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PlanoDeAula_53710 03 SEMANA

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Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
3 
Tema 
A família: representações sociais de gênero 
Objetivos 
Ao final deste encontro, o aluno deverá ser capaz de:  
·   Diferenciar as categorias: sexo e gênero; 
·   Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero; 
·   Entender a forma como a Psicologia trata as questões de gênero  e a violência de gênero 
Estrutura do Conteúdo 
Conteúdos: 
? Sexo e Gênero 
? Questões culturais relacionadas ao gênero 
. Violência de gênero 
  
O objetivo é apresentar, de forma breve, algumas questões sobre sexo e gênero. Apontar para o aluno a hierarquia de gênero e suas variações através das culturas e 
classes sociais. 
Deverá ser apresentada ao aluno a violência de gênero e sua lei disciplinadora ? Lei Maria da Penha 
  
Conceitos: 
Sexo e gênero - A expressão "gênero" começou a ser utilizada justamente para marcar que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, 
biológica. Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada da cultura na qual sempre está imersa. Ou 
seja, falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a 
construção social do que é ser homem ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e histórica. A noção de gênero, portanto, aponta 
para a dimensão das relações sociais do feminino e do masculino. 
 Questões culturais relacionadas ao gênero - É importante enfatizar esta distinção de conceitos (biológico X cultural), porque, como não se trata de fenômeno puramente 
biológico, podemos constatar que ocorrem mudanças na definição do que é ser homem ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e culturas. Desse modo, se as 
relações homem X mulher são um fenômeno de ordem cultural e  podem ser transformadas. A educação desempenha importante papel nesse sentido. 
  
Deverá ser examinado com o aluno a forma e como a Psicologia trabalha as questões de gênero e a violência de gênero com a sua lei reguladora. 
  
Aplicação Prática Teórica 
1- Sobre o conceito de identidade de gênero e suas contribuições para a pesquisa e a atuação psicossocial, assinale a afirmativa INCORRETA: 
  
(a) a identidade de gênero diz respeito ao sentimento de pertencer a um gênero, independente do sexo biológico; 
(b) eventuais distúrbios de identidade de gênero podem ser corrigidos, caso a criança seja encaminhada precocemente a um terapeuta; 
(c) questões relativas à identidade de gênero costumam aparecer desde a primeira infância; 
(d) estudos mostram que, muitas vezes, a forma como os professores conduzem as atividades na pré -escola reforça a construção de estereótipos de papéis de gênero; 
(e) numa perspectiva construcionista, a categoria sexual utilizada pelos indivíduos para definir suas vidas é entendida como resultante de um processo sóciohistórico. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ? PSICÓLOGO/s.d.) 
 2- No mundo contemporâneo ocidental, as relações de um casal se fundamentam 
(a) na fidelidade afetiva e sexual recíproca; 
(b) no valor que agregam ao projeto de vida de ambos; 
(c) nos fundamentos da moral judaico/cristã; 
(d) no livre exercício de sexualidade de cada um; 
(e) na profilaxia de doenças sexuais. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA - PSICÓLOGO /2006) 
3- Qual é o papel do Psicólogo no atendimento às mulheres vítimas de violência de gênero ou violência doméstica e familiar? 
4- Análise o texto abaixo à luz das questões de gênero: 
Das mulheres são esperados comportamentos compatíveis como servir e cuidar dos outros, sendo capazes de realizar duas ou mais jornadas e várias tarefas simultâneas em uma jornada 
interminável, que leva a um desgaste prolongado, enquanto que dos homens são esperados comportamentos compatíveis com autocontrole emocional, sendo capazes de assumir riscos e 
exigências que em muitas vezes superam sua capacidade física.(ADAPTAÇÃO SEPROD/EMATER-PARÁ- PSICÓLOGO/2005) 
 
ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA 
 
Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
NOME DA DISCIPLINA:  PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO 
                    
CÓDIGO: CCJ0004 
TÍTULO DA ATIVIDADE:  
O Cravo brigou com a Rosa 
OBJETIVO: 
Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero 
COMPETÊNCIAS/HABILIDADES:  
Desenvolver o raciocínio lógico e a compreensão a respeito do tema. 
DESENVOLVIMENTO: 
'O Cravo brigou com a Rosa' 
Noeliza Lima   
A autoestima é um assunto que demanda estudos e pesquisas, visto que, nas várias práticas, e não só da 
psicologia, observa-se que pessoas com baixa autoestima tendem a desenvolver mais facilmente transtornos 
psicológicos e físicos. Esta relação já é bem definida por especialistas na área psicossomática. Da mesma forma, 
ao desenvolver sua autoestima, esta mesma pessoa adquire maiores possibilidades de atuação em qualquer área, 
ampliando sobremaneira seu círculo de relações. 
A discriminação é fator preponderante no desenvolvimento do autoconceito. Em nossa sociedade, pessoas 
diferentes do usual são isoladas, e isto provoca ou reforça uma visão pobre de si mesmo.  
Um sistema, ao privilegiar determinada raça, posição econômica, idade, aparência, sexo e gênero, etc., estabelece 
parâmetros que vão contra os direitos humanos e a possibilidade de crescimento individual[p v1]  e social. 
Este artigo pretende enfocar a autoestima como um viés do gênero, assim como sua relação com o roteiro de vida 
da mulher. Ao enfocar as relações de gênero, pretende -se, também, enfatizar a necessidade da psicologia 
emprestar seu olhar a esta questão.  
Ao estabelecer a igualdade na diversidade, por coerência, os substantivos e adjetivos que estão no masculino – 
independem de sexo e/ou gênero. O estudo do caso foi feito acerca de um casal heterossexual (assim como a 
música infantil).  
Segundo Flax (1995), a relação entre homem e mulher é assimétrica. A questão da assimetria remete à questão do 
gênero, que significa a diferença de justiça, direitos e principalmente qualificação da mulher em relação ao homem, 
diferença esta criada a partir da instalação do patriarcado e mantida pela sociedade. Podemos dizer que repete a 
relação dialética de Hegel (Coreth, 1973), em que um é o Senhor e o outro o Escravo. 
Um não reconhece o outro em sua forma pessoal de sabedoria, em sua forma de ser no mundo.  
Para se entender gênero, é necessário que se distinga sexo de gênero. Sexo é o componente genético anatômico e 
funcional, que estabelece a diferença entre homem e mulher. Gênero é a configuração histórica, social e política que 
distingue o homem da mulher, e a forma como esse contexto é elaborado psicologicamente pelas pessoas. 
Refere-se aos papéis instituídos socialmente para o homem e para a mulher, e por eles desenvolvidos ao longo da 
vida. Quando discutimos a função reprodutora da mulher, estamos discutindo tanto sexo (porque se refere às 
possibilidades fisiológicas do sexo feminino), como gênero (porque se refere ao papel de mãe, estipulado pela 
cultura e sociedade, e a forma como esta mãe lida com este conceito). 
Este é o discurso concreto do gênero, que se reveste de um significado de reparação e reconstrução da identidade 
feminina. O discurso psíquico ou latente (encoberto) é de que a mulher propicia o aumento de poder do homem, ao 
abdicar de suas possibilidades enquanto ser que se constrói. Considera o homem o depositário de suas 
demandas, o herói de seus sonhos, o cavaleiro andante que irá resgatá -la de uma vida passiva e sem sentido 
(Holanda, 1992). Coloca todas as possibilidades de reforçamento na figura masculina. E mesmo que tenha outras 
atividades, não as faz com a mesma paixão com que se dedica ao homem. A necessidade de concretização do 
sonho amoroso pode, então, levar a mulher a se esquecerde si mesma. 
Exemplo: trecho de uma reunião de grupo de reflexão para mulheres. Os nomes são fantasia. 
“Rosa diz que não suporta mulheres que gastam com compra de roupas. Ao ser questionada por Mimosa, justifica 
dizendo que sua opção política é contrária ao capitalismo, cujo principal designativo é o consumismo exacerbado.” 
Trata-se aparentemente de uma questão de valores. Isto é o aparente. Entretanto, qual seria o  ‘encoberto ’, ou 
latente, que leva uma pessoa a sentir raiva de outra que compra? Em sua história de vida, Rosa foi continuamente 
excluída de várias atividades escolares e sociais. Questionava as regras vigentes, desde a forma com que se atribui 
uma nota no ginásio, até como se vestir para um acontecimento social. Atualmente vive com um homem (Cravo) há 
dois anos, sem contrato assinado. Umas de suas queixas é a falta de erotismo na relação. 
Uma mulher com roteiro psicológico de Chapeuzinho Vermelho, evita homens protetores (como o lenhador da 
história), buscando homens interessantes (Lobo Mau), ou seja, aqueles que trazem agonia e êxtase. 
Seguindo este raciocínio, muitas mulheres encontram bons companheiros, e pela aprendizagem da baixa 
autoestima atuam no relacionamento de forma a convidar o homem a se tornar um ‘parceiro ’ de roteiro, ou seja, a 
exercer papéis complementares (Caracushansky, 1982), comprovando situações temidas pela mulher, fantasias 
que vivencia ao longo de seu crescimento (a confirmação de que é má, de que não nasceu para viver junto com o(a) 
parceiro(a), que não é interessante, etc). 
O homem também, ao colocar seu roteiro em curso, mesmo se casando com uma princesa, pode enviar 
mensagens subliminares de forma a convidá -la a ser uma ‘madrasta de Branca de Neve ’, um outro exemplo de 
confirmação de roteiro. Isto leva a expectativas frustradas por parte da mulher e do homem. 
Mudar o roteiro é possível desde que a mulher rejeite o papel cultural a ela imposto. Na maioria dos casos, a mulher 
não tem consciência do quanto é forte o condicionamento cultural, acreditando-se muitas vezes com ‘má sorte ’, 
culpando parceiros, exagerando a parte psicológica.  
Duas pessoas que vivem juntas têm a mesma responsabilidade no estabelecimento da relação. Então imagine se 
Rosa e Cravo têm roteiros complementares. Rosa, querendo resolver uma situação de abandono, e Cravo, 
querendo vingar-se (não conscientemente) dos maus -tratos em infância. Rosa projeta em Cravo a expectativa do 
abandono, e Cravo projeta em Rosa a figura de uma mulher raivosa e infeliz. Ambos não se sentem inseguros um 
em relação ao outro, têm dificuldades em confiar, suspeitam de não serem amados, e tudo o mais que estas 
fantasias infantis trazem. Se alguma expectativa catastrófica importante é confirmada, como a entrada de outra 
pessoa na relação (pode ser até a sogra), ambos os parceiros se sentem ressentidos e abandonados. 
A história cultural de submissão feminina, a expectativa de que a mulher seja (como tem sido através dos séculos) a 
‘cuidadora, a santa, a tarefeira ’, faz com que, na maior parte das vezes, ela se sinta humilhada. 
Segundo o exemplo do casal, se Rosa superprotege o marido, o faz em virtude das manipulações de que é vítima, 
das exigências sociais introjetadas, e por medo de perdê -lo. Cravo também é vítima de uma história cultural que o 
coloca como superpessoa, dono da verdade, e sem poder expressar seus sentimentos ( para ele - sinônimo de 
debilidade), entre outras características de gênero. Além disto tem seus receios e fantasias infantis introjetadas. Ao 
ver a esposa como sua mãe, tem dificuldades em tratá -la como fêmea, auxiliando na falta de erotismo da relação. 
Não expressa suas dificuldades perante a necessidade de maior sensualidade da mulher e os sentimentos de 
menos valia que isto lhe acarreta. Teme tanto a crítica da esposa–mãe, quanto a crítica social introjetada. 
Parece claro que as velhas questões de moral merecem ser questionadas em favor da autoestima, visto que a 
mesma exige um posicionamento de confronto consigo mesmo, do que se busca e do que é ensinado. 
Considera-se pertinente refletir se estará a psicologia pronta para lidar também com a configuração histórica a qual 
a configuração psíquica se remete. 
Segundo Lima, (2000), a leitura psicológica da questão de gênero é nova e pouco consultada por psicólogos, e 
interfere em todas as áreas em que a psicologia atua, visto que é uma questão histórica, cultural, social e política. 
Segundo Boyd (1996), a ciência deve ser questionada quando o momento assim o exige, visto que a ciência foi 
criada pelo homem e, portanto, ao ser humano se deve remeter. 
No momento em que o psicólogo, cujo compromisso é com a qualidade de vida dos seres humanos, se defronta 
com danos causados por uma sociedade regredida no assunto do valor do cidadão, deve proceder ao seu trabalho 
de agente transformador, com consciência, ética e eficiência. 
Novas formas de relações afetivas estão se formando, a maioria quebrando valores e trazendo novos ganhos e 
novos enfrentamentos. O grupo social mais conservador aceita aos ‘trancos e barrancos ’ esta mudança, não sem 
culpar os novos paradigmas de pensamento. Nossas crianças ainda são criadas para a orientação heterossexual.  
  
Aquelas que sentem, dentro de si, uma orientação diferente, deixam os pais e seu círculo mais chegado atônitos, 
por não saberem o que fazer. Buscam mudar os(as) filhos(as) como se fosse uma questão de aprendizagem. 
Poucos, mais sábios e confiantes, deixam que a criança cresça do seu jeito, acreditando que a livre opção deve ser 
incentivada, em todos os campos.   
Isto reflete uma possibilidade de evolução social, sugerindo que somente através da verdade interna de cada um, e 
do diálogo psicologia – sociedade, poderemos efetivamente auxiliar neste momento transformador. 
  
1.   Bibliografia 
BERNE, E., Qué dice usted después de decir  ‘hola ’?, La Psicologia del Destino Humano. 5. ed. B. Ayres: 
Ediciones Grijalbo, 1974. 
2.   BOYD, C., Ciência e Análise Transacional, In Revista Brasileira de Análise  
Transacional, REBAT, editora da UNAT, ano VI, nº 1, ISSN: 1517-8668, 1996. 
3.   CARACUSHANSKY, S., Mitanálise, 1982, mimeo. 
4.   FLAX, J., Psicoanálisis y Feminismo, Pensamientos Fragmentários, Madrid, Ediciones Cátedra, 1995. 
5.   HOLANDA, H. (Org.), Y Nosotras Latinoamericanas? Estudos Sobre Gênero e Raça, 
São Paulo, Fund. Memorial da América Latina, 1992. 
6.   KLEIN, M., RIVIERE, J. Amor, Ódio e Reparação, São Paulo, Imago, 1975. 
7.   LIMA, N. Experiências de um Grupo de Mulheres na Luta pela Cidadania, dissertação, PUC-Campinas, 2000. 
Orient. Prof. Regina M.L.L.Carvalho. Resumo disponível em arquivo, nesta revista. 
______Women Rights: Berne ’s Groups Dynamic [trabalho apresentado. In: ITAA August Conference, San 
Francisco, 1999]. Programa Disponível on line [http://www.itaa-net.org]. 
MASLOW, A ., FRAGER, R., FADIMAN, J., Motivation and Personality, Addison – Wesley Pub Co; London, 1987, 3. ed. 
Endereço eletrônico: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1338 
PRODUTO/RESULTADO: 
Leitura e discussão do texto.  
Estácio de Sá Página 1 / 4
Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
3 
Tema 
A família: representações sociais de gênero 
Objetivos 
Ao final deste encontro, o aluno deverá ser capaz de:  
·   Diferenciar as categorias: sexo e gênero; 
·   Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero; 
·   Entender a forma como a Psicologia trata as questões de gênero  e a violência de gênero 
Estrutura do Conteúdo 
Conteúdos: 
? Sexo e Gênero 
? Questões culturais relacionadas ao gênero 
. Violência de gênero 
  
O objetivo é apresentar, de forma breve, algumas questões sobre sexo e gênero. Apontar para o aluno a hierarquia de gênero e suas variações através das culturas e 
classes sociais. 
Deverá ser apresentada ao aluno a violência de gênero e sua lei disciplinadora? Lei Maria da Penha 
  
Conceitos: 
Sexo e gênero - A expressão "gênero" começou a ser utilizada justamente para marcar que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, 
biológica. Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada da cultura na qual sempre está imersa. Ou 
seja, falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a 
construção social do que é ser homem ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e histórica. A noção de gênero, portanto, aponta 
para a dimensão das relações sociais do feminino e do masculino. 
 Questões culturais relacionadas ao gênero - É importante enfatizar esta distinção de conceitos (biológico X cultural), porque, como não se trata de fenômeno puramente 
biológico, podemos constatar que ocorrem mudanças na definição do que é ser homem ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e culturas. Desse modo, se as 
relações homem X mulher são um fenômeno de ordem cultural e  podem ser transformadas. A educação desempenha importante papel nesse sentido. 
  
Deverá ser examinado com o aluno a forma e como a Psicologia trabalha as questões de gênero e a violência de gênero com a sua lei reguladora. 
  
Aplicação Prática Teórica 
1- Sobre o conceito de identidade de gênero e suas contribuições para a pesquisa e a atuação psicossocial, assinale a afirmativa INCORRETA: 
  
(a) a identidade de gênero diz respeito ao sentimento de pertencer a um gênero, independente do sexo biológico; 
(b) eventuais distúrbios de identidade de gênero podem ser corrigidos, caso a criança seja encaminhada precocemente a um terapeuta; 
(c) questões relativas à identidade de gênero costumam aparecer desde a primeira infância; 
(d) estudos mostram que, muitas vezes, a forma como os professores conduzem as atividades na pré -escola reforça a construção de estereótipos de papéis de gênero; 
(e) numa perspectiva construcionista, a categoria sexual utilizada pelos indivíduos para definir suas vidas é entendida como resultante de um processo sóciohistórico. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ? PSICÓLOGO/s.d.) 
 2- No mundo contemporâneo ocidental, as relações de um casal se fundamentam 
(a) na fidelidade afetiva e sexual recíproca; 
(b) no valor que agregam ao projeto de vida de ambos; 
(c) nos fundamentos da moral judaico/cristã; 
(d) no livre exercício de sexualidade de cada um; 
(e) na profilaxia de doenças sexuais. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA - PSICÓLOGO /2006) 
3- Qual é o papel do Psicólogo no atendimento às mulheres vítimas de violência de gênero ou violência doméstica e familiar? 
4- Análise o texto abaixo à luz das questões de gênero: 
Das mulheres são esperados comportamentos compatíveis como servir e cuidar dos outros, sendo capazes de realizar duas ou mais jornadas e várias tarefas simultâneas em uma jornada 
interminável, que leva a um desgaste prolongado, enquanto que dos homens são esperados comportamentos compatíveis com autocontrole emocional, sendo capazes de assumir riscos e 
exigências que em muitas vezes superam sua capacidade física.(ADAPTAÇÃO SEPROD/EMATER-PARÁ- PSICÓLOGO/2005) 
 
ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA 
 
Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
NOME DA DISCIPLINA:  PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO 
                    
CÓDIGO: CCJ0004 
TÍTULO DA ATIVIDADE:  
O Cravo brigou com a Rosa 
OBJETIVO: 
Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero 
COMPETÊNCIAS/HABILIDADES:  
Desenvolver o raciocínio lógico e a compreensão a respeito do tema. 
DESENVOLVIMENTO: 
'O Cravo brigou com a Rosa' 
Noeliza Lima   
A autoestima é um assunto que demanda estudos e pesquisas, visto que, nas várias práticas, e não só da 
psicologia, observa-se que pessoas com baixa autoestima tendem a desenvolver mais facilmente transtornos 
psicológicos e físicos. Esta relação já é bem definida por especialistas na área psicossomática. Da mesma forma, 
ao desenvolver sua autoestima, esta mesma pessoa adquire maiores possibilidades de atuação em qualquer área, 
ampliando sobremaneira seu círculo de relações. 
A discriminação é fator preponderante no desenvolvimento do autoconceito. Em nossa sociedade, pessoas 
diferentes do usual são isoladas, e isto provoca ou reforça uma visão pobre de si mesmo.  
Um sistema, ao privilegiar determinada raça, posição econômica, idade, aparência, sexo e gênero, etc., estabelece 
parâmetros que vão contra os direitos humanos e a possibilidade de crescimento individual[p v1]  e social. 
Este artigo pretende enfocar a autoestima como um viés do gênero, assim como sua relação com o roteiro de vida 
da mulher. Ao enfocar as relações de gênero, pretende -se, também, enfatizar a necessidade da psicologia 
emprestar seu olhar a esta questão.  
Ao estabelecer a igualdade na diversidade, por coerência, os substantivos e adjetivos que estão no masculino – 
independem de sexo e/ou gênero. O estudo do caso foi feito acerca de um casal heterossexual (assim como a 
música infantil).  
Segundo Flax (1995), a relação entre homem e mulher é assimétrica. A questão da assimetria remete à questão do 
gênero, que significa a diferença de justiça, direitos e principalmente qualificação da mulher em relação ao homem, 
diferença esta criada a partir da instalação do patriarcado e mantida pela sociedade. Podemos dizer que repete a 
relação dialética de Hegel (Coreth, 1973), em que um é o Senhor e o outro o Escravo. 
Um não reconhece o outro em sua forma pessoal de sabedoria, em sua forma de ser no mundo.  
Para se entender gênero, é necessário que se distinga sexo de gênero. Sexo é o componente genético anatômico e 
funcional, que estabelece a diferença entre homem e mulher. Gênero é a configuração histórica, social e política que 
distingue o homem da mulher, e a forma como esse contexto é elaborado psicologicamente pelas pessoas. 
Refere-se aos papéis instituídos socialmente para o homem e para a mulher, e por eles desenvolvidos ao longo da 
vida. Quando discutimos a função reprodutora da mulher, estamos discutindo tanto sexo (porque se refere às 
possibilidades fisiológicas do sexo feminino), como gênero (porque se refere ao papel de mãe, estipulado pela 
cultura e sociedade, e a forma como esta mãe lida com este conceito). 
Este é o discurso concreto do gênero, que se reveste de um significado de reparação e reconstrução da identidade 
feminina. O discurso psíquico ou latente (encoberto) é de que a mulher propicia o aumento de poder do homem, ao 
abdicar de suas possibilidades enquanto ser que se constrói. Considera o homem o depositário de suas 
demandas, o herói de seus sonhos, o cavaleiro andante que irá resgatá -la de uma vida passiva e sem sentido 
(Holanda, 1992). Coloca todas as possibilidades de reforçamento na figura masculina. E mesmo que tenha outras 
atividades, não as faz com a mesma paixão com que se dedica ao homem. A necessidade de concretização do 
sonho amoroso pode, então, levar a mulher a se esquecer de si mesma. 
Exemplo: trecho de uma reunião de grupo de reflexão para mulheres. Os nomes são fantasia. 
“Rosa diz que não suporta mulheres que gastam com compra de roupas. Ao ser questionada por Mimosa, justifica 
dizendo que sua opção política é contrária ao capitalismo, cujo principal designativo é o consumismo exacerbado.” 
Trata-se aparentemente de uma questão de valores. Isto é o aparente. Entretanto, qual seria o  ‘encoberto ’, ou 
latente, que leva uma pessoa a sentir raiva de outra que compra? Em sua história de vida, Rosa foi continuamente 
excluída de várias atividades escolares e sociais. Questionava as regras vigentes, desde a forma com que se atribui 
uma nota no ginásio, até como se vestir para um acontecimento social. Atualmente vive com um homem (Cravo) há 
dois anos, sem contrato assinado. Umas de suasqueixas é a falta de erotismo na relação. 
Uma mulher com roteiro psicológico de Chapeuzinho Vermelho, evita homens protetores (como o lenhador da 
história), buscando homens interessantes (Lobo Mau), ou seja, aqueles que trazem agonia e êxtase. 
Seguindo este raciocínio, muitas mulheres encontram bons companheiros, e pela aprendizagem da baixa 
autoestima atuam no relacionamento de forma a convidar o homem a se tornar um ‘parceiro ’ de roteiro, ou seja, a 
exercer papéis complementares (Caracushansky, 1982), comprovando situações temidas pela mulher, fantasias 
que vivencia ao longo de seu crescimento (a confirmação de que é má, de que não nasceu para viver junto com o(a) 
parceiro(a), que não é interessante, etc). 
O homem também, ao colocar seu roteiro em curso, mesmo se casando com uma princesa, pode enviar 
mensagens subliminares de forma a convidá -la a ser uma ‘madrasta de Branca de Neve ’, um outro exemplo de 
confirmação de roteiro. Isto leva a expectativas frustradas por parte da mulher e do homem. 
Mudar o roteiro é possível desde que a mulher rejeite o papel cultural a ela imposto. Na maioria dos casos, a mulher 
não tem consciência do quanto é forte o condicionamento cultural, acreditando-se muitas vezes com ‘má sorte ’, 
culpando parceiros, exagerando a parte psicológica.  
Duas pessoas que vivem juntas têm a mesma responsabilidade no estabelecimento da relação. Então imagine se 
Rosa e Cravo têm roteiros complementares. Rosa, querendo resolver uma situação de abandono, e Cravo, 
querendo vingar-se (não conscientemente) dos maus -tratos em infância. Rosa projeta em Cravo a expectativa do 
abandono, e Cravo projeta em Rosa a figura de uma mulher raivosa e infeliz. Ambos não se sentem inseguros um 
em relação ao outro, têm dificuldades em confiar, suspeitam de não serem amados, e tudo o mais que estas 
fantasias infantis trazem. Se alguma expectativa catastrófica importante é confirmada, como a entrada de outra 
pessoa na relação (pode ser até a sogra), ambos os parceiros se sentem ressentidos e abandonados. 
A história cultural de submissão feminina, a expectativa de que a mulher seja (como tem sido através dos séculos) a 
‘cuidadora, a santa, a tarefeira ’, faz com que, na maior parte das vezes, ela se sinta humilhada. 
Segundo o exemplo do casal, se Rosa superprotege o marido, o faz em virtude das manipulações de que é vítima, 
das exigências sociais introjetadas, e por medo de perdê -lo. Cravo também é vítima de uma história cultural que o 
coloca como superpessoa, dono da verdade, e sem poder expressar seus sentimentos ( para ele - sinônimo de 
debilidade), entre outras características de gênero. Além disto tem seus receios e fantasias infantis introjetadas. Ao 
ver a esposa como sua mãe, tem dificuldades em tratá -la como fêmea, auxiliando na falta de erotismo da relação. 
Não expressa suas dificuldades perante a necessidade de maior sensualidade da mulher e os sentimentos de 
menos valia que isto lhe acarreta. Teme tanto a crítica da esposa–mãe, quanto a crítica social introjetada. 
Parece claro que as velhas questões de moral merecem ser questionadas em favor da autoestima, visto que a 
mesma exige um posicionamento de confronto consigo mesmo, do que se busca e do que é ensinado. 
Considera-se pertinente refletir se estará a psicologia pronta para lidar também com a configuração histórica a qual 
a configuração psíquica se remete. 
Segundo Lima, (2000), a leitura psicológica da questão de gênero é nova e pouco consultada por psicólogos, e 
interfere em todas as áreas em que a psicologia atua, visto que é uma questão histórica, cultural, social e política. 
Segundo Boyd (1996), a ciência deve ser questionada quando o momento assim o exige, visto que a ciência foi 
criada pelo homem e, portanto, ao ser humano se deve remeter. 
No momento em que o psicólogo, cujo compromisso é com a qualidade de vida dos seres humanos, se defronta 
com danos causados por uma sociedade regredida no assunto do valor do cidadão, deve proceder ao seu trabalho 
de agente transformador, com consciência, ética e eficiência. 
Novas formas de relações afetivas estão se formando, a maioria quebrando valores e trazendo novos ganhos e 
novos enfrentamentos. O grupo social mais conservador aceita aos ‘trancos e barrancos ’ esta mudança, não sem 
culpar os novos paradigmas de pensamento. Nossas crianças ainda são criadas para a orientação heterossexual.  
  
Aquelas que sentem, dentro de si, uma orientação diferente, deixam os pais e seu círculo mais chegado atônitos, 
por não saberem o que fazer. Buscam mudar os(as) filhos(as) como se fosse uma questão de aprendizagem. 
Poucos, mais sábios e confiantes, deixam que a criança cresça do seu jeito, acreditando que a livre opção deve ser 
incentivada, em todos os campos.   
Isto reflete uma possibilidade de evolução social, sugerindo que somente através da verdade interna de cada um, e 
do diálogo psicologia – sociedade, poderemos efetivamente auxiliar neste momento transformador. 
  
1.   Bibliografia 
BERNE, E., Qué dice usted después de decir  ‘hola ’?, La Psicologia del Destino Humano. 5. ed. B. Ayres: 
Ediciones Grijalbo, 1974. 
2.   BOYD, C., Ciência e Análise Transacional, In Revista Brasileira de Análise  
Transacional, REBAT, editora da UNAT, ano VI, nº 1, ISSN: 1517-8668, 1996. 
3.   CARACUSHANSKY, S., Mitanálise, 1982, mimeo. 
4.   FLAX, J., Psicoanálisis y Feminismo, Pensamientos Fragmentários, Madrid, Ediciones Cátedra, 1995. 
5.   HOLANDA, H. (Org.), Y Nosotras Latinoamericanas? Estudos Sobre Gênero e Raça, 
São Paulo, Fund. Memorial da América Latina, 1992. 
6.   KLEIN, M., RIVIERE, J. Amor, Ódio e Reparação, São Paulo, Imago, 1975. 
7.   LIMA, N. Experiências de um Grupo de Mulheres na Luta pela Cidadania, dissertação, PUC-Campinas, 2000. 
Orient. Prof. Regina M.L.L.Carvalho. Resumo disponível em arquivo, nesta revista. 
______Women Rights: Berne ’s Groups Dynamic [trabalho apresentado. In: ITAA August Conference, San 
Francisco, 1999]. Programa Disponível on line [http://www.itaa-net.org]. 
MASLOW, A ., FRAGER, R., FADIMAN, J., Motivation and Personality, Addison – Wesley Pub Co; London, 1987, 3. ed. 
Endereço eletrônico: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1338 
PRODUTO/RESULTADO: 
Leitura e discussão do texto.  
Estácio de Sá Página 2 / 4
Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
3 
Tema 
A família: representações sociais de gênero 
Objetivos 
Ao final deste encontro, o aluno deverá ser capaz de:  
·   Diferenciar as categorias: sexo e gênero; 
·   Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero; 
·   Entender a forma como a Psicologia trata as questões de gênero  e a violência de gênero 
Estrutura do Conteúdo 
Conteúdos: 
? Sexo e Gênero 
? Questões culturais relacionadas ao gênero 
. Violência de gênero 
  
O objetivo é apresentar, de forma breve, algumas questões sobre sexo e gênero. Apontar para o aluno a hierarquia de gênero e suas variações através das culturas e 
classes sociais. 
Deverá ser apresentada ao aluno a violência de gênero e sua lei disciplinadora ? Lei Maria da Penha 
  
Conceitos: 
Sexo e gênero - A expressão "gênero" começou a ser utilizada justamente para marcar que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, 
biológica. Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada da cultura na qual sempre está imersa. Ou 
seja, falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a 
construção social do que é ser homem ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e histórica. A noção de gênero, portanto, aponta 
para a dimensão das relações sociais do feminino e do masculino. 
 Questões culturais relacionadas ao gênero - É importanteenfatizar esta distinção de conceitos (biológico X cultural), porque, como não se trata de fenômeno puramente 
biológico, podemos constatar que ocorrem mudanças na definição do que é ser homem ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e culturas. Desse modo, se as 
relações homem X mulher são um fenômeno de ordem cultural e  podem ser transformadas. A educação desempenha importante papel nesse sentido. 
  
Deverá ser examinado com o aluno a forma e como a Psicologia trabalha as questões de gênero e a violência de gênero com a sua lei reguladora. 
  
Aplicação Prática Teórica 
1- Sobre o conceito de identidade de gênero e suas contribuições para a pesquisa e a atuação psicossocial, assinale a afirmativa INCORRETA: 
  
(a) a identidade de gênero diz respeito ao sentimento de pertencer a um gênero, independente do sexo biológico; 
(b) eventuais distúrbios de identidade de gênero podem ser corrigidos, caso a criança seja encaminhada precocemente a um terapeuta; 
(c) questões relativas à identidade de gênero costumam aparecer desde a primeira infância; 
(d) estudos mostram que, muitas vezes, a forma como os professores conduzem as atividades na pré -escola reforça a construção de estereótipos de papéis de gênero; 
(e) numa perspectiva construcionista, a categoria sexual utilizada pelos indivíduos para definir suas vidas é entendida como resultante de um processo sóciohistórico. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ? PSICÓLOGO/s.d.) 
 2- No mundo contemporâneo ocidental, as relações de um casal se fundamentam 
(a) na fidelidade afetiva e sexual recíproca; 
(b) no valor que agregam ao projeto de vida de ambos; 
(c) nos fundamentos da moral judaico/cristã; 
(d) no livre exercício de sexualidade de cada um; 
(e) na profilaxia de doenças sexuais. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA - PSICÓLOGO /2006) 
3- Qual é o papel do Psicólogo no atendimento às mulheres vítimas de violência de gênero ou violência doméstica e familiar? 
4- Análise o texto abaixo à luz das questões de gênero: 
Das mulheres são esperados comportamentos compatíveis como servir e cuidar dos outros, sendo capazes de realizar duas ou mais jornadas e várias tarefas simultâneas em uma jornada 
interminável, que leva a um desgaste prolongado, enquanto que dos homens são esperados comportamentos compatíveis com autocontrole emocional, sendo capazes de assumir riscos e 
exigências que em muitas vezes superam sua capacidade física.(ADAPTAÇÃO SEPROD/EMATER-PARÁ- PSICÓLOGO/2005) 
 
ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA 
 
Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
NOME DA DISCIPLINA:  PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO 
                    
CÓDIGO: CCJ0004 
TÍTULO DA ATIVIDADE:  
O Cravo brigou com a Rosa 
OBJETIVO: 
Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero 
COMPETÊNCIAS/HABILIDADES:  
Desenvolver o raciocínio lógico e a compreensão a respeito do tema. 
DESENVOLVIMENTO: 
'O Cravo brigou com a Rosa' 
Noeliza Lima   
A autoestima é um assunto que demanda estudos e pesquisas, visto que, nas várias práticas, e não só da 
psicologia, observa-se que pessoas com baixa autoestima tendem a desenvolver mais facilmente transtornos 
psicológicos e físicos. Esta relação já é bem definida por especialistas na área psicossomática. Da mesma forma, 
ao desenvolver sua autoestima, esta mesma pessoa adquire maiores possibilidades de atuação em qualquer área, 
ampliando sobremaneira seu círculo de relações. 
A discriminação é fator preponderante no desenvolvimento do autoconceito. Em nossa sociedade, pessoas 
diferentes do usual são isoladas, e isto provoca ou reforça uma visão pobre de si mesmo.  
Um sistema, ao privilegiar determinada raça, posição econômica, idade, aparência, sexo e gênero, etc., estabelece 
parâmetros que vão contra os direitos humanos e a possibilidade de crescimento individual[p v1]  e social. 
Este artigo pretende enfocar a autoestima como um viés do gênero, assim como sua relação com o roteiro de vida 
da mulher. Ao enfocar as relações de gênero, pretende -se, também, enfatizar a necessidade da psicologia 
emprestar seu olhar a esta questão.  
Ao estabelecer a igualdade na diversidade, por coerência, os substantivos e adjetivos que estão no masculino – 
independem de sexo e/ou gênero. O estudo do caso foi feito acerca de um casal heterossexual (assim como a 
música infantil).  
Segundo Flax (1995), a relação entre homem e mulher é assimétrica. A questão da assimetria remete à questão do 
gênero, que significa a diferença de justiça, direitos e principalmente qualificação da mulher em relação ao homem, 
diferença esta criada a partir da instalação do patriarcado e mantida pela sociedade. Podemos dizer que repete a 
relação dialética de Hegel (Coreth, 1973), em que um é o Senhor e o outro o Escravo. 
Um não reconhece o outro em sua forma pessoal de sabedoria, em sua forma de ser no mundo.  
Para se entender gênero, é necessário que se distinga sexo de gênero. Sexo é o componente genético anatômico e 
funcional, que estabelece a diferença entre homem e mulher. Gênero é a configuração histórica, social e política que 
distingue o homem da mulher, e a forma como esse contexto é elaborado psicologicamente pelas pessoas. 
Refere-se aos papéis instituídos socialmente para o homem e para a mulher, e por eles desenvolvidos ao longo da 
vida. Quando discutimos a função reprodutora da mulher, estamos discutindo tanto sexo (porque se refere às 
possibilidades fisiológicas do sexo feminino), como gênero (porque se refere ao papel de mãe, estipulado pela 
cultura e sociedade, e a forma como esta mãe lida com este conceito). 
Este é o discurso concreto do gênero, que se reveste de um significado de reparação e reconstrução da identidade 
feminina. O discurso psíquico ou latente (encoberto) é de que a mulher propicia o aumento de poder do homem, ao 
abdicar de suas possibilidades enquanto ser que se constrói. Considera o homem o depositário de suas 
demandas, o herói de seus sonhos, o cavaleiro andante que irá resgatá -la de uma vida passiva e sem sentido 
(Holanda, 1992). Coloca todas as possibilidades de reforçamento na figura masculina. E mesmo que tenha outras 
atividades, não as faz com a mesma paixão com que se dedica ao homem. A necessidade de concretização do 
sonho amoroso pode, então, levar a mulher a se esquecer de si mesma. 
Exemplo: trecho de uma reunião de grupo de reflexão para mulheres. Os nomes são fantasia. 
“Rosa diz que não suporta mulheres que gastam com compra de roupas. Ao ser questionada por Mimosa, justifica 
dizendo que sua opção política é contrária ao capitalismo, cujo principal designativo é o consumismo exacerbado.” 
Trata-se aparentemente de uma questão de valores. Isto é o aparente. Entretanto, qual seria o  ‘encoberto ’, ou 
latente, que leva uma pessoa a sentir raiva de outra que compra? Em sua história de vida, Rosa foi continuamente 
excluída de várias atividades escolares e sociais. Questionava as regras vigentes, desde a forma com que se atribui 
uma nota no ginásio, até como se vestir para um acontecimento social. Atualmente vive com um homem (Cravo) há 
dois anos, sem contrato assinado. Umas de suas queixas é a falta de erotismo na relação. 
Uma mulher com roteiro psicológico de Chapeuzinho Vermelho, evita homens protetores (como o lenhador da 
história), buscando homens interessantes (Lobo Mau), ou seja, aqueles que trazem agonia e êxtase. 
Seguindo este raciocínio, muitas mulheres encontram bons companheiros, e pela aprendizagem da baixa 
autoestima atuam no relacionamento de forma a convidar o homem a se tornar um ‘parceiro ’ de roteiro, ou seja, a 
exercer papéis complementares (Caracushansky, 1982), comprovando situações temidas pela mulher, fantasias 
que vivencia ao longo de seu crescimento (a confirmação de que é má, de que não nasceu para viver junto com o(a) 
parceiro(a), que não é interessante, etc). 
O homem também, ao colocar seu roteiro em curso, mesmo se casando com uma princesa, pode enviar 
mensagenssubliminares de forma a convidá -la a ser uma ‘madrasta de Branca de Neve ’, um outro exemplo de 
confirmação de roteiro. Isto leva a expectativas frustradas por parte da mulher e do homem. 
Mudar o roteiro é possível desde que a mulher rejeite o papel cultural a ela imposto. Na maioria dos casos, a mulher 
não tem consciência do quanto é forte o condicionamento cultural, acreditando-se muitas vezes com ‘má sorte ’, 
culpando parceiros, exagerando a parte psicológica.  
Duas pessoas que vivem juntas têm a mesma responsabilidade no estabelecimento da relação. Então imagine se 
Rosa e Cravo têm roteiros complementares. Rosa, querendo resolver uma situação de abandono, e Cravo, 
querendo vingar-se (não conscientemente) dos maus -tratos em infância. Rosa projeta em Cravo a expectativa do 
abandono, e Cravo projeta em Rosa a figura de uma mulher raivosa e infeliz. Ambos não se sentem inseguros um 
em relação ao outro, têm dificuldades em confiar, suspeitam de não serem amados, e tudo o mais que estas 
fantasias infantis trazem. Se alguma expectativa catastrófica importante é confirmada, como a entrada de outra 
pessoa na relação (pode ser até a sogra), ambos os parceiros se sentem ressentidos e abandonados. 
A história cultural de submissão feminina, a expectativa de que a mulher seja (como tem sido através dos séculos) a 
‘cuidadora, a santa, a tarefeira ’, faz com que, na maior parte das vezes, ela se sinta humilhada. 
Segundo o exemplo do casal, se Rosa superprotege o marido, o faz em virtude das manipulações de que é vítima, 
das exigências sociais introjetadas, e por medo de perdê -lo. Cravo também é vítima de uma história cultural que o 
coloca como superpessoa, dono da verdade, e sem poder expressar seus sentimentos ( para ele - sinônimo de 
debilidade), entre outras características de gênero. Além disto tem seus receios e fantasias infantis introjetadas. Ao 
ver a esposa como sua mãe, tem dificuldades em tratá -la como fêmea, auxiliando na falta de erotismo da relação. 
Não expressa suas dificuldades perante a necessidade de maior sensualidade da mulher e os sentimentos de 
menos valia que isto lhe acarreta. Teme tanto a crítica da esposa–mãe, quanto a crítica social introjetada. 
Parece claro que as velhas questões de moral merecem ser questionadas em favor da autoestima, visto que a 
mesma exige um posicionamento de confronto consigo mesmo, do que se busca e do que é ensinado. 
Considera-se pertinente refletir se estará a psicologia pronta para lidar também com a configuração histórica a qual 
a configuração psíquica se remete. 
Segundo Lima, (2000), a leitura psicológica da questão de gênero é nova e pouco consultada por psicólogos, e 
interfere em todas as áreas em que a psicologia atua, visto que é uma questão histórica, cultural, social e política. 
Segundo Boyd (1996), a ciência deve ser questionada quando o momento assim o exige, visto que a ciência foi 
criada pelo homem e, portanto, ao ser humano se deve remeter. 
No momento em que o psicólogo, cujo compromisso é com a qualidade de vida dos seres humanos, se defronta 
com danos causados por uma sociedade regredida no assunto do valor do cidadão, deve proceder ao seu trabalho 
de agente transformador, com consciência, ética e eficiência. 
Novas formas de relações afetivas estão se formando, a maioria quebrando valores e trazendo novos ganhos e 
novos enfrentamentos. O grupo social mais conservador aceita aos ‘trancos e barrancos ’ esta mudança, não sem 
culpar os novos paradigmas de pensamento. Nossas crianças ainda são criadas para a orientação heterossexual.  
  
Aquelas que sentem, dentro de si, uma orientação diferente, deixam os pais e seu círculo mais chegado atônitos, 
por não saberem o que fazer. Buscam mudar os(as) filhos(as) como se fosse uma questão de aprendizagem. 
Poucos, mais sábios e confiantes, deixam que a criança cresça do seu jeito, acreditando que a livre opção deve ser 
incentivada, em todos os campos.   
Isto reflete uma possibilidade de evolução social, sugerindo que somente através da verdade interna de cada um, e 
do diálogo psicologia – sociedade, poderemos efetivamente auxiliar neste momento transformador. 
  
1.   Bibliografia 
BERNE, E., Qué dice usted después de decir  ‘hola ’?, La Psicologia del Destino Humano. 5. ed. B. Ayres: 
Ediciones Grijalbo, 1974. 
2.   BOYD, C., Ciência e Análise Transacional, In Revista Brasileira de Análise  
Transacional, REBAT, editora da UNAT, ano VI, nº 1, ISSN: 1517-8668, 1996. 
3.   CARACUSHANSKY, S., Mitanálise, 1982, mimeo. 
4.   FLAX, J., Psicoanálisis y Feminismo, Pensamientos Fragmentários, Madrid, Ediciones Cátedra, 1995. 
5.   HOLANDA, H. (Org.), Y Nosotras Latinoamericanas? Estudos Sobre Gênero e Raça, 
São Paulo, Fund. Memorial da América Latina, 1992. 
6.   KLEIN, M., RIVIERE, J. Amor, Ódio e Reparação, São Paulo, Imago, 1975. 
7.   LIMA, N. Experiências de um Grupo de Mulheres na Luta pela Cidadania, dissertação, PUC-Campinas, 2000. 
Orient. Prof. Regina M.L.L.Carvalho. Resumo disponível em arquivo, nesta revista. 
______Women Rights: Berne ’s Groups Dynamic [trabalho apresentado. In: ITAA August Conference, San 
Francisco, 1999]. Programa Disponível on line [http://www.itaa-net.org]. 
MASLOW, A ., FRAGER, R., FADIMAN, J., Motivation and Personality, Addison – Wesley Pub Co; London, 1987, 3. ed. 
Endereço eletrônico: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1338 
PRODUTO/RESULTADO: 
Leitura e discussão do texto.  
Estácio de Sá Página 3 / 4
Título 
Psicologia Aplicada ao Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
3 
Tema 
A família: representações sociais de gênero 
Objetivos 
Ao final deste encontro, o aluno deverá ser capaz de:  
·   Diferenciar as categorias: sexo e gênero; 
·   Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero; 
·   Entender a forma como a Psicologia trata as questões de gênero  e a violência de gênero 
Estrutura do Conteúdo 
Conteúdos: 
? Sexo e Gênero 
? Questões culturais relacionadas ao gênero 
. Violência de gênero 
  
O objetivo é apresentar, de forma breve, algumas questões sobre sexo e gênero. Apontar para o aluno a hierarquia de gênero e suas variações através das culturas e 
classes sociais. 
Deverá ser apresentada ao aluno a violência de gênero e sua lei disciplinadora ? Lei Maria da Penha 
  
Conceitos: 
Sexo e gênero - A expressão "gênero" começou a ser utilizada justamente para marcar que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, 
biológica. Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada da cultura na qual sempre está imersa. Ou 
seja, falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a 
construção social do que é ser homem ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e histórica. A noção de gênero, portanto, aponta 
para a dimensão das relações sociais do feminino e do masculino. 
 Questões culturais relacionadas ao gênero - É importante enfatizar esta distinção de conceitos (biológico X cultural), porque, como não se trata de fenômeno puramente 
biológico, podemos constatar que ocorrem mudanças na definição do que é ser homem ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e culturas. Desse modo, se as 
relações homem X mulher são um fenômeno de ordem cultural e  podem ser transformadas. A educação desempenha importante papel nesse sentido. 
  
Deverá ser examinado com o aluno a forma e como a Psicologia trabalha as questões de gênero e a violência de gênero com a sua lei reguladora. 
  
Aplicação Prática Teórica 
1- Sobre o conceito de identidade de gênero e suas contribuições para a pesquisa e a atuação psicossocial, assinale a afirmativa INCORRETA: 
  
(a) a identidade de gênero diz respeito ao sentimento de pertencer a um gênero, independentedo sexo biológico; 
(b) eventuais distúrbios de identidade de gênero podem ser corrigidos, caso a criança seja encaminhada precocemente a um terapeuta; 
(c) questões relativas à identidade de gênero costumam aparecer desde a primeira infância; 
(d) estudos mostram que, muitas vezes, a forma como os professores conduzem as atividades na pré -escola reforça a construção de estereótipos de papéis de gênero; 
(e) numa perspectiva construcionista, a categoria sexual utilizada pelos indivíduos para definir suas vidas é entendida como resultante de um processo sóciohistórico. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ? PSICÓLOGO/s.d.) 
 2- No mundo contemporâneo ocidental, as relações de um casal se fundamentam 
(a) na fidelidade afetiva e sexual recíproca; 
(b) no valor que agregam ao projeto de vida de ambos; 
(c) nos fundamentos da moral judaico/cristã; 
(d) no livre exercício de sexualidade de cada um; 
(e) na profilaxia de doenças sexuais. 
(PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA - PSICÓLOGO /2006) 
3- Qual é o papel do Psicólogo no atendimento às mulheres vítimas de violência de gênero ou violência doméstica e familiar? 
4- Análise o texto abaixo à luz das questões de gênero: 
Das mulheres são esperados comportamentos compatíveis como servir e cuidar dos outros, sendo capazes de realizar duas ou mais jornadas e várias tarefas simultâneas em uma jornada 
interminável, que leva a um desgaste prolongado, enquanto que dos homens são esperados comportamentos compatíveis com autocontrole emocional, sendo capazes de assumir riscos e 
exigências que em muitas vezes superam sua capacidade física.(ADAPTAÇÃO SEPROD/EMATER-PARÁ- PSICÓLOGO/2005) 
 
ATIVIDADE EXTRACLASSE OBRIGATÓRIA 
 
Plano de Aula: Psicologia Aplicada ao Direito
PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO
NOME DA DISCIPLINA:  PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO 
                    
CÓDIGO: CCJ0004 
TÍTULO DA ATIVIDADE:  
O Cravo brigou com a Rosa 
OBJETIVO: 
Compreender as questões culturais relacionadas ao gênero 
COMPETÊNCIAS/HABILIDADES:  
Desenvolver o raciocínio lógico e a compreensão a respeito do tema. 
DESENVOLVIMENTO: 
'O Cravo brigou com a Rosa' 
Noeliza Lima   
A autoestima é um assunto que demanda estudos e pesquisas, visto que, nas várias práticas, e não só da 
psicologia, observa-se que pessoas com baixa autoestima tendem a desenvolver mais facilmente transtornos 
psicológicos e físicos. Esta relação já é bem definida por especialistas na área psicossomática. Da mesma forma, 
ao desenvolver sua autoestima, esta mesma pessoa adquire maiores possibilidades de atuação em qualquer área, 
ampliando sobremaneira seu círculo de relações. 
A discriminação é fator preponderante no desenvolvimento do autoconceito. Em nossa sociedade, pessoas 
diferentes do usual são isoladas, e isto provoca ou reforça uma visão pobre de si mesmo.  
Um sistema, ao privilegiar determinada raça, posição econômica, idade, aparência, sexo e gênero, etc., estabelece 
parâmetros que vão contra os direitos humanos e a possibilidade de crescimento individual[p v1]  e social. 
Este artigo pretende enfocar a autoestima como um viés do gênero, assim como sua relação com o roteiro de vida 
da mulher. Ao enfocar as relações de gênero, pretende -se, também, enfatizar a necessidade da psicologia 
emprestar seu olhar a esta questão.  
Ao estabelecer a igualdade na diversidade, por coerência, os substantivos e adjetivos que estão no masculino – 
independem de sexo e/ou gênero. O estudo do caso foi feito acerca de um casal heterossexual (assim como a 
música infantil).  
Segundo Flax (1995), a relação entre homem e mulher é assimétrica. A questão da assimetria remete à questão do 
gênero, que significa a diferença de justiça, direitos e principalmente qualificação da mulher em relação ao homem, 
diferença esta criada a partir da instalação do patriarcado e mantida pela sociedade. Podemos dizer que repete a 
relação dialética de Hegel (Coreth, 1973), em que um é o Senhor e o outro o Escravo. 
Um não reconhece o outro em sua forma pessoal de sabedoria, em sua forma de ser no mundo.  
Para se entender gênero, é necessário que se distinga sexo de gênero. Sexo é o componente genético anatômico e 
funcional, que estabelece a diferença entre homem e mulher. Gênero é a configuração histórica, social e política que 
distingue o homem da mulher, e a forma como esse contexto é elaborado psicologicamente pelas pessoas. 
Refere-se aos papéis instituídos socialmente para o homem e para a mulher, e por eles desenvolvidos ao longo da 
vida. Quando discutimos a função reprodutora da mulher, estamos discutindo tanto sexo (porque se refere às 
possibilidades fisiológicas do sexo feminino), como gênero (porque se refere ao papel de mãe, estipulado pela 
cultura e sociedade, e a forma como esta mãe lida com este conceito). 
Este é o discurso concreto do gênero, que se reveste de um significado de reparação e reconstrução da identidade 
feminina. O discurso psíquico ou latente (encoberto) é de que a mulher propicia o aumento de poder do homem, ao 
abdicar de suas possibilidades enquanto ser que se constrói. Considera o homem o depositário de suas 
demandas, o herói de seus sonhos, o cavaleiro andante que irá resgatá -la de uma vida passiva e sem sentido 
(Holanda, 1992). Coloca todas as possibilidades de reforçamento na figura masculina. E mesmo que tenha outras 
atividades, não as faz com a mesma paixão com que se dedica ao homem. A necessidade de concretização do 
sonho amoroso pode, então, levar a mulher a se esquecer de si mesma. 
Exemplo: trecho de uma reunião de grupo de reflexão para mulheres. Os nomes são fantasia. 
“Rosa diz que não suporta mulheres que gastam com compra de roupas. Ao ser questionada por Mimosa, justifica 
dizendo que sua opção política é contrária ao capitalismo, cujo principal designativo é o consumismo exacerbado.” 
Trata-se aparentemente de uma questão de valores. Isto é o aparente. Entretanto, qual seria o  ‘encoberto ’, ou 
latente, que leva uma pessoa a sentir raiva de outra que compra? Em sua história de vida, Rosa foi continuamente 
excluída de várias atividades escolares e sociais. Questionava as regras vigentes, desde a forma com que se atribui 
uma nota no ginásio, até como se vestir para um acontecimento social. Atualmente vive com um homem (Cravo) há 
dois anos, sem contrato assinado. Umas de suas queixas é a falta de erotismo na relação. 
Uma mulher com roteiro psicológico de Chapeuzinho Vermelho, evita homens protetores (como o lenhador da 
história), buscando homens interessantes (Lobo Mau), ou seja, aqueles que trazem agonia e êxtase. 
Seguindo este raciocínio, muitas mulheres encontram bons companheiros, e pela aprendizagem da baixa 
autoestima atuam no relacionamento de forma a convidar o homem a se tornar um ‘parceiro ’ de roteiro, ou seja, a 
exercer papéis complementares (Caracushansky, 1982), comprovando situações temidas pela mulher, fantasias 
que vivencia ao longo de seu crescimento (a confirmação de que é má, de que não nasceu para viver junto com o(a) 
parceiro(a), que não é interessante, etc). 
O homem também, ao colocar seu roteiro em curso, mesmo se casando com uma princesa, pode enviar 
mensagens subliminares de forma a convidá -la a ser uma ‘madrasta de Branca de Neve ’, um outro exemplo de 
confirmação de roteiro. Isto leva a expectativas frustradas por parte da mulher e do homem. 
Mudar o roteiro é possível desde que a mulher rejeite o papel cultural a ela imposto. Na maioria dos casos, a mulher 
não tem consciência do quanto é forte o condicionamento cultural, acreditando-se muitas vezes com ‘má sorte ’, 
culpando parceiros, exagerando a parte psicológica.  
Duas pessoas que vivem juntas têm a mesma responsabilidade no estabelecimento da relação. Então imagine se 
Rosa e Cravo têm roteiros complementares. Rosa, querendo resolver uma situação de abandono, e Cravo, 
querendo vingar-se (não conscientemente) dos maus -tratos em infância. Rosa projeta em Cravo a expectativa do 
abandono, e Cravo projeta em Rosaa figura de uma mulher raivosa e infeliz. Ambos não se sentem inseguros um 
em relação ao outro, têm dificuldades em confiar, suspeitam de não serem amados, e tudo o mais que estas 
fantasias infantis trazem. Se alguma expectativa catastrófica importante é confirmada, como a entrada de outra 
pessoa na relação (pode ser até a sogra), ambos os parceiros se sentem ressentidos e abandonados. 
A história cultural de submissão feminina, a expectativa de que a mulher seja (como tem sido através dos séculos) a 
‘cuidadora, a santa, a tarefeira ’, faz com que, na maior parte das vezes, ela se sinta humilhada. 
Segundo o exemplo do casal, se Rosa superprotege o marido, o faz em virtude das manipulações de que é vítima, 
das exigências sociais introjetadas, e por medo de perdê -lo. Cravo também é vítima de uma história cultural que o 
coloca como superpessoa, dono da verdade, e sem poder expressar seus sentimentos ( para ele - sinônimo de 
debilidade), entre outras características de gênero. Além disto tem seus receios e fantasias infantis introjetadas. Ao 
ver a esposa como sua mãe, tem dificuldades em tratá -la como fêmea, auxiliando na falta de erotismo da relação. 
Não expressa suas dificuldades perante a necessidade de maior sensualidade da mulher e os sentimentos de 
menos valia que isto lhe acarreta. Teme tanto a crítica da esposa–mãe, quanto a crítica social introjetada. 
Parece claro que as velhas questões de moral merecem ser questionadas em favor da autoestima, visto que a 
mesma exige um posicionamento de confronto consigo mesmo, do que se busca e do que é ensinado. 
Considera-se pertinente refletir se estará a psicologia pronta para lidar também com a configuração histórica a qual 
a configuração psíquica se remete. 
Segundo Lima, (2000), a leitura psicológica da questão de gênero é nova e pouco consultada por psicólogos, e 
interfere em todas as áreas em que a psicologia atua, visto que é uma questão histórica, cultural, social e política. 
Segundo Boyd (1996), a ciência deve ser questionada quando o momento assim o exige, visto que a ciência foi 
criada pelo homem e, portanto, ao ser humano se deve remeter. 
No momento em que o psicólogo, cujo compromisso é com a qualidade de vida dos seres humanos, se defronta 
com danos causados por uma sociedade regredida no assunto do valor do cidadão, deve proceder ao seu trabalho 
de agente transformador, com consciência, ética e eficiência. 
Novas formas de relações afetivas estão se formando, a maioria quebrando valores e trazendo novos ganhos e 
novos enfrentamentos. O grupo social mais conservador aceita aos ‘trancos e barrancos ’ esta mudança, não sem 
culpar os novos paradigmas de pensamento. Nossas crianças ainda são criadas para a orientação heterossexual.  
  
Aquelas que sentem, dentro de si, uma orientação diferente, deixam os pais e seu círculo mais chegado atônitos, 
por não saberem o que fazer. Buscam mudar os(as) filhos(as) como se fosse uma questão de aprendizagem. 
Poucos, mais sábios e confiantes, deixam que a criança cresça do seu jeito, acreditando que a livre opção deve ser 
incentivada, em todos os campos.   
Isto reflete uma possibilidade de evolução social, sugerindo que somente através da verdade interna de cada um, e 
do diálogo psicologia – sociedade, poderemos efetivamente auxiliar neste momento transformador. 
  
1.   Bibliografia 
BERNE, E., Qué dice usted después de decir  ‘hola ’?, La Psicologia del Destino Humano. 5. ed. B. Ayres: 
Ediciones Grijalbo, 1974. 
2.   BOYD, C., Ciência e Análise Transacional, In Revista Brasileira de Análise  
Transacional, REBAT, editora da UNAT, ano VI, nº 1, ISSN: 1517-8668, 1996. 
3.   CARACUSHANSKY, S., Mitanálise, 1982, mimeo. 
4.   FLAX, J., Psicoanálisis y Feminismo, Pensamientos Fragmentários, Madrid, Ediciones Cátedra, 1995. 
5.   HOLANDA, H. (Org.), Y Nosotras Latinoamericanas? Estudos Sobre Gênero e Raça, 
São Paulo, Fund. Memorial da América Latina, 1992. 
6.   KLEIN, M., RIVIERE, J. Amor, Ódio e Reparação, São Paulo, Imago, 1975. 
7.   LIMA, N. Experiências de um Grupo de Mulheres na Luta pela Cidadania, dissertação, PUC-Campinas, 2000. 
Orient. Prof. Regina M.L.L.Carvalho. Resumo disponível em arquivo, nesta revista. 
______Women Rights: Berne ’s Groups Dynamic [trabalho apresentado. In: ITAA August Conference, San 
Francisco, 1999]. Programa Disponível on line [http://www.itaa-net.org]. 
MASLOW, A ., FRAGER, R., FADIMAN, J., Motivation and Personality, Addison – Wesley Pub Co; London, 1987, 3. ed. 
Endereço eletrônico: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1338 
PRODUTO/RESULTADO: 
Leitura e discussão do texto.  
Estácio de Sá Página 4 / 4

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