Prévia do material em texto
CÂNCER DE PÊNIS O câncer epidermoide de pênis (CEP) é uma neoplasia rara. Fazer a postectomia diminui a incidência (Por isso tem menos incidência nos judeus nascidos em Israel). A sua etiologia é variada, incerta e bem associada a fatores de risco, sendo o principal a falta de higiene. As DSTs, principalmente HPV, tem uma relação frequente com o CEP. Fatores de risco Fimose aumenta o risco em 10x, dificultando a higiene e aumentando o acúmulo de esmegma. Higienização inadequada Condições inflamatórias crônicas como balanopostites ou candidíase de repetição HPV - HPV 16 é o genótipo mais prevalente no carcinoma peniano - HPV 16 e 18 são os mesmos que facilitam o câncer de colo de útero - Coilocitose (Alterações histológicas decorrentes de infecção pelo HPV): células uni ou binucleadas e cromatina hipercromática, circundada por citoplasma opaco ou vacuolizado Tabagismo Patogenia Independe do fator desencadeante e desenvolve-se sob a forma de lesão exofítica, superficial, ou ulcerada, que pode se tornar invasiva. A evolução é lenta (paciente costuma nem notar no primeiro ano), ocorre mais comumente na glande e no prepúcio, mas também pode acometer a haste peniana e o escroto. Sinais e sintomas Lesão peniana com mau aspecto e odor, ulcerada ou vegetante, que acomete, inicialmente, glande e/ou prepúcio, evolutiva, e muitas vezes, exsudativa, tendo um aspecto de sujo por poder ter infecção bacteriana associada. Dor e sintomas sistêmicos são incomuns na apresentação inicial. Dor, prurido, sangramento e, quando mais avançado, dificuldade na retração do prepúcio. Exame físico Apresenta elevado valor preditivo positivo, sensibilidade e especificidade sendo o principal método para avaliação da extensão local. Perda de pigmentação, manchas esbranquiçadas, feridas ou caroços, secreção fétida, tumorações no pênis e na virilha. Lesão ulcerada ou vegetante resistente ao tratamento local, que acomete, inicialmente, glande e/ou prepúcio. Palpação dos linfonodos Metástases em câncer de pênis podem se desenvolver de forma cronológica, sendo envolvidas sucessivamente, os linfonodos inguinais, depois os linfonodos ilíacos e aórticos. Uso de antibiótico por 4-6 semanas após o tratamento da lesão primária, com intuito de tratar lesões inflamatórias seguido de reavaliação (se continuar, pensemos em metástases para linfonodos ilíacos e inguinais). Diagnóstico Biópsia da lesão: Lesões características – Polipoides, exsudativas ou ulceradas (o mais comum é úlcera que não cicatriza). Confirma o diagnóstico do tumor primário por meio de biópsia + anatomopatológico. Recomenda- se que a biópsia seja feita preferencialmente na porção central da lesão e profunda. Após o tratamento de 4-6 semanas, mas continua com linfonodos positivos pensa-se na necessidade de uma biópsia dos linfonodos: Aspiração por agulha dos linfonodos: Biópsia por aspiração com agulha fina guiada por USG, que pode ser empregada para melhor avaliação de micro metástases em pacientes sem linfonodos palpáveis. Biópsia do linfonodo sentinela: Não é recomendado como de rotina. Classificação de jackson Histopatologia Cerca de 95% são carcinomas de células escamosas ou epidermoide (CED). Carcinoma epidermoide: São classificados histologicamente segundo a graduação de Broders (o grau indica a possibilidade de tratamento e cura). o Grau I: Bem diferenciado = bom prognóstico o Grau II: Moderadamente diferenciado o Grau III: Indiferenciado ou mal diferenciado Outras variantes: Carcinoma verrucoso – Lesão vegetante, de crescimento lento e com menor potencial de metastização, com crescimento exofítico com morfologia arborescente com núcleo fibromuscular. Quando faz biópsia sangra bastante. Carcinoma basaloide, carcinoma sarcomatoso, carcinoma epidermoide da variação mucosa e carcinoma papilar. Diagnóstico por imagem Avalia metástase a distância, pode ser realizada por meio de radiografia de tórax, TC de abdome e pelve, USG da região inguinal. A tomografia por emissão de pósitron (PET), acoplada ou não à tomografia computadorizada também se mostra promissora. Diagnóstico diferencial Carcinoma verrucoso ou tumor de Buschke- Loweinstein: Variante do CEC (carcinoma espinocelular) de comportamento clínico menos agressivos. Outros tipos mais raros incluem o carcinoma basocelular, sarcoma de Kaposi, melanoma e linfoma. Com lesões pré-malignas: Corno cutâneo: Associado ao HPV 16, com crescimento excessivo e cornificação do epitélio. Papulose Bowenoide: Caracterizada por lesões papulosas ou esbranquiçadas com evolução benigna. Balanite xerótica obliterante (líquen escleroatrófico): Lesão de aspecto esbranquiçado e fibroso na glande e prepúcio, podendo causar estenose uretral. O tratamento é feito por meio de cremes esteroides tópicos, laser e excisão cirúrgica (se a lesão for grande). Eritroplasia de queyrat: Pode envolver a glande, prepúcio e corpo do pênis, sendo uma lesão eritematosa e brilhosa. Doença de bowen: Considerada um estágio prematuro e não invasivo do carcinoma de células escamosas, que aparece com uma mancha persistente marrom avermelhada, podendo ser confundida com psoríase ou eczema. Cancro duro: Lesão indolor, treponema pallidum, sorologia e microscopia de campo escuro. Cancro mole: Lesão dolorosa, cultura seletivas para Haemophilus ducreyl. Estadiamento Tratamento Tratamento conservador Terapia tópica: 5-fluoracila ou imiquimod Excisão local ou postectomia - Lesão bem superficial que só atinge o prepúcio - Ressecção completa da pele e tecido subcutâneo - Biópsias do leito e margens - Enxertos de pele parcial - Em casos extensos, sepulta-se o pênis no espaço sub-dártico do escroto e reconstrução com retalho miocitâneo em segundo tempo - Se tiver atingido a glande, pode-se fazer uma penectomia parcial e depois se faz uma reconstrução Cirurgia micrográfica de Mohs (CMM) - Se forem lesões pré-malignas bem superficiais - Excisão por camadas e faz biópsia de congelação - Exame microscópico da superfície interna - Preserva o máximo de tecido normal - Faz-se na fase em que a cura é muito mais rápida Laser de CO2 e neodímio YAG laser - Propriedades físicas de vaporização e coagulação - Utilizado em lesões bem superficiais e iniciais - Excisão de lesões penianas com pouco sangramento e excelentes resultados estéticos - Laser de CO2: tratamento de lesões superficiais porque coagula apenas pequenos vasos - Nd: YAG lases: apresenta maior penetração tecidual e hemostasia mais rigorosa Tratamento cirúrgico Penectomia parcial: - A parte mais distal do pênis é retirada, com margem de segurança de 1-2cm - A uretra deve ser seccionada com 1 cm a maior do que os corpos cavernosos, o que diminui os riscos de estenose e retração. Penectomia total - Lesão no corpo cavernoso e mais perto da base - Todo pênis é retirado, incluindo as raízes que se estendem até a pelve - Cria-se uma abertura para a urina no períneo, o que é chamado de uretrostomia perineal (ai o paciente vai urinar sentado e não mais em pé). Linfadenectomia - Indicada quando faz o tratamento inicial de 4-6 semanas de antibiótico e continua com linfonodos positivos - Não há modalidade de radioterapia ou quimioterapia de sucesso que possa erradicar com segurança metástases linfonodais - Linfadenectomia ilío inguinal com incisão de Gibson (aberta): Secção oblíqua na região inguinal - Linfadenectomia laparoscópica: Mias utilizado atualmente O tratamento começa a ser cada vez mais agressivo de acordo com o grau de evolução do tumor. Se o tumor estiver em Ta – T1, Nx, Mo: Circuncisãose estiver localizado no prepúcio ou penectomia parcial. Se o tumor atingir o corpo cavernoso em T2, Nx, M0: Penectomia (parcial ou total) seguida de linfadenectomia inguinal bilateral Se o tumor está localmente avançado: T3/T4, Nx, M0: Penectomia total seguida de linfadenectomia inguinal bilateral (quando há envolvimento uretral). Penectomia total seguida de cistoprostatectomia radical (quando há invasão prostática) Ressecção perineal extensa seguida de linfadenectomia inguinal e ilíaca bilateral (quando há infiltração das estruturas adjacentes) Se tiver tumor com doença regional (T1N4, N1N3, M0): Penectomia seguida de linfadenectomia inguinal bilateral e de linfadenectomia ilíaca bilateral Se tiver tumor com metástases à distância estágios T e N quaisquer, M1: penectomia seguida de quimioterapia sistêmica. Radioterapia Indicações: 1. Carcinoma in situ após falha na utilização tópica de 5-fluorouracil 2. Pacientes que não querem realizar a cirurgia padrão ou pacientes com tumor avançado e que não querem realizar amputação ou pacientes jovens com pequenos tumores superficiais exofítico de localização distal. Quimioterapia Indicações: 1. Doença metastática e/ou doença loco- regional no pré ou no pós-operatório. Faloplastia Fazer um pênis novo. Dissecção do retalho antebraquial radial a partir do braço dominante retalho transferido para a região púbica, onde se faz a anastomose uretral cateterismo com sonda de Foley 12-14 French anastomose arterial entre artéria radial e vasos receptores Anastomose venosa entre V. cefálica e V. safena magna Anastomose nervosa entre os nervos cutâneos e os nervos dorsais do pênis ou aos nervos ilioinguinais: cirurgia microscópica para o paciente ter sensibilidade introdução de uma prótese peniana um ano após a faloplastia para relações sexuais. Prognóstico O principal fator prognóstico do carcinoma de pênis é a presença de metástase dos nódulos linfáticos. Constituem fatores de prognóstico independentes dos comprometimentos de linfonodos... Estágio de neoplasia: prognóstico favorável < OU = T1 Volume da lesão: prognóstico favorável < ou 2cm Grau de diferenciação: Quanto mais bem diferenciado, melhor Talvez, a presença de invasão vascular/linfática macro ou microscópica na lesão primária leva à piora. SEGUIMENTO Objetivo: Destacar recorrência local /ou regional precocemente, num estágio curável Métodos de seguimento: Inspeção e exame físico USG e PET-TC (lesão metastática abdominal) são úteis como complemento, além de Rx tórax