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- É o ponto mais elevado do metabolismo produtor de energia em organismos aeróbios. Todos os passos oxidativos na degradação de carboidratos, gorduras e aminoácidos convergem para esse estágio final da respiração celular, onde a energia da oxidação governa a síntese de ATP; - Em eucariotos, a fosforilação oxidativa ocorre nas mitocôndrias. O entendimento atual sobre a síntese de ATP nessas organelas tem como base a de que diferenças transmembrana na concentração de prótons servem de reservatório/estoque para a energia extraída das reações biológicas da oxidação; A expulsão de prótons pelas bombas presentes na membrana mitocondrial interna (fluxo de elétrons por carreadores) gera um gradiente de prótons que será aproveitado pela ATP-sintase para a produção de ATP; A fosforilação oxidativa envolve (1) o fluxo de elétrons por meio de uma cadeia de transportadores da membrana; (2) a energia livre que se torna disponível por esse fluxo de elétrons “montanha abaixo” (exergônico) é acoplada ao transporte “montanha acima” de prótons através de uma membrana impermeável a prótons, conservando a energia livre da oxidação do combustível na forma de um potencial eletroquímico transmembrana; (3) o fluxo transmembrana de retorno dos prótons a favor de seu gradiente de concentração por canais proteicos específicos fornece a energia livre para a síntese de ATP, catalisada por um complexo proteico presente na membrana (ATP-sintase), que acopla o fluxo de prótons à fosforilação do ADP; - O NADH (reduzido) cede elétrons para o NAD+ (oxidado) e esses elétrons são repassados para o oxigênio, gerando água: ½O2 + NADH + H+ ⇄ H2O + NAD+; - As mitocôndrias têm duas membranas: a membrana mitocondrial externa é prontamente permeável a moléculas pequenas e a íons, que se movem livremente por canais transmembrana, formados por uma família de proteínas integrais de membrana chamadas de porinas. A membrana interna é impermeável à maioria das moléculas pequenas e dos íons, incluindo prótons (H+); as únicas espécies que cruzam a membrana o fazem por meio de transportadores específicos. A membrana interna aloja os componentes da cadeia respiratória e a ATP-sintase; - A matriz mitocondrial, delimitada pela membrana interna, contém o complexo da piruvato-desidrogenase e as enzimas das diversas vias de oxidação (exceto a glicólise, que ocorre no citosol). A permeabilidade seletiva da membrana interna segrega os intermediários e as enzimas das vias metabólicas citosólicas daqueles dos processos metabólicos que ocorrem na matriz; - A fosforilação oxidativa começa com a entrada de elétrons na cadeia de carregadores de elétrons, chamada de cadeia respiratória. A maioria desses elétrons surge da ação das desidrogenases, que coletam elétrons das vias catabólicas e os canalizam para aceptores universais de elétrons (NAD+ e FAD). Desidrogenases ligadas ao NAD+ removem dois átomos de hidrogênio de seus substratos. Um deles é transferido como íon hidreto ao NAD+, o outro é liberado como H+ no meio. O NADH carrega elétrons das reações catabólicas até seu ponto de entrada na cadeia respiratória, o complexo da NADH- desidrogenase; - A cadeia respiratória mitocondrial consiste em uma série de carregadores que agem sequencialmente, sendo a maioria deles proteínas integrais com grupos prostéticos capazes de aceitar e doar um ou dois elétrons; - Além do NAD e das flavoproteínas, outros três tipos de moléculas carregadoras de elétrons funcionam na cadeia respiratória: uma quinona hidrofóbica (ubiquinona) e dois tipos diferentes de proteínas que contêm ferro (citocromos e proteínas ferro-enxofre); - A (também chamada de coenzima Q, ou simplesmente Q) pode aceitar um elétron para se tornar o radical semiquinona (•QH) ou dois elétrons para formar ubiquinol (QH2) e, como os carregadores flavoproteínas, atuar na junção entre um doador de dois elétrons e um aceptor de um elétron. Como a ubiquinona é pequena e hidrofóbica, ela é livremente difusível dentro da bicamada lipídica da membrana mitocondrial interna e capaz de movimentar equivalentes redutores entre outros carregadores de elétrons menos móveis na membrana. Além disso, por carregar elétrons e prótons, ela desempenha um papel central em acoplar o fluxo de elétrons ao movimento de prótons; - Os são proteínas com absorção caracteristicamente forte de luz visível, devido aos seus grupos prostéticos heme contendo. As mitocôndrias têm três classes de citocromos, designados a, b e c, distinguidos por diferenças em seus espectros de absorção de luz. Os cofatores heme dos citocromos a e b são fortemente, mas não covalentemente, ligados às suas proteínas associadas; os hemes dos citocromos tipo c são covalentemente ligados por meio de resíduos de Cys; - O potencial de redução padrão do átomo de ferro do heme de um citocromo depende de sua interação com as cadeias laterais da proteína, sendo, portanto, diferente para cada citocromo. Os citocromos dos tipos a e b e alguns do tipo c são proteínas integrais da membrana mitocondrial interna. Uma exceção marcante é o citocromo c das mitocôndrias, proteína solúvel que se associa com a superfície externa da membrana interna por meio de interações eletrostáticas; Cada grupo consiste em 4 anéis de 5 membros contendo nitrogênio, em uma estrutura cíclica chamada porfirina. Os quatro átomos de nitrogênio estão coordenados com um íon central de Fe, Fe2+ ou Fe3+. O sistema conjugado de ligações duplas (sombreado em cor salmão) do anel de porfirina tem elétrons deslocados que, de forma relativa, são facilmente excitados por fótons com comprimentos de onda da luz visível, o que explica a forte absorção de luz por estes hemes na faixa visível do espectro; - Em , o ferro está ausente no heme, mas encontra-se em associação com átomos de enxofre inorgânico, ou com átomos de enxofre dos resíduos de Cys na proteína, ou com ambos. Esses centros de ferro-enxofre (Fe-S) variam de estruturas simples, com um único átomo de Fe coordenado com quatro grupos Cys¬SH, a centros Fe-S mais complexos, com dois ou quatro átomos de Fe. Todas as proteínas ferro-enxofre participam de transferências de um elétron, nas quais um átomo de ferro do aglomerado ferro-enxofre é oxidado ou reduzido; Na reação global catalisada pela cadeia respiratória mitocondrial, os e- se movem do NADH, succinato ou outro doador primário de e-, por flavoproteínas, Q, proteínas Fe-S e citocromos e, finalmente, ao O2; - Os carregadores de elétrons da cadeia respiratória são organizados em complexos enzimáticos inseridos dentro da membrana. Os complexos I e II catalisam a transferência de elétrons para a ubiquinona a partir de dois doadores de elétrons diferentes: NADH (complexo I) e succinato (complexo II); - O , também chamado de NADH-ubiquinona- oxidorredutase, NADH-redutase ou NADH-desidrogenase, é uma enzima grande, composta por 42 cadeias diferentes de polipeptídeos, incluindo uma flavoproteína contendo FMN e pelo menos seis centros de ferro- enxofre. Tem formato de L, com um braço do L na membrana e o outro se estendendo para a matriz. O complexo I catalisa dois processos simultâneos e obrigatoriamente acoplados: (1) a transferência exergônica para a ubiquinona de um íon hidreto do NADH e de um próton da matriz, expressa por: e (2) a transferência endergônica de quatro prótons da matriz para o espaço intermembrana. O complexo I é, portanto, um bombeador de prótons que utiliza a energia da transferência de elétrons, e a reação que ele catalisa é vetorial: ela move prótons em uma direção específica de um local (a matriz, que se torna negativamente carregada com a saída dos prótons) a outro (o espaço intermembrana, que se torna positivamente carregado); - O , também chamado succinato- desidrogenase, é a única enzima do ciclo do ácido cítrico ligada à membrana. Ele retira elétrons do succinato (o oxida para formarfumarato) e os entrega para o FAD, gerando FADH2, que repassa esses elétrons para grupos de ferro que, por sua vez, repassam para ubiquinona, a qual é transformada em ubiquinol; - O , também chamado de complexo de citocromo bc1 ou ubiquinona: citocromo c-oxidorredutase, é uma enzima intermembrana transportadora de elétrons oriundos dos complexos 1 e 2, os repassando para o complexo 4; - O , também chamado de complexo de citocromo-oxidase, recebe elétrons vindos do citocromo C no espaço intermembrana e os repassa para o oxigênio molecular, gerando água; Características dos carregadores de elétrons; O NADH (proveniente em sua maioria do ciclo de Krebs) doa seu par de elétrons para o complexo I. Já o complexo II recebe os elétrons vindos do FADH2. Ambos os pares são transportados na forma de coenzima Q reduzida (ubiquinol), que se encaminha para o complexo III, o qual, por sua vez, entrega os elétrons para o citocromo C (o reduz). Esse citocromo repassa os elétrons (um por vez) para o complexo IV (o citocromo é oxidado e o complexo é reduzido) e, finalmente, para o oxigênio; - A cadeia transportadora de elétrons foi desvendada com o uso de bloqueadores do transporte de elétrons: a retenona e amital bloqueiam o fluxo de e- do complexo I para a ubiquinona; a antimicina impede o fluxo de e- do ubiquinol para o complexo III; CN-, N3- e CO bloqueiam o fluxo de e- do complexo IV para o oxigênio; Os complexos 1, 3 e 4 são bombas de prótons (à medida que repassam elétrons, expulsam prótons para o espaço intermembrana, gerando um gradiente de prótons: o meio externo é mais ácido do que o interior da mitocôndria). O complexo 2 é apenas uma enzima transportadora de elétrons. Complexos 1 e 3 expulsam 4p cada, complexo 4 expulsa 2p: e- vindos do NADH liberam ao todo 10p (maior capacidade de produção de ATP – 2,5), enquanto e- vindos do FADH2 liberam 6p (1,5 ATP); - A fosforilação é acoplada à respiração: o controle da respiração e da produção de ATP é feito pela disponibilidade de ADP (os elétrons são transferidos para o O2 somente se o ADP for concomitantemente fosforilado a ATP);
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