da infecção e prognóstico ruim Dosagem de ureia e creatinina: Quando elevadas são um forte indicativo de gravidade, indicando sobrecarga renal Proteína C reativa: É um marcador de atividade inflamatória inespecífico cuja dosagem tem valor prognóstico. A manutenção de níveis elevados ou queda menor que 50% no 3º ou 4º dia indicam pior prognóstico ou aparecimento de complicações Exame de escarro: mais usado quando a suspeita é tuberculose Hemocultura Sorologia Epidemiologia Streptococcus pneumoniae Em 2016, principal causa de óbitos por doenças infecciosas em menores de cinco anos (920.000 ou 15% do total, em 2015) e responsável por 144.661 internações e 908 mortes de crianças dessa faixa etária. Estudos internacionais apontam que um a cada seis episódios que requerem hospitalização e 90% de todos os óbitos por pneumonia ocorrem em maiores de 60 anos. Em 2017, foi apontada como segunda causa de hospitalização, sendo responsável por aproximadamente 14% de todas as hospitalizações. Maior ocorrência nos meses de março a julho. (2007) Predomínio na faixa etária abaixo dos 5 e acima dos 60 anos. Tratamento A escolha do antibiótico deve levar em consideração: 1) Patógeno mais provável no local de aquisição da doença; 2) Fatores de risco individuais; 3) Presença de doenças associadas; 4) Fatores epidemiológicos, como viagens recentes, alergias e relação custo-eficácia. Referências GUYTON e HALL, John. Tratado de Fisiologia Médica. 12ª ed. Rio de Janeiro, 2011. Ed. Elsevier. LOPEZ, Mário. Semiologia Médica - As Bases do Diagnóstico Clínico. 5ª ed. Rio de Janeiro, 2004. Ed. Revinter. CORREA, Ricardo de Amorim et al. Recomendações para o manejo de pneumonia adquirida na comunidade 2018. Acesso em 04 de outubro de 2019. Disponível em: < http://jornaldepneumologia.com.br/imagebank/pdf/2018_44_5_16_portugues.pdf > CORREA, Ricardo de Amorim et al. Diretrizes Brasileiras para pneumonia adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes - 2009. Acesso em 04 de outubro de 2019. Disponivel em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132009000600011 > BAHLIS, Laura Fuchs et al. Perfil clínico, epidemiológico e etiológico de pacientes internados com pneumonia adquirida na comunidade em um hospital público do interior do Brasil. Acesso em 04 de outubro de 2019. Disponivel em < http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v44n4/pt_1806-3713-jbpneu-44-04-00261.pdf> Hospital das Clínicas - UTI Cardiologica da Universidade Federal do Paraná. Protocolo de Dor torácica 2010. Acesso em 05 de outubro de 2019. Disponivel em < www.saudedireta.com.br/docsupload/1332108029Prot_Dor_Toracica.pdf> UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Atlas de Anatomia Patológica. Disponível em: <http://anatpat.unicamp.br/laminfl1.html> Acesso em: 05 out. 2019. Pedroso ERP. Blackbook: Clínica Médica. Belo Horizonte: Blackbook; 2007 Dr. Ciro Botto; PNEUMONIA; Junho 2017; reunião cremesp Igarapava SP. Acesso em 06 de Outubro de 2019. disponível em <file:///C:/Users/User/Downloads/eve_05072017_171727_ Pneumonia%20-%20Dr.%20Ciro%20Botto%20(1).pdf >
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