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Helicobacter pylori (Tics semana 06)

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Preceptor(a): Dra. Ana Rachel Oliveira de Andrade.
Aluno(a): Ilana Maria Maia Santos.
4° Período, Medicina.
TIC´S SEMANA 06
Comente sobre a ação da Helicobacter pylori no organismo destacando os
fatores relacionados à sua patogênese.
20 DE setembro DE 2021
A bactéria H. pylori é um bacilo gram-negativo, de forma curva ou espiralar, cuja
extensão varia de 0,5 a 1µm de largura e 2,5 a 5µm de comprimento; possui de 4 a
6 flagelos revestidos partindo de um único pólo, sendo que cada um possui
aproximadamente 30 µm de comprimento e 2,5 nm de espessura.
Transmissã�:
por via oral-oral,Via fecal-ora e Transmissão iatrogênica.
Fatore� d� risc� par� � aquisiçã� d� infecçã� pel� H. pylor�:
idade, sexo e etnia, fatores ambientais e contextuais ligados ao nível
socioeconômico.
Mecanism� d� açã�:
→Induz inflamação persistente na mucosa gástrica com diferentes lesões orgânicas
em humanos, tais como gastrite crônica, úlcera péptica e câncer gástrico. Os fatores
determinantes desses diferentes resultados incluem a intensidade e a distribuição
da inflamação induzida pelo H. pylori na mucosa gástrica.
Fatore� relacionad� à patogênes�:
Flagelos: a motilidade flagelar tem sido demonstrada como sendo essencial na
habilidade que a bactéria possui de mover-se no suco e muco gástrico, permitindo
assim penetração na mucosa e sobrevivência do organismo no estômago humano.
Urease: a bactéria expressa altos níveis desta enzima que hidrolisa a uréia
(CO(NH2)2), fisiologicamente presente no suco gástrico, em bicarbonato (HCO3-) e
amônia iônica (NH4+), elevando o pH da mucosa gástrica de 6,0 para 7,0
tornando-se básico, protegendo o microorganismo dos efeitos deletérios do pH
ácido do estômago podendo ter acesso à camada protetora de muco.6,7
Proteínas de choque térmico: são homólogas as de humanos; acredita-se que
a expressão de proteínas de choque térmico, como a HspA e HspB aumentem a
atividade da urease e influenciem na habilidade da H. pylori tolerar as condições
extremas do estômago.5
Catalase e a Superóxido Dismutase: atuam na neutralização da ação oxidativa
tóxica de radicais livres, conferindo proteção à bactéria contra a atividade lítica de
macrófagos e neutrófilos polimorfonucleares, impedindo uma resposta inflamatória
eficaz do hospedeiro.8
Enzimas degradativas: a produção de proteases A e fosfolipases leva à
degradação das membranas das células epiteliais e do complexo
lipídico-glicoprotéico da camada de muco, aumentando a solubilidade do mesmo,
acarretando danos à mucosa gástrica.4
Adesinas: destacam-se a hemaglutinina fibrilar e a fímbria, que representam o
passo final da associação do microorganismo com a mucosa gástrica. Muitos
estudos têm indicado como receptores para estas adesinas, antígenos de grupos
sangüíneos, destacando-se o antígeno H e Lewis b.9
Mecanismos de escape: o lipopolissacarídeo (LPS) presente na parede celular
bacteriana possui baixa imunogenicidade, importante no processo de escape da
bactéria ao sistema imune do hospedeiro.6,8
Ilha de patogenicidade cag: lócus com 31 genes, responsáveis pela codificação
de potentes fatores de virulência; seu principal marcador é o gene Cag A que
codifica uma citotoxina que atua como antígeno de superfície imunodominante da
Helicobacter pylori.
Gene da Citotoxina Vacuolizante (Vac A): a combinação em mosaico das duas
regiões do gene Vac A é o que determina a produção da citotoxina e seu potencial
patogênico.
Com� age� n� patogênes�:
O resultado clínico da infecção pelo H. pylori é determinado pela complexa interação
entre fatores do hospedeiro e da bactéria. Enquanto os fatores do hospedeiro
permanecem desconhecidos, a identificação dos da bactéria avança continuamente.
A resistência ao ácido clorídrico é de vital importância na patogênese do H. pylori,
visto que, sem este atributo biológico, a bactéria não teria condições de colonizar a
mucosa gástrica. A enzima urease, que é uma proteína de alto peso molecular (500
a 600KDa), atua promovendo a hidrólise da uréia, presente em condições
fisiológicas no suco gástrico, levando à produção de amônia. Esta atua como
receptor de íons H+, gerando pH neutro no interior da bactéria, o que confere ao H.
pylori resistência à acidez gástrica. Desta maneira, a bactéria fica protegida dos
efeitos deletérios do pH ácido do estômago. A urease compreende 6% do total de
proteínas sintetizadas pela bactéria, o que representa grande investimento
energético motivado pela sua ação essencial como fator de colonização.
A maior parte da urease sintetizada pela bactéria situa-se em seu citoplasma. A
produção de amônia depende da entrada de uréia na bactéria, que é controlada por
uma proteína de membrana sensível ao pH. Esta proteína é codificada por um gene
da família urease, conhecido como ureI. Cepas do H. pylori com deleção de ureI não
sobrevivem em pH ácido. Weeks et al. demonstraram que a entrada de uréia na
bactéria é acelerada em pH 5 e diminuída em pH 7. A entrada de uréia é altamente
específica, não sendo facilmente saturada, e independe de temperatura e energia.
Portanto o H. pylori possui um mecanismo que permite a liberação do substrato
uréia sobre a urease em condições em que é necessária a alcalinização local do
meio ambiente. A proteína ureI atua como portão de um canal, que também permite
o refluxo de urease, aumentando o pH periplasmático e do microambiente próximo,
prevenindo acúmulo tóxico de uréia dentro da bactéria .
A bactéria, na fase precoce de colonização, necessita atravessar a camada de
muco que protege o epitélio gástrico. Tal camada é formada por um gel viscoelástico
que confere proteção química e mecânica ao revestimento epitelial, inclusive contra
bactérias. No entanto lipases e proteases sintetizadas pelo H. pylori degradam a
camada de muco, facilitando a progressão da bactéria. Além disso, o H. pylori
move-se facilmente devido à morfologia em espiral e aos flagelos e, assim,
atravessa a camada de muco, estabelecendo íntimo contato com as células
epiteliais de revestimento. Outras enzimas, sintetizadas pela bactéria, tais como
superóxido dismutase, catalase e arginase, conferem proteção contra a atividade
lítica de macrófagos e neutrófilos, impedindo uma resposta eficaz do hospedeiro .
Referências:
1-DA COSTA, Renan Augusto Lauria et al. Helicobacter pylori e seus aspectos
clínicos-epidemiológicos: uma revisão de literatura. Brazilian Journal of
Development, v. 7, n. 2, p. 14420-14438, 2021.
2-LADEIRA, Marcelo Sady Plácido; SALVADORI, Daisy Maria Fávero;
RODRIGUES, Maria Aparecida Marchesan. Biopathology of Helicobacter pylori.
Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 39, n. 4, p. 335-342, 2003.
3-MAIA, Ana Margarida Ferreira. Epidemiologia, patogénese e diagnóstico
microbiológico de Helicobacter pylori. 2020.
4-TORTORA, Gerard J.; CASE, Christine L.; FUNKE, Berdell R. Microbiologia-12ª
Edição. Artmed Editora, 2016.

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