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RESENHA SHOW DE TRUMAN 1

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Resenha do filme The Truman Show. No Brasil, O Show de Truman, O Show da Vida – EUA - 1998. Direção: Peter Weir. Produção: Andrew Niccol e Scott Rudin. Studio Paramount Picutres. Formato: 103 min.
O filme “O Show de Truman, O Show da Vida”, estrelado pelo ator Jim Carrey, foi lançado em 1998. Mesmo tendo sido lançado há 21 anos, é possível fazer a relação com temas atuais, como mídia, privacidade, livre-arbítrio e manipulação. 
O show tem seu início no episódio 10.090 da vida de Truman Burbank, um homem de 30 anos, que parece ter uma vida normal, casado e com emprego estável como vendedor de seguros. Quando ainda era pequeno perdeu o pai em um acidente de barco, esse fato fora pensado como uma maneira de criar um trauma, desde o momento passou a ter dificuldades para lidar com água, tudo articulado para dificultar a saída dele da pequena ilha de Seaheaven. Todas as outras tentativas de exploração e curiosidade sobre o mundo eram também impossibilitadas. Fato que ocorria devido à cidade que os personagens habitavam fora construída dentro do maior estúdio de que se tem conhecimento, o único que ao lado da muralha da China, poderia ser visto do espaço. Ao decorrer do tempo Truman continuava sendo manipulado, pessoas que conhecia e que poderiam revelar a verdade sumiam misteriosamente, tudo feito para que ele não desconfiasse de nada. Em um determinado dia de sua rotina “normal” no percurso até o trabalho, encontra um homem que teve certeza ser seu pai. Antes que fosse possível qualquer tipo de contato, rapidamente a produção do programa entra em cena fazendo com que acontecimentos súbitos o impedisse de falar com ele.
Isso gera no personagem uma dúvida sobre o mundo em que habita, faz com que desconfie de tudo e todos. Tenta de todas as formas surpreender as pessoas com que convive, passa a ter atitudes repentinas. Desse modo a melhor forma que o diretor encontrou para fazer com que seu protagonista desistisse de se aventurar, foi trazer de volta seu pai, em uma cena cheia de artifícios, dizendo que ele tivera amnésia. Seu melhor amigo também é sempre usado como mecanismo, que de forma convincente, faz que Truman reoriente suas ideias e desista de seus objetivos. Ele parece conformado, mas sem que ninguém perceba, inclusive as quase cinco mil câmeras que o filmam 24 horas por dia, planeja sair da ilha. Quando as câmeras o encontram, ele está a bordo de um barco, tendo assim, enfrentado sua aversão por água. Cristhof, o idealizador do show, usa todos os recursos e efeitos para impedi-lo, o que não foi possível. O personagem principal continua sua viagem com toda determinação, até que seu barco bate em uma parede pintada com se fosse o céu. Ali tudo parece lhe fazer sentido. Em mais uma tentativa de impedir seu astro principal de abandonar o show, Cristhof revela a verdade a Truman. O que não altera o seu desejo, só o faz ter certeza do que deve ser feito. Ele se vira, despede-se do público com a saudação que lhe é costumeira, “Se por acaso não nos virmos....Bom dia!, Boa tarde!, Boa noite!” e sai do estúdio , sendo dessa forma o desfecho do filme.
Em uma das pouquíssimas entrevistas que o diretor do show concede, é indagado de como acha possível que Truman nunca tenha descoberto a verdade durante tanto tempo. Cristhof responde: “Nos aceitamos a realidade do mundo em que vivemos”.
Relaciono o assunto do filme com o tema abordado na disciplina Filosofia e Ética que foi ministrada pela professora Thaís Ribeiro Esteves quando estudamos sobre a concepção do Mito da Caverna de Platão, onde homens acorrentados pelos braços e pés ficavam presos em uma caverna, virados para a parede. A única fonte de luz era um fogo que iluminava ligeiramente o interior da caverna, fazendo que sombras do mundo exterior fossem reproduzidas na parede, tudo que aqueles homens conheciam e sabiam era o que viam através das sombras. Tanto os prisioneiros quanto Truman, aceitaram a realidade que lhes foi apresentada, por ser a única forma de viver conhecida por eles.
Quando um dos prisioneiros questiona se aquela realidade é mesmo autêntica, se esforça e liberta-se das correntes saindo da caverna, conhecendo o verdadeiro mundo. Truman foi manipulado, ou seja, passou sua vida acorrentado. Mas quando começa a duvidar dos fatos que lhe são apresentados seu desejo de sair da caverna, que no filme é representado pelo estúdio, faz com que arrebente as correntes e vá à busca de conhecer a verdade. No primeiro momento, é obrigado a enfrentar as condições adversas do mundo exterior, como em O Mito da Caverna, quando o prisioneiro se liberta seus olhos são ofuscados pela luz do sol, muito mais forte do que a única fonte de luz que havia na caverna. Truman também precisou enfrentar algumas condições para conhecer o mundo externo que tanto almejava, o momento em que vence a fobia por água, é como se representasse o esforço que o prisioneiro faz para habituar-se à luz do sol. Ao acostumar-se com as adversidades, passa a enxergar a verdade do que antes eram somente sombras. Ele se encontra obrigado a decidir entre a realidade do que vê agora e as sombras que antes tomava como real. Tocar a parede do estúdio pintada como o céu, era descobrir de fato a verdadeira forma das sombras. Quando avista a escada que pode libertá-lo definitivamente da caverna é surpreendido pela voz do diretor, que tenta frustrar seu plano, Cristhof age como os prisioneiros que caçoavam daquele que conseguira sair, e mesmo com todas as atribulações do caminho, volta para contar aos outros prisioneiros sobre o que viu, para que também pudessem viver livres. Contudo, mesmo intrigado e assustado com a revelação de que na verdade ele o único prisioneiro, sua decisão é livrar-se definitivamente das correntes, entendendo e aceitando a partir daquele ato sua nova existência.
Como foi dito anteriormente, mesmo não sendo um filme recente, nos remete a nossa atual realidade, onde reality shows e programas de televisão, em variados formatos, são cada vez mais frequentes e consumidos de forma voraz pela sociedade onde estão embutidos propagandas, exatamente como no filme, onde tudo está à venda roupas, comida, carros, etc. A distinção que podemos observar, é que hoje as pessoas optam por entrar na caverna e abdicar de suas escolhas, sendo manipuladas e acorrentadas, tudo isso para alcançar um status que julgam ser positivo. Submetem-se a fome, frio e ficar sem dormir, tudo isso, por conta da necessidade de provar ao público que são dignos de sua preferência.
O filme nos permite pensar sobre as nossas “cavernas”, se realmente é possível vivermos livres de correntes, essas que a própria sociedade nos submete. Se somos capazes de sair e enxergar a verdadeira forma das coisas, sem aceitar somente as sombras projetadas. Quando nos libertamos somos julgados e muitas vezes rechaçados pelos que nos cercam. Não é fácil nos habituarmos às adversidades fora da caverna, mas a exemplo de Truman Burbank e do prisioneiro liberto, devemos sempre ter o desejo de vislumbrar além do que nos é apontado como verdadeiro. Essa percepção faz-se relevante ao profissional de Serviço Social pois faz com que trabalhe a capacidade de ver além do que está posto, enxergar outras formas para dar respostas as questões que lhe são apresentadas no cotidiano.

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