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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO QUESTÕES SOBRE A AULA ................................................................................................................................. 2 GABARITO .......................................................................................................................................................... 8 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................................. 9 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 QUESTÕES SOBRE A AULA 1. No flagrante preparado, forjado ou esperado, a polícia, tomando ciência de que determinada infração ocorrerá em certo dia, hora e local, antecipa-se ao criminoso e, aguardando em atuação passiva a iniciativa delituosa, realiza a prisão quando deflagrados os atos executórios, razão pela qual o STF entende ser hipótese de crime impossível. Certo ( ) Errado ( ) 2. Por completa falta de amparo legal, não se admite o flagrante forjado, que constitui, em tese, crime de abuso de poder, podendo ser penalmente responsabilizado o agente que forjou o flagrante. Certo ( ) Errado ( ) 3. Em meados de julho do corrente ano, X, Y e Z associaram-se, com vontade associativa permanente, a fim de praticarem tráfico ilícito de substância entorpecente. No dia 13 de agosto, por volta das 13 h, agentes de polícia federal, passando-se por compradores, adentraram na residência de Z e, em cumprimento a mandado de busca, efetuaram a prisão em flagrante de X, Y e Z, que detinham em depósito, para negócio, doze quilos de cocaína. Com referência à situação hipotética apresentada e a considerações penais correlatas, julgue o item que se segue. Na situação em apreço, o flagrante deveria ser considerado nulo, por ter sido preparado ou provocado pelos agentes policiais e por não ter ocorrido nenhum ato de traficância. Certo ( ) Errado ( ) 4. A queixa-crime é imprescindível à prisão em flagrante no caso de crimes sujeitos à ação penal privada Certo ( ) Errado ( ) 5. Suponha que policiais civis, investigando a conduta de Carlos, imputável, suspeito de tráfico internacional de drogas, tenham-no observado no momento da obtenção de grande quantidade de cocaína, acompanhando veladamente a guarda e o depósito do entorpecente, antes de sua destinação ao exterior. Buscando obter maiores informações sobre o propósito de Carlos quanto à destinação da droga, mantiveram o cidadão sob vigilância por vários dias e lograram a apreensão da droga, em pleno transporte, ainda em território nacional. A ação da polícia resultou na prisão em flagrante de Carlos e de outros componentes da quadrilha por tráfico de drogas. Nessa situação, ficou evidenciada a hipótese de flagrante provocado, inadmissível na legislação brasileira. Certo ( ) Errado ( ) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 6. Segundo o CPP, apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. Certo ( ) Errado ( ) 7. Segundo o CPP, na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, independentemente de ter prestado o compromisso legal. Certo ( ) Errado ( ) 8. Em face da característica da discricionariedade presente no inquérito policial, é correto dizer que cabe ao Delegado de Polícia escolher, segundo sua conveniência e oportunidade, quem (condutor, testemunha e conduzido) vai ouvir e em qual ordem. Certo ( ) Errado ( ) 9. A apresentação espontânea do sujeito ativo do crime não impede a prisão em flagrante vez que não há tal expressa previsão legal. Ademais, não cabe à Autoridade Policial se imiscuir na existência de excludentes de ilicitude. Certo ( ) Errado ( ) 10. A prisão em flagrante é legal ainda que se trate de crime sujeito à ação penal pública condicionada. É teratológica a conclusão que aponta em sentido contrário. Certo ( ) Errado ( ) 11. É(São) hipótese(s) de prisão em flagrante admitida(s) no ordenamento jurídico brasileiro: I. flagrante presumido. II. flagrante esperado. III. flagrante provocado. IV. flagrante próprio. V. flagrante forjado. Estão corretas as seguintes assertivas: a) Quatro alternativas estão corretas. b) Todas as alternativas estão corretas. c) Apenas uma alternativa está correta. d) Duas alternativas estão corretas. e) Três alternativas estão corretas. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 12. Sobre a prisão em flagrante, analise as afirmativas a seguir. I. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. II. O flagrante esperado é considerado lícito pela jurisprudência amplamente majoritária dos Tribunais Superiores. III. A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante. Nesse caso, bastará a assinatura do condutor. a) Somente as afirmativas I e III estão corretas. b) Somente a afirmativa I está correta. c) Somente a afirmativa III está correta. d) Somente as afirmativas I e II estão corretas. e) Somente as afirmativas II e III estão corretas. 13. Correlacione a segunda coluna de acordo com a primeira, considerando as modalidades de flagrante com os seus respectivos conceitos. ( 1 ) Flagrante próprio ( 2 ) Flagrante impróprio ( 3 ) Flagrante ficto ou assimilado ( 4 ) Flagrante esperado ( 5 ) Flagrante preparado ( ) Ocorre quando o agente é preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. ( ) Ocorre quando a ação policial aguarda o momento da prática delituosa, valendo-se de investigação anterior, para efetivar a prisão, sem utilização de agente provocador. ( ) Ocorre quando o agente é perseguido, logo após cometer o delito, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração. ( ) Ocorre quando alguém provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo em que toma providências para que o mesmo não se consume. ( ) Ocorre quando o agente é surpreendido cometendo uma infração penal ou quando acaba de cometê-la. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) 4 - 3 - 2 - 1 - 5 b) 2 - 4 - 1 - 5 - 3 c) 5 - 1 - 3 - 2 - 4 d) 3 - 4 - 2 - 5 - 1 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 14. Caso o agente, logo após a prática do crime, embora não tenha sido perseguido, seja encontrado portando instrumentos, armas e documentos que demonstrem, por presunção lógica, ser ele o autor, a autoridade policial efetuará a seguinte espécie de prisão em flagrante: a) Esperado b) Forjado c) Induzido d) Retardado ou diferido e) Presumido 15. Com relação à prisão em flagrante, assinale a afirmativa correta. a) O flagrante impróprio é aquele em que o agente é preso quando está cometendo a infração penal ou logo após cometê-la. b) O flagrante esperado se diferencia do flagrante preparado, pois naquele está presente a figura do agente provocador, enquanto neste não encontramos tal figura. c) O flagrante forjado não é considerado ilegal. d) O flagrante protelado ou diferido é aquele em que a prisão em flagrante é retardada para um momento posterior ao cometimento do crime, mais adequado do ponto de vista da persecução penal. e) Tanto o flagrante esperado quanto o flagrante provocado são considerados ilegais pela doutrina amplamente majoritária, tendoem vista que configuram hipótese de crime impossível. 16. Dois agentes policiais extremamente competentes, tomando conhecimento de que um homem vendia drogas em determinado local, fizeram-se passar por usuários e encomendaram ao traficante um quilo de maconha. No local e no dia aprazados, quando o homem entregou a droga aos agentes disfarçados, estes lhe deram voz de prisão, conduzindo-o à autoridade policial para que fosse lavrado o auto de prisão em flagrante. Com base nessa narrativa, é correto afirmar: a) O delegado deve determinar a lavratura do auto de prisão em flagrante, por se tratar de tráfico ilícito de drogas, caracterizando a figura do flagrante esperado. b) A prisão é ilegal, pois se trata de flagrante forjado. c) A prisão é ilegal, pois se trata de flagrante preparado. d) O delegado, por ser hipótese em que o preso se livra solto, deve lavrar o Termo Circunstanciado e liberá-los em seguida. e) O flagrante é válido, porquanto estão presentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 17. A prisão em flagrante consiste em medida restritiva de liberdade de natureza cautelar e processual. Em relação às espécies de flagrante, assinale a alternativa correta. a) Flagrante próprio constitui-se na situação do agente que, logo depois, da prática do crime, embora não tenha sido perseguido, é encontrado portando instrumentos, armas, objetos ou papéis que demonstrem, por presunção, ser ele o autor da infração. b) Flagrante preparado é a possibilidade que a polícia possui de retardar a realização da prisão em flagrante, para obter maiores dados e informações a respeito do funcionamento, componentes e atuação de uma organização criminosa. c) Flagrante presumido consiste na hipótese em que o agente concluiu a infração penal, ou é interrompido pela chegada de terceiros, mas sem ser preso no local do delito, pois consegue fugir, fazendo com que haja perseguição por parte da polícia, da vítima ou de qualquer pessoa do povo. d) Flagrante esperado é a hipótese viável de autorizar a prisão em flagrante e a constituição válida do crime. Não há agente provocador, mas simplesmente chega à polícia a notícia de que um crime será cometido, deslocando agentes para o local, aguardando-se a ocorrência do delito, para realizar a prisão. e) Flagrante impróprio refere-se ao caso em que a polícia se utiliza de um agente provocador, induzindo ou instigando o autor a praticar um determinado delito, para descobrir a real autoridade e materialidade de outro. 18. Compreendido o conceito de flagrante delito, pode-se definir a prisão em flagrante como uma medida de autodefesa da sociedade, consubstanciada na privação da liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação de flagrância, a ser executada independentemente de prévia autorização judicial (CF, Art. 5°, LXI). Face ao exposto, a afirmativa CORRETA afeta ao instituto do “flagrante” no âmbito do Processo Penal é: a) No flagrante presumido, ficto ou assimilado, o agente é preso logo depois de cometer a infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração (CPP, Art. 302, IV). Nesse caso, a lei não exige que haja perseguição, bastando que a pessoa seja encontrada logo depois da prática do ilícito com coisas que traduzam um veemente indício da autoria ou participação no crime. b) Quando da lavratura do Auto de Prisão em flagrante, o escrivão de polícia, independentemente da presença da Autoridade Policial, deverá proceder à oitiva do conduzido, do condutor e de duas testemunhas que presenciaram toda a ação policial que culminou na apreensão do conduzido. c) Teremos a figura do flagrante esperado quando alguém (particular ou autoridade policial), de forma insidiosa, instiga o agente à prática do delito com o objetivo de prendê- lo em flagrante, ao mesmo tempo em que adota todas as providências para que o delito não se consume. Como adverte a doutrina, nessa hipótese de flagrante, o suposto autor do delito não passa de um protagonista inconsciente de uma comédia, cooperando para a ardilosa averiguação da autoria de crimes anteriores, ou da simulação da exterioridade de um crime. d) Teremos a figura do flagrante provocado quando, valendo-se de investigação anterior, sem a utilização de um agente provocador, a autoridade policial ou terceiro limita-se a aguardar o momento do cometimento do delito para efetuar a prisão em flagrante, respondendo o agente pelo crime praticado na modalidade consumada, ou, a depender do caso, tentada. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 19. No que toca à prisão em flagrante, é correto afirmar que: a) Pode ser analiticamente dividida nas seguintes fases (todas imprescindíveis): captura, condução coercitiva e auto de prisão em flagrante b) A prisão em flagrante de indivíduo que praticou um crime de ação penal pública condicionada ou ação penal privada é plenamente possível desde que haja a prévia manifestação da vítima. c) A prisão em flagrante de indivíduo que praticou um crime de ação penal pública condicionada ou ação penal privada é plenamente possível ainda que não haja a prévia manifestação da vítima. Em qualquer caso, porém, pode a Autoridade Policial, discricionariamente, optar por lavrar um auto de prisão em flagrante ou um boletim de ocorrência. d) Apresentando-se espontaneamente o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. e) Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja. 20. O policial civil “Tício”, visando à prisão de “Mévio”, conhecido traficante da Capital, se passou por consumidor e dele comprou 10 papelotes de cocaína, provocando a negociação (venda da droga). Quando o traficante retirou a droga e a entregou para o policial, outros dois policiais civis, “Caio” e “Linus”, efetuaram a prisão de “Mévio” em flagrante delito. Nesse caso, é correto afirmar que: a) a prisão em flagrante do traficante é ilegal, pois a negociação (venda) configura delito putativo por obra do agente provocador, configurando, portanto, crime impossível. b) a prisão em flagrante do traficante é lícita e não se dá pela compra e venda simulada, mas sim pelo fato de o traficante, espontaneamente, trazer consigo droga, que é uma modalidade permanente do crime em questão. c) a prisão em flagrante do traficante é lícita, mas o policial civil “Tício” deverá também responder por crime de tóxico, pois adquiriu ilicitamente substância entorpecente. d) a prisão em flagrante do traficante é ilícita, pois os agentes induziram a prática criminosa, devendo os policiais civis “Tício”, “Caio” e “Linus” responder por crime de abuso de autoridade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 GABARITO 1. ERRADO 2. CERTO 3. ERRADO 4. ERRADO 5. ERRADO 6. CERTO 7. ERRADO 8. ERRADO 9. ERRADO 10. CERTO 11. E 12. D 13. D 14. E 15. D 16. C 17. D 18. A 19. E 20. B https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 QUESTÕES COMENTADAS 1. No flagrante preparado, forjado ou esperado, a polícia, tomando ciência de que determinada infração ocorrerá em certo dia, hora e local, antecipa-se ao criminoso e, aguardando em atuação passiva a iniciativa delituosa, realiza a prisão quando deflagrados os atos executórios, razão pela qual o STF entende ser hipótese de crime impossível. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDANo flagrante preparado, forjado ou esperado, a polícia, tomando ciência de que determinada infração ocorrerá em certo dia, hora e local, antecipa-se ao criminoso e, aguardando em atuação passiva a iniciativa delituosa, realiza a prisão quando deflagrados os atos executórios, razão pela qual o STF entende ser hipótese de crime impossível. SOLUÇÃO COMPLETA essa questão fez um mix de conceitos. Vamos trabalhar um a um e, assim, a coisa toda fica mais fácil. É como costumo dizer: vamos colocar cada coisa na sua devida gaveta. E, para tanto, valemo-nos dos ensinamentos de Rogério Sanches (CUNHA, Rogério Sanches. Código de Processo Penal e lei de Execução Penal comentados por artigos / Rogério Sanches Cunha, Ronaldo Batista Pinto. 4. ed. rev. e atual. Salvador: JusPodivm, 2020.). Na página 302 e seguintes da referida obra consta o seguinte: Flagrante preparado – também chamado de flagrante provocado, ocorre quando alguém, de maneira maliciosa, induz (provoca) o agente à prática de um crime e, ao mesmo tempo, impede que ele possa se consumar. Exemplo clássico é o da patroa que, desconfiada da empregada, deixa dinheiro ostensivamente à mostra enquanto vigia por detrás da porta. No momento em que a empregada toma o dinheiro ela a surpreende, tornando impossível a consumação do delito em vista da cilada que montou. Vê-se que o agente é colocado em uma situação para cometer o delito (também chamado de crime de ensaio), que, porém, não se concretiza em virtude da precaução que sobre ele é tomada, que pode ser exercida pela ofendida, como em nosso exemplo, ou mesmo por agentes policiais ou terceiros. Segundo a Súmula 145 do STF, não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. É uma modalidade de crime impossível, na qual, embora existindo o elemento subjetivo (a empregada quis furtar o dinheiro), o elemento objetivo desaparece na medida em que são tomadas cautelas que impedem a consumação do delito. Questão discutida constantemente é aquela na qual um policial, passando-se por viciado, adquire drogas de um traficante para, em seguida, dar-lhe voz de prisão. Parte da jurisprudência entende se tratar de verdadeiro flagrante preparado, já que foi a iniciativa do policial que induziu, provocou, incentivou a ação do agente. A maioria, porém, com apoio inclusive do STF, entende que o flagrante é válido, pois o crime se consumara anteriormente, quando o traficante trazia consigo a droga que foi, posteriormente, entregue ao policial disfarçado. Ou seja, o autuado já trazia https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 consigo a droga, para entrega a terceiros, consumando aí o delito, sendo irrelevante a ação policial. Daí a possibilidade de sua prisão em flagrante. Flagrante forjado – também denominado flagrante fabricado, é obviamente ilegal, consistente na ação de policiais (ou mesmo de terceiros), que criam provas contra o suposto delinquente, como, por exemplo, fazendo inserir em seu bolso substância entorpecente. Além de ilegal e arbitrário, sujeita os agentes à prática de abuso de autoridade ou de denunciação caluniosa. Flagrante esperado – ocorre quando a polícia, quase sempre por meio de uma denúncia anônima, arma uma estratégia para culminar com a prisão do criminoso. Aqui a autoridade não induz o agente, mas, simplesmente, aguarda o desenrolar dos fatos, deixando-o agir livremente, até o momento oportuno em que efetua a prisão. Imagine-se o exemplo no qual policiais vigiam, de longe, o entra e sai constante de pessoas de uma casa, sob suspeita de aquisição de drogas. Em dado instante, parecendo conveniente, os policiais ingressam na residência e, confirmando as suspeitas, prendem o traficante com grande quantidade de entorpecente. Nessa hipótese, o flagrante é plenamente válido, conforme entendimento unânime da doutrina e jurisprudência. Você percebeu que o flagrante preparado é diferente de flagrante forjado e de flagrante esperado? São três coisas diferentes! Então, para o bom andamento dessa aula, eu sugiro que você leia e releia com muita atenção aos conceitos. Assim, no momento da sua prova, você não errará nenhuma questão! Memorize: Flagrante esperado – válido! Flagrante forjado – obviamente é uma prática não aceita! E ainda dizemos mais: A nova lei de abuso de autoridade trouxe interessante dispositivo, vejamos: Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Flagrante provocado – é um crime impossível, segundo o STF. STJ: No flagrante esperado, a polícia tem notícias de que uma infração penal será cometida e passa a monitorar a atividade do agente de forma a aguardar o melhor momento para executar a prisão, não havendo que se falar em ilegalidade do flagrante. RHC 103456/PR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 06/11/2018, DJe 14/11/2018 AgRg no HC 438565/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 19/06/2018, DJe 29/06/2018 AgRg no AREsp 377808/MS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe 22/09/2017 1. Não se constata a alegada ilegalidade do flagrante, cumprindo registrar que, no flagrante preparado, a polícia provoca o agente a praticar o delito e, ao mesmo tempo, impede a sua consumação, cuidando-se, assim, de crime impossível; ao passo que no flagrante forjado a conduta do agente é criada pela polícia, tratando-se de fato atípico. Hipótese totalmente diversa é a do flagrante esperado, em que a polícia tem notícias de que uma infração penal será cometida e aguarda o momento de sua consumação para executar a prisão. (HC https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 11 307.775/GO, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 11/03/2015). Já é firme, nesta Corte, o entendimento segundo o qual não há falar em flagrante preparado, mas esperado, se a vítima ou a polícia não induz o agente à prática do delito, limitando-se a surpreender o agente quando o crime já está consumado. HC 29779 / SP HABEAS CORPUS 2003/0141842-4 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 12 2. Por completa falta de amparo legal, não se admite o flagrante forjado, que constitui, em tese, crime de abuso de poder, podendo ser penalmente responsabilizado o agente que forjou o flagrante. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO CERTO SOLUÇÃO RÁPIDA Por completa falta de amparo legal, não se admite o flagrante forjado, que constitui, em tese, crime de abuso de poder, podendo ser penalmente responsabilizado o agente que forjou o flagrante. SOLUÇÃO COMPLETA A afirmativa trazida está perfeita! O flagrante forjado é, na verdade, uma prática criminosa por parte do policial (ou terceiro) que cria um flagrante contra alguém. Vejamos o exemplo: uma equipe de policiais, em uma blitz, para um veículo e pede para o motorista se identificar, descer do veículo e abrir o porta-malas. Nesse momento, um dos policiais, identifica o motorista como seu antigo desafeto. No momento em que o motorista abre o porta-malas, o tal policial “joga” alguns saquinhos de cocaína no porta-luvas do veículo. Depois, ao verificar o interior do veículo, encontra a tal droga e prende o indivíduo em flagrante. Ora, é evidente a ilegalidade da conduta do policial. Esse é o flagrante forjado! Na verdade, nunca houve situação de flagrante delito algum! Nucci (Nucci, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal / Guilherme deSouza Nucci. 13. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016): Trata-se de um flagrante totalmente artificial, pois integralmente composto por terceiros. É fato atípico, tendo em vista que a pessoa presa jamais pensou ou agiu para compor qualquer trecho da infração penal. Imagine-se a hipótese de alguém colocar no veículo de outrem certa porção de entorpecente, para, abordando-o depois, conseguir dar voz de prisão em flagrante por transportar ou trazer consigo a droga. A mantença do entorpecente no automóvel decorreu de ato involuntário do motorista, motivo pelo qual não pode ser considerada conduta penalmente relevante. Pacelli (Curso de processo penal / Eugênio Pacelli. – 21. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017): A primeira é a do flagrante forjado, em que não existe qualquer situação de flagrante nem a prática de qualquer infração, ao menos no momento em que se pretende vê-lo realizado. Ocorre, em regra, diante de suposta criminalidade habitual, quando os agentes policiais plantam, isto é, forjam, a prova de um crime atual para incriminar determinada pessoa. Evidentemente, a única consequência jurídica que se pode extrair de semelhante manobra é a punição de seus idealizadores e executores, por manifesta violação do direito. Segundo a Nova Lei de Abuso de Autoridade: Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 13 3. Em meados de julho do corrente ano, X, Y e Z associaram-se, com vontade associativa permanente, a fim de praticarem tráfico ilícito de substância entorpecente. No dia 13 de agosto, por volta das 13 h, agentes de polícia federal, passando-se por compradores, adentraram na residência de Z e, em cumprimento a mandado de busca, efetuaram a prisão em flagrante de X, Y e Z, que detinham em depósito, para negócio, doze quilos de cocaína. Com referência à situação hipotética apresentada e a considerações penais correlatas, julgue o item que se segue. Na situação em apreço, o flagrante deveria ser considerado nulo, por ter sido preparado ou provocado pelos agentes policiais e por não ter ocorrido nenhum ato de traficância. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA Em meados de julho do corrente ano, X, Y e Z associaram-se, com vontade associativa permanente, a fim de praticarem tráfico ilícito de substância entorpecente. No dia 13 de agosto, por volta das 13 h, agentes de polícia federal, passando-se por compradores, adentraram na residência de Z e, em cumprimento a mandado de busca, efetuaram a prisão em flagrante de X, Y e Z, que detinham em depósito, para negócio, doze quilos de cocaína. Com referência à situação hipotética apresentada e a considerações penais correlatas, julgue o item que se segue. Na situação em apreço, o flagrante deveria ser considerado nulo, por ter sido preparado ou provocado pelos agentes policiais e por não ter ocorrido nenhum ato de traficância. SOLUÇÃO COMPLETA Convém perceber que não se trata de flagrante preparado ou provocado. Os agentes de polícia em nada induziram ou provocaram a ação criminosa de tais indivíduos. Ademais, é errado dizer que “não ter ocorrido nenhum ato de traficância”, vez que o crime de tráfico de drogas do Art. 33 da lei 11.343/06 tem vários núcleos verbais da conduta típica que apontam para a prática de crimes permanentes, e.g., ter em depósito e guardar. Destaca-se mais um detalhe: o crime do Art. 35 da citada lei é o de associação para o tráfico. Enquanto houver a associação, marcada pela estabilidade e permanência, há o crime, logo, há o flagrante, ainda que nenhum tráfico seja realizado. Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa. STJ: O tipo penal descrito no art. 33 da Lei n. 11.343/2006 é de ação múltipla e de natureza permanente, razão pela qual a prática criminosa se consuma, por exemplo, a depender do caso concreto, nas condutas de "ter em depósito", "guardar", https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 14 "transportar" e "trazer consigo", antes mesmo da atuação provocadora da polícia, o que afasta a tese defensiva de flagrante preparado. AgRg no AREsp 1353197/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 19/12/2018 REsp 1556355/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/10/2018, DJe 16/10/2018 Memorize este recentíssimo julgado: 1. No flagrante preparado, a polícia provoca o agente a praticar o delito e, ao mesmo tempo, impede a sua consumação, cuidando-se, assim, de crime impossível, ao passo que no flagrante forjado a conduta do agente é criada pela polícia, tratando- se de fato atípico. 2. No caso dos autos, embora os policiais tenham simulado a compra dos entorpecentes e a transação não ter se concluído em razão da prisão em flagrante dos acusados, o certo é que, antes mesmo do referido fato, o crime de tráfico já havia se consumado em razão de os sentenciados, tanto o corréu quanto o agravante, terem guardado em depósito e trazido consigo as drogas apreendidas, condutas que, a toda evidência não foram instigadas ou induzidas pelos agentes, o que afasta a mácula suscitada na impetração. Precedentes do STJ e do STF. (grifo nosso). AgRg no AREsp 1579303 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2019/0271016-2 06/02/2020 T5 - QUINTA TURMA Ministro JORGE MUSSI. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 15 4. A queixa-crime é imprescindível à prisão em flagrante no caso de crimes sujeitos à ação penal privada. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA A queixa-crime é imprescindível à prisão em flagrante no caso de crimes sujeitos à ação penal privada. SOLUÇÃO COMPLETA O que é algo imprescindível? É algo necessário, é algo que deve existir. A questão trouxe uma mistura de conceitos. Vamos separá-los: Renato Brasileiro (Lima, Renato Brasileiro de Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima - 7. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2019): No silêncio da lei, a ação penal é pública incondicionada. Há, porém, situações em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou ao seu representante legal, a eles concedendo o jus persequendi in judicio. E o que ocorre na ação penal de iniciativa privada, verdadeira hipótese de legitimação extraordinária (ou substituição processual), já que o ofendido age, em nome próprio, na defesa de um interesse alheio, pois o Estado continua sendo o titular da pretensão punitiva. Na ação penal de iniciativa privada, o autor da demanda é denominado de querelante, ao passo que o acusado é chamado de querelado, sendo a peça acusatória chamada de queixa-crime. (grifo nosso). Percebe-se que a queixa-crime é uma peça inicial acusatória imprescindível ao início de uma ação penal privada e nada tem a ver com o momento da prisão em flagrante. O que é absolutamente necessário é o requerimento da vítima para que, após conduzido à Autoridade Policial, esta possa lavrar o Auto de Prisão em Flagrante. CPP, Art. 5°, §5° Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Renato Brasileiro (obra já citada): Dentre as causas mais comuns que ensejam o relaxamento da prisão, podemos citar, a título de exemplo: (...) 7) ausência de requerimento da vítima em se tratando de prisão em flagrante por crime de ação penal privada. Nucci (obra já citada): Indispensabilidade do requerimento: quando se tratar de crime de ação privada, cuja iniciativa é do particular, não há representação, uma vez que o Ministério Público não é legitimado a agir. Assim, para que o inquérito seja instaurado, deve haver requerimento expresso do ofendido, que demonstra, então, o seu objetivo de, futuramente, ingressar com a ação penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 16 5. Suponha que policiais civis, investigando a conduta de Carlos, imputável, suspeito de tráfico internacional de drogas, tenham-no observado no momento da obtenção de grande quantidade de cocaína, acompanhando veladamente a guarda e o depósito do entorpecente, antes de sua destinação ao exterior. Buscando obter maiores informações sobre o propósito de Carlos quanto à destinação da droga, mantiveram o cidadão sob vigilância por vários dias e lograram a apreensão da droga, em pleno transporte, ainda em território nacional. A ação da polícia resultou na prisão em flagrante de Carlos e de outros componentes da quadrilha por tráfico de drogas. Nessa situação, ficou evidenciada a hipótese de flagrante provocado, inadmissível na legislação brasileira. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA Suponha que policiais civis, investigando a conduta de Carlos, imputável, suspeito de tráfico internacional de drogas, tenham-no observado no momento da obtenção de grande quantidade de cocaína, acompanhando veladamente a guarda e o depósito do entorpecente, antes de sua destinação ao exterior. Buscando obter maiores informações sobre o propósito de Carlos quanto à destinação da droga, mantiveram o cidadão sob vigilância por vários dias e lograram a apreensão da droga, em pleno transporte, ainda em território nacional. A ação da polícia resultou na prisão em flagrante de Carlos e de outros componentes da quadrilha por tráfico de drogas. Nessa situação, ficou evidenciada a hipótese de flagrante provocado, inadmissível na legislação brasileira SOLUÇÃO COMPLETA A ação policial apontada na questão foi uma ação controlada ou flagrante prorrogado plenamente admitido no ordenamento jurídico pátrio. Acerca do flagrante preparado ou provocado, remetemos o aluno aos comentários anteriores. Vamos conversar agora sobre o flagrante prorrogado (também chamado de ação controlada). Renato Brasileiro (obra já citada): A depender do caso concreto, é estrategicamente mais produtivo, sob o ponto de vista da colheita de provas, evitar a prisão prematura de integrantes menos graduados de determinada organização criminosa, pelo menos num primeiro momento, de modo a permitir o monitoramento de suas ações e subsequente identificação e prisão dos demais membros, notadamente daqueles que exercem o comando da societas criminis. Exsurge daí a importância da chamada ação controlada, que consiste no retardamento da intervenção do aparato estatal, que deve ocorrer num momento mais oportuno sob o ponto de vista da investigação criminal. Cuida-se de importante técnica especial de investigação, prevista expressamente na Lei de Drogas (Lei n° 11.343/06, Art. 53, II), na Lei de Lavagem de Capitais (Lei n° 9.613/98, Art. 4º- B, com redação dada pela Lei n° 12.683/12) e na nova Lei das Organizações Criminosas (Lei n° 12.850/13, Art. 8º). De acordo com o Art. 53, inciso II, da Lei de Drogas, em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes ali previstos, é permitida, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, a não atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 17 sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Nesse caso, a autorização judicial fica condicionada ao conhecimento do itinerário provável e da identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. (...) a ação controlada funciona como uma autorização legal para que a prisão em flagrante seja retardada ou protelada para outro momento, que não aquele em que o agente está em uma situação de flagrância (CPP, Art. 302). Daí por que é chamada de flagrante prorrogado, retardado, protelado ou diferido. Apresenta-se, pois, como uma mitigação ao flagrante obrigatório, que determina que as autoridades policiais e seus agentes têm o dever de efetuar a prisão em flagrante sempre que se deparam com alguém em situação de flagrância (CP, Art. 301). A título de exemplo, supondo-se uma situação de flagrância envolvendo a prática de roubo por organização criminosa especializada na subtração de cargas, a despeito da obrigação de efetuar a prisão em flagrante por parte da autoridade policial - flagrante obrigatório (CPP, Art. 301, 2a parte) -, esta poderá deixar de fazê-lo, a fim de que seja capaz de identificar os demais integrantes do grupo, assim como o local em que a res furtiva é guardada. Pelo menos enquanto houver sequência de acompanhamento da situação de flagrante próprio, impróprio ou presumido, nos termos dos incisos do Art. 302 do Código de Processo Penal, será possível a execução da prisão dentro dos critérios da prisão em flagrante. Exemplificando, se as autoridades policiais perseguirem determinado integrante de uma organização criminosa logo após a prática do crime, sem solução de continuidade, e sem que o criminoso perceba a perseguição policial, nada impede ulterior prisão em flagrante, haja vista a presença de flagrante impróprio (CPP, Art. 302, III). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 18 6. Segundo o CPP, apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO CERTO SOLUÇÃO RÁPIDA Simples leitura do Art. 304, caput, CPP. SOLUÇÃO COMPLETA Acerca do tema, faço uso das palavras do mestre Nucci (obra já citada): Formalidade do auto de prisão em flagrante: sendo a prisão em flagrante uma exceção à regra da necessidade de existência de ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária, é preciso respeitar, fielmente, os requisitos formais para a lavratura do auto, que substitui o mandado de prisão expedido pelo juiz. Assim, a ordem de inquirição deve ser exatamente a exposta no artigo: condutor, em primeiro lugar, testemunhas, em seguida, e, por último, o indiciado. A inversão dessa ordem deve acarretar o relaxamento da prisão, apurando-se a responsabilidade funcional da autoridade. Na jurisprudência: TJPR: Falta de assinatura de perito no laudo de constatação provisória de substância entorpecente. Omissão que, aliada à falta de outras provas, invalida o ato que comprova a materialidade. Falta de assinatura do condutor, de testemunhas e do escrivão. Nulidade que atinge o auto de prisão em flagrante e impõe o relaxamento (RSE 0609957-2 – PR, 3.ª C.C., rel. Leonardo Lustosa, 17.12.2009). Modificação introduzida pela Lei 11.113/2005: a nova redação do caput do Art. 304 teve uma finalidade prática: liberar o condutor (como regra, trata-se de um policial), para cuidar de seus afazeres,assim que terminar de prestar o seu depoimento. Antes, era preciso aguardar o término do auto de prisão em flagrante (que pode levar muitas horas) para a dispensa do condutor; atualmente, terminadas suas declarações, assinado o termo e com o recibo de entrega do preso em mãos, o condutor pode ir embora. O mesmo ocorrerá no tocante às testemunhas. Cada uma, assim que for ouvida, assina o termo e é dispensada. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 19 7. Segundo o CPP, na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, independentemente de ter prestado o compromisso legal. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA Segundo o CPP, na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, independentemente de ter prestado o compromisso legal. SOLUÇÃO COMPLETA Nucci (obra já citada): Escrivão: é o funcionário do Estado encarregado de lavrar o auto, presidido pela autoridade. Na sua falta, será substituído por pessoa capaz, devidamente nomeada pela própria autoridade, prestando o compromisso legal de bem desempenhar a sua função. Renato Brasileiro (obra já citada): Em regra, o auto de prisão em flagrante deve ser lavrado pelo escrivão, na presença do Delegado de Polícia. Na falta ou impedimento do escrivão, permite a lei que a autoridade designe qualquer pessoa para tal função, desde que preste o compromisso legal anteriormente (CPP, Art. 305, caput). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 20 8. Em face da característica da discricionariedade presente no inquérito policial, é correto dizer que cabe ao Delegado de Polícia escolher, segundo sua conveniência e oportunidade, quem (condutor, testemunha e conduzido) vai ouvir e em qual ordem.Erro! Fonte de referência não encontrada. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA Em face da característica da discricionariedade presente no inquérito policial, é correto dizer que cabe ao Delegado de Polícia escolher, segundo sua conveniência e oportunidade, quem (condutor, testemunha e conduzido) vai ouvir e em qual ordem. SOLUÇÃO COMPLETA A questão traz duas afirmativas estabelecendo entre elas uma relação de causa e efeito. Perceba a construção lógica das suas questões e a solução fica mais simples. Primeira afirmativa: o inquérito tem a característica da discricionariedade. Segunda afirmativa: o Delegado pode escolher quem ouvir e em qual ordem. A primeira afirmativa está certa. Uma das características do inquérito policial é a discricionariedade, ou seja, pode, sim, o Delegado, segundo sua conveniência e oportunidade, escolher qual ou quais diligências realizar a depender do contexto fático apresentado. Não se trata de arbitrariedade! Os limites constitucionais e legais são respeitados. O contrário de ato discricionário é ato vinculado. Grave assim: no ato discricionário, o administrador anda em uma trilha; no ato vinculado, num trilho. A trilha tem limites constitucionais e legais. Dentro desses limites, pode o administrador agir, sempre tendo como finalidade o interesse público. No ato vinculado, a Constituição e leis já impõem um agir. É um trilho. Renato Brasileiro (obra já citada): Ao contrário da fase judicial, em que há um rigor procedimental a ser observado, a fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Os arts. 6° e 7° do CPP contemplam um rol exemplificativo de diligências que podem ser determinadas pela autoridade policial, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal: conservação do local do fato delituoso, até a chegada dos peritos criminais; apreensão dos instrumentos e objetos que tiverem relação com o fato; colheita de todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; oitiva do ofendido; oitiva do indiciado; reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; exame de corpo de delito e quaisquer outras perícias; identificação do indiciado; averiguação da vida pregressa do indiciado; e reconstituição do fato delituoso. Conquanto tais dispositivos enumerem várias diligências que podem ser determinadas pela autoridade policial, daí não se pode concluir que o Delegado de Polícia esteja obrigado a seguir uma marcha procedimental preestabelecida. Tem-se, nos arts. 6° e 7° do CPP, apenas uma sugestão das principais medidas a serem adotadas pela autoridade policial, o que não impede que outras diligências também sejam realizadas. Discricionariedade implica liberdade de atuação nos limites traçados pela lei. Se a autoridade policial ultrapassa esses limites, sua atuação passa a ser arbitrária, ou seja, contrária à lei. Logo, não se permite à autoridade policial a https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 21 adoção de diligências investigatórias contrárias à Constituição Federal e à legislação infraconstitucional. Quais são as demais características do inquérito? Em apertada síntese, temos: 1) escrito 2) dispensável 3) sigiloso 4) inquisitorial 5) oficial 6) oficioso 7) indisponível 8) temporário A segunda afirmativa está errada. Ela se apresenta como um efeito da primeira afirmativa (que se apresenta como causa). Enfim, não pode o Delegado escolher livremente quem ouvir e quando ouvir. A lei traz uma ordem, que deve ser observada! Renato Brasileiro (obra já citada): Após a oitiva do condutor e das testemunhas, deve a autoridade competente proceder à realização do interrogatório do preso. Conquanto o Código de Processo Penal se refira em seu Art. 304, caput, ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, tecnicamente ainda não há falar em acusado, haja vista não existir peça acusatória imputando-lhe a prática de fato delituoso. Nucci (obra já citada): Preceitua o Art. 304 do Código de Processo Penal que, apresentado o preso à autoridade competente (como regra, é a autoridade policial) ouvirá esta o condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como interrogará o indiciado a respeito da imputação, lavrando-se auto por todos assinado. Há possibilidade legal de ser o auto lavrado pela autoridade judiciária ou mesmo por um parlamentar, como demonstra a Súmula 397 do Supremo Tribunal Federal (O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito). A Lei 11.113/2005 introduziu uma modificação na redação do caput e do § 3.º do Art. 304 do CPP, permitindo que o condutor, após ser ouvido e ter assinado o auto, recebendo cópia do recibo de entrega do preso, possa deixar o local. Na sequência, serão ouvidas as testemunhas e o indiciado, dispensando-se cada um que já tiver prestado seu depoimento. O objetivo da lei é prático: voltou-se à liberação dos policiais que tiverem dado voz de prisão ao autor do crime (o que é comum), na medida em que finalizarem suas declarações. Antes, os policiais e outras testemunhas precisavam assinar o auto de prisão em flagrante somente ao final da sua lavratura, que pode levar muitas horas; atualmente, conforme forem ouvidos, podem deixar o recinto, não necessitando aguardar o término de todas as inquirições para seguir nos seus afazeres. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 22 9. A apresentação espontânea do sujeito ativo do crime não impede a prisão em flagrante vez que não há tal expressa previsão legal. Ademais, não cabe à Autoridade Policial se imiscuir na existência de excludentesde ilicitude. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO ERRADO SOLUÇÃO RÁPIDA A apresentação espontânea do sujeito ativo do crime não impede a prisão em flagrante vez que não há tal expressa previsão legal. Ademais, não cabe à Autoridade Policial se imiscuir na existência de excludentes de ilicitude. SOLUÇÃO COMPLETA Mais uma vez há duas afirmativas. Trata-se de uma clássica questão capciosa da CESPE. Inicia com uma afirmação errada e termina com uma correta. Daí você é “levado” ao erro pelo seu cérebro, que fica com a parte final. Cuidado! O que tem a ver a apresentação espontânea e a prisão em flagrante? Convém perceber o texto do Art. 304, CPP: Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá (...). (grifo nosso). Notou que o preso foi apresentado à autoridade? Em uma leitura a contrario sensu, conclui-se que se o sujeito se apresenta não há a prisão em flagrante. Ademais, qual a finalidade da prisão em flagrante? Cessar a conduta criminosa, condução do preso à autoridade, lavratura do auto de prisão em flagrante e, por fim, encarceramento. Mas se o sujeito se apresenta, por qual razão deve-se prendê-lo? Vamos imaginar que João mate Carlos a tiros. Após o crime, João vai à delegacia, narra o acontecido, entrega a arma do crime e ainda aponta as testemunhas. Ora, é evidente que João está colaborando com a Justiça. O Delegado instauraria um inquérito policial sem, no entanto, prender João em flagrante delito em face de sua apresentação espontânea. O entendimento que vigora é que, nessa situação, não há razão para que João fique preso em flagrante. Agora vem a questão: isso não impede que o Delegado represente por uma prisão preventiva ou temporária do sujeito. Lembre-se de que as razões da prisão em flagrante são diferentes das suas “irmãs”, prisão temporária e prisão preventiva. Digo “irmãs”, uma vez que todas as três prisões são cautelares. Renato Brasileiro (obra já citada): Com o advento da Lei n° 12.403/11, percebe-se que o Capítulo IV, que tratava da apresentação espontânea do acusado, doravante passará a dispor sobre a prisão domiciliar, objeto de nosso estudo mais abaixo. Não obstante tal modificação, queremos crer que a apresentação espontânea continua figurando como causa impeditiva da prisão em flagrante. Afinal, não tem cabimento prender em flagrante o agente que se entrega à polícia, que não o perseguia, e confessa o crime. De mais a mais, quando o agente se apresenta espontaneamente, não haverá flagrante próprio, impróprio, nem tampouco presumido (CPP, Art. 302,I, II, III e IV), desautorizando sua prisão em flagrante. Obviamente, caso o juiz entenda que estão presentes os pressupostos dos Art. 312 e 313 do CPP, nada impede a decretação da prisão preventiva pela autoridade https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 23 judiciária competente, caso se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão previstas no Art. 319 do CPP. A segunda afirmativa da questão é não cabe à Autoridade Policial se imiscuir na existência de excludentes de ilicitude. Realmente, quando do relatório final do inquérito, não cabe ao Delegado se imiscuir por excludentes de ilicitude ou dirimentes de culpabilidade. Você sabe que o crime, segundo a teoria majoritária, tem 3 substratos: fato típico, ilicitude e culpabilidade. O Delegado de Polícia trabalha no fato típico. Simples assim. Nucci (obra já citada): Natureza jurídica da prisão em flagrante: é medida cautelar de segregação provisória, com caráter administrativo, do autor da infração penal. Assim, exige apenas a aparência da tipicidade, não se exigindo nenhuma valoração sobre a ilicitude e a culpabilidade, outros requisitos para a configuração do crime. É o fumus boni juris (fumaça do bom direito). (grifo nosso). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 24 10. A prisão em flagrante é legal ainda que se trate de crime sujeito à ação penal pública condicionada. É teratológica a conclusão que aponta em sentido contrário. Certo ( ) Errado ( ) GABARITO CERTO SOLUÇÃO RÁPIDA A prisão em flagrante é legal ainda que se trate de crime sujeito à ação penal pública condicionada. É teratológica a conclusão que aponta em sentido contrário. SOLUÇÃO COMPLETA Remetemos o aluno aos comentários anteriores lá da questão 4. Vamos lá: você tem que entender bem as fases da prisão em flagrante. 1ª fase – é a captura do indivíduo. A polícia, ou qualquer do povo, faz cessar o cometimento do crime. 2ª fase – é a condução coercitiva do indivíduo à Autoridade Policial. 3ª fase – é a lavratura do auto de prisão em flagrante. 4ª fase – é o recolhimento à prisão. Convém entender que, não necessariamente, haverá todas as fases. Vamos imaginar que uma criança de 10 anos esteja dando facadas em seu desafeto para matá-lo. A polícia chega no exato momento e faz o quê? Ora, obviamente, faz cessar o cometimento do crime (que, na verdade, é um ato infracional análogo ao crime de homicídio). Ninguém aqui imagina que a polícia vai olhar e não fazer nada! E depois? O ECA não permite a apreensão de uma criança. Não será lavrado auto de prisão (e nem de apreensão). Essa criança será levada ao conselho tutelar, que chamará seus pais ou responsáveis. Nenhuma medida socioeducativa será aplicada (permite-se a aplicação de medidas protetivas). Renato Brasileiro (obra já citada): Cuidando-se de criança, não é possível a privação de sua liberdade em razão da prática de ato infracional (Lei n° 8.069/90, Art. 101, § 1º, com redação dada pela Lei n° 12.010/2009). Logo, caso uma criança seja, por exemplo, surpreendida em situação de flagrância de conduta prevista como crime ou contravenção penal (Lei n° 8.069/90, Art. 103), deve ser apresentada ao Conselho Tutelar ou à Justiça da Infância e da Juventude, para fins de aplicação da medida de proteção que se reputar adequada, nos termos dos arts. 101, 105 e 136, inciso I, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Troque o exemplo acima por um diplomata. Imagine que um diplomata esteja, no shopping, batendo em uma vendedora. A polícia pode fazer cessar a prática do crime? Não só pode como deve! E depois? Ele será conduzido à Autoridade Policial Federal, que acionará o Ministério das Relações Exteriores. Esse diplomata NUNCA será conduzido ao cárcere. NUNCA! Renato Brasileiro (obra já citada): Vale ressaltar que essa imunidade não impede que as autoridades policiais investiguem o delito praticado, colhendo as informações necessárias referentes à autoria e materialidade do ilícito, que deverão ser encaminhadas às autoridades do país de origem do agente. Com efeito, o fato de o crime ser praticado por alguém que goze de imunidade diplomática não significa que nada possa ser feito. Supondo, assim, que um embaixador seja surpreendido desferindo tiros contra uma pessoa, sua captura poderá ser efetuada, de modo a se evitar a consumação do delito. Só que, uma vez obstada a prática do delito, o auto https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 25 de prisão em flagrante delito não poderá ser lavrado. A ocorrência, porém, será registrada para o efeito de se enviar provas ao seu país de origem. E ainda tem um caso mais simples: o indivíduo é preso pela PM, conduzido à Autoridade Policial, que, após lavrar o auto de prisão em flagrante, arbitra uma fiança. O sujeito paga a fiança e vai para casa. Simples assim. Quanto às fases da prisão em flagrante, veja a explicação de Renato Brasileiro (obra já citada): Inicialmente, a prisão em flagrante funciona como mero ato administrativo, dispensando-se autorização judicial. Exige apenas a aparência da tipicidade, não se exigindo nenhuma valoração sobre a ilicitude e a culpabilidade. Na sistemática do CPP, o flagrante sedivide em quatro momentos distintos: captura, condução coercitiva, lavratura do auto de prisão em flagrante e recolhimento à prisão. No primeiro momento, o agente encontrado em situação de flagrância (CPP, Art. 302) é capturado, de forma a evitar que continue a praticar o ato delituoso. A captura tem por função precípua resguardar a ordem pública, fazendo cessar a lesão que estava sendo cometida ao bem jurídico pelo impedimento da conduta ilícita. Após a captura, o agente será conduzido coercitivamente à presença da autoridade policial para que sejam adotadas as providências legais. De seu turno, a lavratura é a elaboração do auto de prisão em flagrante, no qual são documentados os elementos sensíveis existentes no momento da infração. Este ato tem como objetivo precípuo auxiliar na manutenção dos elementos de prova da infração que se acabou de cometer. Por fim, a detenção é a manutenção do agente no cárcere, que não será necessária nas hipóteses em que for cabível a concessão de fiança pela autoridade policial (...). O sujeito foi preso em flagrante por crime sujeito à ação penal pública condicionada à representação. O que fazer? O sujeito será capturado e conduzido à Autoridade Policial. Em seguida, a vítima representará ou não. Havendo representação (o que prescinde de maiores formalidades), o auto de prisão em flagrante será lavrado e, conforme o caso, o sujeito será encarcerado. Não havendo representação, cabe ao Delegado registrar a ocorrência. Só isso. Nucci (obra já citada): pode haver a prisão em flagrante, desde que haja, no ato de formalização do auto, se a vítima estiver presente, autorização desta. Não há cabimento, no entanto, em se realizar a medida constritiva, se o ofendido não conferir legitimidade à realização da prisão, até porque não será possível, em seguida, lavrar o auto. Mas, a solução, nesse caso, não deve ser rígida. Caso a vítima não esteja presente – ou seja incapaz de dar o seu consentimento – lavra-se a prisão e busca- se colher a manifestação do ofendido para efeito de lavratura do auto de prisão em flagrante. Ensina Tales Castelo Branco que a solução oferecida por Basileu Garcia é a mais adequada, ou seja, realiza-se a prisão do autor do delito, tomando-se o cuidado de provocar a manifestação da vítima ou de seu representante legal, antes da lavratura do auto. Não havendo concordância, o preso será restituído à liberdade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 26 11. É(São) hipótese(s) de prisão em flagrante admitida(s) no ordenamento jurídico brasileiro: I. flagrante presumido. II. flagrante esperado. III. flagrante provocado. IV. flagrante próprio. V. flagrante forjado. Estão corretas as seguintes assertivas: a) Quatro alternativas estão corretas b) Todas as alternativas estão corretas c) Apenas uma alternativa está correta d) Duas alternativas estão corretas e) Três alternativas estão corretas GABARITO: E SOLUÇÃO RÁPIDA É(São) hipótese(s) de prisão em flagrante admitida(s) no ordenamento jurídico brasileiro: I. flagrante presumido. II. flagrante esperado. III. flagrante provocado. IV. flagrante próprio. V. flagrante forjado. SOLUÇÃO COMPLETA Remetemos o aluno aos comentários anteriores acerca do tema (flagrante esperado, provocado e forjado). Já vimos que o flagrante provocado e o forjado não são aceitos. Quanto aos demais, são plenamente admitidos. Lembremo-nos dos dispositivos legais: Flagrante presumido ou ficto – Art. 302, IV, CPP: Considera-se em flagrante delito quem é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Flagrante próprio ou real – Art. 302, I e II, CPP: Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem está cometendo a infração penal ou acaba de cometê-la. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 27 12. Sobre a prisão em flagrante, analise as afirmativas a seguir. I. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. II. O flagrante esperado é considerado lícito pela jurisprudência amplamente majoritária dos Tribunais Superiores. III.A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante. Nesse caso, bastará a assinatura do condutor. a) Somente as afirmativas I e III estão corretas b) Somente a afirmativa I está correta c) Erro! Fonte de referência não encontrada. d) Somente as afirmativas I e II estão corretas e) Somente as afirmativas II e III estão corretas GABARITO: D SOLUÇÃO RÁPIDA Sobre a prisão em flagrante, analise as afirmativas a seguir. I. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. II. O flagrante esperado é considerado lícito pela jurisprudência amplamente majoritária dos Tribunais Superiores. III.A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante. Nesse caso, bastará a assinatura do condutor. SOLUÇÃO COMPLETA Afirmativa I (correta): leitura simples do Art. 303, CPP, segundo o qual nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Mas o que é um crime permanente? Masson (MASSON, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9. ed. Ver., atual. E ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015) nos responde quando trata das classificações dos crimes em relação ao momento consumativo: Crimes instantâneos ou de estado: são aqueles cuja consumação se verifica em um momento determinado, sem continuidade no tempo. É o caso do furto (CP, Art. 155). Crimes permanentes: são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente, razão pela qual a prisão em flagrante é cabível a qualquer momento, enquanto perdurar a situação de ilicitude. Como decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: Os tipos penais previstos nos arts. 12 e 16 da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) são crimes permanentes e, de acordo com o Art. 303 do CPP, o estado de flagrância nesse tipo de crime persiste enquanto não cessada a permanência. Os crimes permanentes se subdividem em: Necessariamente permanentes: para a consumação é imprescindível a manutenção da situação contrária ao Direito por tempo juridicamente relevante. É o caso do sequestro (CP, Art. 148). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 28 Eventualmente permanentes: em regra são instantâneos, mas, no caso concreto, a situação de ilicitude pode ser prorrogada no tempo pela vontade do agente. Como exemplo pode ser indicado o furto de energia elétrica (CP, Art. 155, § 3.º). Crimes instantâneos de efeitos permanentes: são aqueles cujos efeitos subsistem após a consumação, independentemente da vontade do agente, tal como ocorre na bigamia (CP, Art. 235) e no estelionato previdenciário (CP, Art. 171, caput), quando praticado por terceiro não beneficiário. Crimes a prazo: são aqueles cuja consumação exige a fluência de determinado período. É o caso da lesão corporal de natureza grave em decorrência da incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (CP, Art. 129, § 1.º, I), e do sequestro em que a privação da liberdade dura mais de 15 dias (CP, Art. 148, § 1.º, III). Afirmativa II (correta): remetemos o aluno aos comentários anteriores acerca do tema. Afirmativa III (incorreta): leitura simples do Art. 304, §2°, a falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. (grifo nosso). Renato Brasileiro (obra já citada): Testemunha imprópria, instrumentária oufedatária: é aquela que depõe sobre a regularidade de um ato ou fato processual, e não sobre o fato delituoso objeto do processo criminal. Exemplificando, dispõe o Art. 304, §2°, do CPP, que a falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 29 13. Correlacione a segunda coluna de acordo com a primeira, considerando as modalidades de flagrante com os seus respectivos conceitos. ( 1 ) Flagrante próprio ( 2 ) Flagrante impróprio ( 3 ) Flagrante ficto ou assimilado ( 4 ) Flagrante esperado ( 5 ) Flagrante preparado ( ) Ocorre quando o agente é preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. ( ) Ocorre quando a ação policial aguarda o momento da prática delituosa, valendo-se de investigação anterior, para efetivar a prisão, sem utilização de agente provocador. ( ) Ocorre quando o agente é perseguido, logo após cometer o delito, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração. ( ) Ocorre quando alguém provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo em que toma providências para que o mesmo não se consume. ( ) Ocorre quando o agente é surpreendido cometendo uma infração penal ou quando acaba de cometê-la. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) 4 - 3 - 2 - 1 - 5 b) 2 - 4 - 1 - 5 - 3 c) 5 - 1 - 3 - 2 - 4 d) 3 - 4 - 2 - 5 - 1 GABARITO: D SOLUÇÃO RÁPIDA ( 1 ) Flagrante próprio ( 2 ) Flagrante impróprio ( 3 ) Flagrante ficto ou assimilado ( 4 ) Flagrante esperado ( 5 ) Flagrante preparado (3 - Flagrante ficto ou assimilado) Ocorre quando o agente é preso, logo depois de cometer a infração, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração. (4 - Flagrante esperado) Ocorre quando a ação policial aguarda o momento da prática delituosa, valendo-se de investigação anterior, para efetivar a prisão, sem utilização de agente provocador. (2 - Flagrante impróprio) Ocorre quando o agente é perseguido, logo após cometer o delito, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração. (5 - Flagrante preparado) Ocorre quando alguém provoca o agente à prática de um crime, ao mesmo tempo em que toma providências para que ele não possa se consumar. (1 - Flagrante próprio) Ocorre quando o agente é surpreendido cometendo uma infração penal ou quando acaba de cometê-la. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 30 SOLUÇÃO COMPLETA Remetemos o aluno à leitura dos comentários anteriores acerca do tema. Ademais: Flagrante próprio – CPP, Art. 302, I e II Outros nomes: perfeito, real ou verdadeiro. Flagrante impróprio – CPP, Art. 302, III Outros nomes: imperfeito, irreal ou quase flagrante. Flagrante presumido – CPP, Art. 302, IV Outros nomes: ficto ou assimilado Principal característica: instrumentos; o CPP não impõe um limite temporal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 31 14. Caso o agente, logo após a prática do crime, embora não tenha sido perseguido, seja encontrado portando instrumentos, armas e documentos que demonstrem, por presunção lógica, ser ele o autor, a autoridade policial efetuará a seguinte espécie de prisão em flagrante: a) Esperado b) Forjado c) Induzido d) Retardado ou diferido e) Presumido GABARITO: E SOLUÇÃO RÁPIDA a) Esperado b) Forjado c) Induzido d) Retardado ou diferido e) Presumido SOLUÇÃO COMPLETA Remetemos o aluno à leitura dos comentários anteriores acerca do tema. Ademais, perceba que o sujeito não foi perseguido. Ele foi encontrado, logo após a prática do crime, portando instrumentos, armas e documentos que demonstrem, por presunção lógica, ser ele o autor. Logo, não se trata de flagrante forjado, esperado ou diferido (que é a ação controlada). Flagrante induzido? É o flagrante provocado. Também não é o caso da questão. “Sobrou” mesmo foi a letra E, flagrante presumido. Pela literalidade do Art. 302, IV, o sujeito é encontrado LOGO DEPOIS e não logo após (essa expressão foi utilizada no inciso III, que trata do flagrante impróprio). Vejamos o que Renato Brasileiro (obra já citada) fala acerca da matéria: Segundo parte da doutrina, a expressão logo depois constante do inciso IV não indica prazo certo, devendo ser compreendida com maior elasticidade que logo após (inciso III). Deve ser interpretada com temperamento, todavia, a fim de não se desvirtuar a própria prisão em flagrante. Com a devida vênia, pensamos que a expressão logo depois (CPP, Art. 302, IV) não é diferente de logo após (CPP, Art. 302, III), significando ambas uma relação de imediatidade entre o início da perseguição, no flagrante impróprio, e o encontro do acusado, no flagrante presumido. Na verdade, a única diferença é que, no Art. 302, III, há perseguição, enquanto que, no Art. 302, IV, o que ocorre é o encontro do agente com objetos que façam presumir ser ele o autor da infração. Por fim, mas não menos importante, vamos “criar” uma situação. Por hipótese, estamos a lidar com uma questão da CESPE com o seguinte enunciado: Nos termos do CPP, caso o agente, logo após a prática do crime, embora não tenha sido perseguido, seja encontrado portando instrumentos, armas e documentos que demonstrem, por presunção lógica, ser ele o autor, a autoridade policial efetuará a prisão em flagrante presumido. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 32 Gabarito? Errado! Nos termos do CPP, o agente é encontrado logo depois. Outra hipótese: Segundo a doutrina, caso o agente, logo após a prática do crime, embora não tenha sido perseguido, seja encontrado portando instrumentos, armas e documentos que demonstrem, por presunção lógica, ser ele o autor, a autoridade policial efetuará a prisão em flagrante presumido. Gabarito? Correto! Minha dica: preste muita atenção ao enunciado da questão. E outra, não “brigue” com a questão. Às vezes, temos de marcar a menos errada. A questão 14 nos trouxe 4 alternativas notadamente erradas. Marque a que sobrou e passe na sua prova! Observação: eu não inventei essa questão. Trata-se da prova da PC-ES, ano 2013, banca FUNCAB, cargo: Perito em Telecomunicação. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 33 15. Com relação à prisão em flagrante, assinale a afirmativa correta. a) O flagrante impróprio é aquele em que o agente é preso quando está cometendo a infração penal ou logo após cometê-la. b) O flagrante esperado se diferencia do flagrante preparado, pois naquele está presente a figura do agente provocador, enquanto neste não encontramos tal figura. c) O flagrante forjado não é considerado ilegal. d) O flagrante protelado ou diferido é aquele em que a prisão em flagrante é retardada para um momento posterior ao cometimento do crime, mais adequado do ponto de vista da persecução penal. e) Tanto o flagrante esperado quanto o flagrante provocado são considerados ilegais pela doutrina amplamente majoritária, tendo em vista que configuram hipótese de crime impossível. GABARITO: D SOLUÇÃO RÁPIDA a) O flagrante impróprio é aquele em que o agente é preso quando está cometendo a infração penal ou logo após cometê-la. b) O flagrante esperado se diferencia do flagrante preparado, pois naquele está presente a figura do agente provocador, enquanto neste não encontramos tal figura. c) O flagrante forjado não é considerado ilegal. d) O flagrante protelado ou diferido é aquele em que a prisão em flagrante éretardada para um momento posterior ao cometimento do crime, mais adequado do ponto de vista da persecução penal. e) Tanto o flagrante esperado quanto o flagrante provocado são considerados ilegais pela doutrina amplamente majoritária, tendo em vista que configuram hipótese de crime impossível. SOLUÇÃO COMPLETA Remetemos o aluno à leitura dos comentários anteriores acerca do tema, principalmente quanto ao flagrante protelado, diferido ou ação controlada, presente na questão 5. Para sistematizar seu raciocínio, memorize assim: Flagrante: 1 – esperado – válido. A polícia simplesmente aguarda/espera o cometimento de um crime. É uma “campana”, e não se provoca nada! STF, 2ª Turma, HC 78.250/RJ, Rei. Min. Maurício Corrêa, DJ 26/02/1999 p. 3. E ainda: STF, 1§ Turma, HC 76.397/ RJ, Rei. Min. limar Galvão, DJ 27/02/1998 p. 3. Verifica-se o flagrante esperado na hipótese em que policiais, após obterem, por meio de interceptação telefônica judicialmente autorizada, informações de que associação criminosa armada pretende realizar roubo em estabelecimento industrial, conseguem, por meio de ação tempestiva, evitar a consumação da empreitada criminosa: STJ, 5ª Turma, HC 84.141/SP, Rei. Min. Felix Fischer, DJ 18/02/2008 p. 48. 2 – forjado – absolutamente ilegal! A polícia cria uma situação de flagrante. É o “plantar” drogas no carro de alguém. 3 – provocado (preparado, crime de ensaio, delito de experiência ou delito putativo por obra do agente provocador) – inválido. A polícia induz alguém à prática de um crime e impede absolutamente sua consumação. Por isso é um crime https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 34 impossível por ineficácia absoluta do meio de execução. O flagrante provocado tem um agente provocador, e o flagrante esperado não tem. Renato Brasileiro sobre o tema em obra já citada: Ocorre quando alguém (particular ou autoridade policial), de forma insidiosa, instiga o agente à prática do delito com o objetivo de prendê-lo em flagrante, ao mesmo tempo em que adota todas as providências para que o delito não se consume. Como adverte a doutrina, nessa hipótese de flagrante o suposto autor do delito não passa de um protagonista inconsciente de uma comédia, cooperando para a ardilosa averiguação da autoria de crimes anteriores, ou da simulação da exterioridade de um crime. Exemplificando, suponha-se que, após prender o traficante de uma pequena cidade, e com ele apreender seu computador pessoal no qual consta um cronograma de distribuição de drogas, a autoridade policial passe a efetuar ligações aos usuários, simulando uma venda de droga. Os usuários comparecem, então, ao local marcado, efetuando o pagamento pela aquisição da droga. Alguns minutos depois, são presos por agentes policiais que se encontravam à paisana, sendo responsabilizados pela prática do crime do Art. 28 da Lei n° 11.343/06. Nesse caso, estará caracterizado o flagrante preparado, como espécie de crime impossível, em face da ineficácia absoluta dos meios empregados. Logo, diante da ausência de vontade livre e espontânea dos autores e da ocorrência de crime impossível (CP, Art. 17), a conduta deve ser considerada atípica. Cuidando-se de flagrante preparado, e, por conseguinte, ilegal, pois alguém se vê preso em face de conduta atípica, afigura-se cabível o relaxamento da prisão pela autoridade judiciária competente (CF, Art. 5°, inciso LXV). Acerca do flagrante preparado, confira-se o teor da Súmula n° 145 do Supremo Tribunal Federal: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia toma impossível a sua consumação. A leitura da súmula fornece os dois requisitos do flagrante preparado: preparação e não consumação do delito. Logo, mesmo que o agente tenha sido induzido à prática do delito, porém operando-se a consumação do ilícito, haverá crime e a prisão será considerada legal. No que toca ao flagrante provocado e o tráfico de drogas, os tribunais superiores têm posicionamento pacífico no seguinte sentido: Inocorre flagrante preparado em sede de crime permanente, porquanto o crime preexiste à ação do agente provocador; assim, o policial que comparece ao local e mostra-se interessado na aquisição do entorpecente não induz os acusados à prática do delito, pois o fato de manter guardada a droga destinada ao consumo de terceiros já constitui o crime; portanto, a atuação do agente provocador caracteriza mero exaurimento (STF, RT 740/539). https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 35 16. Dois agentes policiais extremamente competentes, tomando conhecimento de que um homem vendia drogas em determinado local, fizeram-se passar por usuários e encomendaram ao traficante um quilo de maconha. No local e no dia aprazados, quando o homem entregou a droga aos agentes disfarçados, estes lhe deram voz de prisão, conduzindo-o à autoridade policial para que fosse lavrado o auto de prisão em flagrante. a) O delegado deve determinar a lavratura do auto de prisão em flagrante, por se tratar de tráfico ilícito de drogas, caracterizando a figura do flagrante esperado. b) A prisão é ilegal, pois se trata de flagrante forjado. c) A prisão é ilegal, pois se trata de flagrante preparado. d) O delegado, por ser hipótese em que o preso se livra solto, deve lavrar o Termo Circunstanciado e liberá-los em seguida. e) O flagrante é válido, porquanto estão presentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva. GABARITO: C SOLUÇÃO RÁPIDA a) O delegado deve determinar a lavratura do auto de prisão em flagrante, por se tratar de tráfico ilícito de drogas, caracterizando a figura do flagrante esperado. b) A prisão é ilegal, pois se trata de flagrante forjado. c) A prisão é ilegal, pois se trata de flagrante preparado. d) O delegado, por ser hipótese em que o preso se livra solto, deve lavrar o Termo Circunstanciado e liberá-los em seguida. e) O flagrante é válido, porquanto estão presentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva. SOLUÇÃO COMPLETA Remetemos o aluno aos comentários anteriores acerca do tema. Vamos lá, imaginaremos aqui duas situações e você vai entender bem esse assunto. 1ª Situação – X, traficante, tem em sua casa 10 quilos de maconha. Os usuários vão até a casa de X e compram as drogas. Um dia, dois policiais, passando-se por usuários vão à casa de X para comprar drogas. No momento da venda, X é preso. Essa prisão foi válida? Sim! X foi preso por conta do verbo “vender” do Art. 33 da Lei de Drogas? Não! Essa venda foi induzida por obra dos agentes provocadores e isso é flagrante provocado. Então, ele foi preso por quê? Ele foi preso por conta do “ter em depósito” ou ”guardar” do mesmo tipo penal. Essas duas condutas não tiveram qualquer provocação dos policiais. A prisão foi legal. Repito, ele não foi preso por vender, ele foi preso por guardar. Isso é pacífico nos tribunais. 2ª Situação – é a questão acima. Os policiais induziram o traficante a vender a droga e, por isso, não pode ser válido tal flagrante. Mas você pode dizer que o traficante, antes de os policiais o induzirem, já guardava, tinha em depósito, transportava ou trazia consigo. Ok, concordo. Mas, vejamos as demais alternativas: a) O delegado deve determinar a lavratura do auto de prisão em flagrante, por se tratar de tráfico ilícito de drogas, caracterizando a figura do flagrante esperado Comentário: não foi flagrante esperado. A questão foi clara ao dizer que os policiais fizeram-se passar por usuários e encomendaram ao traficante um quilo de maconha. Outra resposta seria se os policiais, em campana, aguardassem o tal traficante vender alguma droga. Pronto, ele seria preso em flagrante esperado. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 36 b) A prisão é ilegal, pois se trata de flagrante forjado. Comentário: não
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