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FUNDAÇÃO ADOLPHO BÓSIO DE EDUCAÇÃO NO TRANSPORTE – FABET – GESTÃO DE CUSTOS OPERACIONAIS NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS: UMA ABORDAGEM ECONÔMICA E LOGÍSTICA Elaboração: Prof. Carlos Augusto Silveira® ® Graduado em Administração de Empresas e Ciências Contábeis pela Universidade do Vale do Itajaí - Univali – Itajaí (SC). Pós-Graduado em Engenharia Econômica pela Univali/UFSC. Profissional com experiência de 30 anos em Gestão de Transportes e Logística. Professor nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Logística Empresarial e Comércio Exterior na Universidade do Vale do Itajaí e FABET. Pesquisador e palestrante, prestando serviços de consultoria independente nas diversas áreas da Logística em Empresas prestadoras de serviços de transportes e armazenagem; Operadores Logísticos, Importadoras, © Distribuidoras e Produtores Industriais Fone: 047 – 9 9631 8055 (watsapp) e-mail: carlos.augusto50.cs@gmail.com 1 Introdução É um fato econômico que cada região tende a especializar-se na produção daquilo que tem vantagem econômica para produzir, no entanto, as demandas de consumo de uma região não necessariamente seguem esse padrão, gerando assim um hiato de tempo e espaço entre os pontos de produção e consumo. Compete a logística a missão de vencer este hiato na movimentação de bens ou entrega de serviços, de maneira eficaz e eficiente. Objetivo da logística é colocar as mercadorias ou os serviços certos no lugar e no instante corretos e na condição desejada, ao menor custo possível, podemos complementar e afirmar também que o objetivo da logística é alcançado através de suas atividades principais e secundárias, as quais englobam diversos segmentos, como a distribuição física, a administração de materiais, os suprimentos, os transportes, as operações de movimentação de materiais e produtos, entre outros. Essas atividades são a ponte que interliga mercados e fornecedores, as quais, sob o escopo da logística, devem ser administradas como um esforço integrado, de forma que a satisfação dos clientes seja alcançada com o menor custo total. A orientação da logística a elevar níveis de serviço e reduzir custos torna-a numa ferramenta capaz de garantir vantagem competitiva de valor e custo às empresas. Dessa forma, empresas dotadas de vasta competência logística conquistam vantagem competitiva ao fornecer um serviço superior com uma boa relação custo benefício a seus clientes. No entanto, é necessário frisar que atingir esse nível de competência logística não é simples, pois as combinações de recursos, habilidades e sistemas necessários para alcançar uma logística superior são difíceis de integrar, porém, quando alcançado, garante às empresas uma vantagem competitiva sustentável e defensável em relação a seus concorrentes. A cadeia de suprimentos compreende todas as partes envolvidas no atendimento dos pedidos dos clientes, “Incluindo não apenas o fabricante e fornecedores, mas também transportadoras, armazéns, varejistas e até mesmo os próprios clientes”. A cadeia de suprimentos é também composta por um fluxo de materiais, informações e fundos inerente às interações entre as partes. O GCS constitui na colaboração entre essas empresas para “impulsionar o posicionamento estratégico e melhorar a eficiência operacional”, sendo que para cada uma dessas empresas, o relacionamento na cadeia de suprimentos reflete uma opção estratégica. As operações que ocorrem na gestão da cadeia de suprimentos exigem processos gerenciais que extrapolam os limites organizacionais de cada empresa, interagindo e integrando-se com fornecedores, parceiros comerciais e clientes ao longo da cadeia logística. Apoiando-se na colaboração entre fornecedores e clientes, o GCS tem como objetivo atingir um resultado mais lucrativo para a cadeia em geral, e não de estágios individuais dela, o que pode trazer desafios em situações em que uma das partes precise subordinar seus interesses ao benefício da cadeia como um todo. Pode-se definir GCS como “A gestão das relações a montante e a jusante com fornecedores e clientes, para entregar mais valor ao cliente, a um custo menor para a cadeia de suprimentos como um todo”. A logística integrada vincula e sincroniza a cadeia de suprimentos através de suas atividades primárias e secundárias, essenciais para a conectividade efetiva da rede, tornando-a um processo contínuo. Dessa forma, a logística se faz presente ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Suas atividades se repetem inúmeras vezes à medida que as matérias-primas avançam através do canal e são convertidas em produtos acabados, até que enfim sejam encaminhadas ao consumidor final. 2 Transporte de cargas O transporte é uma das atividades primárias da logística, responsável por movimentar os estoques na cadeia de suprimentos de uma empresa e para os clientes. Essa atividade é vista por muitas organizações como a mais importante, tanto por ter papel fundamental no serviço ao cliente, quanto por ser uma das mais onerosas, podendo corresponder a até 60% dos custos logísticos de uma empresa. Transporte refere-se aos vários métodos para se movimentar produtos, e sua administração envolve a tomada de decisão relacionada a escolha dos métodos, bem como a utilização da capacidade dos veículos e sua roteirização. A importância do transporte torna-se evidente ao observar-se que não há “empresa moderna capaz de operar sem adotar as providências necessárias para a movimentação de suas matérias-primas ou produtos acabados” e esta verdade é escancarada diante de situações como greves de transportadoras, onde todo o mercado é afetado pela falta de escoamento dos produtos. A partir disso pode-se dizer que as principais funções do transporte na logística relacionam-se com as dimensões de tempo e utilidade de lugar, visto que o transporte de mercadorias é utilizado para disponibilizar produtos onde existe demanda potencial, dentro do prazo adequado às necessidades do comprado, o que evidencia seu papel crucial no alcance dos objetivos logísticos. 2.1 A importância dos transportes na economia O transporte representa o elemento de maior peso, na composição dos custos logísticos na maioria das empresas, podendo absorver até 2/3 dos gastos operacionais de logística e, segundo dados da ABML (Associação Brasileira de Movimentação e Logística), no Brasil, os custos logísticos chegam a representar 18% do PIB, ou seja, R$ 230 bilhões. No Brasil a logística chega a representar 60% do custo total de um produto, e a distribuição física (transporte) absorve 51%. Os demais 9% representariam os custos gerados pelas atividades de gestão de estoques e administração do fluxo de informações. Para ajudar na compreensão da necessidade e atendimento de transporte, é indispensável a análise de diversos fatores, tais como: prazo de entrega, segurança, limpeza, armazenagem, rapidez, embalagem, custo, comparação entre peso e volume e forma de pagamento. Os meios de transporte são importantes na medida em que reduzem as distâncias e permitem o intercâmbio de bens entre as mais diversas comunidades. Importante considerar o transporte como atividade mais importante da logística, pois se trata da atividade responsável pela maior parte dos seus custos e cria possibilidades para agregar valores aos produtos, tornando-se dois principais objetivos da logística para a empresa. A função maior do transporte é a de garantir a entrega da mercadoria certa, na quantidade certa, no local certo e na hora certa a um custo mínimo e qualidade máxima do nível de serviço. Transporte nada mais é do que o traslado de uma mercadoria de um lugar a outro e sua necessidade está diretamente relacionada com as atividades de comércio e que a oferta de transporte pode ser originada por razõeseconômicas, sociais ou políticas, tais como: Diferenças geográficas; Especialização manufatureira; Economias de escala; Política de coesão nacional; Política de relações internacionais e outras. Vários são os papéis ou compromissos do transporte, podendo citar o compromisso social, comercial, desenvolvimento tecnológico e segurança e qualidade de vida. Já o poder público cumpre o papel de exercer autoridade sobre a atividade de transporte, com vistas a atender aos interesses comuns e cumprir determinadas funções de natureza econômica e social, tais como: Permitir a circulação de mercadorias e passageiros. Promover a circulação de riquezas e a ocupação territorial. Estimular (fomentar) o mercado produtor e consumidor. Nas economias de uma nação desenvolvida e de outra em desenvolvimento, sob o enfoque de um sistema de transportes eficiente e barato, para explicar a importância ou o papel do transporte na geração de alto nível de atividade econômica de um país. Nações em desenvolvimento, explica o autor, possuem produção e consumo ocorrendo no mesmo lugar, com boa parte da força de trabalho direcionada na produção agrícola e uma escala menor da população vivendo em grandes cidades (áreas urbanas). A disponibilidade de um sistema de transportes eficiente e barato, promove mudanças na estrutura econômica, permitindo aproximação a uma economia desenvolvida. Na economia desenvolvida, surgem as grandes cidades (centros urbanos ) resultantes da migração e as regiões geográficas limitam-se a produzir um leque menor de itens, resultando na elevação do nível ou qualidade de vida. No geral, um bom sistema de transporte contribui para: - aumentar a competição no mercado; - assegura a economia de escala na produção e favorece a redução dos preços das mercadorias. Aumentar a competitividade no mercado A inexistência de um bom sistema de transporte, limita o mercado aos arredores do local de produção. Somente um custo de produção muito menor que no segundo ponto de produção, pode favorecer uma competição de mercado, pois a diferença desses custos é que pode compensar os custos de transportes para atender o segundo mercado. Melhores serviços de transporte tornam os custos dos produtos colocados em mercados mais distantes mais competitivos, quando comparados aos produtos colocados no mesmo mercado por outros produtores. Economia ou ganhos de escala de produção Transporte barato e eficiente também beneficia os negócios, quando da análise das economias de escala na produção, quando da atuação em mercados mais amplos. O aumento de volume de negócios para estes mercados promovem a utilização mais intensiva das facilidades de produção e a especialização no trabalho. Redução nos preços Além dos custos de produção, vendas e outros gastos, transporte também é um componente de custo de razoável participação no custo total. A redução de preço dos produtos é consequência do aumento de competitividade no mercado e do melhor desempenho e eficiência do sistema de transportes favorecendo o aumento do padrão de vida da sociedade. No desenvolvimento das nações, os transportes desempenham papel de fundamental importância. Para demonstrar esta importância, o Congresso dos Estados Unidos afirma que: “Sob qualquer ponto de vista - econômico, político e militar, o transporte é, inquestionavelmente, a indústria mais importante do mundo”. Já na década de 70, considerava-se que o transporte deficiente é um fator decisivo na economia mundial. A falta de transporte (ou o transporte inadequado) afeta o setor da agricultura, dificulta a integração nacional retardando o crescimento, prejudica a segurança nacional. Limita também, a eficiência dos programas de assistência técnica e, dificulta o comércio internacional. De maneira mais direta, a atividade industrial é seriamente prejudicada pois as falhas nos transportes exigem a manutenção de estoques excessivos para compensar a incerteza dos fornecimentos, o que acaba refletindo nos custos e por consequência no preço final dos produtos e portanto na competitividade das empresas e no desenvolvimento deste meio ambiente. Assim, o conhecimento do sistema de transportes e mais especificamente da atividade transporte (chave dentro da logística) em si, parece ser fator determinante na busca de melhores performances por parte de todos os participantes da economia, hoje globalizada. Argumenta-se que o transporte é um dos mais visíveis elementos das operações logísticas e que como consumidores, é comum ver caminhões e trens transportando produtos ou estacionados em um local de distribuição (facilidade). Enquanto esta experiência fornece uma boa explicação visual dos elementos dos transportes, ela não permite a necessária compreensão (mais profunda) do papel do transporte nas operações logísticas. Para isto, é interessante e necessário conhecer um pouco mais sobre as funções e os princípios da operação de transporte: • Funções do transporte: estão diretamente ligadas ao movimento e a estocagem de produtos; • Princípios inerentes ao transporte: dizem respeito à economia de escala (quanto maior for o veículo de transporte e maior for sua ocupação com a carga, menor será o frete) e, de distância (o custo por unidade de distância diminui à medida que a distância aumenta). 2.2 O Sistema de Transporte O Sistema de Transporte pode ser definido como o conjunto de atividades, recursos (veículos, infraestrutura viária) e instalações necessárias à movimentação de pessoas, bens ou serviços no meio ambiente empresarial. A seguir o relacionamento entre os elos do sistema de transportes: Relacionamento entre os elos do Sistema de Transporte Informações produtos Embarcador/destinatário – Têm como objetivo comum a movimentação as mercadorias da origem até o destino, em determinado prazo ao menor custo possível. Os serviços incluem o Público Governo Transportador Destinatário Embarcador tempo de coleta e de entrega das mercadorias, tempo previsto de trânsito, sem perdas ou avarias, bem como faturamento e troca de informações com acuracidade e presteza. Transportador - Sendo um intermediário no sistema, tem uma abordagem diferente: aumentar sua receita bruta nas transações efetuadas e reduzir custos necessários para a realização destas mesmas transações. A transportadora procura sempre cobrar o frete mais alto que o embarcador ou destinatário esteja disposto a pagar; por outro lado procura minimizar os gastos com mão de obra, combustíveis, manutenção e reposição de veículos. Para tanto, a transportadora tenta obter a maior flexibilidade nos tempos de entrega, coleta e trânsito, através de consolidações de cargas operacionalmente viáveis. Governo - O governo tem interesse direto no sistema de transporte em função de seu impacto no desenvolvimento econômico do País. Tem como objetivo um ambiente de transporte estável e eficiente, de modo a sustentar o crescimento econômico. Um sistema de transporte eficiente permite a movimentação das mercadorias até os mercados de todo o país, promovendo deste modo, a disponibilidade de bens a preços razoáveis. Público - O público como usuário final dos bens e mercadorias se preocupa em ter acesso a este serviço através de alternativas de transporte, custos, padrões de segurança e qualidade. As necessidades do público é que determinam a definição do sistema de transporte adequado através da solicitação de mercadorias em vários pontos de consumo, a preços razoáveis. A seguir destaca-se os elementos constitutivosde um sistema de transportes: o modo, a forma, o meio e as instalações. Modo (via de transporte): – aeroviário, rodoviário, dutoviário, ferroviário, aquaviário; Forma (relacionamento entre os vários modos de transporte): unimodal, sucessivo, segmentado, multimodal; Meio (elemento transportador): trens, aeronaves, embarcações, dutos, caminhões; Instalações: terminais de cargas/passageiros). 2.3 Principais termos técnicos usados em Transportes Neste momento, é importante a definição de alguns termos utilizados em transportes, para facilitar à compreensão e o domínio de assuntos técnicos pertinentes à gestão de transportes. Embarcador ou expedidor: é a pessoa física ou jurídica que celebra o contrato de transporte com o transportador (não necessariamente o proprietário da mercadoria). Consignatário: pessoa física ou jurídica legitimamente autorizada para receber a mercadoria no local contratualmente acordado para a sua entrega. Volume indivisível – volume unitário contendo mercadorias, indivisível durante o processo de transferência e movimentação, ao longo de seu percurso e em todas as modalidades de transporte utilizadas. Carga fracionada – volumes de carga solta, constituídos por sacos, fardos, tambores, barris, engradados, etc... Carga unitizada – lote formado por diversos pequenos volumes de carga fracionadas, acondicionados em uma única unidade de carga Pallet – estrado com entradas para os garfos de empilhadeiras, feito em madeira ou materiais sintéticos, sobre cuja superfície pode se agrupar e fixar as mercadorias com fitas de poliéster, nylon ou outros meios, constituindo uma unidade de carga. Contêiner – caixa de aço ou outro material resistente, destinada a acondicionar mercadorias para transporte com segurança, inviolabilidade e rapidez. Obrigatoriamente, deve atender os seguintes requisitos: a) ter caráter permanente e ser resistente o suficiente para suportar o seu uso repetido; b) ser projetado de forma a possibilitar a sua movimentação nos diversos modais de transportes; c) possuir dispositivos que facilitem a sua transferência de um veículo para outro, em uma ou mais modalidades de transporte; d) ser projetado de modo a permitir a unitização e a desunitização com facilidades; e) ser facilmente acessível à inspeção aduaneira, sem nenhuma possibilidade de ocultação das mercadorias. Operação House to House – (Door to Door) - termo usado para significar que a mercadoria será recebida pelo transportador no seu local de origem ou outro local de interesse do embarcador e liberada no destino final designado pelo consignatário. Operação Pier to Pier – (Porto a Porto) – expressão utilizada para indicar que antes do transportador principal (maior percurso) receber a mercadoria, já ocorreu um transporte anterior, com os gastos assumidos pelo embarcador e que, após a mercadoria ser liberada no destino combinado, certamente haverá um transporte adicional antes de ser finalmente recebida pelo consignatário. Operação Pier to Pier – (Porto a Porto) – expressão utilizada para indicar que antes do transportador principal (maior percurso) receber a mercadoria, já ocorreu um transporte anterior, com os gastos assumidos pelo embarcador e que, após a mercadoria ser liberada no destino combinado, certamente haverá um transporte adicional antes de ser finalmente recebida pelo consignatário. Operação Píer to House – o termo Porta na Origem: indica que já ocorreu um transporte antes do transportador principal receber a mercadoria e que este, após o recebimento entregará a mercadoria no seu destino final, conforme indicação da expressão Porta no Destino. Operação House to Píer - a expressão indica que o transportador principal irá buscar a mercadoria no seu local de origem e que após a sua entrega no local acordado, certamente haverá um transporte adicional antes de ser recebida pelo consignatário. Conhecimento de Transporte – é a prova da existência do contrato de transporte, servindo como prova de entrega da mercadoria. Contrato de Transporte – é o documento que expressa a relação entre o transportador e o usuário e juntamente com a apólice de seguro e o contrato de compra e venda, definem os direitos e deveres entre as partes envolvidas, identificando que é o dono da mercadoria, que é o transportador, a modalidade de transporte e o valor do frete, os locais de origem e entrega da mercadoria, e as respectivas responsabilidades. Seguro – é importante fazermos a distinção dos seguintes tipos de seguros: Seguro - carga: a mercadoria sofre riscos ao ser transportado por qualquer dos modos e formas existentes, devendo ser segurada porta-a-porta pelo interessado, que pode ser o embarcador, exportador, destinatário ou importador. Este seguro garantirá a indenização ao segurado por eventuais perdas ou danos sofridos pela mercadoria. A seguradora poderá cobrar o prejuízo ao responsável pela falta ou avaria. Seguro de Responsabilidade Civil: no momento em que o transportador aceita receber uma mercadoria para efetuar um transporte, estará submetido às obrigações estabelecidas no contrato e na lei. Deixando de satisfazer alguma dessas obrigações, estará sujeito a sanções ou reparos pecuniários. O transportador deve contratar seguro contra determinados riscos, transferindo para a seguradora a responsabilidade do transportador por ter perdido ou avariado a mercadoria transportada. Seguro – casco: esta modalidade de seguro cobre apenas o equipamento que efetua o transporte. Sua indenização diz respeito aos prejuízos que este possa sofrer, independente de estar ou não em operação de transporte de carga. 2.4 Classificação dos Transportes Os transportes são classificados conforme a forma de combinação entre os vários modos de transporte; quanto à forma (vias de transporte usado); quanto a área geográfica de atuação; quanto a direção; quanto a finalidade; quanto a possibilidade de utilização; quanto a organização do transporte e quanto a prestação de serviço. 2.4.1 Quanto à forma de transporte As formas com que os vários modos de transporte se relacionam, são apresentados a seguir: Unimodal – quando a unidade de carga é transportada diretamente, utilizando um único veículo, em uma única modalidade de transporte e com apenas um contrato de transporte. É a forma mais simples de transporte. Sucessivo - quando a unidade de carga, para alcançar seu destino final, precisa ser transportada por um ou mais veículos da mesma modalidade de transporte, abrangidos por um ou mais contratos de transportes. Segmentado - quando se utilizam veículos diferentes, de uma ou mais modalidades de transporte, nos vários estágios de operação, e os serviços são contratados separadamente a diferentes transportadoras. Multimodal - quando a unidade de carga é transportada em todo o percurso utilizando de duas ou mais modalidades de transportes, abrangidas por um único contrato de transporte. Importante ressaltar, que nas operações de transporte segmentado, qualquer atraso pode significar a perda do transporte nos demais modais, acarretando o que se chama de frete morto (pagar por ter reservado o espaço, mesmo sem ter realizado o transporte). Pelas complexidades das operações e da existência de vários contratos existentes, a atribuição de responsabilidades por perdas ou avarias é complexa e as indenizações por lucros cessantes, flutuações de preços, etc, são quase que impossíveis. Quanto ao transporte multimodal, afirma-se que “a prévia coleta e movimentação de mercadorias para unitização, bem como as eventuais operações depois de sua entrega no local do destino estabelecido no contrato de transporte, não caracterizam o transporte multimodal, nem fazem parte dele”. 2.4.2Quanto ao modo de transporte As vias usadas para a efetivação do transporte, como rodovias, aerovias, dutovias, hidrovias e as ferrovias definem o modo de transporte. Transportes Terrestres: são classificados em rodoviário, ferroviário e dutoviário. No rodoviário a carga é transportada pelas rodovias, em caminhões, carretas, etc., no ferroviário a carga é transportada pelas ferrovias, em vagões fechados, plataformas, etc. e no modal dutoviário a carga em forma de granéis sólidos, líquidos ou gasosos, é transportada através de dutos. Transporte Aquaviário: são classificados em fluvial/lacustre e marítimo. No fluvial/lacustre (hidroviário), a carga é transportada em embarcações, através de rios, lagos ou lagoas e, no marítimo, a carga é transportada em embarcações, pelos mares e oceanos. Transporte Aeroviário: no transporte aéreo a carga é transportada em aviões, através do espaço aéreo. Os transportes terrestres e aquaviários são também chamados de transportes de superfície. 2.4.3 Quanto à área em que são executados Quanto à área em que os transportes são executados, são classificados em transporte nacional (mercadorias ou pessoas transportadas apenas nos percursos nacionais) e transporte internacional ( quando ocorre o transporte nos percursos internacionais). 2.4.4 Quanto à finalidade Quanto à finalidade, o transporte é classificado em transporte de pessoas, de coisas (bens e produtos) e misto. 2.4.5 Quanto à possibilidade de utilização Quanto a quem utiliza o serviço de transporte, este é classificado em transporte público, transporte particular e transporte oficial. 2.4.6 Quanto à organização do transportador Quanto à organização estrutural de quem usa ou administra o serviço de transportes, ele é classificado em transporte comercial e transporte civil. No transporte comercial existe uma organização empresarial envolvida e no transporte civil, não existe uma organização empresarial. 2.4.7 Quanto à prestação de serviço Quanto a natureza da prestação de serviço de transporte, ele é classificado em transporte regular e transporte irregular. O transporte regular obedece a datas, horários e escalas fixas; e o transporte irregular não obedece a disciplina de datas, horários ou escalas. 2.5 Os Modais de Transportes Vários são os modais de transporte disponíveis, como: ferroviário, aquaviário, dutoviário, rodoviário e aéreo. Cada um destes modais apresenta uma série de vantagens e desvantagens como: 2.5.1 Aéreo O aeroviário é a modalidade de transporte em que o deslocamento se dá pelo ar – aviões, helicópteros, etc. O transporte pode ser efetivado dentro do país ou envolvendo outros países, sendo continental ou intercontinental, e quanto ao serviço oferecido, pode ser feita de forma regular, através de aeronaves disponíveis, ou de afretamentos de aeronaves pelos embarcadores. Na matriz de transporte de carga no Brasil e no mundo, o modal aéreo participa com 0,4 % do volume de carga transportada. No Brasil, a exportação aérea representa 10% e a importação quase 30% de tudo que o país comercializa no comércio exterior. O transporte aéreo é ideal para a movimentação de produtos que necessitem extrema rapidez na entrega, de alto valor agregado ou altamente perecíveis, com distâncias acima de 1.000 km. Para esta faixa de distância, sofre uma grande concorrência do modal rodoviário. Interessante observar, que cargas perecíveis não são somente mercadorias que necessitam de refrigeração ou de cuidados especiais, mas também produtos tais como jornais ou revistas, que perdem seu valor com o decorrer do tempo. Para que as mercadorias possam ser levadas de porta-a-porta, o transporte aéreo sempre vai exigir a combinação com outro modal de transporte, principalmente o rodoviário, . Vantagens Velocidade: é o modo de transporte mais rápido, eficiente e confiável., possibilitando a utilização mais rápidas de mercadorias perecíveis ou de validade mais curta. Competitividade: pode-se obter redução de custos com estoques e armazenagem. Estoques, porque a frequência dos voos permite uma alta rotatividade e consequentemente a redução dos estoques, e de armazenagem, devido do curto tempo de viagem. A entrega rápida pelo modal aéreo pode ser um forte argumento ou apelo comercial. Mobilidade na alteração de produto on-line na produção. Favorece a proximidade e disponibilidade nos grandes centros consumidores Embalagem: o manuseio da carga por ser altamente mecanizado é mais seguro, não exigindo há necessidade de embalagens reforçada, favorecendo a redução de custos. Fretes internos: os fretes internos para colocação das mercadorias nos aeroportos são mais baixos ou inferiores, e o tempo mais curto de operação devido a localização dos mesmos. Confiabilidade: devido ao cumprimento ao contrato de transporte, tanto em seus prazos estabelecidos no embarque, quanto na chegada ao destino e, e com o baixo índice de varias e extravios de cargas/mercadorias. Seguro: o período de manuseio e de armazenagem e a duração da viagem reduzem os riscos de demora, danos, roubos, furtos e perdas, favorecendo consideravelmente a redução dos prêmios de seguros. Pode ser 30% mais barato em relação ao transporte marítimo. Cobertura de mercado: a rede de transporte aéreo internacional atinge países sem litoral e regiões inacessíveis com maior facilidade em relação aos outros modais de transporte. Desvantagens Capacidade: as aeronaves não conseguem competir com outros meios de transporte, por causa da limitação ou restrições de peso e volume. Carga a granel: o transporte aéreo não permite a movimentação de cargas a granel (minérios, petróleo, grãos, etc...) devido ao não cumprimento do princípio da economicidade dos transportes. Produtos de baixo valor agregado: as tarifas aéreas por serem elevados, alguns produtos semimanufaturados, manufaturados e matérias-primas não têm condição de absorver os valores de fretes. Transporte de artigos perigosos: a legislação possui severas restrições quanto ao transporte de produtos perigosos. 2.5.2 Ferroviário As características do modal ferroviário: Custos elevados de implantação e manutenção; Apresenta grande eficiência energética; À distância e a densidade do tráfego são fatores determinantes para a viabilidade do uso da ferrovia; É adequado para viagens de curta e média distância, onde os demais modais não são tão convenientes, em face do tempo e custos. Conforme estudos internacionais, a ferrovia é ideal para receber lotes de mercadorias para transporte quando a distância exceder 500 km. Modal ideal para o transporte de grandes volumes de cargas e preços baixos, pois oferecem um frete mais competitivo. Ex: nas mineradoras, utiliza-se 3 locomotivas para o transporte de 20.400 toneladas de minérios (204 vagões em composição, com capacidade de 100 ton/cada). Vantagens • Capacidade para transportar grandes lotes de mercadorias com vários vagões (um vagão pode transportar entre 25 e 100 toneladas, conforme o tipo de carga e de locomotiva para suportá-la); • Flexibilidade em negociação de fretes mais competitivos, de acordo com o volume transportado; • Frete mais barato em relação ao rodoviário (só perde para o hidroviário); • Baixo consumo energético por ton/km, favorecendo uma redução no custo de transporte; • Velocidade: os trilhos são vias de alta velocidade para os trens. Desvantagens • Tempo de viagem demorado (baixa mobilidade/ velocidade dos trens); • Custo elevado quando da necessidade de transbordos; • Operação depende da disponibilidade de material rodante; • Baixa flexibilidade de rotas devido das restrições da rede e das diferenças de bitola; • Altaexposição a furtos em razão de percursos maiores e da armazenagem entre a origem e o destino final; • Poucos ramais nos armazéns de usuários; • No geral as tarifas não são competitivas para cargas pequenas ou médias; • Empresas ferroviárias não possuem sistemas de distribuição física eficientes; • Apresenta níveis de serviços inferiores, exigindo o uso de caminhões (modal rodoviário) para complementação dos serviços. 2.5.3 Aquaviário Denomina-se transporte aquaviário a navegação realizada por navios, barcos, barcaças, etc...quando o veículo transportador se desloca no meio líquido, e tecnicamente o transporte aquaviário é classificado em transporte marítimo, fluvial e lacustre. O transporte em rios e lagos, forma o transporte hidroviário. Tem como característica principal a alta capacidade de transporte, permitindo a movimentação de grandes volumes de carga em um único veículo de transporte, representando um baixo consumo energético por unidade de carga movimentada. O Custo de construção ou adaptação em canal navegável, em uma hidrovia, é 60 vezes inferior ao de construção de uma estrada de rodagem e, o custo de transporte é 12 vezes mais barato que o rodoviário e 3 vezes mais barato que o ferroviário. A legislação brasileira, classifica a navegação nas seguintes formas: Cabotagem – quando a navegação é realizada entre portos ou pontos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou as vias navegáveis interiores. Navegação interior – realizada em hidrovias interiores, em percurso nacional ou internacional. Navegação de Longo Curso - realizada entre portos brasileiros e estrangeiros. O transporte de carga pode ser realizado de três formas básicas: A granel – carga a granel embarcada diretamente em navios graneleiros, sem embalagem, como os produtos agrícolas, fertilizantes, minérios, petróleo, produtos químicos, etc.; Individual – quando se tratar de carga geral, que é aquela normalmente embalada, mas podendo não ocorrer como uma máquina por exemplo, onde o embarque de cada volume de mercadoria, é acomodada por meio de seu empilhamento e/ ou arrumada de forma convencional nos porões dos navios; Unitizada – que é o agrupamento de um ou mais volumes de carga geral, ou mesmo carga a granel, em uma unidade adequada para este fim, em navios convencionais ou especiais como os porta-containers. O processo de agrupamento pode ser realizado com qualquer tipo de unidade de carga existente como os containers , pallets, big bags ou outra unidade que se preste à união da carga para movimentação única. Objetivo do agrupamento de carga, em especial a geral, é oferecer vantagem na sua agilidade, segurança, redução de custo por meio da utilização de equipamentos modernos de movimentação. Hidroviário: O transporte hidroviário utiliza as vias fluviais, que possuem quedas de nível bruscas e encachoeiradas. O termo Hidrovia, aquavia, via navegável, caminho marítimo ou caminho fluvial são designações sinonímicas. Hidrovia interior ou via navegável interior são denominações comum para os rios, lagos ou lagoas navegáveis. O transporte hidroviário apresenta custos muito baixos, porém não se mostra muito atraente, pela lentidão (é mais lento que as ferrovias ), pela exigência de um terminal de carga e descarga e da necessidade de outro modal para complementação das atividades operacionais. Estudos confirmam uma redução de custos na ordem de 35% no custo do transporte fluvial quando comparado com o transporte rodoviário. Outra característica deste modal, é que os custos de danos e perdas do transporte são inferiores quando comparados com outros modais, pois não é dada muito importância a danos físicos em mercadorias de baixo valor agregado. Pelo fato de compradores manterem grandes estoques ou inventários, as perdas devida a atrasos são insignificantes. Vantagens Elevada capacidade de transporte, através de rebocadores e empurradores. Fretes mais competitivos quando comparados aos transportes rodoviário e ferroviário. Custos variáveis bem mais baixos. Disponibilidade ilimitada. Permite o uso da multimodalidade. Desvantagens Baixa velocidade. Em função do nível das águas a capacidade de transporte é variável. As rotas são fixas ( baixa flexibilidade ). Necessidade de pesados investimentos de regularização de alguns trechos de rios. Marítimo: O transporte marítimo é o modal utilizado em mais de 90% das operações de comércio exterior no mundo. O transporte marítimo é realizado por navios a motor, de grande porte, nos mares e oceanos. Está dividido em duas categorias, de acordo com a sua finalidade, ou seja, transportando cargas entre portos nacionais, adentrando portos interiores localizados em rios, dentro de um mesmo país oi internacionalmente, interligando dois ou mais países. Nos anos 60 do século passado, os navios desenvolviam velocidades de cruzeiros média de 10 nós; os portos dispunham de equipamentos com capacidades limitadas e as operações exigiam enormes equipes de trabalhadores, tanto a bordo como em terra. Hoje, com capacidade para até 12 vezes mais carga, os navios ultrapassam facilmente 25 nós de velocidade e as operações portuárias exigem menos recursos de mão-de-obra (pessoas), com a utilização de modernos equipamentos que possuem capacidade de gerar grandes índices de produtividade. A irreversível tendência à conteinerização, com uma produtividade média superior a 35 movimentos por hora, deixa de existir praticamente o transporte de carga solta fracionada nos navios, exceto nas rotas para países com baixo nível de desenvolvimento ou em navios especializados (ex: transporte de papel, celulose, produtos siderúrgicos, etc...). O Transporte Marítimo é responsável pela maior parte das trocas internacionais, ou seja, grande volume do nosso comércio exterior passa pela via marítima. Importante informar, que grande soma de recursos ou divisas é transferida para fora do país pelo pagamento de fretes contratados no exterior. A navegação oceânica foi praticamente o modal que mais evoluiu, sendo responsável direto pela reforma portuária em todo o mundo. Vantagens Capacidade: os navios possuem maior capacidade de carga do que qualquer outro meio de transporte. Competitividade: as tarifas de frete são mais competitivas. Flexibilidade de carga: qualquer carga pode ser transportada para qualquer lugar. Continuidade das operações: não é suscetível às más condições de tempo, principalmente na operação de carga conteinerizada. Altíssima eficiência energética. Elevada economia de escala para grandes lotes a longa distância. Desvantagens Acessibilidade: a maioria dos portos marítimos está longe dos locais de produção e destino final das mercadorias, o que exige quase sempre o transbordo (mudar de veículo transportador), implicando outros manuseios com os consequentes riscos e danos e o tempo de trânsito é mais longo. Custo da embalagem: a natureza das operações de manuseio nos portos marítimos exige embalagens adequadas para mercadorias; Velocidade: é o meio de transporte mais lento. A duração média de uma iagem é maior do que a de qualquer outro meio de transporte (modal ); Frequência dos Serviços: não oferece amplas possibilidades de escolha de serviços regulares. Por ser menos frequente, agrega custo pelo período de armazenagem de mercadorias; • Congestionamento nos Portos: cada vez mais frequente, o congestionamento compromete qualquer programa de tráfego e implica pagamentos de adicionais pela demora na atracação e desatracação. Portos marítimos estão longe dos locais de produção e destino final das mercadorias, exigindo o transbordo (mudar de veículo transportador), implicando outros manuseios com os consequentes riscos e danos e o tempo de trânsito é mais longo.2.5.4 Dutoviário É o transporte de granéis, por gravidade ou pressão mecânica, através de dutos projetados com à finalidade a que se destinam. No modal de transporte por dutos é o mais barato, mas no Brasil são mais caros que na ferrovia. Nos países desenvolvidos, a participação do transporte por dutos na matriz de transportes é expressiva, mediante o transporte de granéis líquidos e sólidos em polpa ou em grânulos. O transporte dutoviário oferece um rol muito limitado de serviços e capacidades. Tem como característica a lentidão na movimentação e há responsabilidade legal por danos ou perdas, uma vez que dutos têm o mesmo status que transportadores regulares. Vantagens Permite que grandes quantidades de produtos sejam deslocadas de maneira segura, diminuindo o tráfego de cargas perigosas por caminhões, trens ou por navios e, consequentemente, diminuindo os riscos de acidentes ambientais; Podem dispensar armazenamento; Simplificam carga e descarga; Diminuem custos de transportes; Menor possibilidade de perdas ou roubos; Redução do desmatamento; Melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades; Facilidade de implantação, alta confiabilidade, baixa consome de energia e baixos custos operacionais. Desvantagens Considerado um transporte lento (com velocidade de 2 a 8 km/h) em relação aos outros, além de apresentar pouca flexibilidade de destinos e de produtos. Número limitado de serviços e capacidade. Não é indicado para pequenos volumes e distâncias curtas Baixa flexibilidade quanto à rota de distribuição, sua posição não é fácil de alterar e por este motivo é adequado a produtos que mantenham sua demanda restrita a pontos fixos. Necessidade de grande investimento em capital. Seu uso só pode ser estendido a certos grupos de mercadorias dentro de um mesmo duto, embora seja tecnicamente possível separar um produto de outro sem que eles se misturem durante o transporte, não é aconselhável usar um mesmo duto para carregar parafina e depois leite, por exemplo. Caso haja alguma avaria nos dutos submersos pode causar uma grande catástrofe ambiental. 2.5.5 Rodoviário No Brasil o modal rodoviário tem predominado sobre os demais no decorrer das últimas décadas, sendo utilizado tanto para escoar a produção agrícola nacional, quanto para a entrega de simples encomendas. Apesar de ter menor capacidade de carga se comparado com os outros modais, o transporte rodoviário possui a vantagem de ser o único modal capaz de realizar o serviço porta a porta, e sem ter a necessidade de realizar o transbordo entre o ponto de origem e destino, diferente do modal aéreo e ferroviário. O capital investido na operação de movimentação rodoviária, assim como seus custos fixos, é menor quando comparado com os demais modais, em contrapartida seus custos variáveis são consideráveis, fazendo com que seja antieconômico para viagens de longa distância e pouco competitivo para produtos de baixo valor agregado. . O elevado custo por quilômetro no TRC é consequência do fato de que cada operação requer ao menos “uma unidade de força e um motorista para cada carreta ou combinação de carretas enfileiradas”, diferente do que ocorre com o outros modais, como o ferroviário que diversos vagões podem ser tracionados por uma unidades de força. O TRC pode transportar praticamente qualquer tipo de carga, porém, devido aos custos relativamente altos de sua operação, é mais adequado para cargas possuem alto valor agregado, ou cargas perecíveis devido à sua agilidade. Este é um modal que tem predominado sobre os demais na matriz de transporte de cargas no Brasil, devendo permanecer com este desempenho por mais alguns anos. No entanto, a concorrência que vem sofrendo dos modais ferroviário, fluvial e marítimo de cabotagem tem sido forte, situação a que deve se adaptar, o que não deverá ser uma tarefa das mais simples para esse modal, sempre acostumado a liderar o transporte interno. Não é um transporte que possa ser reputado como regular ou não regular, como ocorre com os aquaviário e aéreo, porém de contratação de transporte para determinada carga, destino, etc. ,de operação bastante simples e sua reserva pode ser feita para um espaço no veículo ou para um veículo integral, normalmente de forma direta com o transportador. Pode ser determinado como regular, conforme a forma tradicional nos demais modais, apenas se for considerado que necessita de autorização para realizar transporte internacional, mas assim mesmo ele é mais de transporte opcional, dependente das contratações dos embarcadores ou destinatários. O transporte rodoviário tem uma característica única, que o diferencia de todos os demais modais, que é a sua capacidade de tráfego por qualquer via. Ele não atém, em hipótese alguma, a trajetos fixos, tendo a capacidade de transitar por qualquer lugar, apresentando uma flexibilidade ímpar quanto a percursos. Isso lhe dá uma vantagem extraordinária na disputa pela carga com os demais modais. É um veículo adaptável a mercadorias de alto valor, considerando o seu alto custo de estrutura, e para distâncias relativamente curtas até cerca de 500 quilômetros. O veículo tem se adaptado muito bem ao trem, de tal forma que seus semi-reboques ou reboques podem transformar-se em vagões ferroviários, os chamados road-railler ou transrailler, sendo colocados sobre truques que os mantém levantados e com suas rodas suspensas, sendo novamente recolocados sobre os cavalos-mecânicos ao final do trajeto sobre trilhos, exercendo a multimodalidade. Apresenta-se o veículo ideal, aliás, o único a praticar a multimodalidade em toda a sua plenitude, auxiliando os demais modais, que não conseguem conviver sem ele. A sua capacidade de redução de manuseios e de ir até onde a carga tenha que ser embarcada, bem como fazer sozinho um transporte, é um grande diferencial logístico. Vantagens Versatilidade: os caminhões podem ser transportados em barcos, em serviço de auto transbordo ou em vagões com plataforma para serviços ferro-rodoviários. Acessibilidade: possui grande capacidade distributiva e maior disponibilidade de vias de acesso. Tarifas mais competitiva para cargas pequenas e/ ou a distâncias curtas. Possibilita o serviço porta-a-porta e serviço mais personalizado, tanto para quem recebe como para quem envia as mercadorias. Embalagens: permite o uso de embalagens mais simples, mais leves e mais baratas para acomodação e proteção da carga, como conseqüência do menor manuseio a que estão sujeitas as mercadorias. Prontidão: embarques e partidas mais rápidas com possibilidade de programar horários precisos. Integração com outros modais: Ë peça fundamental para que a multimodalidade e a intermodalidade possam ser realizadas. Grande diversidade na oferta de equipamentos para transporte. Favorece o embarque de pequenos lotes e facilidade de substituir o veículo em caso de quebra ou acidente. Maior rapidez de entrega em curta distância, pela eliminação de pontos intermediários de desembarque e reembarque. Por sua flexibilidade, indicado para distribuição urbana. O custo de seus equipamentos em relação aos outros modais, viabiliza a atuação de pequenas e médias empresas na atividade de transporte ou serviços. • Flexibilidade no deslocamento de cargas e elevada cobertura geográfica; • Manuseamento de pequenos lotes e simplicidade no atendimento das demandas e agilidade no acesso às cargas; Desvantagens • Maior custo operacional (elevado consumo energético), tornando-se um transporte caro. • Capacidade: menor capacidade carga e em alguns países a legislação limita o tamanho e o peso dos caminhões. • Nas épocas de safras provoca congestionamentos nas rodovias, acarretando gastos extras de combustível. • Distância: só pode operar economicamentedentro de certos limites, deixando o transporte de longas distâncias para outros meios. • Provoca desgaste prematuro na infraestrutura da malha rodoviária (excesso de peso). • Modal altamente poluente e mais caro em grandes distâncias; • Apresenta dificuldades em relação à segurança da carga, sendo que muitas delas já não são passíveis de serem cobertas por seguros, forçando gastos adicionais com escolta de segurança e acompanhamento por satélite. • Menos competitivo para longas distâncias; • Dependente das infraestruturas (disponibilidade e condições); • Dependente do trânsito (tráfego); 2.6 Escolha de modal de transporte Para auxiliar na escolha de modal de transporte mais adequado para uma determinada operação logística, apresenta-se no quadro a seguir a matriz comparativa entre os vários modais de transporte de carga, em função: - da capacidade de transporte; - velocidade de deslocamento; - preço do frete para o usuário; - resposta ao serviço; - custo de manutenção de inventário; - estrutura de custos fixos e custos variáveis; - perdas e danos, - frequência; - disponibilidade; - vida útil da via; - confiabilidade nas operações. Os elementos a serem considerados na escolha do modal de transporte são: a) técnicos-organizacionais; b) características do produto a ser transportado; e, c) fatores econômicos. Técnico-organizacionais: Infraestrutura viária; Infraestrutura de comunicação e meios de transporte disponíveis (quantidade e tipos, velocidade, confiabilidade e flexibilidade); Características do produto a ser transportado: dimensões, peso, volume, relação peso-volume, relação peso-valor e embalagem; Econômicos: frete de cada modal de transporte e os custos gerados de cada modal de transporte (custo de transporte e os custos de manutenção de inventário na fábrica, em trânsito e no cliente). A seguir apresenta-se as vantagens. As desvantagens e as características dos modais de transporte. 3 Custos operacionais do TRC 3.1 A importância da gestão de custos o TRC Os empresários que atuam no setor do transporte começam a reconhecer a importância de uma boa gestão de custos, pois oferecem respostas as seguintes questões: Auxiliar na tomada de decisão: os custos são indispensáveis para auxiliar uma boa decisão gerencial, como: a - determinar a hora certa de renovar a frota; b - decidir entre o aluguel ou a compra de veículos; c - selecionar o veículo mais adequado para atender as operações; d - calcular o valor do frete; e - elaboração de orçamento de receita, gastos e investimentos. Apurar lucro ou prejuízo nas operações. Controlar as operações de transporte. Tradicionalmente, a metodologia usada para o dimensionamento dos custos operacionais no setor do TRC (Transporte Rodoviário de Cargas), é conhecida como Custo Espaço – Tempo ou Custo Médio Desagregado. O custo médio desagregado é assim chamado, pois dimensiona os custos conforme parâmetros específicos de cada componente de custo (depreciação, salários, pneus, lubrificantes, etc.). É um método amplamente usado pelas empresas e se baseia em parâmetros médios de consumo. O termo Custo: Espaço-Tempo foi cunhado pelo autor deste material de apoio pedagógico, pois na realidade, os custos operacionais fixos e variáveis no transporte rodoviário de carga, sofrem influência de duas dimensões: o espaço e o tempo. Espaço é a distância que o veículo percorre ou vai percorrer vazio ou com carga, da coleta da mercadoria até a entrega efetiva ao destinatário. A dimensão tempo refere-se ao tempo no qual o caminhão e o motorista vão ficar alocados para atender uma viagem de transporte, da coleta até a efetiva entrega da mercadoria no destino. No quadro a seguir apresenta-se a estrutura de custos operacionais fixos e variáveis no transporte rodoviário de cargas. 3.2 As equações de dimensionamento de custos Analisando a metodologia denota-se as várias equações que dimensionam os custos operacionais no transporte rodoviário de cargas, como: Custo mensal (Cm) Custo por Km rodado(Ckm) Custo da viagem (Cvg) ( ) Frete da viagem (Frvg) Sendo: CF = custos fixos, expressos em R$ por mês; Cv = custos variáveis, expressos em R$ por quilômetro rodado; DDM = Dias disponíveis por mês; HD = horas disponíveis por dia; Tvg = tempo total da viagem, da coleta até a entrega efetiva da carga no destinatário; O.D.Vg = outras despesas da viagem (seguro da carga, pedágio, chapa para carga e descarga, estacionamento, gorjetas, etc.) % IMP = carga tributária incidentes sobre o valor do frete (ICMs, Pis, Cofins, CSLL e IRPJ) % DADM = e á relação entre o total das despesas administrativas, comerciais e financeiras em relação ao valor do frete. % COM = é o comissionamento do frete para repassar aos motoristas (salário variável) ou para o agente de carga. % LU = é a expectativa de lucro . 3.3 Dimensionamento dos custos operacionais Na sequência, descrevem-se os procedimentos de mensuração dos custos operacionais no transporte rodoviário de cargas. 3.3.1 Custos operacionais fixos Os custos operacionais fixos apresentam as seguintes características: São aqueles custos que não variam conforme a produção (no segmento do transporte rodoviário de cargas, pode ser a quilometragem, viagens realizadas ou toneladas transportadas). São expressos em R$ (unidade monetária) por unidade de tempo (mês, dia ou hora), Compõem os custos fixos: a depreciação; remuneração de capital, salários dos motoristas e ajudantes; encargos sociais e trabalhistas, o licenciamento e o seguro. Depreciação: Depreciação é a perda do valor comercial de um bem (veículo de transporte) pela ação da natureza, obsolescência ou ação da natureza. Vários são os métodos para se calcular a depreciação (soma dos dígitos, exponencial e o método linear). Usando o método linear, a depreciação mensal é calcula multiplicando-se o índice de consumo pela base de cálculo. Cálculo do Índice de Consumo: Sendo: VR - Valor de revenda do equipamento após a vida útil (tempo de utilização); VA - Valor de aquisição do equipamento novo (Não incluir o valor dos pneus) n - Vida útil do equipamento em meses Base de cálculo (BC): é o valor do equipamento novo sem pneus. Considerações sobre a depreciação Métodos: linear, soma dos anos e exponencial. Exemplo: calcular pelos três métodos a depreciação mensal de um veículo que apresenta valor de investimento inicial de R$ 100.000,00 e atinge valor residual ( revenda) de R$ 20.000,00 em cinco anos. ** Linear = (1-k)/n = ((1 – 20.000/100.000))/ 5 = (1-0,2)/5 = 0,8/5 = 0,16 valor depreciação por ano = 100.000,00 x 0,16 = R$ 16.000,00/ano ** Soma dos anos = ((N – n+1))/(∑ N) 1º ano: (5 – 1+1/(1+2+3+4+5) = 5/15 = 0,33333 depreciação no 1º ano = 0,33333 x (100.000 – 20.000) = R$ 26.700,00 2º ano: (5-2+1)/15 = 4/15 = 0,26667 depreciação no 2º ano = 0,266667 x 80.000 = R$ 21.300,00 3º ano: (5-3+1)/15 = 3/15 = 0,20000 depreciação no 3º ano = 0,2 x 80.000 = R$ 16.000,00 4º ano: (5-4+1)/15 = 2/15 = 0,13333 depreciação no 4º ano = 0,13333 x 80.000 = R$ 10.700,00 5º ano: (5-5+1/15 = 1/15 = 0,06667 depreciação no 5º ano = 0,066667 x 80.000 = R$ 5.300,00 ** Exponencial : parte do princípio de que o valor do equipamento diminui anualmente, segundo uma porcentagem fixa do valor que possuía no inicio do período. V n = P x (1+r) n Sendo: Vn ... Valordo veículo no fim de n anos P ...... Valor inicial do veículo L ... Valor de revenda no fim de n anos r ... Taxa de depreciação N... Vida útil do veículo Logo, r = 1 – (L/P) 1/N = 1 – (20.000/100.000) 1/5 = 1- ( 0,2) 0,2 = 1 – 0,725 = 0,275 = 27,5% Portanto, a depreciação nos anos será: 1º ano = 100.000,00 x 0,275 = R$ 27.500,00 2º ano = (100.000 – 27.500) x 0,275 = R$ 19.900,00 3º ano = ( 100.000 – 27.500 – 19.900) x 0,275 = R$ 14.500,00 4º ano = ( 100.000 – 27.500-19.900-14.500)x 0,275 = R$ 10.500,00 5º ano = ( 100.000 – 27.500 – 19.900 – 14.500 – 10.500)x 0,275 = R$ 7.600,00 No quadro a seguir apresenta-se o comparativo entre os vários métodos de depreciação. Para facilitar o cálculo, usa-se o método linear, porém os métodos exponencial e a soma dos anos reflete melhor o comportamento da carga de depreciação, em função da idade do veículo. Remuneração de capital: É um termo usado em economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do ente econômico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada ou, ainda, a mais alta renda. Do ponto econômico, existem argumentos a favor e contra a inclusão da remuneração do capital próprio nos custos. Embora o assunto seja controvertido, segundo a teoria econômica, por virtual ou intangível que seja, existe sempre um custo de oportunidade associado ao capital: • Qualquer investimento pressupõe uma remuneração mínima; • Investir significa deixar de distribuir lucros, o que só é atraente se a remuneração for adequada; • Como os recursos são escassos, investir em um projeto, significa perder a oportunidade de investir em outros; • Existe a possibilidade de o investimento não corresponder à expectativa (risco). Os autores contrários à inclusão deste custo argumentam que, se o preço cobrado já inclui a depreciação, o empresário pode formar uma reserva que, aplicada mês a mês no mercado financeiro, assegurará os recursos suficientes para renovar a frota. Assim, a remuneração do capital não constituiria um custo, mas uma forma aumentar a margem de lucros. Na prática, a maioria dos cálculos de custos costuma incluir a remuneração do capital, existindo, no entanto, variações quanto às taxas e as bases sobre as quais elas se aplicam. Em geral a taxa é, no mínimo igual ao retorno médio de que a empresa desfruta em suas operações normais. Algumas empresas fazem uma média da rentabilidade dos produtos mais lucrativos. No entanto, se o mercado se torna muito competitivo, o empresário poderá se contentar com retornos menores. Em suma, o único juiz de quanto quer ou pode ganhar é o próprio transportador. Método simples Cálculo do Índice de Consumo: Sendo: % juros a.a. = é a taxa mínima de atratividade deseja para se realizar o investimento na aquisição de equipamentos (caminhão). Base de cálculo (BC): É o valor do equipamento novo, completo com pneus e acessórios. Método pela engenharia econômica Cálculo do Índice de Consumo (Coeficiente aplicável ao valor do veículo novo - VN) r = {[(2 + (n – 1)) * (K+1)] / (24*n)} * j Sendo, J – Taxa de juro anual n – Vida útil em anos K – Índice de revenda do veículo = VR / VN VR – valor de revenda VN – Valor do veículo novo Salário do motorista com encargos sociais (previdenciários e trabalhistas): É o valor mensal dos salários, com os encargos sociais e trabalhistas com o motorista (FGTS, férias, 13º salário, INSS, uniformes, benefícios, etc.). Cálculo do Índice de Consumo: Sendo: % ES = é a taxa de encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre o valor da folha de pagamento. Base de cálculo (BC): É o valor da remuneração mensal do motorista (salário contratual, horas extras, adicional noturno, diárias alimentação, etc.). Considerações sobre os encargos sociais: Além do salário, vários outros custos devem ser calculados ou estimados de modo que se conheça a real dimensão do custo da mão de obra. Certos encargos são fixados por lei como um percentual fixo sobre a folha de pagamento. No entanto, a maioria tem que ser calculada a partir de estimativas que envolvam desde o número de dias efetivamente trabalhados, até as estatísticas sobre taxa de natalidade, acidentes no trabalho, número de conduções tomadas pelo trabalhador, etc. O recolhimento previdenciário das empresas em geral corresponde à aplicação das seguintes alíquotas, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados: • 20% referente ao INSS Patronal para as empresas NÃO optantes do Simples Nacional; • 1%, 2% e 3% referente a Risco de Acidente do Trabalho (RAT) e contribuição adicional, se for o caso, variando conforme o grau de risco, acrescido do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) a partir de janeiro/2010; • 5,80% de contribuição variável de Outras Entidade (Terceiros), destinada às entidades SENAI, SESC, SESI, etc., onde o INSS se incumbe de arrecadar e repassar. Enquadramento no SAT/RAT O Risco de Acidente do Trabalho (RAT) é o seguro obrigatório, instituído por lei, mediante uma contribuição a cargo exclusivo da empresa, sobre a folha de pagamento, que se destina à cobertura de eventos resultantes de acidente do trabalho. A alíquota aplicada sobre o valor da Folha de Pagamento para a cobertura deste seguro pode ser: • 1% para a empresa em cuja atividade o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; • 2% para a empresa em cuja atividade o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; • 3% para a empresa em cuja atividade o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. O grau de risco que cada empresa está enquadrada é determinado pelo Código de Atividade Econômica constante no Cartão do CNPJ, em tabela divulgada pelo Ministério do Trabalho, de acordo com a média apurada nos registros dos Acidentes de Trabalho. O Fator Acidentário Prevenção (FAP) consiste em um multiplicador variável num intervalo 0,5000 a 2,0000, aplicado com quatro casas decimais, a ser aplicado sobre a alíquota RAT de 1%, 2% ou 3%. Neste sentido, as alíquotas do RAT poderão ser reduzidas em até 50% ou majoradas em até 100% em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade, aferida pelo FAP. Não há tabela divulgada do FAP, dessa forma, cada empresa deve acessar o sítio da Previdência Social e verificar qual a sua alíquota de majoração. Para efeito desse trabalho, para apuração dos encargos sociais (Tabela “A”), vamos adotar o percentual de 2%, sem considerar a alíquota FAP de majoração. Lembramos que cada empresa deve levar em consideração o seu próprio enquadramento e alíquota. Outras entidades (Terceiros) Para o cálculo das contribuições, para outras entidades (terceiros), cada empresa deverá enquadrar-se em um dos FPAS e, com base nesse código, saberá qual o percentual de recolhimento a que estará sujeita, conforme orientações administrativas do INSS. Para apuração dos encargos sociais (Tabela “A”), será considerada uma alíquota de 5,8% para as empresas em geral. Importante lembrar que cada empresa deve levar em consideração o seu próprio enquadramento e alíquota. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) Todas as empresas são obrigadas a depositar, até o dia 7 de cada mês, o FGTS dos funcionários, correspondente a 8% da remuneração de cada trabalhador, incluídas na remuneração as horas-extras, 13º Salário, etc. O depósito na conta vinculada do FGTS é obrigatório também nos casos de interrupção do contrato de trabalho previsto em lei, tais como: a) auxílio-doençade até15 dias; b) durante todo período de afastamento por acidente de trabalho; c) licença-maternidade; d) licença-paternidade. Encargos Básicos - Tabela “A” Nesta tabela foram reunidas as contribuições incidentes sobre o total da Folha de Pagamento, no decorrer do mês, aos empregados. Contribuição à Previdência Social (INSS) 20,00% Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) 8,00% Salário-Educação 2,50% SENAC/SESC 1,50% SENAI/SESI 1,00% SEBRAE 0,60% INCRA 0,20% Risco de Acidente do Trabalho (RAT) 2,00% Total 35,80% Tabela “B” - Encargos que Recebem a Incidência da Tabela “A” A Tabela “B” é constituída de encargos pagos diretamente ao funcionário, incluídos na folha de pagamento e por isso sofrem a incidência dos encargos da Tabela “A”. O ponto de partida para o cálculo desses encargos é a determinação do número de dias produtivos do trabalhador em um ano de 365 dias. Para se chegar a esse número é necessário determinar o número de dias não trabalhados no ano, ou seja, de férias, descanso semanal remunerado (DSR), feriados e de faltas abonadas legalmente. Considerando 365 dias do ano, menos 52 domingos, 25 dias de férias (veja letra “b” a seguir), e, em média, 12 dias entre feriados e dias santificados além, do feriado estadual, temos: Dias úteis: 365 - (52 + 25 + 12) = 365 - 89 = 276 Repouso Semanal Remunerado (RSR): O (RSR), constituído de 52 domingos anuais e 12 feriados, pode ser calculado da seguinte forma: RSR = 52 + 12 = 64 / 276 = 0,2319 x 100 = 23,19% Férias: As férias foram calculadas à base de 25 dias, embora o direito do empregado corresponda a 30 dias, posto que, no período de 30 dias de gozo há, em média, 4 domingos e 1 feriado intercalados. Férias: 25 / 276 = 0,0905 x 100 = 9,05% Para o cálculo do 1/3 Constitucional sobre as férias, deve ser considerado os 30 dias de férias: 30 / 276 = 0,1086 / 3 = 0,0362 x 100 = 3,62% Férias + 1/3 constitucional = 9,05 + 3,62% = 12,67% Feriados: Para o cálculo dos feriados (7 nacionais, 1 estadual e 4 municipais), temos: Total de feriados no ano = 12 = 12 / 276 = 0,0434 x 100 = 4,34% Nota: Lembrar que os dias em que se comemora o Carnaval não se encontram discriminados entre os feriados oficiais, exceto para o Estado do Rio de Janeiro que, a terça-feira é feriado (Lei nº 5.243/08). Aviso Prévio: vamos considerar neste exemplo que em média a rotatividade de funcionários seja de 1 ano e que o Aviso-Prévio seja Indenizado, onde teremos o seguinte: 30 dias / 276 = 0,1086 x 100 = 10,86% 13º Salário: considerando que o valor do 13º salário corresponde a 30 dias de trabalho e, que o ano de 365 dias, tem 276 dias úteis, temos como encargo dessa verba: 30 / 276 = 0,1086 x 100 = 10,86% Auxílio-Doença e Acidentes de Trabalho: em se tratando de afastamento, seja por doença ou acidente, a empresa paga os 15 primeiros dias desse afastamento e, a partir do 16º dia, o mesmo é custeado pelo INSS. Para este item utilizaremos dados estatísticos divulgados pelo IBGE onde há uma incidência de 35% de casos de auxilio doença e/ou acidente de trabalho. Logicamente que esse percentual pode variar em razão de campanhas desenvolvidas em cada empresa, na qual se reduzirá o número dos afastamentos, seja por doença ou por acidente de trabalho. 15 X 0,35 = 0,0190 x 100= 1,90 Licença-Paternidade: pela legislação todo funcionário tem o direito de ausentar-se do serviço por cinco dias quando do nascimento de filho. Para este item também utilizaremos dados estatísticos do IBGE, onde em média nascem filhos de 1,5% dos trabalhadores no período de um ano. Dessa forma, poderá ser adotado o seguinte cálculo: 5 dias de licença-paternidade ÷ 30 dias/mês = 0,17 0,17 x 0,015 x 100 = 0,02%. Com isto formamos a tabela B: Repouso Semanal Remunerado 23,19% Férias + 1/3 Constitucional 12,67% Feriados 4,34% Aviso Prévio Indenizado 10,86% 13º Salário 10,86% Auxílio-Doença - 15 dias 1,90% Licença-paternidade 0,02% Total 63,84% Empresas NÃO optantes pelo SIMPLES Nacional Para as empresas não optantes pelo SIMPLES Nacional para determinação da taxa de incidência da Tabela “A” sobre a Tabela “B”, deve ser obtido da seguinte forma (Total de encargos da Tabela “A” x Tabela “B”): = 0,3580 x 0,6384 = 0,2285 x 100 = 22,85% Empresas optantes pelo SIMPLES Nacional Para definição da taxa de incidência de Tabela “A” sobre a Tabela “B”, para as empresas optantes pelo SIMPLES Nacional, deve ser levado em consideração a atividade da empresa e o Anexo a qual estiver enquadrada. Vamos considerar aqui os Anexos I, II e III, onde a empresa estará sujeita somente ao encargo sobre a folha de pagamento de 8% de FGTS. Assim, temos a Taxa de incidência de Tabela “A” sobre Tabela “B”: = 0,08 x 0,6384 = 0,05107 x 100 = 5,11% Tabela “C” - Encargos Sociais - Rescisão – FGTS Depósito por dispensa sem justa causa: Assumimos que a empresa pague um valor mensal referente ao depósito por dispensa sem justa causa igual a 40% do recolhimento do FGTS do mês, o percentual a ser considerado (Incidência do FGTS sobre a Tabela “B”): 40% (Multa) x (8% x 63,84% + 8%) = 0,4 x (0,08 x 0,6384 + 0,08) = 0,0524= 0,4 x 0,0524 x 100 = 2,10% Adicional da LC nº 110/01 – 10% referente às perdas do Plano Collor e Verão. Referente ao recolhimento da Contribuição Social de 10% do FGTS, o percentual a ser considerado: 10% (Multa) x (8% x 63,84% + 8%) = 0,1 x (0,08 x 0,6384 + 0,08) = = 0,1 x 0,1310 = 0,0131 0,0131 x 100% = 1,31% Resumo dos encargos sociais sobre a Folha de Pagamento das empresas NÃO optantes pelo SIMPLES Nacional Resumo dos Encargos Sociais do Empregador TABELA “A” INSS 20,00% SENAC/SESC 1,50% SENAI/SESI 1,00% SEBRAE 0,60% INCRA 20,00% Salário-Educação 2,50% RAT 2,00% FGTS 8,00% Total 35,80%TABELA “B” Repouso Semanal Remunerado 23,19% Férias + 1/3 Constitucional 12,67% Feriados 4,34% Aviso Prévio Indenizado 10,86% Auxílio Doença - 15 dias 1,90% 13º Salário 10,86% Licença-paternidade 0,02% Total 63,84% TABELA “C” Multa de 40% do FGTS (dispensas sem justa causa ) 2,10% Adicional 10% referente a Lei Complementar nº 110/01 1,31% Total 3,41% Incidências da Tabela (“A” sobre a Tabela “B”) + a soma das Tabelas “A” + “B” + “C” (0,3580 x 0,6384) = (22,85%) + 35,80% + 63,84% + 3,41% = Total dos Encargos = 125,90% Resumo dos encargos sociais sobre a Folha de Pagamento das empresas OPTANTES pelo SIMPLES Nacional enquadradas nos Anexos I, II e III. TABELA “A” INSS - SESI/SESC - SENAI/SENAC - SEBRAE - INCRA - Salário-Educação - Risco Acidente Trabalho (RAT) - FGTS 8% Total 8% TABELA “B” Repouso Semanal Remunerado 23,19% Férias 12,67% Feriados 4,34% Aviso Prévio Indenizado 10,86% Auxílio-Doença – 15 dias 1,90% 13º Salário 10,86% Licença-paternidade 0,02% Total 63,84% TABELA “C” Multa de 40% do FGTS (dispensas sem justa causa) 2,10% Adicional 10% refe. a Lei Complementar n° 110/01 1,31% Total 3,41% Incidências da Tabela (“A” sobre a Tabela “B”) + a soma das Tabelas “A” + “B” + “C” (0,08 x 0,6384) = (5,11%) + 8,0% + 63,84% + 3,41% = Total dos Encargos = 80,36% Diária alimentação: É o valor mensal com a alimentação do motorista (café, almoço e janta), conforme determinado pelo acordo coletivo. Observação: sobre este valor não incide os encargos sociais previdenciários. Cálculo do índice de consumo: quantidade de diárias pagas ao motorista por mês. Base de cálculo: valor da diária alimentação para cobrir café, almoço e janta. Licenciamento: É a regularização do veículo junto ao Detran ou outros órgãos governamentais, envolvendo o pagamento do IPVA, taxas, DPVAT e licenças. Cálculo do Índice de Consumo: = 0,0833 Base de cálculo (BC): É o valor do licenciamento anual para regularização dos veículos junto ao Detran e outros órgãos governamentais, ou seja: IPVA; DPVAT – seguro obrigatório; serviço despachante; taxas e licenças. Seguro: É o valor do prêmio seguro com vigência anual para cobertura sinistros, podendo ser contra- terceiros (RCF – responsabilidade civil facultativo) ou casco ( seguro total ). Cálculo do Índice de Consumo: = 0,0833 Base de cálculo (BC): É o valor do prêmio anual do seguro com IOF. 3.3.2 Custos operacionais variáveis Os custos operacionais variáveis apresentam as seguintes características: São aqueles custos que variam conforme a produção (no segmento do transporte rodoviário de cargas, pode ser a quilometragem, viagens realizadas ou toneladas transportadas); Os custos variáveis são expressos em R$ (unidade monetária) por unidade produzida em termos de quilômetros, Compõem os custos variáveis: o combustível; ARLA 32; pneus e câmaras; manutenção em oficinas; lubrificantes (óleo do motor, óleo de caixa e óleo diferencial) e a lavação e lubrificação. A seguir apresenta-se a memória de cálculo para o dimensionamento e projeção dos custos variáveis. Combustível: É o custo relativo ao consumo de combustível por quilômetro rodado. O custo por quilômetro é o resultado do Índice de consumo multiplicado pela base de cálculo. Cálculo do Índice de Consumo: Sendo: Km por litro - É o desempenho do veículo por litro de diesel consumido. Base de cálculo (BC): É o valor médio do preço do litro de diesel com créditos tributários. ARLA 32: ARLA é um composto químico que é injetado no sistema de escapamento dos caminhões que serve para reduzir a emissão de poluentes nos veículos. É o custo relativo ao consumo de ARLA 32 por quilômetro rodado e o custo por quilômetro é o resultado do Índice de consumo multiplicado pela base de cálculo. Cálculo do Índice de Consumo: Sendo: Km por litro - É o desempenho do veículo por litro de diesel consumido. Base de cálculo (BC): É o valor médio do preço do litro de ARLA 32 ( com créditos tributários) Pneumáticos: É o custo relativo ao consumo de pneus e câmaras por quilômetro rodado. O custo por quilômetro é o resultado do Índice de Consumo multiplicado pela base de cálculo. Cálculo do Índice de Consumo: Sendo: NRp – É a quantidade pneus do veículo (não incluir pneus estepes). VUk - É a durabilidade média do pneu com as recapagens. Base de cálculo (BC): É o preço do pneu novo (com créditos tributários ) mais o valor da recapagem. Manutenção: É o desgaste de peças e conjuntos do veículo por quilometro rodado, expresso como um percentual sobre o valor do equipamento novo, que será consumido a título de manutenção na vida útil do equipamento (tempo de utilização). Cálculo do Índice de Consumo: Sendo: VUe – vida útil do equipamento em termos de quilômetros, durante o tempo de utilização. % ITDM - É a taxa incidentes sobre o valor do equipamento (sem pneus), que será consumido a título de manutenção. Base de cálculo (BC): é o valor do equipamento novo com acessórios e sem pneus. No quadro a seguir apresenta-se a interpretação do ITDM, para auxiliar no dimensionamento dos custos de manutenção do veículo, em função da produção em quilômetros e do valor do veículo novo (sem pneus). O ITDM procura associar o percentual do valor do veículo novo que será consumido a título de manutenção (peças, mão de obra oficina e o custo de indisponibilidade), em um determinado momento (idade). Exemplo: Um caminhão no valor atual de R$ 345.000,00 que em 10 anos produz 1.105.000 Km e gastou com manutenção neste período o valor de R$ 117.140,00,
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