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Etnocídio, Pierre Clastres

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Etnocídio
· Do etnocídio.
O termo genocídio remete a ideia de “raça” e à vontade de extermínio de uma minoria racial, o termo etnocídio aponta não para a destruição física dos homens (caso em que se permaneceria na situação genocida) mas para a destruição de sua cultura.
Em suma, o genocídio assassina os povos em seu corpo, o etnocídio os mata em seu espírito.
O etnocídio vem de dois axiomas: o primeiro proclama a hierarquia das culturas (há as que são inferiores e as que são superiores). O segundo, afirma a superioridade absoluta da cultura ocidental. Suprime-se a indianidade do índio para fazer dele um cidadão brasileiro.
O Estado é por essência etnocida. Toda formação estatal é etnocida. A diferença entre os aparelhos genocidas está presente na força – abolir a diferença quando ela se torna oposição – a prática cessa a partir do momento em que a força do Estado não corre mais nenhum risco.
· Resenha
No livro, encontram-se observações contundentes contra o etnocentrismo ocidental, em particular em relação com os ameríndios. Temos um quadro tenebroso do etnocentrismo do tipo estatal, que se converse facilmente em prática etnocidas. Segundo o autor, a civilização ocidental é ímpar em sua tendência ao etnocídio, pois alia em seu ser a força homogeneizadora do Estado a um regime de produção econômica notadamente destrutivo: o capitalismo. Faz parte do ser capitalista atingir um regime máximo de produtividade e consumo, restando para as sociedades “improdutivas” a escolha de serem absorvidas ou extintas.
A base do estado europeu é o racismo contra os nativos.
A invisibilidade dos indígenas nos relatos europeus sobre a América é uma característica desse etnocídio.
A junção de índios com pardos também contribuiu de certa forma para um apagamento cultural
O que acontece na América nos 3 ou 4 primeiros séculos após o descobrimento é o maior genocídio da história
A ciência contribui para esse etnocídio e genocídio no momento em que começa a estudar a anatomia e justifica que os crânios de índios e negros são diferentes dos crânios europeus, justificativa essa que não tinha interesse maior do que econômico.
· Conceito jurídico de genocídio – processo de Nuremberg (1946) /extermínio sistemático dos judeus pelos nazistas -> delito juridicamente definido com raízes no racismo
 Ampliação do conceito -> domínio colonial/impérios coloniais no século XIX/” a máquina de destruição dos índios” desde o século XVI
· A experiência americana -> conceito de etnocídio – aponta não para a destruição física, mas para a destruição da cultura
- “o etnocídio, portanto, é a destruição sistemática dos modos de vida e pensamento de povos diferentes daqueles que empreendem tal destruição” (p. 78).
- “opressão cultural com efeitos longamente adiados, segundo a capacidade de resistência da minoria oprimida” (p.79)
· Visões da alteridade: “o outro é a diferença, mas sobretudo a má diferença”
- Genocídio: negação completa da diferença através do extermínio (o mal absoluto: animalidade; supressão do valor moral do ato criminoso)
- Etnocídio; admite a relatividade do mal na diferença -> transformação do outro para que se tornem “idênticos” ao modelo imposto/a diferença transformada em desigualdade para fins de assimilação
- Atores: missionários e o combate a “crença pagã” /agentes governamentais e a ética do humanismo
· Axiomas (premissas consideradas necessariamente evidentes e verdadeiras; fundamento de uma demonstração, porém ela mesmo indemonstrável):
a) Hierarquia das culturas: inferiores e superiores
b) Superioridade absoluta da cultura ocidental (parâmetros históricos: crença religiosa; razão humanista; ciência)
- “(...) suprime-se a indianidade do índio para fazer dele um cidadão brasileiro” (p.80)
Antropologia da violência
Pierre Clastres
Cap.4 – do etnocídio
2020.1-1° período
Professor: Antônio Rafael Barbosa

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