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A CRIAÇÃO DE CONCEITOS (RESUMO) DELEUZE E GUATTARI

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A CRIAÇÃO DE CONCEITOS 
A palavra conceito é muita cara a história da filosofia, mas é sobretudo na contemporaneidade que ela ganha caráter de debates em varias áreas do conhecimento, das artes , portanto não somente do ponto de vista filosófico, de forma intencionalmente redundante poderia se dizer que passou-se a conceituar o conceito, O dicionário de língua portuguesa trata a palavra conceito, do latim, conceptu como “ aquilo que o espírito concebe ou entende, ideia , síntese, opinião, juízo, formar bom ou mau conceito de uma pessoa, máxima, sentença. Se a intenção fosse formular uma tese a partir do significado da palavra conceito pelo que ela representa no senso comum bastaria conceituar esse trabalho como bom ou ruim. Como não se trata de uma tarefa tão simples, ao observar que soma à definição de conceito palavras como juízo, síntese, espírito, idéia, temos uma problemática maior ainda visto que essas palavras tanto quanto conceito são de um significado ou se preferir de um conceito também de extrema relevância para a filosofia, o que demonstra a necessidade de se ater ao conceito.
Ao tentar problematizar o amor esbarramos justamente no conceito porque acredita-se pelo menos longe dos olhos da filosofia que cada ser pode conceituar algo a maneira que lhe convém, dessa forma não sendo o amor uma exclusividade da filosofia (e na verdade nada é) cada um a sua maneira, a seu critério que via de regra é fruto de experiências culturais e vividas vai entender o amor segundo seu próprio conceito. Engendrado a essas experiências culturais é notável a religião que é determinante no pensamento e no discurso sobre o amor e não somente no plano da filosofia , mas principalmente ao moldar as relações que envolvem as questões que se entrelaçam ao tema , como o casamento, traição, sexo. Há outras inúmeras possibilidades, algumas tratadas pela sociologia, outros pela psicologia, e cada dia mais a ciência fala de amor, conceitua amor, o que pretendemos afirmar até aqui é que o tema é de interesse de todos, mas isso é uma justificativa que não precisaria de um trabalho monográfico. Mas o que estamos levantando nesse primeiro momento é como o amor enquanto um conceito é formulado por diversas instituições e esferas do saber, não cabe fazer uma genealogia do amor enquanto conceito , não é essa a proposta, porem pensar como conceitos ganham legitimidade, ou como determinados conceitos como o amor são pensados de diferentes maneiras, sendo que ainda assim há uma universalização do que seja o amor, em resumo todos sabem o que o amor , mas ao mesmo tempo cada individuo conceitua diferente , as instituições da mesma forma tentam universalizar o tema com indivíduos diferentes.
Portanto ao propor a idéia de que o nosso amor a gente inventa estamos criando mais um conceito, mais uma possibilidade no complexo campo do entendimento do que seja o amor e do que seja um conceito,sendo assim a proposta inicialmente é entender como esses conceitos são criados, para o auxilio do entendimento dessa relação complexa entre filosofia e conceito vamos nos apoiar no filosofo Deleuze a quem contribuiu e muito no entendimento do que possa ser essa relação entre filosofia e conceito.
Para Deleuze, a filosofia cria conceitos e não somente reflete sobre eles, ou seja, a tarefa de criar conceitos é na visão do autor mais importante do que necessariamente apenas extrair conceitos prontos e refletir sobre eles, essa colocação é valida porque no senso comum e talvez em até algumas áreas do saber acredita-se que o papel da filosofia é pensar uma vida pratica sem que ela de fato aconteça na pratica, talvez por isso a ciência seja considerada mais nobre, em outras palavras a filosofia enquanto reflexão não oferece absolutamente nada na vida prática e como é essa vida que interessa aos moldes capitalistas, logo, a função reflexiva da filosofia, ainda que não seja essa a função já não valeria a pena. Só a titulo de comparação as religiões também se utilizam da reflexão sem atender sempre a vida pratica, mas a elas coube a salvação, a filosofia o pseudômino de loucos, de alguém que reflete, que pensa muito mas que não contribui em nada para o melhoramento da vida.
O que estamos colocando com o auxilio de Deleuze é que a filosofia não exerce função meramente reflexiva. Não se espera dela esse papel ainda que isso possa decepcionar algumas conceituações da disciplina , mais que isso ao entender que a filosofia propõe algo além da reflexão não significa dizer que ela faz algo que somente ela possa exercer, ou seja, ela também não se institui como algo exclusivo que seja somente inerente a ela, discussão essa que se faz presente entre ciência e filosofia. Sem entrar aqui no mérito da questão o fato é que qualquer área pode produzir conceitos,sendo assim a arte produz conceitos, a filosofia a religião e assim se estende de forma sucessiva e ininterrupta o que torna a conceito cada vez mais complexo. Deleuze é um filosofo que faz diversos trabalhos monográficos sobre diversos nomes da filosofia como Kant, Espinosa, Hume,Nietzsche,Bérgson entre outros, os dois últimos apresentam-se de forma mais presente em seu trabalhos, entre suas obras destaca-se O que é a Filosofia obra essa em parceria com Guattari, e que vai contribuir em nossa tentativa de entender a problemática sobre a criação de conceitos.
Segundo MACHADO.2009., Deleuze entende que o filosofo é criador e não reflexivo, com isso aponta contra uma caracterização da filosofia apenas como metadiscurso, metalinguagem, que segundo ele sugere uma tentativa de legitimidade de algo sem criar necessariamente algo novo, nesse sentido questiona a epistemologia que teria criado um aparelho repressor do próprio pensamento, crítica essa que nos parece totalmente provida de sentido visto que em outras áreas do conhecimento há sim a produção de pensamento e não somente de reflexão acerca do que quer que seja, ainda que essa criticas sejam pontuais e aparecem esporadicamente em entrevistas, não se pode desconsiderar a importância da tentativa de colocar a filosofia num campo de criação , de elaboração de idéias , de conhecimento.
A diferença de outras áreas em relação à filosofia é que a função da ciência é criar funções, a arte também cria funções mas ligadas ao sensível, e o objeto da filosofia criar conceitos. Tomemos a arte como exemplo uma musica é um conceito, mas não ficamos refletindo sobre uma mesma música uma vida toda isso porque vai ter uma música nova pra se pensar, no entanto essa canção foi criada a partir de elementos já constituídos em outras músicas anteriores, sendo assim uma música é criada a partir de outra música, Deleuze acredita que isso acontece da mesma forma nas áreas do conhecimento, uma idéia surge a partir de outra idéia e se a função da filosofia é criar conceitos, um conceito vai sempre surgir a partir de um conceito já existente, portanto ao pensar que o nosso amor a gente inventa é porque estamos tentando criar um conceito novo a partir de conceitos já existentes. Deleuze enfatiza que a filosofia é a arte de formar, criar, inventar, fabricar novos conceitos .MACHADO,15.
 Para Deleuze a criação de conceitos é própria da filosofia sem que isso seja um privilégio, muito menos usurpada por outras áreas do saber, toda criação da filosofia é singular ou seja todo conceito tem sua singularidade e cita como exemplo conceitos assinados como o cogito de Descartes,a idéia de Platão , a mônada de Leibniz, a substância de Aristóteles entre tantos outros, portanto mesmo que dentro de complexos sistemas, os conceitos são singulares e poderíamos dizer até reconhecíveis dentro do plano de sua criação, vale lembrar que justamente por ser singular leva a carga das potencialidades , os afetos, as intensidades de cada autor, nas palavras de Duns Scot uma “hecceidade”.
Deleuze e Guattari afirmam que cada conceito tem uma história, portanto parte de um determinado filósofo, de uma idéia e perpassa o tempo, que vai criando desdobramentos agregando e retirando fragmento. Ora seria pretensãodemais que ao tratar do amor estaríamos criando algo totalmente novo, o que podemos fazer é criar um conceito novo mas que leva em sua bagagem retalhos de conceitos de outras épocas , de outros espaços, de outras culturas e quantas curvas mais esse conceito chamado amor possa ter ao longo de sua historia.
Num conceito, há , no mais das vezes, pedaços ou componentes vindos de outros conceitos,que respondiam a outros problemas e supunham outros planos. Não pode ser diferente, já que cada conceito opera um novo corte, assume novos contornos, deve ser reativado ou recortado.DELEUZE, GUATTARI,p. 30
																				
 Isto significa pensar que a apropriação de um conceito sem uma leitura temporal insurge no risco de adaptar um conceito fora do tempo e do espaço em que ele foi criado meramente como a possibilidade de adequação de um novo conceito. A dificuldade em falar de amor então é , que mesmo se apropriando de conceitos chavões como de Platão por exemplo é necessário ir alem ou então o filosofo será um poeta de palavras repetidas, reflexivas, entender os contornos que os conceitos tomam pelo viés da história é perceber que mesmo longe do tempo , mesmo sem fazer um anacronismo ainda assim o conceito tem algo de singular, tem a capacidade de sugerir novos problemas, que pode até não ser o de sua época , mas que dentro da singularidade , dentro do tempo consegue fazer criar uma nova singularidade, um novo contorno, um novo conceito.
Dessa forma Deleuze justifica a premissa da função da filosofia enquanto criadora de conceitos, porém um novo conceito é diferente de outros, pela singularidade de cada autor, como então pensar o amor de uma forma singular? Para Deleuze todo conceito tem seu devir, é a conexão tanto dos elementos de um conceito quanto dos diferentes conceitos em um mesmo sistema conceitual;é o fato de que conceitos se coordenam,se conectam, se compõe, se aliam numa determinada filosofia, mesmo que tenham historias diferentes. MACHADO .17
Portanto cada conceito parte de outros conceitos, não somente pela historia mas, pelo devir, pelos retalhos, permanências , eles nunca são criados do nada , é próprio do conceito também criar componentes inseparáveis , só a titulo de exemplo o cogito de Descartes, uma outra particularidade do conceito é sua infinitude, significa dizer que a partir de um conceito surgem milhares de possibilidades , ao mesmo tempo há o que Deleuze chama de ponto de coincidência, ainda que similares há sempre a singularidade, um traço intensivo , a relação dos conceitos não são nem de compreensão, nem de extensão, mas sim de ordenação, em outras palavras os conceitos se assemelham, são processuais, são singulares e se moldam de acordo com outros conceitos , porém ainda assim vai haver nele algo de novo, mais uma vez aqui cabe a palavra hecceidade, um acontecimento puro.
Outra afirmação em relação ao conceito é que ele é absoluto e ao mesmo tempo relativo:
Relativo a seus próprios componentes, aos outros conceitos ao plano a partir do qual se delimita, aos problemas que	se supõe deva resolver, mas absoluto pela condensação que opera, pelo lugar que ocupa sobre o plano, pelas condições que impõe ao problema. É absoluto como todo, mas relativo enquanto fragmentário. DELEUZE, GUATTARI, 2007.34
 Nosso trabalho trata do amor, um conceito, dessa forma entende que nosso tema é um conceito relativo na medida em que parte de outros conceitos e ciente de estar numa perspectiva alheia ao que sugere Platão sobre o amor, por exemplo, alheio no sentido de entender que o conceito platônico por sua evidente singularidade esta no lugar que devia estar, na Grécia clássica, estamos apenas situando a singularidade do pensamento platônico. Longe de desvirtuar a contribuição de sua obra, apenas entendendo que do ponto de vista de Deleuze ao abordar o tema amor tendo como pano de fundo outros conceitos, nosso conceito é relativo, pelo menos num primeiro momento, e pretende ser absoluto , portanto singular no sentido de invenção. Ainda assim , pensamos o amor ágape , philia e Eros enquanto possibilidade , e em apenas essas, ou seja, o termo absoluto se coloca apenas no sentido de singularidade do trabalho em si. Segundo o autor o conceito não é uma proposição, mas sim centro de vibrações ,que ressoam em diferentes aspectos de entendimento, não são como peças de um quebra cabeça, porque podem ser divergentes, irregulares, didaticamente significa dizer que as tentativas de fazer pontes entre conceitos podem ser falhas, porque mesmo as ligações mais atentas entre um conceito e outro vão esbarrar em divergências, é então a filosofia a arte de criar conceitos relativos buscando o absoluto criando novas e novas singularidades , no pensamento de Deleuze isso não é uma dádiva da filosofia , é apenas como ela deve proceder.
														
 Uma vez que os conceitos são centro de vibrações significa dizer que ele vai ressoar em diferentes momentos, de variáveis formas para diversos públicos, sendo assim conceito vai ser pensado de acordo com a leitura que se faz dele, Deleuze sugere que essa observação do conceito aconteça num plano de aproveitamento e não da crítica.
					
					Que alguém tenha tal opinião, e pense antes isto que aquilo, o que isso pode importar para a filosofia, na medida em que os problemas em jogo são enunciados? E quando são enunciados, não se trata mais de discutir, mas de criar indiscutíveis conceitos para os problemas que nos atribuímos. A comunicação vem sempre cedo demais ou tarde demais, e a conversação esta sempre em excesso, com relação ao criar. Fazemos, as vezes, da filosofia a idéia de uma perpetua discussão como “racionalidade comunicativa” ou como conversação democrática universal.
	
 Parece claro que Deleuze critica a posição que um filosofo toma ao tentar criar um conceito tentando desvirtuar outro, até porque como o próprio afirma, um conceito é criado para o seu momento, para as expectativas singulares de um autor, o conceito pode sim surgir a partir do desaparecimento de outro, mas isso deve ou pode acontecer pela criação, afinal um conceito é múltiplo enquanto conceito, e mesmo que se sugira uma desqualificação de um determinado conceito, é possível que se atinja apenas alguns aspectos dele, se a crítica for em sua totalidade, em um sistema filosófico, mais complicado se torna, visto que ao atacar um conceito não se está criando outro é acabar com algo sem sugerir nada em seu lugar.
	Tomando mais uma vez nosso tema como exemplo, tendo em vista a amplitude do conceito o que podemos fazer é não se ater ascriticas as possibilidades existentes, mas sim encontrar as conexões para uma possibilidade de algo singular, logo, não se trata de uma discussão sobre a amor, que pelas palavras de Deleuze em nada contribuiria, se pretende dentro das vastas possibilidades apenas sugerir mais uma.
	O conceito é algo próprio da filosofia, esta é uma afirmação enfática de Deleuze, porque é ela que os cria e não para de criar e não só isso, ele só pertence a filosofia, e neste ponto então se percebe a diferença do pensamento deleuzeano. Começamos esse trabalho com o conceito do conceito tendo como fonte o dicionário, Deleuze traz como novidade a exclusividade da filosofia na elaboração de conceitos, segundo ele o conceito é contorno, a configuração, a constelação de um acontecimento por vir, o conceito não é um mero conhecimento, mas sim conhecimento de si.
	A ciência ainda que utilize o mesmo objeto não cria conceitos porque se utiliza de proposições, a ciência não precisa do conceito , para Deleuze há uma inversão de intenção, visto que normalmente se atribui o poder de conceituar a ciência, que logo após “criar um conceito” recorre a filosofia , novamente não entraremos no mérito de qualificar ou desqualificar a condição da ciência ou da filosofia , o que nos interessa aqui é o fato de Deleuze colocar o conceito como algo próprio e inerente a filosofia.
A grandeza de uma filosofia avalia-se pela natureza dos acontecimentosaos quais seus conceitos nos convocam, ou que ela nos torna capazes de depurarem conceitos. Portanto, é necessário experimentar em seus mínimos detalhes o vinculo único, exclusivo, dos conceitos coma filosofia como disciplina criadora. O conceito pertence a filosofia e só a ela pertence. DELEUZE, GUATTARI, 2007.47 
	
A citação acima é síntese do pensamento de Deleuze sobre o conceito, de caráter de importância ao conceito e de pertencimento somente ao campo da filosofia, outras questões serão levantadas por Deleuze como o plano de imanência que se refere como algo pré- filosófico 
	
	
		
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