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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI Federica Gomes Lucas Santos Thalita de Lima Sovrani A Crise do Sistema Penitenciário Brasileiro SÃO PAULO 2018 Federica Gomes - RA 21124880 Lucas Santos - RA 21135400 Thalita de Lima Sovrani - RA 21153974 A Crise do Sistema Penitenciário Brasileiro Trabalho Interdisciplinar apresentado no 2º semestre do Curso de Direito da Universidade Anhembi Morumbi. Norteador: Marco Antonio Ferreira Lima SÃO PAULO 2018 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................4 2. O DIREITO DE PUNIR......................................................................................6 2.1. Os Reformadores, o homem-dócil e a detenção........................................7 2.2. Contexto histórico do direito penal brasileiro..............................................8 3. LEI DE EXECUÇÃO PENAL.............................................................................9 4. VIOLÊNCIA E FACÇÃO....................................................................................9 5. A FUNÇÃO E A FINALIDADE DA PENA........................................................10 6. A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE............................................................11 6.1. A individualização na execução penal.....................................................12 6.2. A estrutura do regime prisional brasileiro................................................12 6.3. Do trabalho do preso...............................................................................13 6.4. Direitos do preso.....................................................................................14 7. LEI DAS DROGAS.........................................................................................16 8. A CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO..............................17 8.1. Superlotação...........................................................................................17 8.2. Violência.................................................................................................18 9. A REINCIDÊNCIA E A UTOPIA DA NATUREZA RESSOCIALIZADORA DA PENA.......................................................................................................................19 10. PRECONCEITO SOCIAL............................................................................20 11. CONCLUSÃO..............................................................................................21 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................25 5 1. INTRODUÇÃO O presente estudo versa a problemática do sistema penitenciário brasileiro, principiando acerca da discussão com relação ao processo sociohistórico e a evolução das penas, bem como uma análise crítica e realista quanto ao penar que arroja-se sobre os presidiários pela exiguidade de poder de idealização de novas contingências e perspectivas de vida. A asserção sobre violência e todas as temáticas referentes a ela são matérias recorrentes no atual cenário social brasileiro. As discussões são inúmeras, apesar disso não suscitam transformações relevantes ou expressivas no contexto social, meramente a detenção de indivíduos em estabelecimentos com estruturas de segurança modernas. Está sendo esquecida uma das problemáticas mais significantes que abarca a temática: o sistema carcerário e suas implicações. É fundamental discorrer o que a lei preconiza e assegura, o quão isto está sendo deixado de lado e, seus efeitos para a sociedade. Tendo em vista as oscilações econômicas e de capacidade, o sistema carcerário e as leis penais experimentaram diferentes ápices ao perpassar da história nacional. No Brasil, as transições transcorreram escoltando os momentos políticos; o Código Penal sucedeu abundantes mudanças até sua versão vigente; a Constituição Federal e as leis brasileiras são consagradas entre as mais evoluídas no tocante à seara humanitária. Todavia, na aplicação, estas são frequentemente desatentadas, levando o país diversas vezes a cortes internacionais. A partir de seu primeiro artigo, o princípio jurídico certifica à sua população a dignidade humana que ao decorrer de sua exposição confere os ditos direitos humanos. O intento do sistema prisional consiste na aplicação de penas a fim de perpetuar a estabilidade, todavia, a insuficiência de recursos favoreceu o excesso de presos. O setor público, no que lhe concerne, não tem atingido eficácia ao elucidar a problemática carcerária, revelando ampla resistência ao instaurar na prática as imposições disciplinadas nas legislações. Conquanto, o próprio Estado 6 reiteradamente acaba por transgredir a lei, resultando na ploriferação do crime e de organizações criminosas dentro do próprio ambiente dito como reabilitador. Já tornou-se corriqueiro as pessoas estarem familiarizadas com imagens de cadeias superlotadas, nas quais aqueles que se encontram aprisionados não desfrutam de um tratamento fidedigno. A pluralidade da população não incomoda-se com esses episódios. Esta atitude molda um ambiente hostil e sem nenhuma empatia para os detentos egressos, que, logo após toda a experiência no sistema penitenciário, esbarram em adversidades e objeções para a reintrodução na sociedade; esses, acabam por retomar antigas práticas criminais, as quais afinal os levaram ao cumprimento de pena. 7 2. O DIREITO DE PUNIR O mundo é feito de interesses, as pessoas nascem e crescem em um mundo de valores que são aplicados a bens matérias, ideias subjetivas, crenças e infinitas outras formas de valores. No fim, o direito é uma luta e prevalece o interesse do mais forte, das pessoas que compartilham valores iguais e trabalham de forma sistêmica e organizada a fim de ter seus objetivos alcançados[1]; mas até onde os valores, interesses e liberdade do mais forte alcançam o mais fraco? A fé acompanha a humanidade desde os primeiros registros da história, o valor aplicado a religião e as suas doutrinas toma infinitas proporções. Esses valores foram usados para justificar a perseguição e a intervenção direta na vida de outras pessoas que por não compartilharem a mesma fé, ou simplesmente serem diferentes, sofreram de diversas maneiras. De veras, é genuíno afirmar que o homem não nasce para permanecer preso, não obstante, em conformidade com o que denota Rogério Greco [2], “A história da civilização demonstra que, logo no início da criação, o homem se tornou perigoso para seus semelhantes”. Faz-se-à portanto, de suma relevância para o entendimento do atual cenário que acomete a situação carcerária brasileira a avaliação da evolução da pena, bem como a evolução do próprio Direito Penal, apreciando a forma de punição empregue aos transgressores em seus respectivos períodos. Foi em 1252 que o Papa Inocêncio IV editou a bula Ad extirpanda: o documento deixa claro os interesses da Igreja e estabelece até onde seus membros deveriam se esforçar para alcançar seus objetivos. O Tribunal da Inquisição foi elaborado para julgar os hereges; as técnicas utilizadas para se obter uma confissão variavam de uma simples acusação e se elevavam a humilhação, agressão, tortura, cárcere e trabalho forçado [3]. Mais tarde, após séculos de experiências, a monarquia praticaria o suplício com mais fervor: neste, técnicas foram desenvolvidas e aperfeiçoadas. Aquele quede alguma maneira infringisse os decretos do rei deveria 1 IHERING. A Luta pelo Direito. 2000 (p. 14). 2 GREGO, Rogério. Sistema prisional: colapso atual e soluções alternativas. 2015 (p. 83). 3 BUENO. Código de Hamurabi – Manual dos Inquisidores – Lei das XII Tábuas – Lei de taliao. 2018 (p. 51, 52, 53). 8 ser castigado com dor para servir de exemplo e para desencorajar outras pessoas que pudessem futuramente cometer um delito. As execuções das sentenças geralmente eram em lugares públicos, abertos e aos olhos de toda a população. O objetivo era expiar e punir: a pena não somente deveria causar intensa dor, como também deveria ser estendida e prolongada por um determinado tempo. A dor era a vingança advinda daquele que teve seu direito ferido e, o dominante utilizava de seu poder para julgar o infrator da maneira que lhe convinha. Foi no período iluminista que o pensamento do homem fortaleceu-se e criou os pilares para a democracia; antes disso, não existia proporção nas penas, o mais forte subjugava o fraco [4]. 2.1. OS REFORMADORES, O HOMEM-DÓCIL E A DETENÇÃO No século XVII e seguintes, o direito de punir começou a ser discutido pelos Reformadores, que entendiam que a violência do direito de vingança não era benéfica para a sociedade. A punição precisava se adequar ao delito; o autor Cesare Beccaria escrevia que as penas deveriam ser proporcionais ao crime. Em sua obra, Dos Delitos e das Penas, o Reformador também escrevia que não deveria existir crime sem lei que o previsse[5]. A fim de superar o sufrágio e limitar o poder do Estado na vida da população, as normas jurídicas deveriam defender os valores da sociedade através do pacto social[6]. Os crimes deveriam ser estabelecidos em tipos, tais como por exemplo matar, roubar, coagir, enganar etc. Cada tipo já determinaria a pena máxima e a pena mínima e, o criminoso seria submetido a um processo estabelecido pela lei. A punição então, neste contexto, torna-se coletiva e igual para todos. As fileiras de soldados, as marchas ao som dos tambores, a distribuição dos alunos em sala de aula e, os caminhos a serem trilhados em excursões, utilizavam- se de um fator em comum, a idéia de organização e treinamento do corpo do homem dócil e capaz de executar comandos; mais tarde, esses mesmos princípios, seriam empregues pelo Estado no tratamento dos detentos, criminosos e delinquentes. 4 RAMALHETE. VIGIAR E PUNIR: nascimento da prisão. 2014. 5 BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. 2015. 6 ROUSSEAU. O CONTRATO SOCIAL: princípios do direto político. 2017. 9 Já no final do século XVIII e no começo do século XIX, observa-se a evolução das penas para as medidas de detenção. O indivíduo isolado e vigiado era facilmente controlado: os efeitos desses procedimentos refletiam na própria psique do detento que, ao ser privado de liberdade, espaço, contato e convivência, refletia sobre si mesmo, suas ações e sobre os motivos que o levaram a dada situação[7]. 2.2. CONTEXTO HISTÓRICO DO DIREITO PENAL BRASILEIRO Durante o período do Brasil Colonial, o sistema jurídico se inicia com as Ordenações Filipinas, que recolhiam o direito de toda a Europa cristã; o código favorecia os interesses da monarquia e dos seus súditos; este, por conseguinte, remetia ao suplício, no qual era aplicada a pena com dor. Pode-se ressaltar o caso de Alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, protagonista da historia do Brasil que foi morto cruelmente em um sistema antigo sem teor de justiça e humanização. Evoluindo para o Código Criminal do Império do Brasil aplicado em 1830, os princípios da Escola Positiva são empregados, porém ainda há desproporcionalidade nas penas, uma vez que os escravos eram tratados de forma distinta do resto da população. Com o advento da República em 1889, todo o sistema político legislativo necessitou ser alterado; a escravidão fora abolita e uma nova classe social surgiu. João Batista Pereira, encarregado de reformar a legislação penal, teve seu projeto decretado em 1890 quase sem alterações. Noto como Código Penal dos Estados Unidos do Brasil, o documento demonstrou claro sinal de regresso de idéias e conceitos. Já na Era Vargas, presenceia-se um grande regresso em relação aos direitos, pois a Constituição de 1937 tinha em seu texto diversas garantias individuais suspensas. Nesse contexto, o jurista Alcântara Machado foi escolhido para elaborar o Novo Código Penal que, pronto em 1940 somente entrou em vigor em 1942, após fornecer tempo para o Estado desenvolver outros códigos e leis com o objetivo de abrangir toda a justiça criminal; são estes o Código de Processo Penal (Lei nº 3931/41) e a Lei das Contravenções Penais (Lei nº 3688/41). [8] 7 RAMALHETE. VIGIAR E PUNIR: nascimento da prisão. 2014. 8 FREIRE. A violência do sistema penitenciário brasileiro contemporâneo. 2005 (p. 80). 10 3. LEI DE EXECUÇÃO PENAL Apesar do período opressor que o Estado mantinha, as novas legislações permitiam o dinamismo social, os regimes prisionais eram severos e mantinham a idéia de punir e expiar; todavia agora, era preciso ressocializar o indivíduo. A Lei de Execução Penal decretada pela Lei nº 7.210/64 veio para aprimorar o sistema e trouxe consigo mecanismos administrativos a fim de harmonizar todo o processo. Em seu art. 1º, LEP, estabelece-se que a execução penal tenha como propósito promover condições para a inserção social proporcional e equilibrada dos reclusos. Para Paulo F. dos Santos, “A execução penal tem como finalidades básicas tanto o cumprimento efetivo da sentença condenatória como a recuperação do sentenciado e o seu retorno à convivência social.”[9] Tanto na jurisprudência quanto na doutrina, tem predominado a concepção de que a LEP possui uma natureza majoritariamente jurisdicional, refere-se portanto, que consiste em um procedimento complexo, com referências e traços jurisdicionais e administrativos, é dito jurisdicional, especialmente, pelo fato de ocorrer mediante um processo instaurado em face de um juiz competente. 4. VIOLÊNCIA E FACÇÃO Com o tempo a L.E.P. sofreu diversas alterações e após uns anos, algumas leis já mudaram seu conteúdo original: o objetivo inicial foi perdido ou no mínimo distorcido, nos presídios as condições dos detentos só pioraram e a opressão por parte dos agentes penitenciários tornou-se rotina. A falha no sistema penitenciário brasileiro teve o seu auge com o caso da Casa de Detenção de São Paulo, mais nota como Carandiru. O objetivo inicial do presídio era servir de exemplo para as demais nações, posicionando o Brasil como exemplo de execução de leis penais, devido às ideias de ressocialização por meio do trabalho, da educação e dos estudos. Porém, a realidade foi outra, uma vez que o presídio sofreu com uma superlotação e, após uma briga generalizada, estourou uma rebelião na qual 9 SANTOS, Paulo Fernando dos. Aspectos Práticos de Execução Penal. Editora: Eud, 1998. 11 interveio a Polícia Militar do Estado de São Paulo. Inúmeros foram os detentos mortos e, as perícias feitas na época não conseguiram identificar vestígios ou indícios de que estes portavam armas ou ofereciam riscos à integridade física dos agentes da PM. Após o massacre houve um choque na sociedade brasileira, diversas entidades de direitos humanos e a igreja católica demonstraram apoio as famílias dos presos mortos e solidariedade para com os demais encarcerados. O Primeiro Comando da Capital, mais conhecido como PCC foi fundado após o massacre do Carandiru: toda a violência apresentada pelo Estado fez crescer na mente dos encarcerados o valor de solidariedade e fraternidade.Ciente de que sozinhos ou agindo de formas isoladas não conseguiriam forças contra toda a opressão estatal, os presos se juntaram em torno de um objetivo comum: fazer frente ao sistema prisional brasileiro e exigir garantias e direitos. O crime começou a se organizar e, antigas facções criminosas que viviam em atrito e em competição juntaram-se para financiar ações criminosas fora das penitenciarias, a fim de sustentar os lideres reclusos[10]. 5. A FUNÇÃO E FINALIDADE DA PENA Antes de tudo, figura-se meritório tomar conhecimento acerca dos diversos conceitos apresentados por doutrinadores brasileiros a respeito do que faça-se a ser a prisão pontuadamente. Principiando relativamente a concepção etimológica da palavra prisão, Tourinho Neto fixa o conceito de prisão como “privação mais ou menos intensa da liberdade de ir e vir”. [11] As penas estão estreitamente vinculadas aos conceitos do Direito Penal cujos efeitos devem abranger um resultado sobre o indivíduo objeto da persecução e sobre a sociedade na qual opera. Do mesmo modo, é concordante a concepção de que a pena se pondera por sua indispensabilidade, pressupõe-se a partir daí que as avançadas convicções do Direito Penal estão atreladas ao entendimento de escopo e função da pena. As teorias da pena, por sua vez, podem ser discernidas em três 10 FREIRE. A violência do sistema penitenciário brasileiro contemporâneo. 2005 (p. 140-154). 11 TOURINHO NETO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. São Paulo: Editora Saraiva, 2006. (p. 582). 12 enfoques mais relevantes: Absolutas ou Retributivas, Preventivas ou Relativas e, Mistas ou Ecléticas. Fundamentalmente, a Teoria Absoluta respalda a existênca da pena somente na infração acometida, contemplando-a como um mal entregue em resposta ao mal gerado pelo crime. À vista disso, estaria legitimada pela imposição, não como propósito futuro, mas como um castigo, por esse motivo, também denominadas como Retributivas; sucintamente, as Teorias Retributivas irrogam à pena a árdua missão de fazer justiça. Por outro lado, nas Teorias Relativas, a justificação da pena está na precaução das infrações e não mais na retribuição ao delito praticado. Isto posto, a pena passa a ser justificada como intermédio para se atingir propósitos futuros, ou seja, na prevenção em detrimento a retribuição, por este motivo também chamadas de Preventivas. A Teoria Relativa divide-se em duas perspectivas: Prevenção Geral ou Especial. Estas, se singularizam em referência ao seu destinatário, sendo este no primeiro o coletivo social, ao passo que no segundo, o autor da transgressão. Afinal, as Teorias Mistas ou Ecléticas. A princípio ressalva-se que o ordenamento jurídico brasileiro tem empregado os rudimentos destas teorias em seus textos. Esta corrente visa a busca por incorporar as finalidades da pena que mais se ressaltam nas Teorias Absolutas e Relativas. O argumento precípuo desta teoria, portanto, é a indispensabilidade de um alcance plural. Salienta-se o assentamento de uma notável distinção entre a “justificativa” e o “fim” da pena. Esta, tem sua elucidação em nada além do que o fato praticado; sem o desígnio de evocar qualquer outro critério das teorias precedentes, como o amedrontamento para que outros não cometam crime, ou ainda, a prevenção a reincidência. 6. A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Ao versar sobre a pena privativa de liberdade, o Código Penal preceitua a respeito da individualização da pena, dos regimes prisionais e, além do mais dispõe acerca do trabalho dos presos e seus direitos. A pena privativa de liberdade é portanto o mecanismo empregado pelo Estado para punir e ressocializar o agente transgressor. No momento em que for imposta a pena de reclusão, para crimes mais 13 graves, ou a pena de detenção, para aqueles crimes de menor gravidade, o juiz irá determinar o regime inicial para o cumprimento da pena. Em vista disso, cabe evidenciar que os diversos regimes viabilazam a valoração da progressão do detento, diante de seu tratamento penitenciário até a última fase, tal como a reinserção na sociedade. [12] 6.1. A INDIVIDUALIZAÇÃO NA EXECUÇÃO PENAL O Princípio da Individualização da pena, está previsto no art. 5º, XLVI, da Constituição Federal de 1988 [13]. De acordo também com o art. 34, CP, no início do cumprimento da pena, o condenado será submetido a exame criminológico para permitir a individualização da execução. Este princípio visa garantir que a pena estabelecida ao agente não seja igualada a outros casos, ainda que o tipo penal seja o mesmo. Deste modo, deve-se considerar tanto a conduta do agente, como seu histórico pessoal, tendo em vista suas necessidades e condições, lhe proporcionando consequentemente, uma pena admissível[14]. Entende-se portanto, que a individualização da pena é um direito do condenado para que cumpra uma pena cabível, justa e, claro, individualizada. 6.2. A ESTRUTURA DO REGIME PRISIONAL BRASILEIRO O sistema prisional empregado no Brasil é o progressivo e escalonado, já que, em via de regra o agente não cumprirá a pena inteiramente no mesmo regime. Salvo nas hipóteses expressamente previstas em lei, os regimes prisionais serão classificados em: fechado, semi-aberto e aberto. De acordo com o art. 33, CP, ao tratar-se de pena de reclusão, a condenação deverá ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto, enquanto, no caso de pena de detenção, deverá ser cumprida em regime semi-aberto ou aberto. O regime fechado é aquele que prevê a execuçaõ da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; fala-se em regime semi-aberto na ocasião em que o preso executa sua pena em colônia agricola, industrial ou estabelecimento similar; por fim, o regime aberto consiste na 12 GREGO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 29ª Ed. Editora Impetus. 13 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 14 Código Penal, Decreto Lei nº 2.848/1940. 14 execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. A progressão de regime irá depender de critérios objetivos, que incluem o tempo mínimo de resgate de pena (o preso deve ter cumprido ao menos 1/6 da da pena) e a natureza jurídica da infração, além de atentar-se também aos ditos critérios subjetivos, que consistem na demonstração por parte do condenado de bom comportamento carcerário e o exame criminológico, não obrigatório. De fato, a redação dada pela Lei nº 10.792/2003, modificou o art. 112, LEP[15] e estabeleceu a comutação da necessidade de realizar o exame criminológico para a progressão de regime, por um atestado de bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento penitenciário. Cabe ressaltar que por exame criminológico entende-se a ferramenta que tem por finalidade garantir uma adequada aplicação da pena, de modo a ajustar-se às características pessoais do condenado; irá compreender indagações de ordem psicológica e psiquiátrica do agente, como por exemplo o grau de periculosidade e de agressividade, a fim de conjeturar a probabilidade de praticar novos crimes. Essencialmente, o sistema progressivo consiste em dividir em etapas o tempo de duração da pena decretada, onde se expandem progressivamente os privilégios que o sentenciado pode lograr em concordância com seu bom comportamento e a prestabilidade do processo reformador. Neste enquadramento, o sistema progressivo se atentaria então, para além da repreenção estatal, com a ressocialização do aprisionado e sua reinclusão à sociedade. Isto reflete, indubitavelmente, um progresso em relação ao ponto de vista encarcerador, atenuando-se de forma considerável a severidade na imposição da pena privativa de liberdade. Logo, conclui-se que o regime prisional se estabelecepor meio da quantidade da pena aplicada e pelas condições pessoais do agente. 6.3. DO TRABALHO DO PRESO Uma das condições para viabilizar a reintegração social do agente preso e para o cumprimento da pena é o trabalho. O instituto que rege o trabalho do preso é 15 LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984. Art. 112. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%207.210-1984?OpenDocument 15 a Lei de Execução Penal, que tutela o condenado a partir do momento em que o mesmo ingressa no sistema prisional. O art. 28, da mesma legislação, suscita que o "trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva". Neste enquadramento, faz-se interessante elucidar que o preso que se encontre em regime fechado ou semi-aberto, poderá utilizar-se da atividade, para remir os dias, na devida proporção, do tempo da pena aplicada. No art. 33, LEP, estabelece-se que a jornada de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso aos domingos e feriados. Por ininterrupto, converte-se de essencial relevância na reeducação do encarcerado, atuando como mais um dos suportes incumbidos de finalidade ressocializadora da pena, encaminhando e preparando o recluso ao seu retorno à sociedade. O art. 29, LEP, sistematiza algumas responsabilidades que devem ser extinguidas por meio dessa remuneração, como a reparação pelo dano causado, assistência à família, despesas pessoais e reembolso de despesas do Estado com o cuidado e continuidade do mesmo ao sistema, depositando-lhe, caso haja, o restante em Caderneta de Poupança a ser entregue uma vez cumprida a pena. No entanto, o dia remido poderá ser perdido na hipótese de que o condenado praticar a “falta disciplinar”, quer dizer o descumprimento das regras. Eventualmente praticada, de acordo com o art. 49, LEP, a falta será classificada em leve, média ou grave. A falta grave poderá comportar a suspensão ou restrição de direitos, o isolamento ou a regressão de regime (art. 53, LEP)[16], e a perda de parcela dos dias já remidos (art. 127, LEP). Diante disso, porém, destaca-se que nem toda a massa reclusa é capaz de cumprir com sua obrigação/direito, já que, não há trabalho o suficiente para todos[17]. 6.4. DIREITOS DO PRESO O implemento da pena tem por preceito ser tracejada em princípios que orientam precipuamente à reintegração do recluso. Compete ao Estado, em vista de que é aquele que detém a tutela do apenado, caucionar tudo o que captar como 16 Art. 57, LEP, parágrafo único: “Nas faltas graves, aplicam-se as sançoes previstas nos incisos III a V do art. 53 desta lei.” (Redação dada pela Lei nº 10.792/2003) 17 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias INFOPEN. 16 fundamental para atingir tal intento. Contudo, o sistema penitenciário brasileiro comporta intensas críticas em face do que concerne, maiormente, ao direito dos presos. Apesar do exposto, o Estado prossegue inexplicavelmente inativo em vínculo a dada situação. Em conformidade à disposição do art. 10, LEP, esta, completa em seu parágrafo único que a assistência será estendida ao egresso, quer dizer, aquele liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento, ou liberado condicional, durante o período de prova (art. 26, I, II, LEP). À vista disso, um indispensável instrumento para o tratamento penitenciário é o da Assistência. [18] Previsto no art. 14 da LEP, o direito da assistência à saúde do preso, compreende o atendimento médico, farmacêutico e odontológico. Logo, o art. 15 da LEP, irá tratar da assistência jurídica em relação aos presos que não dispõem de bens financeiros para constituir um advogado; diante disso, o art. 16 da mesma legislação estabelece que “As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensória Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.” A partir do art. 17 até o art. 21, é abordada a assistência educacional; esta tem por finalidade viabilizar ao condenado melhores condições de reintegração social e, também, possibilitar o desenvolvimento didático, o aperfeiçoamento e a formação profissional daqueles presentes no estabelecimento prisional. O art. 21 em si, especifica que os estabelecimentos prisionais deverão dotar-se de uma biblioteca, destinada a todos os reclusos. Seguem os arts. 22 e 23 da LEP, que tratam da assistência social; esta, visa contribuir com a ação ressocializatória do agente. Dentre outros, tange ao serviço de assistência social conhecer os problemas e as dificuldades do indivíduo e orientá-lo para facilitar seu retorno à sociedade. A assistência religiosa prevista no art. 24 da LEP, permitirá ao preso não apenas a liberadade de culto, como também a possibilidade de posse de livros religiosos e local próprio para praticá-los. Por último, o art. 25 da LEP define o propósito da assistência ao egresso, visto que, ao sair da prisão o agente tem de lidar com a rejeição advinda da população. A orientação portanto, auxilia o egresso nesta fase de revinda à liberdade, que somente será possível se a sociedade ò aceitar de volta e oferecer-lhe oportunidades. 18 Lei de Execução Penal, Lei nº 7.210, de 11 de Julho de 1984. 17 7. LEI DAS DROGAS De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão associado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) exterioriza dados referentes aos tipos penais mais comumente consumados, bem como a porcentagem respectiva referente a cada um deles. Em vínculo com a organização e distribuição dos crimes no sistema federal, o tráfico de drogas se consagra como sendo o tipo criminal mais recorrente nas penitenciárias brasileiras, de fato, atualmente, este corresponde a maior porcentagem dos registros. A fim de suprimir e controlar este crime com elevada taxa de ocorrência faz-se necessária a observância quanto ao que estabelece a Lei das Drogas ou Lei de Tóxicos, decretada pela Lei 11.343/2006, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas (Sisnad) a respeito das drogas no Brasil, conforme seu art. 1º.[19] O art. 2º da mesma lei, irá tratar de todas as possíveis alternativas vedadas no país, tais como, não apenas as drogas, mas também dentre outros o plantío, a cultura, a colheita e exploração de vegetais dos quais possam ser produzidas ou extraídas drogas. Todavia, a União poderá permitir a prática dos supramencionados exclusivamente para fins medicinais ou científicos. Já na hipótese de que um indivíduo estiver carregando consigo drogas para o consumo pessoal, sem autorização ou em desacordo com determinação legal, conforme previsão do art. 28, será submetido a advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Por fim, vale salientar que o tráfico ou o ato de fornecer drogas mesmo que gratuitamente, com base no art. 33, comportará uma pena de reclusão de 5(cinco) a 15(quinze) anos mais o pagamento de multa. Todavia, em virtude da supracitada lei, entende-se que a mesma carece de objetividade, uma vez que no ato de julgar o indíviduo, não aspira-se a distinguir se este estava efetivamente desempenhando o consumo da substância ou o tráfico. Isto faz com que até mesmo antes do processo, o indíviduo permaneça aprisionado, propiciando uma quantidade maior de aprisionados em relação à capacidade da cela. 19 Lei nº11.343, de 23 de Agosto de 2006. 18 8. A CRISE NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO A penade prisão configura como sendo a preponderante maneira de afrontar a criminalidade nos últimos séculos, sinaliza René Dotti “a espinha dorsal dos sistemas penais de feição clássica”[20]. Sem embargo, a despeito das críticas que serão pontuadas, adequa-se enunciar que esta ainda é a única sanção cabível aos atos de grave criminalidade e reincidência. Ainda assim, tem sido refletido com intento de decrescer suas inconveniências, com elo à contração do seu grau máximo, bem como a humanização de sua aplicação. Julga-se também, que a pena de prisão deve ser adotada como a ultima ratio, justaposta não mais que em caráter excepcional. Decerto, a problemática do sistema carcerário nunca houve de habitar a pauta das elementares preocupações da administração pública. Estas tão somente exteriorizam quando há episódio de rebeliões, em que data a conjuntura da crise acentuada traz ao público as mazelas do sistema. 8.1. SUPERLOTAÇÃO Quiçá a superlotação seja o mais inveterado das adversidades das penitenciárias brasileiras. Segundo Rogério Greco, um dos aspectos prevalecentes para a insolvência do propósito ressocializador da pena é certamente este[21]. O art. 88 da LEP, que trata sobre a acomodação do apriosionado em regime fechado, especificando que seja cela individual com uma área mínima de 6,00 m2, além da alusão a insalubridade. O que na prática, não corresponde com a veracidade de um sistema superlotado, com duas ou até três vezes da sua capacidade, na qual tem-se celas minúsculas e com extremas condições de nocividade à saúde. A superlotação comina inúmeras dificuldades ao tratamento penitenciário, visto que o tratamento individualizado é lesado e, o sujeito termina por perder sua personalidade, destarte a hostilidade se amplifica perante um grupo enraivecido e revoltado. Outra violação produzida, que também termina por suceder em superlotação no sistema prisional, é a lentidão em se conferir os benefícios 20 DOTTI, René. Bases e Alternativas para o Sistema de Penas. 1998, (p. 105). 21 GREGO, Rogério. Sistema prisional: colapso atual e soluções alternativas. 2. ed. São Paulo: Impetus, 2015 (p. 228). 19 àqueles que já fazem jus à progressão de regime,ou de serem postos em liberdade os presos que já cumpriram sua respectiva pena. Dada conjuntura é consequência da própria inobservância e inaptidão dos órgãos encarregados pela execução penal, visto que, acondiciona os indivíduos encarcerados de maneira exagerada e ilegal. O ócio ou a inatividade forçosa entre os apenados é do mesmo modo uma problemática inquietante e costumeira na execução da pena privativa de liberdade nas penitenciárias brasileiras, feito esse, tido como ainda mais grave ao se observar a legislação penal do Brasil e corroborar que o trabalho teria de ser oportunizado ao preso como intermédio educador e produtivo e de premissa de dignidade humana. Sob outra perspectiva, a medida que se testifica a existência de trabalho, este então é desenvolvido sob circunstâncias defeituoso e carente, ou é meramente colocado à disposição de pouquíssimos indivíduos. 8.2. VIOLÊNCIA Perfaz-se de atestar os direitos constitucionais e infraconstitucionais dos presos no decurso da execução da pena, previstos em inúmeros diplomas e tratados internacionais. A execução teria de assegurar que o único direito que lhes fosse recôntido fosse o direito à liberdade. Apesar disso, com o perpassar dos anos, a finalidade das prisões vem se transformando e, nos dias atuais, é vista, ou acaba por ser, um “banco” de criminosos infratores, transgressores que por sua vez devem “pagar” por seus atos e delitos – como clama a sociedade. Assis salienta que o desempenho de atos violentos entre os próprios presos e a impunidade sucedem de modo ainda mais acentuado. A ocorrência de homicídios, abusos sexuais, espancamentos e extorsões são uma prática comum por parte dos presos que já estão mais “criminalizados” dentro da prisão e que, em razão disso, exercem um domínio sobre os demais presos, que acabam subordinados a essa hierarquia paralela. Contribui para esse quadro o fato de não serem separados os marginais contumazes e sentenciados a longas penas dos condenados primários. [22] Destarte, a violência entre detentos nas instituições termina por converter-se numa forma de determinar as relações sociais. É por meio da linguagem da violência que os funcionários concebem o que denominam de “ordem” para tentar compelir o 22 ASSIS, Rafael Damaceno de. A realidade atual do sistema penitenciário brasileiro. 2007. 20 condicionamento esperado e é por ela que os próprios apenados estabelecem a sua ordem. Numerosas condições se associam para resultar tais abusos, tais como: as condições irregulares das prisões, a ausência de supervisão eficaz, a fatura da disposição de armas, a falta de atividades e, talvez a mais considerável, a inexistência de classificação dos presos. Posto que a própria prisão é violenta, violência maior é prender quem ainda não obteve julgamento, é o encarceramento sob amparo das deliberações de prisão preventiva, que por diversas ocasiões, acaba nem sendo condenado, e aquilo que viveu dentro do período que esteve dentro do sistema prisional o perseguirá pelo resto de sua vida. 9. A REINCIDÊNCIA E A UTOPIA DA NATUREZA RESSOCIALIZADORA DA PENA Refuta-se acerca da eficiência do objetivo ressocializador da pena privativa de liberdade; diante disso, a doutrina incompatibiliza. Os adeptos da criminologia crítica replicam que não é viável a ressocialização dentro do ambiente prisional. Nada obstante, outra parcela da doutrina crê que sim, é provável ressocializar o apenado dentro do ambiente prisional, que, investindo-se mais em infraestrutura prisional e qualificação pessoal, a fim de que, desse modo se concretizem os mecanismos legais atestando um propício tratamento penal, sem impossibilitar as alternativas a prisão para se encolher a população prisional, possibilita contemplar resultados satisfatórios. Em concordância com as vigorantes legislações penais brasileiras, Nunes afirma que, se castiga alguém que consumou um crime não só com o escopo de coibir a ação criminosa, mas, também, com a essência de inibir, antes de tudo, com o objetivo de recuperar o transgressor da norma penal[23]. É comum e nitído que a pena não vêm amedrontando, a coibição ao delito deixa muito a desejar e a ressocialização do indivíduo é uma utopia , basta ver que grande porcentagem dos criminosos que cumprem pena privativa de liberdade retornam à velhas práticas delituosas, em face disso , esta prisão que está aí necessita ser remoldada , posto que está se tornando gradativamente mais decadente. Mas, a final de contas, a ressocialização seria mesmo viável? É existente algum entusiasmo por parte do 23 NUNES, Adeildo. Da Execução Penal. Rio de Janeiro. Forense: 2009. 21 Estado em fomentar tal ressocialização do ex- prisioneiro à convivência social? Greco aponta que: “A sociedade não concorda, infelizmente, pelo menos à primeira vista, com a ressocialização do condenado. O estigma da condenação, carregado pelo egresso, o impede de retornar ao normal convívio em sociedade. Quando surgem os movimentos de reinserção social, quando algumas pessoas se mobilizam no sentido de conseguir emprego para os egressos, a sociedade trabalhadora se rebela, sob o seguinte argumento: “Se nós, que nunca fomos condenados por praticar qualquer infração penal, sofremos com o desemprego, por que justamente aquele que descumpriu as regras sociais de maior gravidade deverá merecer atenção especial?” Sob esse enfoque, é o argumento, seria melhor praticar infração penal, “pois ao término do cumprimento da pena já teríamos lugarcerto para trabalhar!” [24] 10. PRECONCEITO SOCIAL Um dos substanciais empecilhos à ressocialização refere-se à sociedade como um todo. O agente que encerra sua pena, ainda que se encontrasse preso de maneira cautelar e tivesse sido absolvido subsequentemente, ou ainda, executado plenamente sua pena, terá em sua posse o rótulo de ex-detento, uma vez que, a sociedade é insipiente e sugestionável, tendo em vista como única provação que o indivíduo possui má índole e propensão a sua prisão. Herkenhoff defende que: “[...] O estigma da prisão acompanha o egresso, dificultando seu retorno à vida social. Longe de prevenir delitos a prisão convida à reincidência: é fator criminogênico.” [25] Até mesmo no decurso da execução da pena, o meio social não compreende ou reconhece o objetivo e a concepção de ressocialização do sujeito recluso. Por conseguinte faz-se indispensável, não apenas a adaptação do sistema prisional brasileiro ao que a lei estabelece, mas também ao ajustamento do Direito Penal e do entendimento dos magistrados para tal inquirição, qual tanja a de que a prisão degenera a pessoa, consequentemente, quando viável deve ser evitada, sendo empregada exclusivamente em condenações de longa extenção e aos verdadeiramente perigosos e de árduo processo de reparação. 24 GREGO, Rogério. Sistema prisional: colapso atual e soluções alternativas. 2. ed. São Paulo: Impetus, 2015 (p. 334-335). 25 HERKENHOFF, João B. Crime: Tratamento Sem Prisão. 3ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998. 22 11. CONCLUSÃO Os sintomas da crise no sistema penitenciário brasileiro são notórios e incontestáveis: a afronta aos direitos individuais, a superlotação, como de praxe os episódios de violência sexual e física, a supressão de trabalho, a ação de organizações criminosas dentro das penitenciárias, em apanhado, a deserção do sistema pelo poder público. O que expectar portanto, de regresso de dado cenário, afora a incapacidade desse sistema? Seria a partir desta conjuntura que espera-se a ressocialização dos egressos? Esse exaurir sócio-político na interpelação da temática tem disposto o enraizamento de convicções de índole grandemente moralista e que ocultam o veraz enredamento que permeia este revés. É por entre tal discurso que a sociedade urge por penas mais longas e severas, discurso este, que inclina-se a desconsiderar os determinantes sociais da criminalidade, maiormente aqueles que sucedem do violento cenário das desigualdades de classe e etnias, mas de mesmo modo do composto mais profuso de fatores que implicam na estruturação sócio-cultural do transgressor e do delito. À frente desse quadro, não retrata demasia afirmar, assim como Eduardo Galeano, que na atual conjuntura, “Um bom bandido é um bandido morto: dizem agora os que exigem uma terapia social mão de ferro. [...] Os problemas sociais reduziram-se a problemas policiais e há um clamor crescente pela pena de morte [...].” [26]. As matérias referentes à violência e criminalidade não são meramente problemáticas que se delimitam a alçada da segurança pública, tange, essencialmente, de demonstrações das inquietantes exiguidades que discursam o perfil das políticas sociais e das modalidades de amparo social no Brasil, em áreas estratégicas do suprimento de serviços, nomeadamente as que denotam à saúde, educação, moradia e emprego. 26 GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso.Trad. Sergio Faraco. Porto Alegre: L&PM, 1999. 23 Em justificação de todos os impasses presentes nas penitenciárias brasileiras, os quais podem ser inferidos em cárceres de diversos outros países, prontamente se assimila que a procura por elucidações para extirpar, ou ao menos moderar o caos instituído, é uma árdua e ampla missão do Estado e daqueles interessados na temática. Conforme Claus Roxin: Logicamente, não se pode pretender acabar com todos os problemas surgidos no sistema prisional com apenas declarações de comportamentos e condutas que devem seguir os agentes envolvidos neste contexto. É preciso que se tome consciência da importância da resolução racional e efetiva da questão referente aos presos, posto que se refere também à própria sociedade. [27] Em outras palavras, a demanda por soluções tão somente pode obter desenlace quando todos os Poderes ligadamente com todos os entes políticos da Federação se atarem para pleitear acerca do tema, objetivando lograr uma solução viável de ser estabelecida. No tocante que se refere a respectiva problemática são existentes diversas proposituras de superação da crise do sistema prisional brasileiro, é possível citar aquela que diz respeito às medidas que viabilizam reter a pena de prisão para os crimes de natureza mais grave, que consumam-se em ameaça concreta a coexistência social, da mesma maneira que agilizar os processos nas Varas de Execuções Penais, posto que muitos processos estão “paralisados” e isso resulta com que o indiciado permaneça mais tempo no sistema. A humanização das penas e a individualização destas identicamente configuram suma importância para a elucidação do posto problema. As penas alternativas para os crimes mais amenos também careceriam de ser despendidas, pois, a quantidade de indivíduos retidos por furtos simples, que se consagram como sendo uma enorme “massa” presente no sistema; delitos esses que não caracterizam elevado grau de periculosidade para com a sociedade, deveriam portanto, ter recebido penas alternativas à privação da liberdade. 27 ROXIN, Claus. Problemas fundamentais de direito penal. 2. ed. Lisboa: Vega, 1993 (p. 45). 24 Em harmonia com o já estabelecido pela LEP, todos os presos condenados no Brasil deveriam ter viabilidades de trabalho, educação e treinamento, e lhes deveria ser ofertado alternativas razoáveis e proporcionais de lazer. Ainda que a lei de forma transparente estabeleça isso, unicamente ínfima parcela dos reclusos brasileiros tem a oportunidade de trabalhar. À medida que os presos que exercem uma função de trabalho podem ser candidatos à redução de suas respectivas penas e, de modo consequente, à soltura condicional, a carestia de trabalhos coadjuva para a superlotação. O trabalho é tido como reeducador e humanitário e assessora no desenvolvimento da personalidade do preso. Contudo, o nosso atual sistema prisional ainda acondiciona o exíguo trabalho que é oferecido com remuneração mínima ou sem remuneração, o que aparta do trabalho seu cargo formativo ou pedagógico e o tipifica como castigo ou trabalho escravo. O direito à educação e ao trabalho, que estão atrelados à formação e ao desenvolvimento da personalidade do recluso, são direitos sociais de grande magnitude. Oportunidades educacionais e de treinamento também são insuficientes, acarretando com que os presos tenham um número inferior de atividades produtivas para direcionar suas energias. Isto posto, uma questão de grande relevância para apartar a atual crise no sistema penitenciário brasileiro, seria a oferta de atividades educacionais, tais como cursos profissionalizantes, a fim de que o recluso ao ser reinserido em sociedade possa equiparar-se aos demais indivíduos, não fazendo daquele período em que esteve “pagando” por seus atos passados um espaço de tempo improdutivo e estéril, além disso, esta, seria uma alternativa à reincidência, visto que, o agente munido de experiência e conhecimento possa optar por a partir daí, conduzir sua vida distanciado do “mundo do crime”. De todos os motivos que levam ao cárcere, é evidente que os advindos do crime de tráfico lotam os presídios; de fato, o crime organizado e o tráfico de drogas representam um alto potencial de riscoao Estado, visto que o último move um capital imensurável. Além do mais, o tráfico de drogas emprega pessoas de todas as 25 classes sociais e nas regiões de fronteiras a facilidade de relacionar-se com o contrabando e a falta de políticas públicas acabam por contribuir para um comercio ilegal intenso. O Estado, além de combater a venda e o consumo de entorpecentes, necessita cortar o mal pela raiz e voltar-se para as fronteiras, uma vez que hoje a droga consumida no Brasil, advém dos vizinhos continentais, transportada em toneladas por caminhões em um sistema gigantesco, super-organizado e bem estruturado. Nota-se que, os traficantes dispõem de diversas espécies de veículos bem como um estável aparelhado bélico e sistema de comunicação. O Tribunal das Contas da União tem realizado auditoria para avaliar aspectos de governança do conjunto de políticas públicas com o propósito de fortalecer a faixa de fronteira: O baixo grau de investimentos e a carência de recursos humanos, materiais e financeiros dos órgãos responsáveis pela prevenção, controle, fiscalização e repressão aos crimes transfronteiriços realçam a vulnerabilidade daquele espaço territorial e contribuem para agravar sua condição de ambiente propício as atividades ilícitas ligadas ao tráfico de drogas e de armas, entre outros crimes típicos de regiões fronteiriças. [28] Nas ultimas décadas o Estado tem fortalecido a fiscalização e controle de pessoas pelos programas Ágata e Sentinela. Na Operação Ágata o Exercito, a Policia Federal e a Receita Federal trabalham juntos para apreender drogas, armas, pessoas e biopirataria. Já, na Operação Sentinela da Policia Federal aprendem-se sacoleiros, laranjas e carregadores que levam às organizações criminosas. O Estado, portanto, precisa elaborar políticas públicas a fim de integrar e garantir a fiscalização de todas as regiões do País, principalmente as de fronteira, para barrar a entrada de drogas no território nacional: sem a mercadoria ilícita a população não terá a oportunidade de cometer o delito. 28 Auditoria operacional para avaliação da governança nas políticas públicas de fortalecimento da faixa da fronteira. 26 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, Gisele de; BRAGATTO, Regina. Uma possibilidade de ressignificancia na historia do sujeito. In: OLIVEIRAS, Kris Bretãs; OLIVEIRA, Gleiber Gomes de. (Org.). Olhares sobre a prevenção à criminalidade. Belo Horizonte: Instituto Elo, 2009. p. 295-305. ASSIS, Rafael Damaceno de. A realidade atual do sistema penitenciário brasileiro. 2007. Disponível em: http://www.jf.jus.br/ojs2/index.php/revcej/article/viewFile/949/1122>. Acesso em: 02 out. 2018. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 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