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PRINCIPAIS GRUPOS BACTERIANOS BACTÉRIAS São seres procariontes, o que significa que elas possuem uma membrana celular, mas não possuem núcleo delimitado por membrana e outras organelas envoltas por membrana. A maioria das células está em volta por uma parede celular, consistindo em peptidoglicano, um polímero de longas cadeias de açúcar ligadas por pontes peptídicas. Parede espessa circundando a membrana celular bactérias gram-positivas Parede celular fina localizada entre duas membranas de bicamadas de fosfolipídios bactérias gram-negativas Bactérias podem ser classificadas quanto: Coloração → gram-postiva e gram-negativa Formato → cocos e bastão Necessidade de oxigênio → aeróbias e anaeróbias Muitas bactérias possuem flagelos, que permite a movimentação Algumas possuem pili (fímbiras) que permite a fixação das bactérias no hospedeiro ou matriz extracelular A maioria das bactérias sintetizam seu próprio DNA, RNA e proteínas, mas dependem do hospedeiro para condições favoráveis de crescimento. Bactérias que colonizam a pele → Staphylococcus epidermidis e Propionibacterium acnes Bactérias aeróbias e anaeróbias na boca, particularmente Streptococcus mutans, contribuem para a placa dentária, a principal causa de cáries dentárias Muitas bactérias permanecem extracelulares quando invadem o corpo, enquanto outras podem sobreviver e se replicar tanto fora quanto dentro das células do hospedeiro (bactérias intracelulares facultativas) e algumas crescem apenas no interior de células do hospedeiro (bactérias intracelulares obrigatórias) As bactérias intracelulares obrigatórias incluem Chlamydia (vacúolos epiteliais) e Rickettsia (vacúolos endoteliais). Conseguindo a maioria ou toda sua energia na célula hospedeiro. A Chlamydia trachomatis é a causa infecciosa mais frequente de esterilidade feminina (devido à formação de cicatrizes e estreitamento das tubas uterinas) e cegueira (devido à inflamação crônica da conjuntiva que eventualmente causa cicatrização e opacificação da córnea). As Rickettsia causam injúria em células endoteliais nas quais elas crescem, e desta forma causam uma vasculite hemorrágica, frequentemente visível na forma de um exantema, mas elas também podem lesionar o sistema nervoso central (SNC) e causar a morte (febre maculosa das Montanhas Rochosas [FMMR] e tifo epidêmico) Os organismos do gênero Mycoplasma e aqueles que pertencem ao gênero relacionado Ureaplasma são únicos entre os patógenos bacterianos extracelulares, pois eles não possuem uma parede celular INFECÇÕES BACTERIANAS INFECÇÕES POR BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS Os patógenos Gram-positivos mais comuns incluem o Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus, e cada um destes causa muitos tipos de infecções Todas essas infecções são diagnosticadas por meio da cultura Cada um dos quais causam muitos tipos de infecções Infecções menos comuns causadas por bastonetes gram- positivas: ▪ Difteria ▪ Listeriose ▪ Antraz ▪ Nocardiose INFECÇÕES ESTAFILOCÓCICAS Os Staphylococcus aureus são cocos piogênicos Gram-positivos que formam grupos em forma de cachos de uva. Essas bactérias causam inúmeras lesões na pele (furúnculos, carbúnculos, impetigo e síndrome da pele escaldada). Além dessas causas abscessos, sepse, osteomielite, pneumonia, endocardite, intoxicação alimentar e síndrome do choque tóxico (TSS). Libera exotoxina → intoxicação alimentar e choque tóxico S. epidermidis, uma espécie relacionada ao S. aureus, causa infecções oportunistas em pacientes cateterizados, pacientes com prótese de válvula cardíaca, e viciados em drogas. S. saprophyticus é uma causa comum de infecções do trato urinário em mulheres jovens. PATOGENIA ➢ S. aureus apresenta uma grande variedade de fatores de virulência, os quais incluem proteínas de superfície envolvidas na aderência, enzimas secretadas que degradam proteínas, e toxinas secretadas que lesionam as células hospedeiras. ➢ O S. aureus expressa receptores de superfície para o fibrinogênio (denominado “fator agregante”), fibronectina e vitronectina, e utiliza estas moléculas como uma ponte para se ligar às células endoteliais do hospedeiro. Na superfície desses patógenos pode ser codificada algumas proteínas, adesinas, permitindo que o microrganismo consiga se associar a proteínas existente nas células endoteliais do hospedeiro, a ligação dessas proteínas com endotélio permite que esses estafilococos fiquem fixo ao hospedeiro ➢ Estafilococos de modo gral, produz uma capsula de polissacarídeo, permitindo que o microrganismo fique ligado ao material artificial, ao mesmo tendo vai permitir que essas bactérias resista a fagocitose. Obs: Estafilococos que infectam válvas protéticas e cateteres apresentam uma cápsula de polissacarídeo que permite que eles se adiram a materiais artificiais e resistiram à fagocitose da célula hospedeira ➢ A lipase do S. aureus degrada os lipídios presentes na superfície da pele, e sua expressão está correlacionada à habilidade da bactéria em produzir abscessos cutâneos ➢ Os estafilococos também apresentam a proteína A em sua superfície, a qual se liga à porção Fc das imunoglobulinas, permitindo que o organismo escape da morte mediada por anticorpos. ➢ O S. aureus produz múltiplas toxinas (hemolíticas) que lesionam a membrana, incluindo a α-toxina, uma proteína formadora de poros que se intercala na membrana plasmática da célula hospedeira despolarizando-a e destruindo-a; a β- toxina, uma esfingomielinase, com afinidade para destruir a mielina no SNC podendo causar infecções; e δ-toxina, um peptídeo semelhante ao detergente, consegue destruir algumas células do TGI. A γ-toxina que faz lise de eritrócitos por se aderir na subunidade gama da hemoglobina, e a leucocidina lisam as células fagocíticas. ➢ As toxinas esfoliativas A e B sintetizadas pelo S. aureus são serino-proteases que clivam a proteína desmogleína 1, que é parte dos desmossomos que mantêm as células epidérmicas unidas. Isto causa o descolamento dos queratinócitos e da pele subjacente, resultando na perda da função de barreira, que geralmente leva a infecções secundárias da pele. A esfoliação pode ocorrer localmente no sítio da infecção (impetigo bolhoso) ou pode ser disseminada, quando a toxina secretada causa uma perda disseminada da epiderme superficial (síndrome da pele escaldada estafilocócica). ➢ Esses estafilococos também conseguem a liberar no meio alguns fatores ainda desconhecidos, esse tem características como a percepção de corum, as bactérias elas liberam proteínas ou agentes químicos que fazem com que vários das cepas bacterinas que fazem parte dessa mesma espécie formem nichos, uma forma de comunicação entre si. ➢ Superantígenos produzidos pelo S. aureus se ligam a porções conservadas das moléculas do MHC e a porções relativamente conservadas das cadeias β dos receptores das células T. Geram uma superativação do linfocito T, consequentemente uma grande liberação de citocinas como o TNF e IL-1, que podem produzir uma condição semelhante ao choque séptico. Causam intoxicação alimentar e TSS (síndrome do choque tóxico). Além disso podem causar vômitos, presumivelmente por afetar o SNC ou sistema nervoso entérico - Síndrome do Choque Tóxico (TSS) - pode ser causada pelo crescimento do S. aureus em inúmeros locais, mais comumente na vagina e locais cirúrgicos infectados. Caracterizada por hipotensão (choque), insuficiência renal, coagulopatia, doença hepática, angústia respiratória, exantema eritematoso generalizado e necrose de tecido mole no local da infecção. Caso não seja prontamente tratada, a TSS pode ser fatal. Pode ser causada também pelo Streptococcus pyogenes. TSST-1: superantígeno,reposta inflamatória exacerbada – choque tóxico Todo choque tem caracteristicas comum – hipotensão, exantema geralizaodo, insuficiencia renal, coagulopatia, sindorme respiratoria, doença hepatica. Conceito de choque: estado de hipoperfusão sanguínea → levando a uma redução de oxigênio e nutrientes no tecido → sangue fica ácido (acidose metabólica) → separação do ferro com transferrina e esse ferro começa ser usado pelo processo infeccioso. ▪ Choque cardiogênico ▪ Choque hipovolêmico ▪ Choque neurogênico Em todos esses casos têm uma situação do qual vai levar uma hipoperfusão (pode ser uma oriunda também de um problema infecção) A infecção ela pode causar um processo de vasodilatação, já que gera uma resposta inflamatória, que por sua vez vai levar uma produção de oxido nítrico sintase induzido – levando a uma vasodilatação. Essa vai reduzir a PA, e isso vai servir como uma alça amplificadora que vai afetar o coração, diminuindo o DC e aumentando o processo de hipoperfusão. Essa infecção pode ser pelo próprio microrganismo ou por uma toxina A vasodilatação vai levar a uma estase do sangue, coagulopatia, e em alguns pontos vai haver falta de plaquetas (hemorragia) Ferro aumenta a proliferação do microrganismo – deferoxamina Bicarbonato – reduzir a acidose A resistência aos antibióticos é um crescente problema no tratamento das infecções por S. aureus. Os S. aureus resistentes à meticilina (MRSA) são resistentes a todos os betalactâmicos inibidores da síntese da parede celular atualmente disponíveis (que incluem as penicilinas e cefalosporinas). Até recentemente, MRSA eram principalmente encontrados em infecções hospitalares; contudo, as infecções por MRSA adquiridas na comunidade estão se tornando comuns em várias regiões. Como resultado, o tratamento empírico das infecções estafilocócicas com antibióticos betalactâmicos se tornou menos eficaz. Comumente, os MRSA adquiridos na comunidade produzem uma potente toxina que danifica a membrana, a qual destrói leucócitos e pode tornar estas cepas de S. aureus particularmente virulentas INFECÇÕES ESTREPTOCÓCICAS E ENTEROCÓCICAS Estreptococos – causam lesões supurativas na pele, orofaringe, pulmões e valvas cardíacas ▪ Responsáveis pelas síndromes pós infecciosas → ex: febre reumática, glomerulonefrite e eritema nodoso ▪ Essas bactérias são cocos Gram positivos que crescem em pares ou em cadeias ▪ O estreptococos β-hemolíticos são tipificados de acordo com seus carboidratos (antígenos de superfície). S. pyogenes causam faringite, escarlatina, erisipela, impetigo, febre reumática, síndrome do choque tóxico, glomerulonefrite. S. agalactiae (grupo B) coloniza o trato genital feminino e causa sepse e meningite em neonatos e corioamnionite em gestantes ▪ S. pneumoniae, o estreptococos α-hemolítico mais importante, é uma causa comum de pneumonia adquirida na comunidade e meningite em adultos. ▪ O S. mutans é a principal causa de cáries dentárias. ▪ As infecções estreptocócicas são diagnosticadas por meio da cultura e do teste rápido de antígeno para a faringite. Os enterococos são também cocos Gram-positivos que crescem em cadeias. São geralmente resistentes aos antibióticos comumente utilizados e são causas significativas de endocardite e infecções do trato urinário. PATOGENIA ➢ As diferentes espécies de estreptococos produzem diversos fatores de virulência e toxinas. ➢ S. pyogenes, S. agalactiae e S. pneumoniae apresentam cápsulas resistentes à fagocitose. ➢ S. pyogenes também expressam a proteína M, uma proteína de superfície que evita a fagocitose da bactéria, e uma peptidase do C5a do complemento, que degrada este peptídeo quimiotático. Além de secreta uma exotoxina pirogênica fago- codificada que causa febre e exantema na febre escarlate. ➢ A febre reumática aguda pós-estreptocócica é provavelmente causada pelos anticorpos antiproteína M estreptocócica e células T que reagem de forma cruzada com as proteínas cardíacas. ➢ A pneumolisina é uma proteína bacteriana citosólica liberada após a lise do S. pneumoniae. A pneumolisina se insere na membrana da célula hospedeira e causa sua lise, aumentando muito o dano tecidual. Essa toxina também ativa a via clássica do complemento, reduzindo a disponibilidade do complemento para a opsonização da bactéria ➢ S. mutans causa a cárie por meio da metabolização da sacarose em ácido lático (que causa a desmineralização do esmalte dentário) e através de secreção de glicanos de alto peso molecular que promovem a agregação das bactérias e a formação de placas. ➢ Os enterococos apresentam uma cápsula antifagocítica e sintetizam enzimas que clivam o tecido do hospedeiro, contudo são bactérias de virulência relativamente baixa. A emergência dos enterococos como patógenos é primariamente devido à sua resistência aos antibióticos, incluindo a vancomicina (antibiótico de amplo espectro) INFECÇÕES BACTERIANAS GRAM NEGATIVAS Infecções gram negativas são normalmente diagnosticadas por cultura INFECÇÕES POR NEISSERIA Neisseria são diplococos Gram-negativos que são achatados nos lados contíguos, dando ao par o formato de um grão de café As duas Neisseria clinicamente significativas são a N. meningitidis e N. gonorrhoeae. A N. meningitidis é uma causa significativa de meningite bacteriana, particularmente entre crianças menores de 2 anos de idade. O organismo é um colonizador comum da orofaringe e é disseminado por via respiratória. Aproximadamente 10% da população está colonizada em qualquer momento, e cada episódio de colonização dura, em média, vários meses. Uma resposta imune leva à eliminação do organismo na maioria das pessoas, e essa resposta é protetora contra a doença subsequente pelo mesmo sorotipo de bactéria. Existem pelo menos 13 sorotipos de N. meningitidis. A doença invasiva basicamente ocorre quando pessoas encontram novas cepas para as quais não são imunes, como pode acontecer em crianças pequenas ou adultos jovens vivendo em alojamentos populosos, como quartéis militares ou dormitórios universitários. Mesmo na ausência de imunidade preexistente, apenas uma pequena fração de pessoas infectadas por N. meningitidis desenvolve meningite. A bactéria precisa invadir as células epiteliais respiratórias e mover-se para o lado basolateral das células para penetrar no sangue.No sangue, a cápsula da bactéria inibe a opsonização e destruição das bactérias pelas proteínas do complemento. Apesar disso, a importância do complemento como uma primeira linha de defesa contra N. meningitidis é demonstrada pelas taxas elevadas de infecções sérias entre pessoas que possuem defeitos herdados nas proteínas do complemento (C5 a C9), que formam o complexo de ataque à membrana. Se a N. meningitidis escapa da resposta do hospedeiro, as consequências podem ser intensa. Apesar de o tratamento da meningite com antibiótico ter reduzido grandemente a mortalidade na infecção por N. meningitidis, a taxa de morte ainda é de cerca de 10% A N. gonorrhoeae é uma causa importante de doença sexualmente transmissível (DST). Dentre os agentes bacterianos causadores de DST, ela é a segunda, sendo ultrapassada apenas pela C. trachomatis. A infecção no homem causa uretrite. Em mulheres, a infecção por N. gonorrhoeae é frequentemente assintomática e, portanto, pode ocorrer sem ser notada. A infecção não tratada pode levar à doença inflamatória pélvica, a qual pode causar infertilidade ou gestação ectópica. A infecção é diagnosticada por testes de PCR, em adição à cultura. Apesar de a infecção por N. gonorrhoeae normalmente se manifestar localmente na mucosa genital ou cervical, faringe ou anorreto, infecções disseminadas podem ocorrer. Da mesma forma que N. meningitidis, a N. gonorrhoeaeé mais propensa a se tornar disseminada em pessoas que têm deficiência de proteínas do complemento que formam o complexo de ataque à membrana. Infecções disseminadas de adultos e adolescentes normalmente causam artrite séptica acompanhada de exantema ou pápulas e pústulas hemorrágicas. A infecção neonatal por N. gonorrhoeae causa cegueira e, raramente, sepse. PATOGENIA ➢ A Neisseria utiliza a variação antigênica como uma estratégia para escapar da resposta imune. A existência de múltiplos sorotipos de N. meningitidis resulta em meningite em algumas pessoas ao serem expostas a uma nova cepa. ➢ Além disso, as espécies de Neisseria também produzem variação antigênica por mecanismos genéticos especiais, os quais permitem que um único clone bacteriano mude seus antígenos expressos (veja posteriormente) e escape das defesas imunes. Os organismos do gênero Neisseria se aderem às e invadem células epiteliais não ciliadas no local de entrada (nasofaringe, uretra ou colo uterino). Duas proteínas de superfície da Neisseria, ambas as quais ligam a bactéria às células hospedeiras, sofrem variação antigênica por meio de mecanismos diferentes. Apesar de ambas, N. meningitidis e N. gonorrhoeae, utilizarem esses mecanismos, eles parecem ser mais importantes na N. gonorrhoeae. ➢ A infecção pode vir de maneira oral. Esses microganimos tem fimbrias que promove adesão, e através dessa ligação ela entra, é fagocitada, porém resiste, não sendo destruída. Entra na corrente sanguínea, e sai do vaso através de uma diapedese e chega nas meninges. Ou elas podem manter se no vaso e ser propagado, gerando um aspecto de sepsemia (LPL) N. meningitidis endotoxina ➢ Epitélio urogenital – gonorreia. INFECÇÃO POR PSEUDOMONAS Pseudomonas aeruginosa é um bacilo Gram-negativo aeróbico oportunista que é um patógeno fatal e frequente de pessoas com fibrose cística, queimaduras severas ou neutropenia Muitas pessoas com fibrose cística morrem de insufi ciência pulmonar secundária à infecção crônica por P. aeruginosa. O P. aeruginosa pode ser bastante resistente a antibióticos, tornando estas infecções difíceis de serem tratadas. O P. aeruginosa frequentemente infecta queimaduras de pele extensas, as quais podem ser uma fonte de sepse. O P. aeruginosa é uma causa comum de infecções adquiridas em hospitais P. aeruginosa causa ceratite córnea em pessoas que utilizam lentes de contato, endocardite e osteomielite em usuários de drogas intravenosas, otite externa (ouvido de nadadores) em indivíduos saudáveis, e otite externa intensa em diabéticos. PATOGENIA ➢ O p. aeruginosa possui pili e proteínas de aderência que se ligam às células epiteliais e à mucina do pulmão, e expressa uma endotoxina que causa os sintomas e sinais de sepse Gram- negativa. ➢ Pseudomonas também possui um número de fatores de virulência característicos. Nos pulmões de pessoas com fibrose cística, essas bactérias secretam um exopolissacarídeo mucoide denominado alginato, formando um biofilme viscoso que protege a bactéria dos anticorpos, complemento, fagócitos e antibióticos. ➢ Os organismos também secretam uma exotoxina e diversos outros fatores de virulência. A exotoxina A, da mesma forma que a toxina diftérica, inibe a síntese proteica através da inibição da proteína ribossômica de fator de elongamento 2. P. aeruginosa também libera a exoenzima S, a qual ribosila ADP, RAS e outras proteínas G que regulam o crescimento e o metabolismo celular. Os organismos também secretam uma fosfolipase C que lisa os eritrócitos e degrada surfactantes pulmonares, e uma elastase que degrada IgG e proteínas da matriz extracelular. Essas enzimas podem ser importantes na invasão e destruição tecidual da córnea na ceratite. Finalmente, P. aeruginosa produz componentes que contêm ferro e que são extremamente tóxicos para as células endoteliais e, portanto, podem causar as lesões vasculares que são características dessa infecção • Endotoxina LPS – causa sepse facilmente MICOBACTÉRIAS MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS ➢ Mycobacterium tuberculosis ou Bacilos de Koch ➢ Bacilos delgados e ligeiramente curvos ➢ São imóveis, não esporulados e não capsulados ➢ Aeróbios estritos ➢ Faixa de temperatura ótima de crescimento é 35-37°C ➢ São álcool ácido resistentes corando-se de vermelho - Apresentam parede celular lipídica cérea e espessa que impede a penetração do cristal violeta ➢ Formam agrupamentos em ramos alongados e tortuosos, conhecidos como cordas – fator corda. O Mycobacterium tuberculosis é responsável pela maioria dos casos de tuberculose; o reservatório da infecção é humano com tuberculose ativa. É importante que a infecção por M. tuberculosis seja diferenciada da doença. A infecção é a presença dos organismos, os quais podem ou não causar doença clinicamente significativa. A maioria das infecções é adquirida através de transmissão pessoaa-pessoa de organismos veiculados pelo ar, de um caso ativo para um hospedeiro suscetível. Na maioria das pessoas, a tuberculose primária é assintomática, apesar de poder causar febre e efusão pleural. Geralmente, a única evidência da infecção, se alguma permanecer, é um nódulo pequeno e fibrocalcificado no local da infecção. Organismos viáveis podem permanecer dormentes em tais lesões por décadas. Se as defesas imunes forem diminuídas, a infecção pode reativar para produzir doença comunicável e potencialmente ameaçadora à vida. A infecção tipicamente leva ao desenvolvimento de hipersensibilidade tardia aos antígenos de M. tuberculosis, a qual pode ser detectada através do teste dérmico da tuberculina (Mantoux). PATOGENIA A patogenia da tuberculose em uma pessoa imunocompetente não exposta previamente depende do desenvolvimento de imunidade antimicobacteriana mediada por células, a qual confere resistência às bactérias e também resulta no desenvolvimento de hipersensibilidade aos antígenos micobacterianos. As manifestações patológicas da tuberculose, como os granulomas caseosos e a cavitação, são o resultado da hipersensibilidade que se desenvolve em conjunto com a resposta imune protetora do hospedeiro. Devido às células efetoras que medeiam a proteção imune também mediarem a hipersensibilidade e a destruição tecidual, o aparecimento de hipersensibilidade também sinaliza a aquisição de imunidade ao organismo. Os macrófagos são as células primárias infectadas por M. tuberculosis. Precocemente na infecção, o bacilo da tuberculose se multiplica essencialmente de forma incontrolada, enquanto tardiamente na infecção, a resposta celular estimula os macrófagos a conter a proliferação da bactéria. 1. M. tuberculosis penetra em macrófagos por endocitose mediada por diversos receptores dos macrófagos: receptores manose se ligam à lipoarabinomanana (glicolipídio na parede celular bacteriana), e receptores do complemento se ligam a micobactéria opsonizada. 2. Uma vez dentro do macrófago, os organismos M. tuberculosis se replicam no interior de fagossomos através do bloqueio da fusão do fagossomo e lisossomo. O M. tuberculosis bloqueia a formação do fagolisossomo através da inibição de sinais de Ca2+ e do recrutamento e montagem de proteínas que medeiam a fusão fagossomo-lisossomo. Portanto, durante o estágio inicial da tuberculose primária (<3 semanas) em um individuo não sensibilizado, as bactérias se proliferam nos macrófagos alveolares pulmonares e nos espaços aéreos, resultando em bacteremia e semeadura de múltiplos locais. Apesar da bacteremia, a maioria das pessoas nesse estágio é assintomática ou possui uma doença branda semelhante à gripe. 3. A maquiagem genética do hospedeiro pode influenciar o curso da doença. Em algumas pessoas com polimorfismos no gene NRAMP1, a doença pode progredir devido à ausência de uma resposta imune eficaz. A NRAMP1é uma proteína transmembrana encontrada nos endossomos e lisossomos que bombeiam cátions divalentes (p. ex., Fe2+) para fora do lisossomo. A NRAMP1 pode inibir o crescimento microbiano através da limitação da disponibilidade de íons necessários para a bactéria 4. Cerca de 3 semanas após a infecção, uma resposta T-auxiliar 1 (TH1) é montada, a qual ativa macrófagos para tornarem bactericidas. A resposta é iniciada por antígenos micobacterianos que penetram em linfonodos de drenagem e são revelados para célulasT. A diferenciação das células TH1 depende de IL-12, a qual é produzida por células apresentadoras de antígenos que encontraram a micobactéria. O M. tuberculosis produz diversas moléculas que são ligantes para TLR2, e a estimulação de TLR2 por estes ligantes promove a produção de IL-12 por células dendríticas. 5. Células TH1 maduras, tanto nos linfonodos quanto nos pulmões, produzem IFN-γ. O IFN-γ é o mediador crítico que permite que os macrófagos contenham a infecção por M. tuberculosis. O IFN-γ estimula a formação do fagolisossomo nos macrófagos infectados, expondo as bactérias a um ambiente ácido inóspito. O IFN-γ também estimula a expressão do óxido nítrico sintetase induzível, a qual produz óxido nítrico, capaz de destruir diversos constituintes micobacterianos, da parede celular ao DNA 6. Além de estimular os macrófagos a destruir a micobactéria, a resposta TH1 orquestra a formação de granulomas e necrose caseosa. Os macrófagos ativados pelo IFN-γ se diferenciam em “histiócitos epitelioides” que caracterizam a resposta granulomatosa, e podem se fusionar para formar células gigantes. Em muitas pessoas essa resposta estaciona a infecção antes de uma distruição tecidual ou doença signifi cativa. Em outras pessoas, a infecção progride devido a idade avançada ou imunossupressão, e a resposta imune contínua resulta em destruição tecidual devido a caseação e cavitação. Macrófagos ativados também secretam TNF, o qual promove o recrutamento de mais monócitos. A importância do TNF é ressaltada pelo fato de que pacientes com artrite reumatoide que são tratados com antagonistas de TNF possuem um risco aumentado de reativação da tuberculose. 7. Além da resposta TH1, as células T-NK que reconhecem antígenos lipídicos micobacterianos ligados ao CD1 em células apresentadoras de antígenos, ou células T que expressam um receptor γδ de células T, também produzem IFN-γ. Entretanto, está claro que as células TH1 possuem um papel central nesse processo, já que defeitos em qualquer um dos passos na geração de uma resposta TH1 resultam na ausência de resistência e progressão da doença. Em resumo, a imunidade ao M. tuberculosis é primariamente mediada pelas células TH1, as quais estimulam os macrófagos a destruir as bactérias. Essa resposta imune, embora largamente efi caz, ocorre à custa da hipersensibilidade e acompanha a destruição tecidual. A reativação da infecção ou reexposição aos bacilos em um hospedeiro previamente sensibilizado resulta em uma rápida mobilização de uma reação defensiva, mas também em elevação da necrose tecidual. Assim como a hipersensibilidade e a resistência estão correlacionadas, da mesma forma a perda de hipersensibilidade (indicada pela negatividade à tuberculina em um indivíduo previamente positivo para tuberculina) pode ser um sinal ameaçador de que a resistência ao organismo esvaiu-se. ASPECTOS CLÍNICOS A tuberculose primária é a forma da doença que se desenvolve em uma pessoa previamente não exposta e, portanto, não sensibilizada A fonte do organismo é exógena 5% das pessoas primo-infectadas desenvolvem doença clinicamente significativa Os idosos e pessoas profundamente imunossuprimidas podem perder sua imunidade ao M. tuberculosis e, portanto, podem desenvolver uma tuberculose primária mais de uma vez Na maioria das pessoas a e pessoas profundamente imunossuprimidas podem perder sua imunidade ao M. tuberculosis e, portanto, podem desenvolver uma tuberculose primária mais de uma vez Diagnóstico pode ser difícil a tuberculose primária progressiva mais frequentemente se assemelha a uma pneumonia bacteriana aguda, com consolidação dos lobos inferior e médio, adenopatia hilar e efusão pleural a cavitação é rara, especialmente em pessoas com imunossupressão severa. A disseminação linfadeno- hematogênica pode resultar no desenvolvimento da meningite tuberculosa e tuberculose miliar (tipo de tuberculose com risco potencial à vida que ocorre quando um grande número de bactérias se desloca pela corrente sanguínea e se dissemina pelo corpo) A tuberculose secundária é o padrão da doença que surge em um hospedeiro previamente sensibilizado. Pode surgir logo após a tuberculose primária, porém mais comumente ela aprece muitos anos após a infecção inicial, usualmente quando a resistência do hospedeiro está enfraquecida Ela mais comumente deriva da reativação de uma infecção latente (não possui sinais ou sintomas da doença), mas também pode resultar de uma reinfecção exógena no caso de uma redução da imunidade do hospedeiro ou quando um grande inóculo de bacilos virulentos inunda o sistema imune do hospedeiro. A reativação é mais comum em áreas de baixa prevalência, enquanto a reinfecção desempenha um importante papel em regiões de alto contágio. Envolve o ápice dos lobos superiores de um ou ambos os pulmões. Devido à preexistência de hipersensibilidade, os bacilos elicitam uma imediata e marcada resposta tecidual que tende a isolar o foco de infecção. Como resultado, os linfonodos regionais são menos prontamente envolvidos inicialmente na doença secundária do que o são na tuberculose primária A cavitação ocorre prontamente na forma secundária. De fato, a cavitação é quase inevitável em tuberculoses secundárias negligenciadas, e a erosão das cavidades em uma via aérea é uma importante fonte de infecção porque a pessoa agora tosse escarro que contém bactérias. A tuberculose secundária localizada pode ser assintomática. Quando aparecem manifestações, elas são usualmente de início insidioso. Sintomas sistêmicos, provavelmente relacionados a citocinas liberadas por macrófagos ativados (p. ex., TNF e IL-1), frequentemente aparecem precocemente no curso e incluem mal-estar, anorexia, perda de peso e febre. Comumente, a febre é baixa e remitente (aparecendo no fim de cada tarde e então decrescendo), e ocorrem suores noturnos. Com o envolvimento pulmonar progressivo, aparece uma elevação da quantidade de escarro, primeiramente mucoide e depois purulento. Algum grau de hemoptise está presente em cerca de metade dos casos de tuberculose pulmonar. Dor pleurítica pode resultar da extensão da infecção para as superfícies pleurais. Manifestações extrapulmonares de tuberculose são numerosas e dependem do sistema de órgãos envolvido O diagnóstico da doença pulmonar é baseado em parte na história e nos achados físicos e radiográfi cos de consolidação ou cavitação nos ápices dos pulmões. Entretanto, apesar de tudo, o bacilo da tuberculose deve ser identifi cado. Esfregaços e culturas ácido- resistentes do escarro de pacientes suspeitos de ter tuberculose devem ser realizados. O prognóstico é geralmente favorável se as infecções são localizadas nos pulmões, exceto quando elas são causadas por cepas resistentes às drogas ou ocorrem em indivíduos idosos, debilitados ou indivíduos imunossuprimidos, os quais estão sob alto risco para o desenvolvimento da tuberculose miliar. Todos os estágios de infecção pelo HIV estão associados a um aumento do risco de tuberculose. O uso de terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) reduz o risco de tuberculose em pessoas com infecção pelo HIV, mas mesmo com HAART, pessoas infectadas pelo HIV são mais propensas a adquirir tuberculose do que as não infectadas. As manifestaçõesda tuberculose diferem, dependendo do grau de imunossupressão. Pessoas com uma imunossupressão menos intensa (contagem de células T CD4+ > 300 células/mm3) apresentam uma tuberculose secundária usual (doença apical com cavitação). Pessoas com imunossupressão mais avançada (contagem de células T CD4+ < 200 células/mm3) apresentam um quadro clínico que se assemelha à tuberculose primária progressiva. A extensão da imunodeficiência também determina a frequência de envolvimento extrapulmonar, variando de 10% a 15% em pessoas moderadamente imunossuprimidas a mais de 50% naquelas com imunodeficiência intensa. Granuloma – focos de Ghon
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