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A EUTANÁSIA, OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

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a Eutanásia, os direitos fundamentais e o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana
Resumo 
O Brasil por ser um país multiétnico e pluralista, apresenta grande flexibilidade e tolerância à liberdade de expressão, o que permite o debate e discussão de temas polêmicos como a eutanásia, o ordenamento jurídico brasileiro atual não permite tal o procedimento, no entanto, possui uma estrutura jurídica, de caráter democrático de direitos, que permite que haja interpretações tanto favoráveis quanto desfavoráveis. Os defensores dessa prática invocam o princípio da autonomia e liberdade, também, ao princípio constitucional do direito da dignidade da pessoa humana de ter uma morte digna, em outro lado há um forte argumento contra legalização que é a sacralidade da vida, direito estabelecido constitucionalmente, sendo este inviolável e irrenunciável, para resolução da colisão dentre esses princípios constitucionais deve ser aplicado o princípio da proporcionalidade, na perspectiva de identificar, no caso em tese, o menor dano e a garantia dos direitos fundamentais.
Palavra-Chave: Eutanásia, Direito a Vida, Dignidade da Pessoa Humana. 
Abstract
The Brazil for being a multi-ethnic and pluralistic country, has great flexibility and tolerance to freedom of expression, which allows the debate and discussion of controversial issues such as euthanasia, the current Brazilian law does not allow such a procedure, however, it has a structure legal, democratic character of rights, which allows for both favorable and unfavorable interpretations. Proponents of this practice invoke the principle of autonomy and freedom, also the constitutional principle of the right of human dignity to have a dignified death, on the other hand there is a strong argument against legalization is the sacredness of life, right established constitutionally, which is inviolable and inalienable, for resolution of the collision among these constitutional principles should be applied the principle of proportionality, in order to identify, in the case in theory, the less damage and the guarantee of fundamental rights.
Keyword: Euthanasia, Right to Life, Human Dignity.
Introdução 
A humanidade ao longo de sua evolução histórica constituiu os mais diversos e complexos fundamentos, cujo ao qual, o objetivo venha a explicar, elucidar, buscar sentido aos mistérios que envolvem a vida e a morte. Através desta vasta compilação de conhecimentos constituída por diversas civilizações e períodos distintos, por meio de correntes empíricas, religiosas, científicas, filosóficas, morais e éticas, fizeram-se com que na organização do ordenamento jurídico modernos houvesse uma preocupação de preservar o direito a vida e garantir ao individuo uma morte digna.
Requícios desses reflexos morais e éticos das civilizações clássicas preexistem até hoje em nosso ordenamento, num país laico como o Brasil, pluralista e multiétnico, as diferenças ideológicas e culturais, até mesmo a evolução do pensamento, fazem com que questões como a equiparação entre o direito à vida e o direito a morte seja possível de ser analisado. 
Um dos pontos que nos leva a uma nova reflexão, segundo FELIX (et al, 2013) é o avanço que a medicina atravessou nos últimos anos. Avanços na prática médica, sobretudo nas áreas cirúrgica, terapêutica, de anestesia e de reanimação e no campo da tecnologia, têm originado melhorias significativas na saúde, em relação ao controle ou à eliminação de doenças, o que torna cada vez mais raros os casos de morte natural. 
Da mesma forma que a pessoa natural recebe em sua concepção o direito a vida, não seria sensato a compreensão de que é válido o exercício do direito de autonomia, quando pleno estiver de suas faculdades mentais, de ter direito a morte? Linha tênue, arraigada de subjetivismo, polêmico, que causa grande desconforto, principalmente as comunidades religiosas, que atestam a supremacia da vida sobre todas as coisas.
O presente trabalho tem como objetivo central realizar uma breve contextualização da eutanásia no ordenamento jurídico brasileiro, bem como, realizar ponderações quando aos direitos privados e fundamentais envolvidos, construir perspectivas que possam servir de instrumento acadêmico para debates e discussões.
1. Eutanásia 
Embora seja uma prática antiga, ultimamente procedimentos médicos com intuito de ocasionar a morte voluntária de um indivíduo com doença degenerativa, crônica e incurável, que apresenta estágio vegetativo, de dor e sofrimento vêm sendo aplicada e discutida em diversos países no mundo, um dos métodos do rol possibilidades é a eutanásia, prática assistencial que ocasiona a morte do paciente com ausência de dor.
Diversos povos, como os celtas, por exemplo, tinham por hábito que os filhos matassem os seus pais quando estes estivessem velhos e doentes. Na Índia os doentes incuráveis eram levados até a beira do rio Ganges, onde tinham as suas narinas e a boca obstruídas com o barro. Uma vez feito isto eram atirados ao rio para morrerem. Na própria Bíblia tem uma situação que evoca a eutanásia, no segundo livro de Samuel.
A discussão a cerca dos valores sociais, culturais e religiosos envolvidos na questão da eutanásia vem desde a Grécia antiga. Por exemplo, Platão, Sócrates e Epicuro defendiam a idéia de que o sofrimento resultante de uma doença dolorosa justificava o suicídio. Em Marselha, neste período, havia um depósito público de cicuta a disposição de todos. Aristóteles, Pitágoras e Hipócrates, ao contrário, condenavam o suicídio. No juramento de Hipócrates consta: "eu não darei qualquer droga fatal a uma pessoa, se me for solicitado, nem sugerirei o uso de qualquer uma deste tipo". Desta forma a escola hipocrática se já se posicionava contra o que hoje tem a denominação de eutanásia e de suicido assistido.
	De acordo com José Idefonso Bizzato (2002) a palavra eutanásia é de origem grega, significa ‘morte doce, morte calma’, tendo sido empregada pela primeira vez por Francis Bacon, no sec. XVII. Do grego eu e Thanatos, que tem por significado ‘a morte sem sofrimento e sem dor’ – para outros a palavra eutanásia também expressa: morte fácil e sem dor, morte boa e honrosa, alivio da dor, golpe de graça, morte direta e indolor, morte suave, etc.
	A eutanásia é tão antiga quanto à própria existência humana, partindo da afirmação inegável de que a vida tem seu término, é preferível que a dor e a angustia sejam a todo custo eliminadas desse processo, optando pelo direito a morte dignamente. Obviamente o conceito de morte digna é interpretado de várias maneiras o que encerra tamanha discussão sobre o tema, e a dificuldade em que se chegar a um consenso da legitimidade e uma lei que seja justa e ética. (Constanzi, 2008 apud ADONI, 2003)
De acordo com o dicionário Larousse (2004), o termo eutanásia possui a seguinte definição: “é a ciência de adoçar a morte, atenuando os sofrimentos que a antecedem”.
Segundo Constanzi (2008 apud ADONI, 2003) atualmente, a concepção de eutanásia liga-se à ideia de provocar conscientemente a morte de alguém, fundamentado em relevante valor moral e social, por motivo de piedade ou compaixão, introduzindo outra causa, que por si só, seja suficiente para desencadear o óbito. Ao invés de deixar a morte acontecer, buscando-se amenizar o sofrimento do paciente, a eutanásia é entendida como uma ação sobre a morte, de modo a antecipá-la.
1.1. Do suicídio assistido e a eutanásia
A principal dicotomia entre o suicídio assistido e a eutanásia é caracterizada pela posição do ator que provoca a antecipação da morte, segundo GUIMARÃES (2008) o suicídio assistido (com conotação eutanásica) não é confundível com a eutanásia. A despeito daquele contar com os demais requisitos constitutivos desta, dela distingui-se porque na eutanásia (ativa ou passiva) a morte é provocada diretamente por terceiro, enquanto no suicídio assistido a provocação da morte se dá pelo próprio interessado, auxiliado por esse terceiro.
Segundo Constanzi (2008 apud ADONI, 2003)o suicídio assistido parte da premissa de que a pessoa não esteja sofrendo de qualquer doença incurável, e nem esteja sob a incidência de intensas dores físicas ou mentais. Ocorre quando uma pessoa não dispondo de meios para consumar, por si mesma, o próprio óbito, reclama auxílio de outrem para levar a contento sua intenção.
	O Código Penal Brasileiro de 1940 considera crime, conforme previsto no art.122, a pessoa que contribui para a ocorrência da morte de outra pessoa, nos casos de eutanásia, homicídio, suicídio assistido e suicídio.
Segundo CAMPOS & MEDEIROS (2011) após o período da Segunda Guerra Mundial, e tendo em vista as práticas genocidas do período, assuntos como eutanásia e suicídio assistido, tornaram-se temas extremamente difíceis de serem discutidos, pois o medo deixado por este período histórico ainda permanece entre a sociedade. 
	SZTAJN (2002 apud CAMPOS & MEDEIROS, 2011) afirma que é por isso que as manifestações contrárias à legalização do suicídio assistido e da eutanásia vêm carregadas da ideia de que se facilitaria a adoção da prática do estilo nazista, levando a eventual seleção natural forçada, com eliminação de pobres, idosos, de deficiências, pessoas vulneráveis, facilmente influenciáveis, e que se veriam como ônus para as famílias e/ou sociedade”
2. Dos direitos fundamentais
Segundo MARTINS (2013) podemos definir os Direitos Fundamentais ou Direitos Humanos como um conjunto de direitos e garantias do ser humano, que possui como desígnio fundamental, o respeito a sua dignidade, com amparo ao poder estatal e a garantia das condições mínimas de vida e desenvolvimento do ser humano. Propõe-se a garantir ao ser humano o respeito à vida, à liberdade, à igualdade e a dignidade, para o completo desenvolvimento de sua personalidade. Esta proteção necessita ser reconhecida pelos conjuntos normativos jurídicos nacionais e internacionais de forma positiva.
Segundo GOMES (2010) os direitos de personalidade têm caráter absoluto, oponíveis erga omnes, de maneira que todos ficam obrigados a respeitá-los. Tal característica tem estreita ligação com a indisponibilidade. A indisponibilidade abrange a sua intransmissibilidade (inalienabilidade), irrenunciabilidade e impenhorabilidade, o que significa que se trata de direito que não pode mudar de titular nem pela própria vontade do indivíduo, pois vinculado à pessoa.
Em razão de serem direitos inatos à pessoa, têm caráter vitalício e imprescritível. Essas características se evidenciam  pelo fato de seu titular poder invocá-los a qualquer tempo, pois tratam-se de direitos que surgem com o nascimento da pessoa e somente se extinguem com sua morte. São assim, direitos que não extinguem-se pelo não uso.
2.1. Direito a Vida X Direito a Morte Digna
O direito a vida é um direito tutelado pela Constituição da República de 1988, ou seja, constitucionalmente assegurado, como coloca o art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo -se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...].
	Segundo SANTOS (2013), contudo se a própria Constituição da República, assegura como direito básico e essencial à dignidade da pessoa humana a liberdade, seria justo, não poder este mesmo indivíduo, ou um parente (membro familiar), na impossibilidade deste, decidir que não quer mais continuar vivendo, por entender que o seu estado não é mais reversível e amenizar sofrimentos?
Entende-se que nenhum direito é absoluto e que precisa ser analisado em cada caso de maneira específica, visto que, mesmo a vida reconhecida como direito irrenunciável e inviolável pela Constituição, em alguns casos, é permitida sua violação, como: pena de morte em caso de guerra, em legitima defesa, em caso de aborto quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, ou gravidez resultado de estupro, conforme o inciso XLVII, do artigo 5º, inciso I, do artigo 23°, inciso I e II, artigo 128, da Constituição Federal da República de 1988. ( SANTOS, 2013)
Na visão jurídica a morte, trata-se de um acontecimento que extingue a personalidade civil da pessoa, ou seja, essa deixa de existir. Contudo, na visão médica, nas palavras de Bizatto (1990, pág. 135), a morte deve ser analisada por partes e em certos períodos de tempo. Assim tem-se a morte cerebral e a morte circulatória.
Baseando-se nos conceitos de morte de gregos e judeus, entenderam que a morte ocorria após a parada cardíaca e respiratória. Entretanto, apenas no século XVII surgiu o primeiro conceito científico de morte por Marie François Xavier Bichat, que defendia “que a morte é um processo cronológico que leva a uma catástrofe fisiológica” (CABETTE, 2009, p. 100). Nos dias atuais, o conceito de morte aceito no século XVII e até então utilizado, mostrou-se ultrapassado em face de novas tecnologias para diagnósticos, deixando de ser aceito, e passando a entender-se como encerramento da vida, a morte encefálica, de modo que o responsável pela existência é o cérebro e não o coração. 
Neste sentido, completa CABETTE (2009, apud SANTOS, 2013): A legislação brasileira na Lei de Transplantes (Lei n.º 9.434/97) adotou em seu artigo 3, § 1º, a morte encefálica como referência. Não obstante a problemática que envolve a definição de morte há que se destacar que a impossibilidade do paciente voltar a ter uma vida autônoma é uma característica imprescindível para constituir a morte. Assim, ocorrendo à morte encefálica, que é ato irreversível, há a morte do indivíduo (2009, p. 100).
3. Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana
Os princípios constitucionais são bases norteadoras de um ordenamento jurídico, de caráter doutrinário, acarretados de valores intrínsecos em conteúdo, estabelecem campos morais, éticos, jurídicos e sociais com a finalidade de direcionar a linha de interpretação que os operadores do direito devem adotar.
A Constituição Federal brasileiro elenca em seu art. 1º os fundamentos do estado democrático de direito, entre esses fundamentos está previsto a preservação da dignidade da pessoa humana que segundo dicionário Aurélio, o termo dignidade possui a seguinte definição: “qualidade de digno; honestidade, brio”.
	Segundo BARCELOS (2002, p. 111 apud CAMPOS & MEDEIROS, 2011) o principio da dignidade da pessoa humana está na base de todos os direitos constitucionalmente consagrados, quer dos direitos e liberdades tradicionais, quer dos direitos de participação política, quer dos direitos dos trabalhadores e diretos a prestações sociais.
Segundo MARTINS (2005 apud COSTANZI, 2008) dignidade efetivamente constitui qualidade inerente de cada pessoa humana que a faz destinaria do respeito e proteção tanto do estado, quanto das demais pessoas, impedindo que ela seja alvo não só de quaisquer situações desumanas ou degradantes, como também lhe garantindo direito de acesso a condições existenciais mínimas.
	Segundo NUNES (2002 apud CAMPOS & MEDEIROS, 2011) dignidade é um conceito que foi sendo elaborado no decorrer da história (...) é por isso que se torna necessário identificar a dignidade da pessoa humana como uma conquista da razão ético-juridica, fruto da reação à história de atrocidades que, infelizmente, marca a experiência humana”.
4. Princípios Bioéticos
Os princípios bioéticos são regras, de caráter orientativo que busca a resolução de problemas ou conflitos oriundos de práticas médicas ou biológicas. Entende-se de bioética como o estudo dos problemas e implicações morais despertados pela pesquisa científica em medicina e biologia. O advento moral, nesse caso, atua como sinônimo de ética. Em outras palavras, a Bioética dedica-se a estudar questões éticas suscitadaspelas novas descobertas científicas; ‘novos poderes da ciência significam novos deveres do homem’. (ALMEIDA, 2004 apud COSTANZI, 2008)
Segundo LOCH (2002) a autonomia é a capacidade de uma pessoa para decidir fazer ou buscar aquilo que ela julga ser o melhor para si mesma. Para que ela possa exercer esta autodeterminação são necessárias duas condições fundamentais: a) capacidade para agir intencionalmente, o que pressupõe compreensão, razão e deliberação para decidir coerentemente entre as alternativas que lhe são apresentadas; b) liberdade, no sentido de estar livre de qualquer influência controladora para esta tomada de posição.
No período mais recente da história percebe-se que a eutanásia se fundamenta no princípio da autonomia, segundo o qual cada um tem o direito de decidir sua morte. Dessa forma, a enfermidade e a morte do enfermo não estão mais nas mãos dos médicos, mas sim nas do próprio paciente incurável. Ou seja, o direito que o ser humano tem sobre sua vida agora se prolonga ao momento de sua morte. (SANTOS, 2013)
O princípio da beneficência quer dizer fazer o bem. De uma maneira prática, isto significa que temos a obrigação moral de agir para o benefício do outro. Este conceito, quando é utilizado na área de cuidados com a saúde, que engloba todas as profissões das ciências biomédicas significa fazer o que é melhor para o paciente, não só do ponto de vista técnico-assistencial, mas também do ponto de vista ético. É usar todos os conhecimentos e habilidades profissionais a serviço do paciente, considerando, na tomada de decisão, a minimização dos riscos e a maximização dos benefícios do procedimento a realizar. (LOCH, 2002)
Segundo KOTTOW (1995 apud LOCH, 2002) a ética biomédica tem dado muito mais ênfase à relação interpessoal entre o profissional de saúde e seu paciente, onde a beneficência, a não maleficência e a autonomia têm exercido um papel de destaque, ofuscando, de certa maneira, o tema social da justiça. Justiça está associada preferencialmente com as relações entre grupos sociais, preocupando-se com a equidade na distribuição de bens e recursos considerados comuns, numa tentativa de igualar as oportunidades de acesso a estes bens. 
Ainda LOCH (2002) afirma que o conceito de justiça, do ponto de vista filosófico, tem sido explicado com o uso de vários termos. Todos eles interpretam a justiça como um modo justo, apropriado e equitativo de tratar as pessoas em razão de alguma coisa que é merecida ou devida à elas. Estes critérios de merecimento, ou princípios materiais de justiça, devem estar baseados em algumas características capazes de tornar relevante e justo este tratamento.
Conclusão 
Embora a doutrina permita que haja a interpretação favorável quando ao direito de liberdade e autonomia, ainda há resquício de normas que não refletem a realidade, dificultam o exercício desses direitos e não condiz com os avanços sociais, culturais, ideológicos e tecnológicos do país, reintero quanto à necessidade de haver uma modificação de dispositivos normativos preexistentes, de forma que sejam mais claros quanto à interpretação e que reflita as necessidades do povo.
	A ponderação é um instrumento normativo fundamental, utilizado pelo operador do direito para resolução de colisões entre princípios constitucionais, além deste, podemos utilizar o princípio da proporcionalidade que tem o intuito de identificar o menor dano possível, e garantir o exercício do direito fundamental da pessoa.
	A eutanásia é um procedimento assistencial de antecipação da morte desde a antiguidade, dentre os primeiros povos, celtas, egípcios e gregos, no entanto, ao longo da história, com os valores éticos-morais irradiado pelo cristianismo, sacramentando a vida, e as atrocidades cometidas em pelos nazistas na segunda guerra mundial, marcaram negativamente essa prática, tendo as pessoas receio de que esse instrumento sirva de pretexto para fins econômicos e seletivos étnicos.
	Nada justifica a obstrução de um direito da personalidade, nem mesmo o receio quanto aos efeitos que a práticas destes possa acometer, é dever do estado garantir que todo cidadão tenha possibilidade de exercer seu direito, e assegurar que os efeitos causados não impactam negativamente a sociedade e nem interfira no direito do outro. 
 
Referência Bibliográfica
BIZATTO, José Idelfonso. Eutanásia e responsabilidade médica. 2ª ed. Sâo Paulo: LED, 2002, p. 13
CAMPOS, P. B. & MEDEIROS, G. L. A eutanásia e o principio constitucional da dignidade da pessoa humana, Revista Eletrônica Direito, Justiça e Cidadania – Volume 2 – nº 1 – 2011.
COSTANZI, T. G. Eutanásia: Direito de Escolha do Paciente. Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, Santa Catarina, 2008.
FELIX, Z. C. et al. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: revisão integrativa da literatura, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Bioética,Universidade Federal da Paraíba. Cidade Universitária - Campus I, Castelo Branco. João Pessoa PB. Ciência & Saúde Coletiva, 18(9):2733-2746, 2013.
GOMES, D. V. Algumas considerações sobre os direitos da personalidade. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 80, set 2010. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8264>. Acesso em maio 2016.
LOCH, J. A. Princípios da Bioética. Kipper DJ, Temas de Pediatria Nestle n.º 73, 2002.
MARTINS, A. L. F. A eutanásia no ordenamento jurídico brasileiro. In. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 109, fev 2013. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12717> Acesso em maio de 2016.
SANTOS, J. A. O. A Eutanásia no Direito Brasileiro: Direito à Vida X Direito de Escolha de uma Morte Digna. 41p. Monografia Bacharelado em Direito. Faculdade Sete de Setembro – FASETE. Paulo Afonso/BA, 2013.

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