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vezes foi observado que os médicos ingleses declaram com unanimidade que 500 pés cúbicos de ar por pessoa constituem o mínimo absoluta- mente necessário em condições de trabalho continuado. Pois bem! Se a lei fabril acelera indiretamente, mediante todas as suas regras coer- citivas, a transformação das oficinas menores em fábricas e, assim, interfere indiretamente no direito de propriedade dos capitalistas me- nores e garante o monopólio aos grandes, a imposição legal do espaço de ar necessário para cada trabalhador na oficina expropriaria dire- tamente de um só golpe milhares de pequenos capitalistas! Ela atingiria a raiz do modo de produção capitalista, ou seja, a autovalorização do capital, seja grande ou pequeno, mediante “livre” compra e consumo da força de trabalho. Por isso, ante esses 500 pés cúbicos de ar, a lei fabril perde o fôlego. As autoridades sanitárias, as comissões de in- vestigação industrial, os inspetores de fábrica repetem sempre de novo a necessidade dos 500 pés cúbicos e a impossibilidade de impô-los ao capital. Eles assim declaram que na realidade tuberculose e outras enfermidades pulmonares são condições vitais do capital.281 Por parcas que pareçam no todo, as cláusulas educacionais da lei fabril proclamam a instrução primária como condição obrigatória para o trabalho.282 Seu êxito demonstrou, antes de tudo, a possibilidade de conjugar ensino e ginástica283 com trabalho manual, por conseguinte também trabalho manual com ensino e ginástica. Os inspetores de fábrica logo descobriram, por depoimentos de mestres-escolas, que as crianças de fábricas, embora só gozem de metade do ensino oferecido aos alunos regulares de dia inteiro, aprendem tanto e muitas vezes até mais. “A coisa é simples. Aqueles que só permanecem metade do dia na escola estão sempre lépidos e quase sempre dispostos e desejosos de receber instrução. O sistema de metade trabalho e MARX 111 281 Por meio de experiências, verificou-se que são consumidas cerca de 25 polegadas cúbicas de ar a cada respiração de intensidade média de um indivíduo médio saudável e que ocorrem cerca de 20 respirações por minuto. De acordo com isso, o consumo de ar de um indivíduo, em 24 horas, daria cerca de 720 mil polegadas cúbicas ou 416 pés cúbicos. Sabe-se, contudo, que o ar, uma vez inspirado, já não pode servir para o mesmo processo antes de ter sido purificado na grande oficina da Natureza. Segundo as experiências de Valentin e Brunner, um homem sadio parece expirar cerca de 1 300 polegadas cúbicas de gás carbônico por hora: isso equivaleria a cerca de 8 onças de carvão sólido lançadas pelo pulmão em 24 horas. “Cada ser humano deveria ter ao menos 800 pés cúbicos.” (Huxley.) 282 Segundo a lei fabril inglesa, os pais não podem mandar crianças com menos de 14 anos para as fábricas “controladas” sem fazer com que recebam instrução primária. O fabricante é responsável pelo cumprimento da lei. “O ensino de fábrica é obrigatório e pertence às condições de trabalho.” (Reports of Insp. of Fact., 31st Oct. 1865. p. 111.) 283 Sobre os resultados mais vantajosos da conjugação de ginástica (para rapazes também exercícios militares) com o ensino obrigatório para crianças de fábrica e alunos pobres, veja-se o discurso de N. W. Senior no 7º congresso anual da “National Association for the Promotion of Social Science” in “Report of Proceedings” etc. Londres, 1863, p. 63, 64, bem como o relatório dos inspetores de fábrica de 31 de outubro de 1865, pp. 118, 119, 120, 126 et seqs.
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