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PAMELA - MONOGRAFIA SISTEMAS PRISIONAL E SOCIOEDUCATIVO BRASILEIRO EM MEIO À PANDEMIA COVID19

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PÂMELA DA SILVA RODRIGUES PEREIRA 
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS PRISIONAL E SOCIOEDUCATIVO BRASILEIRO EM MEIO 
À PANDEMIA COVID19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIP/SP 
2020 
 
 
 PÂMELA DA SILVA RODRIGUES PEREIRA 
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS PRISIONAL E SOCIOEDUCATIVO BRASILEIRO EM MEIO 
À PANDEMIA COVID 19 
 
 
Monografia, apresentado à Universidade Paulista - 
Unip, como requisito para a obtenção do grau de 
Bacharel em Direito, sob a orientação da 
Professora Doutora Cibele Mara Dugaich. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 UNIP/SP 
 2020 
 
 
 
 PÂMELA DA SILVA RODRIGUES EREIRA 
 UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP 
 
 
 
 
SISTEMAS PRISIONAL E SOCIOEDUCATIVO BRASILEIRO EM MEIO 
À PANDEMIA COVID 19 
 
 
Monografia, apresentado à Universidade Paulista - 
UNIP, como requisito para a obtenção do grau de 
Bacharel em Direito, sob a orientação da 
Professora Doutora Cibele Mara Dugaich. 
 
 
 
 
Aprovada: ___/___/___ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Profa. Dra. Cibele Mara Dugaich 
Professora Orientadora 
 
 
Professor Examinador 
 
 
 
 UNIP/SP 
 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dedico este trabalho a minha família que 
sempre me apoiou, meu deu estrutura para 
que esse momento acontecesse, 
principalmente aos meus pais João Dimas 
e Rose que nunca mediram esforços para 
eu ter esse diploma e também a minha tia 
Graça Maria e minha prima Luciana que 
me acolheram em sua casa e me deram 
suporte para terminar o curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeiramente, agradeço a Deus por me 
fazer forte e persistente para não me deixar 
levar pelas dificuldades e sim me dar forças e 
coragem para terminar o curso. 
A professora Cibele Magaich, pela sabedoria 
e determinação com que me orientou para 
realização desta monografia. 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho tem por objeto o estudo do Direito Penal e do Direito de Execução 
Penal no que tange sistemas prisionais e socioeducativo brasileiro em meio à 
pandemia: covid19, entre a resolução 62 e a realidade vivida pelos presos. Tendo 
em vista que, verifica-se a legislação que a execução penal tem por objetivo, além 
da efetivação da sentença, a ressocialização do apenado com fito sua futura 
reinserção à sociedade. Analisando-se para tanto a evolução do Direito Penal e da 
pena em si, verificando-se qual sua finalidade em cada contexto histórico até a 
atualidade, bem como a Lei de Execução Penal brasileira. Demonstra-se que 
embora a legislação pátria possua o escopo da ressocialização, não se tem 
conseguido atingir tal propósito com eficiência. Isso devido à inércia do Poder 
Público frente aos problemas ocorrentes no sistema prisional com o 
descumprimento ou cumprimento parcial da resolução 62, bem como da 
Constituição Federal. Para tanto, contextualiza-se a crise no sistema prisional 
brasileiro e sua ineficiência do tratamento penal em ressocializar o indivíduo, 
principalmente em tempos de pandemia. Ademais, foi analisado o papel do sistema 
prisional e socioeducativo na ressocialização do preso, sendo ela a última e mais 
importante fase deste processo. 
 
Palavras- chave: Prisão. Pena. Ressocialização. Execução Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 6 
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA ................................................................ 7 
2.1 FASES DA VINGANÇA PENAL ........................................................................... 7 
2.2 PERÍODO HUMANITÁRIO .................................................................................. 8 
3 HISTÓRICO DO DIREITO PENAL BRASILEIRO ............................................ 9 
3.1 PERÍODO COLONIAL ......................................................................................... 9 
3.2 CÓDIGO PENAL DO IMPÉRIO ......................................................................... 10 
3.3 PERÍODO REPUBLICANO ................................................................................ 10 
3.4 REFORMAS CONTEMPORÂNEAS .................................................................. 11 
4 A FUNÇÃO E A FINALIDADE DA PENA ...................................................... 13 
5 SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO .................................................... 14 
5.1 RETROCESSO PRISIONAL DO SÉCULO XX .................................................. 15 
6 REALIDADE VIVIDA PELOS PRESOS: A CRISE NO SISTEMA PRISIONAL 
BRASILEIRO .................................................................................................. 17 
6.1 SUPERLOTAÇÃO ............................................................................................. 18 
6.2 VIOLÊNCIA ........................................................................................................ 19 
6.3 ESTRUTURA PRISIONAL ................................................................................. 19 
6.4 PRECONCEITO SOCIAL .................................................................................. 21 
6.5 REINCIDÊNCIA COMO CONSEQUÊNCIA DA CRISE NO SISTEMA 
PRISIONAL ..................................................................................................... 22 
7 UMA QUESTÃO DE POLÍTICA CRIMINAL ................................................... 23 
8 CONCLUSÃO ................................................................................................. 25 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 27 
 
 
6 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A abordagem desse trabalho terá como estudo os sistemas prisionais e 
socioeducativo brasileiro em meio à pandemia: covid19, entre a resolução 62 e a 
realidade vivida pelos presos. Analisa-se para tanto a evolução histórica do Direito 
Penal e da pena em si, primeiramente mundial e após, a evolução ocorrida em nível 
nacional. Posteriormente, serão explanadas as teorias da função e finalidade da 
pena, e, o sistema penitenciário brasileiro. 
Destaca-se, a nossa atual legislação de execução penal, resolução 62, a 
LEP, e os fundamentos que nos demonstra qual é seu objetivo quando da execução 
da pena mesmo em tempos de pandemia, qual seja o de efetivar as disposições da 
sentença e proporcionar as condições necessárias para uma harmônica integração 
social do condenado à sociedade, promovendo a ressocialização e reeducação do 
apenado. Para isso, prevê a assistência necessária desde o ingresso ao sistema 
prisional até quando da sua saída, na posição de egresso, buscando desde sempre 
a sua ressocialização para sua posterior reinserção à sociedade. Evitando deste 
modo, a reincidência criminal. 
Apresentaremos quais as dificuldades impostas à ressocialização do 
recluso, retratando o cenário totalmente desfavorável em que se encontra com 
relação ao sistema prisional. Cenário em que impera a precariedade, a violência, a 
corrupção, ou seja, a ausência do Estado. Sem embargo, denota-se a importância da 
participação da sociedade nesse processo, uma vez que o condenado que passa por 
um processo satisfatório de ressocialização, tende a contribuir com a sociedade em 
oposição ao peso que será com a ineficiência desse processo. 
7 
 
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA 
 
 
É bem verdade que o homem não nascera para ficar preso, porém conforme 
sinaliza Rogério Greco (2015, p.83): “A história da civilização demonstra, no entanto,que, logo no início da criação, o homem se tornou perigoso para seus semelhantes”. 
Assim, todo grupo social sempre possuiu regras que puniam aquele que praticasse 
fatos contrários aos seus interesses. Isto, com o condão de impedir comportamentos 
que colocassem o grupo em risco. 
A palavra “pena” deriva do latim poena e do grego poiné e significa inflição 
de dor física ou moral imposta ao transgressor de uma lei, nas palavras de Enrique 
Pessina (1913, p.589-590 apud GRECO, 2015, p. 84): “um sofrimento que recai, por 
obra da sociedade humana sobre aquele que foi declarado autor de delito”. 
Avaliaremos a evolução da pena, juntamente com a evolução do próprio 
Direito Penal, analisando a forma de punição dos infratores em cada período. 
 
2.1 FASES DA VINGANÇA PENAL 
 
 
A fase da vingança divina se deve à influência da religião na vida dos povos 
da antiguidade, onde a repressão era a satisfação da divindade, pois esta seria a 
ofendida pelo crime. Então, para aplacar a ira divina eram criadas diversas proibições 
conhecidas como "tabu", de maneira que se desobedecidas acarretariam em 
castigo. As punições iam de oferendas de objetos de valor ou animais até o sacrifício 
do próprio infrator à divindade ofendida. Destarte, surgira a pena em sua faceta mais 
remota, que nada mais significava senão a vingança aplicada sem preocupação com 
a justiça. 
Na denominada fase da vingança privada, a pena tinha como único 
fundamento a retribuição àquele que teria praticado o crime, ocorria assim a reação 
da própria vítima, de parentes ou até do grupo social, agindo sem proporção ao delito 
praticado, podendo atingir não só o ofensor como seu grupo como um todo, sendo 
invariavelmente a pena de morte a aplicada, o que culminava, não rara as vezes, na 
extinção de um dos grupos. Ou então, sendo o ofensor pertencente ao mesmo grupo 
do ofendido, este poderia ser punido com o banimento, deixando-o à mercê dos 
demais grupos, o que na prática era a morte. 
8 
 
Surge então, com a evolução social, a Lei de Talião, que pode ser 
considerado um avanço, porque mesmo ainda que de forma superficial, trouxe 
um conceito de proporcionalidade, já que limitara a reação à ofensa a um mal 
idêntico ao praticado. Este fora adotado no Código de Hamurábi, no Êxodo e na Lei 
das XII Tábuas, tido como grande avanço ao reduzir a abrangência da ação punitiva. 
Posteriormente, evoluiu-se para composição, sistema pelo qual o ofensor 
comprava a sua liberdade, livrando-se do castigo. A composição foi amplamente 
aceita em sua época, e remonta a origem das modernas indenizações do Direito Civil 
e das penas pecuniárias do Direito Penal. 
Com a melhora da organização social, o Estado afastou a vingança privada, 
atingindo-se a fase da vingança pública. Isto, com intuito de dar maior estabilidade 
ao Estado e segurança ao soberano através da pena, que ainda mantinha 
características de severidade e crueldade, com fito intimidatório. Ainda, na Grécia 
Antiga e Roma Antiga, a pena continuava com inspirações em sentimentos 
religiosos, libertando-se desse caráter posteriormente. 
 
2.2 PERÍODO HUMANITÁRIO 
 
 
A legislação criminal europeia em meados do século XVIII justifica a reação 
de alguns pensadores, cujas ideias giravam em torno da razão e da humanidade. 
Pois, à época, as leis penais eram excessivamente cruéis e prodigas em castigos 
corporais e na pena capital. Os juízes agiam ao seu arbítrio e julgavam os homens 
de acordo com a sua condição. Por isso, criminalistas da época defendiam 
procedimentos e instituições mais rigorosos. 
Portanto, no decorrer do Iluminismo, na segunda metade do século XVIII, 
inicia-se o Período Humanitário do Direito Penal, movimento que veio apregoar a 
reforma da legislação e da administração da justiça penal. Momento em que o homem 
toma consciência do problema penal jusfilosoficamente, tendo ciência em temas 
como do direito de punir e da legitimidade das penas. 
Este período foi de fundamental importância para evolução e humanização 
do Direito Penal e seus fundamentos, conforme as palavras do professor Rogério 
Greco: 
O período iluminista teve fundamental importância no pensamento punitivo, 
uma vez que, com apoio na “razão”, o que outrora era praticado 
9 
 
despoticamente, agora necessitava de provas para ser realizado. Não 
somente o processo penal foi modificado, com a exigência de provas que 
pudessem conduzir à condenação do acusado mas, e sobretudo, as penas 
que poderiam ser impostas. O ser humano passou a ser encarado como 
tal, e não mais como mero objeto, sobre o qual recaía a fúria do Estado, 
muitas vezes sem razão ou fundamento suficiente para condenação. 
(2015, p. 87) 
 
Através do pensamento jusnaturalista, passou-se a reconhecer os direitos 
inerentes ao ser humano, como por exemplo, a dignidade e o direito de igualdade 
perante a lei. Até em relação à pena capital, as suas formas de execução foram sendo 
aperfeiçoadas para que trouxessem menos sofrimento ao condenado, a exemplo da 
guilhotina, utilizada a primeira vez em 1792. 
Passou a se utilizar na época o Princípio da anterioridade da lei penal, pois 
começou a se exigir que a lei que capitulasse a conduta como crime, deveria ser 
anterior, além de clara e precisa. Ademais, as penas que eram demasiadamente 
desproporcionais passam a ser graduadas conforme a gravidade do delito. 
O Movimento Humanitário atingiu seu ápice na Revolução Francesa, com 
um sentimento em comum, o da reforma do sistema punitivo. Há de se destacar 
alguns dos grandes filósofos franceses que defenderam com veemência a 
liberdade, a igualdade e a justiça, são eles: Montesquieu, Voltaire, Rosseau, entre 
outros. Ainda, na seara político-criminal, Beccaria, Howard e Bentham. 
 
HISTÓRICO DO DIREITO PENAL BRASILEIRO 
 
 
Em uma síntese histórica do Direito Penal Brasileiro é possível perceber três 
grandes fases: Período Colonial, Código Criminal do Império e Período 
Republicano. Nota-se, inicialmente, que o Direito Penal era regido pela legislação 
portuguesa e somente posteriormente passou a ser regido por legislação 
genuinamente nacional. 
Passaremos a estudar as fases destacadas, além das reformas 
contemporâneas no atual Código Penal. 
 
3.1 PERÍODO COLONIAL 
 
 
Quando do descobrimento do Brasil, passou a vigorar por aqui o Direito 
10 
 
lusitano, sendo que inicialmente o que vigorava eram as Ordenações Afonsinas, 
substituídas pelas Ordenações Manuelinas, em 1521. Estas vigoraram até 1569, 
quando do advento da Compilação de Duarte Nunes Leão, até 1603. No entanto, 
nenhuma destas refletiram efeitos jurídicos eficazes, face à imensa colônia que 
havia se formado. O que em verdade acontecera, foi a criação de um regime jurídico 
peculiarmente brasileiro, visto a inflação de leis e decretos reais destinados a 
solução de casuísmos próprios da colônia. Além dos poderes concedidos aos 
donatários com as cartas de doação, que atuavam ao seu próprio arbítrio. 
A lei que formalmente deveria ser aplicada naquela época eram as 
Ordenações Filipinas, promulgada por Filipe II e refletiam o direito penal medieval, 
com o crime sendo confundido com o pecado e a ofensa moral, de forma a punir 
severamente os hereges, apóstatas, feiticeiros e benzedores. Penas que miravam 
somente o temor através do castigo, pois eram severas e cruéis, como açoite, 
mutilação e também, largamente utilizada a pena capital. 
 
3.2 CÓDIGO PENAL DO IMPÉRIO 
 
 
Com a proclamação da independência era previsto na sua então 
Constituição, de 1824, que se elaborasse nova legislação penal, quando em 1830 
foi sancionado o Código Criminal do Império. De índole liberal, o Código tratava 
sobre temas como individualização da pena, atenuantes e agravantes e estabelecia 
julgamento especial para menores de 14 anos. E somente foi aceito a pena de 
morte, após intensas discussões no Congresso e visava coibir a prática de crimes 
pelos escravos. 
Destaca-se que o CódigoPenal do Império era deveras bem elaborado, 
inclusive influenciou códigos estrangeiros, destacando-se por sua concisão, clareza 
e precisão, além de trazer grandes inovações, como o instituto do dias-multa. 
Ressalta- se que o Código de Processo Criminal surgiu em 1832. 
 
3.3 PERÍODO REPUBLICANO 
 
 
Após a proclamação da República foi publicado um novo Código Penal 
(1890), um ano antes da Constituição de 1891. Contudo, por ter sido 
11 
 
apressadamente elaborado e aprovado recebeu duras críticas, muito embora tenha 
abolido a pena de morte e instalado um regime penitenciário de caráter correcional, 
era mal sistematizado e ignorava os notáveis avanços doutrinários presentes na 
legislação anterior. Devido seus equívocos, uma grande quantidade de leis 
extraordinárias foi editada, o que culminou na Consolidação das Leis Penais de 
Vicente Piragibe em 1932. 
Embora tenha recebido duras críticas por toda sua vigência, esse código 
vigorou de 1890 até 1932, com a promulgação da Consolidação das Leis Penais a 
partir daí que vigorou até 1942, ano em que inicia a vigência do atual Código Penal. 
Antes disso, não faltaram projetos que visavam substituí-lo, porém nenhum obteve 
êxito. 
Portanto, passa a vigorar em 1º de janeiro de 1942 o atual Código Penal 
(Decreto-lei nº 2.848 de 1940). Legislação considerada eclética, aceitando os 
postulados das Escolas Clássicas e Positivista, aproveitando-se do que melhor 
havia nas legislações modernas de orientação liberal. 
 
3.4 REFORMAS CONTEMPORÂNEAS 
 
 
Dentre as várias leis que alteraram nosso Código Penal desde 1940, duas 
merecem destaque: a Lei nº 6.416 de 1977 que procurou atualizar as sanções penais, 
e, principalmente, a Lei nº 7.209 de 1984 que revogou a parte geral do diploma 
instituindo-lhe uma nova. 
Pretendia-se substituir o Código Penal de 1940 pelo conhecido projeto de 
Nélson Hungria, de 1963, que, devidamente revisado, foi promulgado pelo Decreto-
lei 1.004 de 1969 e retificado pela Lei nº 6.016 de 1973. Entretanto, o Código Penal 
de 1969, como ficou conhecido, nunca chegou a vigorar, teve sua vigência 
postergada diversas vezes até que fosse revogado pela Lei nº 6.578/78. Diante 
desse insucesso, institui-se uma comissão para que se elaborasse um anteprojeto 
de reforma da Parte Geral do Código Penal de 1940. Foi presidida por Francisco de 
Assis Toledo e constituída por Francisco Serrano Neves, Miguel Reale Junior, Renê 
Ariel Dotti, Ricardo Antunes Andreucci, Rogério Lauria Tucci e Helio da Fonseca. 
Após algumas alterações em trabalhos de revisão, foi encaminhado o projeto ao 
Congresso Nacional, sendo promulgada como Lei nº 7.209 de 1984. 
12 
 
A lei reformulou toda a Parte Geral do Código de 1940, humanizando as 
sanções penais e adotando penas alternativas à prisão, além de reintroduzir o 
sistema de dias-multa em nosso ordenamento. Muito embora, a lei tenha nos trazido 
um grande elenco de penas alternativas à privativa de liberdade, por falta de vontade 
política, deixou-se de dotar de infraestrutura nosso sistema penitenciário, 
inviabilizando uma melhor política criminal com penas alternativas, há muito 
consagrada na Europa. 
Na década de 90, viveu-se intensamente uma política criminal do terror com 
a criação de crimes hediondos (Lei nº 8.072/90), criminalidade organizada (Lei nº 
9.034/95) e crimes de especial gravidade. Contudo, essa tendência foi abrandada 
pela implementação da Lei nº 9.099/95 que criou os Juizados Especiais Criminais e 
recepcionou institutos como a transação penal, composição cível com efeitos penais 
e a suspensão condicional do processo. Posteriormente, tivemos uma ampliação 
nas denominadas penas alternativas pela Lei nº 9.714/98, esta abrangendo crimes 
praticados sem violência e apenados com no máximo quatro anos. O que se vivencia 
após isto, é uma crescente tensão entre os avanços e retrocessos sobre qual é a 
função exercida pelo Direito Penal, especialmente no que tange o respeito pelo 
legislador em relações aos princípios constitucionais que limitam o exercício do ius 
puniendi estatal. Um dos maiores exemplos foi a implementação do denominado 
"regime disciplinar diferenciado" (RDD, Lei nº 10729/2003) que estatui um Direito de 
autor e não de fato, cujas sanções implicam em isolamento celular de até um ano, 
não pela pratica do fato em si, mas por um juízo subjetivo de periculosidade social 
ou carcerário, ou ainda por meras suspeitas de envolvimento em quadrilha ou bando 
o que desvirtua fortemente a função do Direito Penal. 
Diante desta perspectiva de incertezas, surge um alento através de uma 
tendência deste século, qual seja da efetividade dos direitos e garantias 
constitucionais, como por exemplo, o acréscimo do § 3º feito ao art. 5º da Constituição 
Federal (introduzido pela EC nº. 45/2004). O acréscimo feito trata de Direitos 
Humanos, e especialmente ao Direito Penal e seu processo, aduz ao movimento de 
internacionalização do Direito e Processo Penal, buscando um ideal de justiça 
universal, necessária ao mundo globalizado. Sem embargo, não será uma tarefa 
fácil vencer os descompassos legislativos em busca de soluções em consenso. No 
entanto, o desafio da efetivação dos direitos e garantias individuais há de prosperar 
em um futuro menos cruel para o Direito Penal, guiado através do pluralismo jurídico 
13 
 
com vistas à construção legítima do Direito e seu sistema repressor com a gradual 
consolidação do sistema democrático através de uma convivência social em 
condições materiais de igualdade. 
 
3 A FUNÇÃO E A FINALIDADE DA PENA 
 
 
Para Bitencourt (2015, p. 131) estão intimamente ligadas as concepções do 
Direito Penal com quais efeitos deve produzir sobre o sujeito objeto da persecução 
e sobre a sociedade em qual atua. Também, é quase unânime o conceito de que a 
pena se justifica por sua necessidade, deduzindo-se daí que as modernas 
concepções do Direito Penal são vinculadas às ideias de finalidade e função da 
pena. 
Examinaremos na sequência, as teorias da pena em suas três vertentes 
mais importantes: Absolutas ou Retributivas, Preventivas ou Relativas e Mistas ou 
Ecléticas. 
Essencialmente, as Teorias Absolutas fundamentam a existência da pena 
unicamente no delito praticado, concebendo-a como um mal dado em retribuição ao 
mal causado pelo crime. Desta forma, estaria justificada sua imposição não com 
objetivos futuros, mas como um castigo, por isso, também conhecidas como 
Retributivas. 
Resumidamente, as Teorias Retributivas atribuem à pena a difícil tarefa de 
realizar justiça. Ao autor de um crime a imposição de um mal, qual seja a pena, 
fundada no livre arbítrio do homem. As principais virtudes das teorias absolutas são 
às limitações que se impõe às penas, como por exemplo, considerações sobre 
liberdade e dignidade da pessoa e mostras da aplicação do instituto da 
culpabilidade. 
Nas Teorias Relativas a justificativa da pena está na prevenção dos delitos 
e não mais na retribuição ao delito cometido. Neste momento, a pena passa a ser 
justificada como meio para se alcançar fins futuros, ou seja, na prevenção ao invés 
da retribuição, por isso também chamada de Preventivas. 
Divide-se a Teoria Relativa em duas vertentes: Prevenção Geral e Especial. 
Estas se diferenciam no tocante ao seu destinatário, sendo no primeiro o coletivo 
social, enquanto no segundo, o autor do delito. Pode-se ainda, subdividir estas em 
função de suas naturezas, negativas ou positivas. 
14 
 
Por fim, as Teorias Mistas ou Ecléticas. Destaca-se inicialmente que o 
ordenamento jurídico brasileiro tem adotado os fundamentos destas teorias em seus 
textos. Esta corrente busca unificar as finalidades da pena que mais se destacam 
nas Teorias Absolutas e Relativas, por isso também conhecida como Teoria 
Unificadora. Entende-se que diversos aspectos de cada teoria, como a retribuição, 
a prevenção geral e a especial são na verdade todos pertencentes a um complexofenômeno, a pena. Por isso, soluções monistas, sustentadas pelas teorias 
anteriores, não são capazes de abranger como um todo a complexidade dos 
fenômenos sociais interessantes ao Direito Penal. E este é o argumento basilar 
desta teoria, a necessidade de uma abrangência plural. 
Nesta teoria, destaca-se o estabelecimento de uma marcante diferença 
entre o "fundamento" e o "fim" da pena. A pena tem seu fundamento em nada além 
do que fato praticado. Sem o fito de invocar qualquer outro fundamento das teorias 
anteriores, como a intimidação para que outros não pratiquem crime ou ainda, a 
prevenção da reincidência. 
 
4 SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO 
 
 
O sistema penitenciário adotado no Brasil é o sistema progressivo, uma vez 
que, em regra, não se cumpre a pena integralmente no mesmo regime. 
Em essência, este sistema se constitui em repartir o tempo de duração da 
pena aplicada em períodos, onde se amplia gradativamente os privilégios que o 
condenado pode fruir consoante sua boa conduta e aproveitamento do tratamento 
reformador. Possui também, outro aspecto importante na medida em que permite a 
reinserção do condenado à sociedade, antes mesmo da extinção da sua pena. 
Segundo Bitencourt, o sistema possui dupla finalidade conforme o autor: 
 
A meta do sistema possui dupla vertente: de um lado pretende constituir 
um estímulo à boa conduta e à adesão do recluso ao regime aplicado, e, de 
outro, pretende que este regime, em razão da boa disposição anímica do 
interno, consiga paulatinamente sua reforma moral e a preparação para a 
futura vida em sociedade. (2015, p. 169) 
 
Sobre a finalidade da pena na legislação penitenciária brasileira, comenta 
 
 
 
15 
 
Defendendo a finalidade reeducadora e ressocializadora da pena, a lei admite que o 
apenado não é um ser eliminado da sociedade; continua sendo parte da mesma 
inclusive como membro ativo, se bem que submetido a um particular regime jurídico, 
motivado por um comportamento anti-social [sic]. (1997, p. 31) 
 
Neste contexto, o Sistema Progressivo se preocuparia então, além da 
reprimenda estatal, com a ressocialização do preso e sua reinserção à sociedade. 
O que representa, sem dúvida, um avanço do pensamento encarcerador, 
diminuindo-se de maneira significativa o rigorismo na aplicação da pena privativa. 
O Sistema Progressivo teve diversas matizes e em todas buscavam 
corresponder ao desejo inato de liberdade dos reclusos, estimulando-lhes impulsos 
que os conduziriam à liberdade. 
 
5.1 RETROCESSO PRISIONAL DO SÉCULO XX 
 
 
A pena privativa de liberdade, na virada do século XVIII para o XIX, passa a 
obter o status de principal sanção cominada aos que praticaram infração penal. 
Conforme ensina Greco (2015, p.166), diminuíram-se, gradativamente, as penas 
corporais e a de morte, pois antes a prisão era vista tão somente como uma espécie 
de prisão cautelar, haja vista sua finalidade de apenas recolher o réu até o efetivo 
cumprimento da pena. Ao lado dela, surgiram as penas restritivas, ou seja, diferentes 
da de privação de liberdade, como prestações de serviços ou multa. 
Após grande movimentação no sentido da humanização das instituições 
prisionais, houve um forte declínio quanto sua utilização durante a primeira metade 
do século XX. As instituições prisionais se tornaram locais em que o Estado apenas 
armazena os presos, sem qualquer preocupação com sua dignidade durante o 
cumprimento de sua pena. Em regra, há superlotação, que desencadeiam rebeliões 
e crimes dentro do próprio sistema, tanto pelos prisioneiros quanto pelos 
funcionários, que tinham por obrigação o zelo às leis e a ordem do sistema. 
Em suma, esta época fora marcada pelo retrocesso da aplicação da pena 
privativa e a exclusão de direitos conquistados, assinalando o retorno da crueldade 
ao sistema prisional, razão pela qual surgiram movimentos que pugnam pela 
abolição desse sistema. 
Para Greco (2015, p. 170) um dos maiores exemplos desse retrocesso, é o 
movimento estadunidense denominado law and order, que se destacou de forma 
16 
 
negativa instituindo uma forte cultura aprisionadora naquele país. Foram criadas 
algumas prisões lendárias, como por exemplo, Alcatraz, desativada após 29 anos 
de utilização, isso dado seu alto custo de manutenção. Além da criação das 
penitenciárias de segurança máxima, com rigorosos tratamentos despendidos aos 
presos, que lembram em muito alguns sistemas clássicos. Ressalta que por lá, o 
sistema penitenciário acabou por se transformar em um lucrativo negócio, com o 
sistema carcerário privado em destaque. Juntamente com aumento deste "negócio", 
aumentou-se e muito as reclamações quanto ao tratamento dado aos encarcerados. 
O autor destaca ainda que outro mau exemplo do país norte americano, 
foram suas prisões militares, como a Prisão de Guantánamo, localizado em Cuba, 
ou a prisão de Abu Ghraib, localizado no Iraque. Nessas, os presos eram 
submetidos a toda sorte de tratamentos desumanos, como a recorrente prática de 
tortura. 
No Brasil, uma das maiores demonstrações de fracasso de seu sistema 
penitenciário foi a conhecida Casa de Detenção de São Paulo, mais conhecido como 
"Carandiru", apelido dado ao complexo penitenciário haja vista a sua localização, no 
bairro de mesmo nome. Criado na década de 1920, inicialmente com a capacidade 
para 1.200 detentos, passou suas duas primeiras décadas de funcionamento 
cumprindo seu papel, considerada inclusive, como padrão de excelência. Nele os 
detentos se encarregavam de quase todos os serviços necessários à sua 
manutenção, como serviços de limpeza, cozinha e até uma pequena lavoura, que 
supria parte da necessidade alimentar dos internos. Porém, já em 1940, começaram 
os problemas com a superlotação e numa tentativa de extinguir o problema foi 
realizada no complexo uma construção que elevava a sua capacidade para 3.250 
internos. 
Entretanto, não só não solucionou o problema, como o complexo perdeu 
seu formato original, aonde chegou a abrigar uma população de aproximadamente 
8.000 presos. Evidente que a superlotação somente contribuiu para o aumento 
exponencial da violência dentro do complexo, principalmente com o surgimento das 
facções criminosas. 
Em 1992, um dos mais tristes episódios nacionais de violência ocorrida em 
presídio aconteceu, quando durante uma rebelião, o complexo foi invadido pela 
Polícia Militar do Estado de São Paulo, que alegando resistência dos detentos, 
causou a morte de 111 presos, segundo informações oficiais. Mas, segundo relatos 
17 
 
dos próprios presos, os números podem passar de 250 mortos. Finalmente, em 
2002, inicia-se o processo de desativação do complexo prisional conhecido como 
Carandiru. 
 
6 REALIDADE VIVIDA PELOS PRESOS: A CRISE NO SISTEMA PRISIONAL 
BRASILEIRO 
 
A pena de prisão figura como a principal forma de combater a criminalidade 
nos últimos séculos, conforme Rene Dotti (1998, p. 105) constitui "a espinha dorsal 
[grifo do autor] dos sistemas penais de feição clássica". Todavia, apesar das críticas 
que serão apresentadas, cabe-se afirmar que esta ainda é a única sanção aplicável 
aos casos de grave criminalidade e reincidência. 
Entretanto, tem sido repensada a fim de diminuir seus inconvenientes, com 
relação à diminuição do seu grau máximo, assim como a humanização de sua 
execução. Tem-se também, que a pena de prisão deve ser aplicada como a ultima 
ratio, aplicada somente em caráter excepcional. 
Alguns doutrinadores preveem a abolição da pena de prisão, pois essa não 
se enquadra no Estado Democrático de Direito e nem no objetivo ressocializador da 
pena, tendo em vista que essa determina a perda da liberdade que por sua vez deriva 
da dignidade humana. A exclusão desses direitos fundamentais representaria a 
degradação humana, assim como na tortura que hodiernamente é vedada. 
Ressalta- se que a pena de prisão é constitucional, pois é prevista na Constituição 
Federal em caráter excepcional,mas que tende ao desaparecimento, quando a 
doutrina encontrar alternativas que surtam melhores efeitos que esta. 
Segundo Albergaria (1996, p.41), em razão da crise das penas privativas 
de liberdade, sobretudo nas de menor duração, surgiram as penas alternativas. 
Além da crise da própria pena de prisão, tem-se a crise do sistema prisional, 
a qual provém principalmente da inobservância do Estado em cumprir algumas 
exigências indispensáveis ao cumprimento da pena privativa de liberdade. Por certo, 
o problema carcerário nunca houve de ocupar a pauta das principais preocupações 
da administração pública. Estas somente vêm à tona quando da ocorrência de 
rebeliões, quando a situação de crise aguda traz ao público as mazelas do sistema. 
No entanto, comumente, não é uma preocupação permanente dos governos que os 
estabelecimentos prisionais cumpram sua finalidade. 
18 
 
Há uma falta de interesse dos governantes, muito provavelmente, pela 
antipatia da população com a causa do preso, que as aceita, mesmo que de forma 
velada, como forma de punição àquele que praticara um delito. 
Sem embargo, a culpa dessa ineficiência estatal não provém apenas do 
Poder Executivo, sobre isso assevera Rogério Greco: 
 
A culpa por essa ineficiência não deve ser creditada somente ao Poder 
Executivo, ou seja, aquele Poder encarregado de implementar os recursos 
necessários ao sistema penitenciário. A corrupção, o desvio de verbas, a 
má administração dos recursos, enfim, todos esses fatores podem ocorrer 
se, para tanto, não houver uma efetiva fiscalização por parte dos órgãos 
competentes. (2015, p. 227) 
 
Entendendo o autor como órgãos competentes para tal fiscalização, embora 
não de forma exclusiva, o Ministério público, o Poder Judiciário e a Defensoria 
Pública. 
 
6.1 SUPERLOTAÇÃO 
 
 
Talvez a superlotação seja o mais crônico dos problemas dos presídios 
brasileiros. Para Rogério Greco (2015, p. 228), um dos fatores preponderantes para 
a falência do objetivo ressocializador da pena é sem dúvida este. A adoção de 
políticas mais austeras que apregoam a cultura da prisão como resolução dos 
problemas contribui de maneira significativa para esse problema. Igualmente, 
contribui para esse fenômeno, o uso indiscriminado de prisões cautelares. 
Segundo relatório do Ministério da Justiça3, em junho de 2014 haviam 
607.731 pessoas privadas de sua liberdade no Brasil, o que nos garantiu a marca 
de quarta maior população carcerária do mundo, tanto em número absoluta, quanto 
em termos relativos. Sendo que o sistema carcerário brasileiro possuía 377.669 
vagas, totalizando a época, um déficit de 231.062 vagas. No mesmo relatório 
destaca-se que 41% dos presos não possuíam condenação transitada em julgado. 
Dado esse que reforça que no Brasil há um uso indiscriminado das prisões 
cautelares, assim como reforça também a mora da Justiça. 
O art. 88 da LEP, que dispõe sobre o alojamento do preso em regime fechado, 
determinando que seja cela individual com uma área mínima de 6 m2, além do tocante 
a insalubridade. O que de fato, não condiz com a realidade de um sistema 
superlotado, com duas ou três vezes da sua capacidade, onde temos celas 
19 
 
minúsculas e com péssimas condições de salubridade. A superlotação impõe 
diversos empecilhos ao tratamento penitenciário, pois o tratamento individualizado 
é prejudicado, o indivíduo acaba por perder sua identidade individual, dessa forma 
a agressividade se fortalece diante de um grupo raivoso e revoltado. 
 
6.2 VIOLÊNCIA 
 
Há de se garantir os direitos constitucionais e infraconstitucionais dos 
presos durante a execução da pena, previstos em diversos diplomas e tratados 
internacionais. A execução deveria garantir que o único direito que lhes fosse 
retirado fosse o direito à liberdade. Entretanto, na prática, ocorre constantemente a 
violação dessas garantias. 
Ao entrar no sistema, o preso perde a sua personalidade e sua dignidade, 
pois passa a sofrer constantes abusos, seja por parte do Estado e seus agentes ou 
de seus colegas de reclusão. 
Os abusos e agressões por parte dos funcionários e policiais dentro das 
instituições prisionais ocorrem em diversos níveis. Porém, ocorre de forma mais 
acentuada, principalmente, após a ocorrência de rebeliões e tentativas de fuga, 
como ocorrera no já citado caso do “Carandiru”. Mas há também a violência por 
parte dos próprios presos, que ocorre em também em diversos níveis, passando 
pela violência psicológica, a física e sexual, e não raras as vezes chegando ao 
homicídio. 
A violência está tão enraizada no sistema prisional que alguns autores 
defendem que não há como realizar um tratamento penal satisfatório dentro dele, 
conforme a opinião de Joao B. Herkenhoff (1998, p. 37): “O pretendido tratamento, 
a ressocialização é incompatível com o encarceramento”. Notadamente o autor faz 
parte da doutrina que considera como inalcançável o objetivo ressocializador 
durante o cumprimento das penas restritivas de liberdade. 
 
6.3 ESTRUTURA PRISIONAL 
 
 
Infelizmente a estrutura do sistema prisional brasileiro está muito a quem do 
almejado, o que torna quase que inviável a tarefa de reintegrar o indivíduo 
delinquente ao convívio pacífico com a sociedade. Dessa forma, esse sistema 
20 
 
ineficiente, somente tem contribuído para a intensificação da criminalidade e da 
reincidência. 
Nele, observamos que não há continuidade no que tange o tratamento 
penitenciário, devido a alta rotatividade, além da introdução de pessoas sem 
qualquer preparo para as tarefas na escala hierárquica. Nesse ponto criticamos o uso 
de cargos políticos na estrutura organizacional, já que estes tendem, com a troca de 
lideranças políticas, não dar continuidade a projetos anteriores. Assim, evidencia-
se a falta de interesse do Poder Público em planejar ações com efeitos a médio e 
longo prazo. Nesse sentido, afirma Arnaldo de Castro Palma: 
 
O cargo de confiança em um estabelecimento público dessa natureza não 
deveria jamais ser considerado uma “benesse, um prêmio a se atribuir a 
um indivíduo politicamente “bem situado”, sem levar em conta suas 
qualificações para preenchê-lo. Os compromissos impróprios resultantes 
da troca de favores aí pressuposta terminam por projetar-se em todas as 
relações verticais no interior da instituição e se degeneram rapidamente 
em favoritismo, clientelismo e outras formas mais sutis de corrupção que 
distanciam da realidade a retórica de regenerar o cidadão através da ação 
coerente e do bom exemplo. [...] Abre-se assim mais um caminho para 
reincidência nos portadores de estruturas e dinâmicas mais fragilizadas, 
deixando-se influenciar por lideranças negativas. (1997, p. 26) 
 
Porém, com a configuração adota pelo sistema brasileiro, com indicações 
aos cargos de gestão meramente políticas não é possível o desenvolvimento de um 
programa sistemático e integrado com o fito de afastar o indivíduo da atividade 
criminal. 
Além do fator da incompetência gerencial do sistema, temos a deficiência 
no quadro funcional no que se refere à aptidão e até mesmo interesse dos 
funcionários em exercer suas atividades voltadas aos fins da execução penal. O que 
se observa nesse plano é uma incompatibilidade dos Agentes Penitenciários com 
suas responsabilidades, seja por falta de treinamento e qualificação adequados ou 
pelo descontentamento com a carreira, ou ainda pela insegurança da profissão. 
Devido essa incompetência generalizada do sistema, priorizam-se somente 
as medidas relativas à segurança dentro dos presídios, resumindo o papel da 
instituição a manter a ordem e a disciplina, realizando-o não raras as vezes através 
da ameaça e intimidação, esquecendo-se por completo do fito do tratamento penal. 
 
 
21 
 
6.4 PRECONCEITO SOCIAL 
 
 
Uma das grandes barreiras à ressocialização diz respeito à sociedade como 
um todo. O indivíduo que sai do sistema prisional, mesmo que estivesse preso de 
forma cautelare tenha sido inocentado posteriormente, ou ainda, cumprido 
integralmente sua pena, carregara consigo o rótulo de ex-detento, pois a sociedade 
é leiga e influenciável, levando em consideração como única prova de que o sujeito 
possui má índole a sua prisão. 
Para João B. Herkenhoff (1998, p.37): “[...] o estigma da prisão acompanha 
o egresso, dificultando seu retorno à vida social. Longe de prevenir delitos a prisão 
convida à reincidência: é fator criminogênico”. 
Mesmo durante o cumprimento da pena, a sociedade não compreende ou 
concorda com a ideia de ressocialização do apenado, conforme explica Greco: 
 
Parece-nos que a sociedade não concorda, infelizmente, pelo menos à 
primeira vista, com a ressocialização do condenado. O estigma da 
condenação, carregado pelo egresso, o impede de retornar ao normal 
convívio em sociedade. 
Quando surgem os movimentos de reinserção social, quando algumas 
pessoas se mobilizam no sentido de conseguir emprego para os egressos, 
a sociedade trabalhadora se rebela, sob o seguinte argumento: “Se nós, 
que nunca fomos condenados por praticar qualquer infração penal, 
sofremos com o desemprego, por que justamente aquele que descumpriu 
as regras sociais de maior gravidade deverá merecer atenção especial?” 
Sob esse enfoque, é o argumento, seria melhor praticar infração penal, 
“pois ao término do cumprimento da pena já teríamos lugar certo para 
trabalhar!” (2015, p. 335) 
 
Por isso, muito embora existir previsão legal de tratamento penal a fim de 
ressocializar e reinserir o condenado ao convívio social, faz-se necessário alterar o 
pensamento encarcerador, propondo-se sempre novas alternativas à prisão, 
sobretudo para delitos menos graves e sem violência. 
Sobre a prisão como pena comenta Bitencourt (2006, p. 2): “Atualmente 
domina a convicção de que o encarceramento, a não ser para os denominados 
presos residuais, é uma injustiça flagrante [...]. O elenco de penas do século 
passado já não satisfaz”; e continua mais adiante em sua obra “é indispensável que 
se encontrem novas penas compatíveis com os novos tempos, mas tão aptas a 
exercer suas funções quanto as antigas, que na sua época não foram injustas, hoje, 
indiscutivelmente o são”. 
22 
 
Por isso se faz imperioso, não só a adequação do nosso sistema prisional 
ao que a lei determina, mas a adequação de nosso direito penal e da mentalidade 
de nossos magistrados para essa questão, qual seja a de que a prisão corrompe o 
indivíduo, portanto deve ser evitada quando possível, sendo utilizadas somente em 
condenações de longa duração e aos efetivamente perigosos e de difícil reparação. 
Pois, as mazelas da prisão serão levadas por aqueles que por lá passaram por muitos 
anos, se não, pelo resto da vida. 
 
6.5 REINCIDÊNCIA COMO CONSEQUÊNCIA DA CRISE NO SISTEMA 
PRISIONAL 
 
 
Não existem dados muito precisos sobre a reincidência criminal no Brasil, 
pois as diferentes pesquisas consultadas nos demonstraram percentuais que variam 
entre 30 e 70% de reincidência. O descompasso dos dados se deve aos critérios 
utilizados para determinar o que é reincidência. De fato, qualquer que sejam os dados 
utilizados, percebeu-se que em relação aos apenados com a privação de liberdade, 
o nível de reincidência era maior do que aos condenados com penas alternativas. 
Questiona-se então se há como funcionar o objetivo ressocializador da pena 
privativa de liberdade? A doutrina diverge. Os adeptos da criminologia crítica 
respondem que não é possível a ressocialização dentro do ambiente prisional. 
Conforme explica Bitencourt (2006, p. 9): “Para a Criminologia Crítica, qualquer 
reforma que se possa fazer no campo penitenciário não terá maiores vantagens, visto 
que, mantendo-se a mesma estrutura do sistema capitalista, a prisão manterá sua 
função repressiva e estigmatizadora”. 
Entretanto, outra parte da doutrina acredita que sim, é possível ressocializar 
o indivíduo dentro do ambiente prisional, que, investindo-se mais em infraestrutura 
prisional e qualificação pessoal, para que, dessa forma se cumpram os dispositivos 
legais garantido um adequado tratamento penal, sem deixar de lado as alternativas 
a prisão para se diminuir o contingente prisional, pode-se alcançar resultados 
satisfatórios. 
23 
 
7 UMA QUESTÃO DE POLÍTICA CRIMINAL 
 
 
Em comum à maioria dos doutrinadores, têm-se que o melhor meio de se 
combater a reincidência e diminuir o problema da ressocialização, são ideias de 
reduzir o encarceramento no país. Conforme preleciona Rogério Greco: 
 
A ideia minimalista aliviaria o problema da ressocialização. Sabemos que 
quanto maior o número de condenações que conduzem ao efetivo 
cumprimento da pena de privação de liberdade, maiores serão os 
problemas posteriores. [...] o ideal seria afastar, o máximo possível, o 
condenado do convívio carcerário, facilitando, dessa forma, a 
ressocialização. (2105, p.335) 
 
Entende-se que, dessa forma, o melhor para a ressocialização não seria 
retirar o condenado do seu convívio social, criando-se meios alternativos à prisão. 
Nesse sentido para Dotti: 
 
Torna-se urgente a necessidade de revisão da qualidade e quantidade das 
sanções, não apenas quanto aos momentos da cominação e da aplicação, 
em torno dos quais se levantou uma pirâmide monumental de teorias, mas 
também em referência à execução e seus incidentes que se acomodam 
nos códigos e arquivos mal cuidados dos cartórios. (1998, p. 112) 
 
Embora, parte da doutrina pugne pela extinção da pena privativa de 
liberdade, a doutrina majoritária discorda com tal propositura, uma vez que nem 
Estado, nem sociedade estão preparados para tamanha revolução e talvez nunca 
estarão, conforme pensamento de Edmundo Oliveira (2010, p. 439): “No século XX, 
o chamado Período Científico dos estudos penais criminológicos, ainda não é 
possível se afirmar com tranquilidade se algum dia a humanidade chegará a 
perfeição que lhe permita abolir a prisão”. 
No tocante à substituição da pena privativa de liberdade, defende Dotti: 
 
 
A transição da pena privativa de liberdade para outras espécies de 
sanções, que possam atender os objetivos inerentes às reações criminais, 
implica em uma reforma sistemática, cujas bases não podem substituir 
quando o Estado se nega a lhes dar reconhecimento e proteção. Nenhuma 
reforma efetiva das estruturas sociais se pode articular sem as garantias 
de um regime político que se mostre capaz de amparar os direitos 
individuais e coletivos. (1998, p.133) 
 
O autor continua dizendo que, deve-se aperfeiçoar a pena privativa de 
liberdade, porém substituí-la sempre que possível, limitando-as somente às 
24 
 
condenações com longas penas aplicadas e àqueles que efetivamente forem 
perigosos e de difícil recuperação. 
A ressocialização no nosso sistema prisional não parece ser possível, mas 
a impossibilidade de abandonar de vez as penas privativas de liberdade nos deixam 
num paradigma. De fato, não consiste em tarefa simples a resolução dos problemas, 
necessita-se uma política criminal séria e comprometida. 
Por hora, vemos como uma forma de melhoria, o investimento estatal em 
estrutura para as instituições penais e em pessoal especializado para as diversas 
fases do tratamento penal. O que, na prática, seria cumprir as disposições legais já 
existentes. 
Assim como, seria proveitosa, a alteração do pensamento que já vem 
ocorrendo desde da adoção das penas restritivas de direito com os crimes de menor 
potencial ofensivo, ou seja, evitar o encarceramento. 
Ademais, precisamos alterar também o pensamento em relação às prisões 
cautelares, como com a adoção do monitoramento eletrônico, incluído na LEP pela 
Lei nº 12.258/2010. No entanto, faz-se necessário a efetiva fiscalização dos 
monitorados, pois a certeza da punição, mesmo que amena, é mais eficaz que a mera 
possibilidade de uma pena austera. 
Considerando o uso de recipientes na lógica racista e como mais uma 
ferramenta da políticanecrótica, parcialmente entendido que a proposta contradiz a 
libertação. Sem sugestões mesmo. Os 62 membros do CNJ foram contestados no 
STF principalmente por causa de suas medidas de tutela (Valente, 2020). Em abril 
de 2020, a parte “nós podemos” apresentou liminar MS 37.066 (Decisão 2020), 
solicitando a suspensão do ato, alegando que a proposta incentiva a impunidade e 
põe em risco a ordem pública. Esses argumentos expõem mais de um mito sobre o 
sistema prisional: eles abrem um projeto social. 
Quando o Ministro da Relatoria negou o pedido, mencionou as medidas 
tomadas pelo CNJ visando à segurança pessoal dos presos em decorrência da 
pandemia no país. Tal argumento representa uma política de vida que se opõe 
diretamente à política de morte exposta pelos conceitos apresentados nas ordens 
de pena de morte que foram apresentadas. Assim, após ampla crítica da 
comunidade, o pedido do consultor do CNPCP no ofício do DEPEN também foi 
rejeitado na reunião de 15 de maio. Ofício emitido por organismos internacionais por 
meio do vínculo entre a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a 
25 
 
Organização dos Estados Americanos (OEA) (Sassine, 2020). 
 
 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Espaço privilegiado de funções disciplinares nacionais, as instituições 
penitenciárias configuram-se como estratégia central do modelo político e 
econômico implantado pelos países latino-americanos que compartilham uma 
história comum nos países coloniais. A prisão nasceu junto com o capitalismo e, 
desde então, tem sido usada para transformar mercadorias ruins em mercadorias 
perigosas por meio de métodos de punição ou neutralização para administrar 
mercadorias ruins. 
Os sinais da crise do sistema prisional brasileiro são evidentes: 
superlotação, o desrespeito aos direitos pessoais, violência física e sexual, falta de 
trabalho, corrupção dos agentes públicos que atuam no sistema carcerário, atuação 
de organizações criminosas dentro dos presídios, em síntese, o abandono do 
sistema pelo poder público. 
A pandemia Covid-19 abriu a existência histórica da desigualdade social. 
Afirme que a vida "precisa de certas condições para ser habitável, e o mais 
importante é ser uma vida que possa ser lamentada". Como mencionado 
anteriormente: o coronavírus em si não faz diferença, nem escolhe entre a melhor 
vida que pode ser salva ou aquela que não pode ser lamentada. Somos nós que 
definimos limites e distinguimos quais linhas de ação atendem a determinadas 
populações e territórios. Para algumas pessoas, política de vida. Para outros, a 
política de morte. Quem é quem e quem é a outra pessoa? Quem é quem e quem 
é a outra pessoa? 
Há de fato um movimento, deveras popular, entre os nossos legisladores 
que afirmam uma necessidade de "endurecimento" do nosso sistema penal para 
atingir um objetivo, qual seja a de evitar a prática de delitos. Estes, com apoio de 
uma parte da mídia, principalmente observado naqueles telejornais ditos "policiais", 
que se apoiam em ideais de repressão como forma de atingir esse objetivo, os quais 
repetidas vezes entoam que tem como principal influência o sistema penal 
estadunidense. 
É bem verdade que o sistema prisional não é a única diferença entre a 
26 
 
Noruega e o nosso país, há entre essas nações um abismo social, mas não podemos 
mais nos basear em modelos fracassados para atingir a eficiência que pretendemos. 
Então, por hora que nos dignemos ao menos a cumprir nossa legislação 
penitenciária, bem como nossa Constituição, estruturando nosso sistema prisional e 
adotando novas medidas que evitem o encarceramento para que quando for 
realmente necessário este cumpra com eficiência o seu objetivo de ressocializar, 
bem como a justa reprimenda estatal frente ao delito praticado. 
Também há de se colocar em prática o pensamento desencarcerador, 
buscando-se cada vez mais alternativas à privação da liberdade, haja vista a baixa 
eficiência dela para a ressocialização do condenado. 
O regime da pena capitalista aumentou o grau de reclusão, é motivado e 
tem sido executado simultaneamente com a redução drástica do status social e das 
políticas públicas, especialmente desde a aprovação da Emenda Constitucional. 95. 
Congelou o investimento em saúde e educação, e previu que dentro de 20 anos, os 
principais gastos do orçamento público serão limitados à diferença na inflação. A 
EC 95 não apenas congela os residentes, mas na verdade reduz o percentual de 
gastos sociais per capita, porque historicamente (dentro e fora do sistema prisional) 
a população tem crescido continuamente e não há tempo para recuar. 
O estudo do tema nos faz refletir ainda sobre importância que a sociedade 
tem no objetivo da execução penal. Uma vez que a reinserção do condenado após 
o cumprimento da pena depende também de nós, que nos despindo do preconceito 
social com que tratamos os egressos do sistema somos imprescindíveis para 
ressocialização e reinserção deles à sociedade. 
Ainda nesse sentido, o setor penitenciário é um dos que mais reclama por 
uma urgente reforma. Pois, como não é possível abolir a pena de prisão no que tange 
os crimes graves, faz-se necessário uma intervenção mais racional do Estado, com 
a devida conscientização da sociedade civil da importância desta. Sem isso, o 
sistema prisional continuará marginalizado e todo esforço na reeducação do 
condenado será inútil. 
É fato ao propor o conceito de epidemiologia política que é possível analisar 
a situação atual do Brasil pela força, que não só constitui uma crise de saúde (e, 
portanto, uma crise biológica), mas em primeiro lugar uma crise institucional e 
política. A crise relacionada ao estado de suicídio confirma que a morte é a política 
de vida. Uma vida sem liberdade, dignidade e luto. 
27 
 
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