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Ilicitude resumo

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Ilicitude
Relação de contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico.
Ilícitos não penais: cíveis, administrativos, tributários.
Existe em consequência da tipicidade. Realmente expõe ao perigo.
Lícito: consentimento ou excludentes de ilicitude.
ILICITUDE PENAL E EXTRAPENAL
Penal: todo ilícito penal é um ato ilícito.
Extrapenal: nem todo ato ilícito é um ilícito penal.
· Última ratio- diferença entre um ato contrário à lei civil, administrativa ou tributária, será lícito. Pode não afetar a esfera penal.
ILICITUDE FORMAL E MATERIAL
Formal: contrariedade entre o fato praticado e o direito positivo.
Material: ofensa ou exposição a risco um bem jurídico. Juízo de valor.
ILICITUDE GENÉRICA E ESPECÍFICA
Genérica: está fora do tipo, é para todos.
· “Matar alguém” - art. 121
Específica: o crime está descrito no tipo. O que torna o fato proibido/crime. Circunstância.
· “Indevidamente” – art. 151; “Sem justa causa” – art. 153; “Salvo quando a lei permite” – art. 345.
Tipo total do injusto- tipicidade + ilicitude.
ILICITUDE OBJETIVA E SUBJETIVA
Objetiva: ilicitude
Subjetiva: excludentes da ilicitude. Dirige-se às pessoas imputáveis.
· Conhecimento dos objetivos e vontade em executá-los.
· O agente precisa saber que estava sendo atacado para ser amparado pela excludente.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE
O agente precisa saber o que está fazendo.
“Não há crime”
Causa de exclusão da ilicitude, causa de justificação, justificativas, descriminantes, tipos penais permissivos.
Previsão legal: causas genéricas estão na Parte Geral, artigos 23 e 25.
· 1- Estado de necessidade (art. 23, I e art. 24)
· 2- Legítima defesa (art. 23, II e art. 25)
· 3- Estrito cumprimento do dever legal (art. 23, III)
· 4- Exercício regular do direito (art. 23, III)
· Consentimento do ofendido- ausência de interesse.
Causas específicas estão na Parte Especial: Aborto necessário, art. 128; Casos de injuria e difamação, art. 142; Constrangimento ilegal, art. 146, parágrafo 3º.
Consentimento do ofendido
Anuência do titular do direito do bem jurídico ao fato típico praticado por alguém.
A pessoa autoriza uma conduta descrita em lei.
1- Ausência de interesse do Estado: quando a pessoa não se importa o Estado também não deve.
2- Renúncia à proteção do Direito Penal: o sujeito passivo de uma infração penal pode renunciar, em favor do sujeito ativo.
3- Ponderação de valores: causa de justificação, o que vale a pena proteger.
APLICABILIDADE
Livremente dispor de algo. Causa permissiva.
Restrita à delitos em que o único titular do bem protegido é a pessoa que consente e que pode livremente dispor.
1- Delitos contra bens patrimoniais (sem violência ou grave ameaça.
2- Delitos contra a integridade física (menor gravidade ou condicionados à representação do ofendido ou queixa-crime)
3- Delitos contra a honra
4- Delitos contra a liberdade individual
REQUISITOS
1- Expresso: concreto e atrelado ao fato/conduta típica.
2- Livre: sem coação ou ameaça, nem paga de promessa/recompensa.
3- Moral e respeitar os bons costumes.
4- Conhecimento prévio à consumação.
5- 0 ofendido deve ser plenamente capaz de consentir.
6- Bem ou interesse disponível.
7- Consentimento é revogável a qualquer tempo.
EXCLUDENTE DE TIPICIDADE
Quando há o consentimento para a realização da conduta.
· Tatuagem, piercing, cirurgia.
Exclui a tipicidade quando houver clara configuração de crime em que a ilicitude é específica. Tipo penal injusto
Sequestro e cárcere privado, violação de domicílio, estupro, violação de correspondência.
Caso haja concordância do ofendido- atipicidade.
Eutanásia- o paciente, sabendo que possui uma doença incurável solicita ao médico ou a terceiro que o mate, para que ele possa parar ou evitar o sofrimento.
Ortotanásia- morte no seu devido tempo, sem prolongar a vida por meios artificiais.
Distanásia- busca prolongar o processo da morte, futilidade médica pela qual tudo deve ser feito.
Estado de necessidade
Os bens em conflito devem estar amparados pelo ordenamento jurídico.
Salvar de perigo atual e inevitável o direito do próprio agente ou de terceiros, desde que outra conduta não seja exigível.
Sacrifício de um bem para a preservação do outro mais valioso. Art. 24, parágrafos 1 e 2
NATUREZA JURÍDICA
Princípio da ponderação dos bens e valores.
Teoria unitária: bem sacrificado de valor igual ou inferior ao bem preservado.
· Razoabilidade- o bem protegido é de valor normativo igual ou superior a outro.
· Diminuição da pena- de um a dois terços se o interesse sacrificado for superior ao preservado.
Teoria diferenciadora: direito penal alemão, princípio da ponderação dos bens e deveres.
· Justificante- excludente da ilicitude, com sacrifício do bem de menor relevância.
· Exculpante- excludente de culpabilidade, o bem sacrificado é de igual ou maior valor que o protegido. Causa supra-legal
REQUISITOS
1- Situação de necessidade: depende do perigo
· Perigo atual: probabilidade de dano originado pela natureza, animais ou atividade humana.
· Efetivo ou real- perigo concreto.
· Situação presente e iminente- imediato.
· Perigo não provocado voluntariamente pelo agente: o agente que pede pela exclusão não pode ser a pessoa que deu origem ao perigo.
· Infortúnio ou força maior.
· Perigo gerado por dolo- não se aplica a excludente.
· Perigo gerado por culpa- não pode beneficia-lo justificando o cometimento do crime.
· Ameaça a direito próprio ou alheio: legitimidade do bem protegido.
· Ex: Preso não pode matar o carcereiro sob o pretexto de exercício do seu direito à liberdade.
· Só pode salvar um dos bens se este for indisponível.
· Ausência de dever legal de enfrentar o perigo: quem possui o mandamento legal tem o dever de se submeter a situação de perigo (ex: policial, bombeiro), não pode sacrificar bem de terceiro.
· Ex: Bombeiro destruir casa vizinha para salvar morador quando pode salvá-lo por meios menos lesivos.
· Razoabilidade do perigo- não precisa de ato extremo.
2- Fato necessário:
· Inevitabilidade do perigo por outro modo: quando não há outra opção.
· Caráter subsidiário se o agente puder evitar, não será amparado.
· Preferir: a) deixar de praticar a conduta ou, b) escolher a ação menos gravosa para a vítima.
· Ex: se o agente pode fugir do animal ao invés de matá-lo, deve preferir fugir.
· Proporcionalidade e Razoabilidade: equilíbrio dos bens jurídicos.
· Entre o sacrificado e o preservado, quando este tem valor igual ou maior que o outro.
· Razoabilidade do sacrifício nas circunstâncias concretas.
ESPÉCIES DE ESTADO DE NECESSIDADE
1- Quanto ao bem sacrificado:
· Justificante: bem de menor ou igual valor para salvar outro de maior ou igual valor. Ex: agente mata animal agressivo que pertence a terceiro para salvar uma criança.
· Exculpante: sacrifício de um bem de maior valor para salvar outro de menor valor. Ex: arqueólogo, que há anos buscava uma relíquia famosa, para salvá-la deixa perecer um dos passageiros do navio.
2- Quanto a titularidade do bem preservado:
· Próprio: do agente que atua.
· Terceiro: vítima diversa.
3- Quanto a origem do perigo:
· Defensivo: pratica o fato necessitado contra bem pertencente àquele que provocou o perigo. Ex: Pedro, atacado por um cão, vê-se obrigado a mata-lo.
· Agressivo: pratica o “crime” contra o bem pertencente a terceiro inocente. Ex: para prestar socorro a Carlos, Pedro toma o veículo alheio sem permissão do proprietário.
4- Quanto ao aspecto subjetivo do agente:
· Real: situação de perigo que efetivamente existe.
· Putativa: não há situação de perigo. Falsa percepção de realidade, imaginação.
· Escusável: exclui a culpabilidade.
· Inescusável: crime culposo.
CASOS ESPECÍFICOS
Aborto necessário: art.128
Constrangimento necessário: art.146
Violação de domicílio: art.150
Estado de necessidade e erro na execução: quando por acidente ou erro no uso dos meios, atinge a pessoa ou objeto diverso do desejado, para afastar a situação de perigo a bem jurídico próprio ou de terceiros.
Estado de necessidade e dificuldades financeiras: praticar um fato típico comomedida inevitável para a satisfação de necessidade vital. Única opção para sobrevivência. Em últimos casos.
Legítima defesa
Realizado por ser humano e com vontade.
Repelir agressões indevidas a direito seu ou de outrem.
Defesa necessária empreendida contra agressão injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou de terceiros, usando moderadamente os meios necessários.
Agente de segurança pública que livra de agressão a vítima refém. Art. 25, p.u.
Sentido jurídico individual: direito de defender bens individuais.
Sentido jurídico social: quando for essencialmente necessária, cessando no momento em que desaparece o interesse do direito ou há desproporção entre bens.
REQUISITOS
1- Relativos à agressão: conduta humana consciente e voluntária, que lesa ou põe em perigo interesse juridicamente protegido. Exclusiva por ser humano.
· Injustiça: contrária ao ordenamento jurídico.
· Agressão injusta constatada objetivamente.
· Atualidade ou Iminência: que está acontecendo no presente ou que está para acontecer em um futuro imediato.
· Perigo atual= defesa urgente
· Agressão passada= vingança
· Inimizade: não descaracteriza eventual iminência de agressão.
· Atos preparatórios: iminência de ato ilícito. Ex: subtrair a arma do indivíduo que a comprou para matar um terceiro, não constitui furto, agindo em legítima defesa.
· Contra direito próprio ou de terceiros: quem estiver defendendo o bem juridicamente protegido.
· O bem de terceiro defendido deve ser indisponível.
· Ex: Pedro, percebendo que Marco se droga compulsivamente e não aceita conselhos para parar, decide agredi-lo para que desmaie e, assim, pare de ingerir mais cocaína, que o levaria a morte.
2- Relativos à repulsa:
· Utilização dos meios necessários: eficazes e suficientes para repelir a agressão.
· Menos dano possível ao agressor.
· Não há necessidade da fuga do agredido.
· Sem proporção mecânica.
· Ex: alguém atacado com uma barra de ferro pode se defender com uma arma, desde que este seja o único meio a seu alcance para se defender. 
· Não é obrigatório que ele escolha, mas quando tiver a possibilidade deve utilizar o menos gravoso.
· Meio empregado desnecessário= excesso.
· Moderação e proporção: entre a defesa empreendida e o ataque sofrido deve haver uma razoável proporção.
· Medida suficiente para afastar a agressão injusta.
· Proporcionalidade e razoabilidade.
ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA
1- Quanto à forma de reação:
· Agressiva ou ativa: configura um fato típico penal.
· Defensiva ou passiva: impedir atos agressivos.
2- Quanto à titularidade do bem jurídico protegido: próprio ou de terceiros.
3- Quanto ao aspecto subjetivo de quem se defende:
· Real (autêntica): ocorrendo no mundo concreto. É de conhecimento do agente.
· Putativa (imaginária): imaginada pelo agente.
· Erro sobre o tipo permissivo= descriminante putativa.
· Subjetivo: por erro de tipo escusável, excede os limites da legítima defesa. Excesso acidental. Ex: “A”, de porte físico avantajado, parte para cima de “B”, para agredi-lo. Este, entretanto, consegue acertar um golpe violento, fazendo seu inimigo desmaiar. Não percebe, contudo, que “A” estava inconsciente e, com medo de ser agredido, continua a desferir socos desnecessários. Não responde pelo excesso, em face de sua natureza acidental. 
OFENDÍCULOS
Obstáculo, impedimento, aparelho, engenho ou animal utilizado para a proteção de bens e interesses.
Exercício regular do direito: no momento da instalação.
Legítima defesa preordenada: no momento do funcionamento do obstáculo.
QUESTÕES POLÊMICAS
Legitima defesa sucessiva; legítima defesa recíproca; legítima defesa e aberractio ictus; simultâneo com estado de necessidade; contra inimputável; contra estado de necessidade; contra provocação injusta; contra multidão; contra pessoa jurídica; contra castigo dos pais; legítima defesa.
Estrito cumprimento do dever legal
Ação praticada em cumprimento de um dever imposto pela lei. Prática de um fato típico.
Determinações Genéricas.
Ex: art. 150- violação de domicílio; art. 163- crime de dano; art. 245, parágrafo 2º, CPP. No cumprimento de buscas domiciliares, em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
Deve ficar adstrito ao que a lei/determinação manda. O limite é estabelecido pela própria lei que autoriza a ação.
Excesso no exercício de dever= abuso de autoridade. Dando direito de legítima defesa ao ofendido.
Exercício regular de um direito
Desempenho de uma atividade ou conduta autorizada por lei. Torna lícito um fato típico.
Ex: Se um particular, visualizando a prática de um crime, efetua a prisão em flagrante do seu autor, não pode ser imputado a ele o crime de constrangimento ilegal, em razão da permissão contida no art. 301 do CPP.
O limite do lícito termina onde começa o abuso.
O ordenamento autoriza o agente a agir, mas ele tem o direito de escolha, podendo exercer ou não o direito assegurado. 
O direito assegurado é advindo de leis, regulamentos, costumes.
QUESTÕES POLÊMICAS
Trote acadêmico; castigo dos pais; lesões praticadas no futebol; intervenção médica ou cirúrgica; testemunhas de jeová.
Excesso no contexto das excludentes da ilicitude
Intensificação desnecessária de um fato típico inicialmente amparado por uma justificação.
Mesmo depois de cessar a agressão o agente não interrompe seus atos.
MODALIDADES DE EXCESSO
Excesso doloso: consciente e propositadamente causa ao agressor, ao se defender, maior lesão do que seria necessário. Raiva, ódio, vingança, etc.
· Erro de proibição indireto: acredita que a justificativa ainda existe.
Excesso culposo: decorre da falta de dever de cuidado objetivo ao repelir a agressão.
Excesso Intensivo ou próprio: ainda presentes os pressupostos das causas de exclusão de ilicitude. Defende-se de forma desproporcional.
Excesso Extensivo ou impróprio: não estão mais presentes os pressupostos das causas de exclusão de ilicitude. O agente ofende o bem jurídico alheio.
Excesso exculpante: causa supralegal, decorrente de medo, surpresa e caracteriza uma ação emocional.
· Reação não dolosa nem culposa.
· Ex: agente, ao se defender de um ataque inesperado e violento, apavora-se e atira várias vezes, mais do que o necessário para repelir o ataque, matando o agressor.
Excesso acidental: decorrente de caso fortuito. 
· Resultado excessivo, mas não pela conduta praticada. Excesso penalmente irrelevante.
· Ex: O agente reage ao assalto com tiros e o assaltante cai num gramado sobrevivendo. Na mesma situação, se ele tivesse caído no asfalto, batendo a cabeça no cordão da calçada e tivesse morrido em razão da queda associada aos tiros – o resultado final caracterizaria o excesso não a conduta praticada.
Excesso na causa: inferioridade do valor do bem ou interesse defendido. Ponderação entre os bens.
· Pedro querendo evitar que seu maço de cigarros seja furtado, cause a morte daquele que tentava subtraí-lo; há uma nítida desproporção.

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