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Interferência e polarização de micro-ondas O objetivo do experimento é medir o comprimento de uma onda eletromagnética de gerada por uma fonte no laboratório. Para realizar tal feito, usaremos uma placa refletora a fim de causar uma interferência na onda e obter um aspecto estacionário, onde existe pontos fixos , chamado de nós, que ocorre a interferência destrutiva total. A expectativa é encontrar m comprimento de onda na ordem de grandeza das ondas classificadas como micro-ondas no espectro eletromagnético. Outro método usado é o interferômetro de Michelson, onde a utilização consiste em dividir a onda eletromagnética em dois caminhos, refleti-los de volta e recombiná-los em um anteparo, produzindo um padrão de interferência. O instrumento pode ser usado também para medir comprimentos de onda com grande precisão. Nosso experimento teve êxito, pois o valor obtido para o comprimento de onda foi de 𝜆 = (3,18 ± 0,32) 𝑐𝑚 e para o arranjo de Michelson foi de 𝜆 = (3,09 ± 0,35) 𝑐𝑚 . Valores que condizem com correspondente ao espectro eletromagnético que contém as ondas de micro- ondas. Introdução As ondas eletromagnéticas foram previstas e teorizadas pelo físico e matemático escocês James Clerk Maxwell, que unificou as equações da eletricidade e do magnetismo já existentes em equações de onda. Segundo Maxwell, o campo magnético é consequência de dois efeitos: um campo magnético que varia no tempo e a posição que produzirá um campo elétrico que também sofrerá variação de tempo e posição. O campo magnético (B) se propaga em uma direção e o campo elétrico (E) se propaga em outra, sempre perpendicular e a onda segue na direção (C) de também de maneira perpendicular, como ilustra a figura 1. Figura 1. Espectro eletromagnético Observando a simetria das ondas, podemos descrever a onda observando apenas um dos campos, já que o segundo será sempre perpendicular, os campos relacionam entre si de acordo com a expressão: 𝜕𝐵 𝜕𝑦 = 1 𝑐² . 𝜕𝐸 𝜕𝑡 Esse comportamento dos campos sempre se repete, tornando assim uma onda periódica que executa um movimento harmônico simples. Seguindo a equação do MHS, temos: y=A.cos (ω.t+ θ0) A forma da onda senoidal não muda enquanto se propaga e a função senoidal de um ponto desta onda sobre um referencial móvel x’ = x – vt onde v é a velocidade de propagação da onda e x a abscissa no referencial fixo. Podemos estabelecer a seguinte relação: 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝑦(𝑥’) = 𝑦 (𝑥 ± 𝑣𝑡) Por se tratar de uma onda eletromagnética sabemos que v=c, onde c é a velocidade da luz com valor 3.108 m/s e a função senoidal que descreve a onda no referencial linha obedece a seguinte equação: y(x t), = A.cos [k(x − vt)+ϕ]. O termo micro-ondas é aplicado a radiações eletromagnéticas dentro do espectro de 1 GHz até aproximadamente 100 GHz, possuem comprimento de onda entre 3.105 nm até 3.108 nm. Veja o espectro eletromagnético na figura 2. Figura 2. Espectro eletromagnético Não é uma radiação ionizante e também não causa mudanças na estrutura molecular. Porém, ela é capaz de causar migração de íons e rotação de dipolos. É isso que explica o aquecimento de alimentos em fornos micro-ondas, pois essas radiações interagem com as moléculas de água presentes no alimento, quando a radiação cessa, a energia absorvida é emitida na forma de calor. Entretanto, o uso inicial das radiações micro-ondas não era esse. As micro-ondas, também chamadas de magnétrons, começaram a ser mais estudadas e produzidas na Segunda Guerra Mundial, por cientistas britânicos, com a finalidade de detectar aeronaves inimigas. O sinal era emitido e o objeto a ser detectado refletia essas ondas; esse eco, por sua vez, era detectado pelo RADAR (do inglês “Radio Detection And Ranging”) e, desse modo, descobriam não só a localização do objeto, mas também sua forma, velocidade e para qual direção estava se movimentando. Figura3. Ilustração de um radar E esse fenômeno de reflexão das ondas é que usaremos para determinar o comprimento de onda. Quando a onda for refletida pela superfície ela ira gerar uma interferência com a onda emitida pelo aparelho, formando um padrão de ondas estacionárias como a figura4. Figura4. Padrão de ondas estacionárias Os pontos fixos são chamados de nós, as saliências das ondas são chamadas de ventre, e o número de ventre determina o harmônico da onda. Existe uma relação entre o comprimento total da onda estacionária e o comprimento da onda (que consiste em dois ventres), essa relação é dada por: 𝐿 = 𝑛 . λ 2 Em que λ é o comprimento de onda, L é o comprimento total e n é um número natural referente ao número de harmônicos produzido pelo padrão estacionário. Procedimento Experimental Parte 1 Medida do comprimento de onda com uma placa refletora O aparato experimental utilizado neste experimento é mostrado na figura 5. Ele consiste de uma placa refletora, uma fonte de micro-ondas, um diodo detector, uma régua e um osciloscópio. Figura 5. Interferência de micro-ondas utilizando uma placa refletora. Primeiro posicionamos o diodo detector na altura da fonte de micro-ondas, ligamos a fonte e o osciloscópio. Separando com a régua em uma distância de 60 cm a fonte e a placa refletora, colocamos a base do detector em cima da régua. Observamos na tela do osciloscópio uma onda quadrada, ajustamos os comandos do osciloscópio para que a onda fique parada. Agora basta movimentar o detector em cima da régua procurando os máximos (1) e mínimos (0) da onda quadrada observada no osciloscópio. Foram feitas 30 medidas. Parte 2 Medida do comprimento de onda com o arranjo de Michelson O aparato experimental utilizado neste experimento é mostrado na figura 6. Ele consiste de duas placas refletoras, uma fonte de micro-ondas, um diodo detector, duas réguas e um osciloscópio. Figura 6. Arranjo de Michelson Montamos o experimento como o indicado na figura 5, tomando o cuidado de não retirar a placa semitransparente de sua posição angular inicial de 45°. Colocamos o detector atrás desta placa semitransparente e as outras duas sobre as réguas. Feito isso, movimentamos as placas uma para a outra procurando os máximos e os mínimos e anotamos as posições em que eles ocorrem. Resultados e Discussão A partir da tabela 1 e 2, que contém as posições de máximos (1) e mínimos (0) da intensidade da micro-onda para o arranjo de placa refletora e para o arranjo de Michelson respectivamente, foi possível calcular o comprimento de onda 𝜆, pois sabe-se que o comprimento de onda da micro-onda vale o dobro da onda de intensidade elétrica, ou seja, o comprimento de onda será definido pela distância entre 3 pontos de máximo ou de mínimo. Tabela 1: Arranjo de placas refletoras (1) e Arranjo de Michelson (2) com as posições de mínimos e máximos da intensidade e comprimento de onda da micro-onda. Posição (cm) Máx/min λ Posição (cm) Máx/min λ 49,8 1 2,8 49,8 0 2,7 49,5 0 3,4 49,2 1 3,4 48,5 1 3,3 48,2 0 3 48,4 0 3,6 47,7 1 3 47 1 3,1 47,1 0 3 46,1 0 2,9 45,8 1 2,3 45,2 1 3,1 45,2 0 2,9 44,8 0 3,3 44,7 1 2,9 43,9 1 2,7 44,1 0 3,2 43,2 0 2,9 43,5 1 3,9 42,1 1 2,9 42,3 0 3,2 41,5 0 3,3 41,8 1 3,5 41,2 1 3,7 40,9 0 3,1 40,3 0 3,5 39,6 1 2,7 39,2 1 2,8 39,1 0 3,5 38,2 0 3 38,3 1 3,1 37,5 1 3 37,8 0 3,3 36,8 0 3,3 36,9 1 3,1 36,4 1 3,8 35,6 0 2,8 35,2 0 2,8 35,2 1 2,9 34,5 1 3,5 34,5 0 3 33,5 0 3 33,8 1 3,1 32,6 1 3,3 32,8 0 2,6 32,4 0 3,7 32,3 1 3 31 1 2,9 31,5 0 3,6 30,5 0 3,1 30,7 1 3,5 29,3 1 - 30,2 0 - 28,7 0 - 29,3 1 - 28,1 1 - 27,9 0 - 27,4 0 - 27,2 1 - Arranjo 02Arranjo 01 Analisando o arranjo de placas refletoras e o de Michelson é possível notar que o experimento se comporta bem em relação aos resultados esperados. O resultado encontrado para o arranjo de placas refletoras foi de 𝜆 = (3,18 ± 0,32) 𝑐𝑚 apresentando um erro relativo de 0,024% e parao arranjo de Michelson foi de 𝜆 = (3,09 ± 0,35) 𝑐𝑚 apresentando um erro relativo de 2,879%. A partir dos dados obtidos foi possível construir gráficos que demonstrassem o comportamento da onda. Gráfico 1: Máximos e mínimos em função do deslocamento, para medições feitas com arranjo de placas refletoras. Gráfico 2: Máximos e mínimos em função do deslocamento, para medições feitas com arranjo de Michelson. 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 27 32 37 42 47 52 M áx /M in Posição (cm) Placas Refletoras 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 27 32 37 42 47 52 M áx /M in Posição (cm) Michelson Como parte final do experimento, foram utilizadas grades metálicas, a fim de analisar a polarização da onda emitida pela fonte de micro-ondas. Foi possível observar que quando a grande era posta horizontalmente na frente da onda, a mesma não interferia na intensidade do sinal captado pelo detector, mas quando a mesma era posta verticalmente na frente da onda o sinal detectado era nulo. Após estes foram utilizados dois polarizadores em diferentes posições, ambos horizontais, sem interferência, ambos na vertical sinal detectado nulo e um na horizontal e outro na vertical, sinal detectado nulo, e isto levou a interpretar que a polarização da onda é linearmente horizontal. Já que quando a oscilação do campo elétrico coincide com a direção da grade a onda é absorvida. Conclusão Ambos os experimentos se mostraram eficazes na medição do comprimento de ondas de micro-ondas, o arranjo de placas refletoras foi de 𝜆 = (3,18 ± 0,32) 𝑐𝑚 apresentando um erro relativo de 0,024% e para o arranjo de Michelson foi de 𝜆 = (3,09 ± 0,35) 𝑐𝑚 apresentando um erro relativo de 2,879%. No entanto, era esperados que os resultados obtidos a partir do interferômetro fossem mais precisos e próximos do valor teórico, mas isto pode ser explicado pela alta sensibilidade do interferômetro que necessita que o espelho semitransparente esteja em uma direção específica e simultaneamente alinhado com as duas placas refletoras, a fonte e o detector. O resultado referente à polarização da onda que indicou uma onda polarizada linearmente na horizontal é consistente com a teoria e, além disso, as combinações grades metálicas se mostraram uma ferramenta bastante útil para o bloqueio de micro-ondas. Bibliografia J.F. CARVALHO, L.J.Q. MAIA, R.C. SANTANA. Física Experimental V (Experimento de Física Moderna). IF-UFG, Goiânia, GO, 2020.
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