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PROFESSORA LUCIA FROTA
APELAÇÃO
1
Objetivos da Aula : 
Estudar a apelação e seu campo de abrangência como recurso contra decisões interlocutórias e sentença.- Compreender os requisitos de admissibilidade e os efeitos específicos da apelação. - Entender o procedimento recursal para julgamento do recurso de apelação.Estrutura de Conteúdo
1- Hipóteses de cabimento do recurso de apelação
2. Requisitos formais da apelação
3. Estrutura da apelação na hipótese de impugnação de decisões interlocutórias 
4. Hipóteses de aplicação da teoria da causa madura em sede de apelação
5. Questões novas arguidas nas razões de apelação.
6. Procedimento.
 SENTENÇAS SEM E COM EXAME DO MÉRITO
Há na lei processual dois tipos de sentenças: as sentenças terminativas (que extinguem o processo sem resolução do mérito e apresentam hipóteses enumeradas 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
Na redação do art. 485 do CPC) e as sentenças definitivas (que extinguem o processo com resolução do mérito – art. 487 do CPC)..
Segundo o art. 485 do CPC, serão casos de extinção do processo sem resolução do mérito (sentenças terminativas) as seguintes hipóteses: 
quando houver o indeferimento da petição inicial; quando o processo ficar parado por mais de 1 (um) ano em razão de negligência das partes; quando, por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; quando reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; 
quando se verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; quando acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; quando homologar a desistência da ação; 
em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e também nos demais casos prescritos no CPC.
 NO RITO SUMARÍSSIMO 
Um exemplo sobre esse tema é a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. O art. 41 da citada norma deixa cristalino que da sentença caberá recurso, contudo, este recurso não será o de Apelação, mas, sim, o que denominamos de Recurso Inominado. 
 Lei no 9.099/95 - Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.
Observam os doutrinadores que não se trata de mera diferença semântica, mas até os prazos para a interposição de ambos os recursos é diferente. A apelação possui prazo de 15 dias, enquanto o recurso inominado tem o prazo de 10 dias (cf. art. 42 da Lei no 9.099/95).
RECURSO NOS JUIZADOS ESPECIAIS 
 - Art. 41. [...]§ 1o O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.
EXCEÇÃO CONTIDA NA LEF 
Outra exceção está contida na Lei de Execuções Fiscais (LEF), Lei no 6.830, de 22 de setembro de 1980, em seu art. 34, que dispõe que, das sentenças de 1ª instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), só serão admitidos os recursos de embargos infringentes e o de embargos de declaração.Como esclarece Neves (2013), “a diferença entre os embargos infringentes do art. 34 da LEF e a apelação é indiscutível, sendo considerado erro grosseiro a interposição de um recurso pelo outro, o que afasta a aplicação do Princípio da Fungibilidade”. 
Lei no 6.830 – Art. 34. Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração.
EXCEÇÃO DO ART 1027 , II, alínea b do CPC
A última exceção à regra prevista na redação do art. 1009, caput, do CPC é a derivada do art. 1.027, II, “b” da própria lei de ritos, que consagra a hipótese dos processos em que forem partes, de um lado, estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país; nesse caso, contra a sentença deverá ser interposto recurso ordinário ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), e não apelação. 
Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: [...]II - pelo Superior Tribunal de Justiça:[...]b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro,i Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
 IMPORTANTE 
ATENÇÃO – Legitimado ativo, isto é, aquele que irá interpor o recurso de apelação, é chamado apelante; legitimado passivo, aquele que irá oferecer a peça de resposta do recurso de apelação, é o apelado
ATENÇÃO – O apelado, conforme previsto na redação do art. 5°, LV, da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), tem o direito de exercer o contraditório e a ampla defesa ao recurso interposto pela parte adversa. A peça em que o recorrido exerce o seu direito constitucional se denomina contrarrazão. 
Assim, por exemplo, têm-se contrarrazões de apelação, contrarrazões de agravo de instrumento, contrarrazões de recurso especial, contrarrazões de recurso extraordinário etc.
 NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
CRFB - Art. 5o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]LV. Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.Continuando o estudo sobre o recurso de apelação, no que tange ao seu prazo, conforme dispõe a redação do art. 1.003, § 5°, do CPC, salvo o recurso de embargos de declaração, que será visto adiante, o prazo para interpor e para responder aos recursos é de 15 (quinze) dias. 
Assim, o prazo para o recorrente (apelante) interpor o recurso de apelação e para o recorrido (apelado) oferecer as suas contrarrazões é de 15 dias. 
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.[...]§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
A Lei no 13.105/15, quando sancionada, apresentou uma novidade no que tange ao recurso de apelação (art. 1.009, § 1°, do CPC): o legislador, ao reduzir as hipóteses de cabimento do recurso de agravo de instrumento, possibilitou que as questões resolvidas na fase de conhecimento cuja decisão a seu respeito não comportar tal recurso não sejam cobertas pela preclusão temporal do recurso de agravo de instrumento (uma vez que o mesmo não é cabível) e dessa forma possam ser suscitadas (entenda-se, impugnadas) em preliminar de apelação ou ainda em contrarrazões, quando, sim, estarão cobertas pela preclusão.Imagine, por exemplo, que, em determinada ação de conhecimento, o magistrado, em primeiro grau de jurisdição, negue pedido da parte autora para a produção de prova pericial que esta alega ser essencial à elucidação da lide. 
A essa decisão interlocutória do juiz que indeferiu a prova pericial não cabe recurso de agravo de instrumento, visto que não se encontra nas hipóteses da redação do art. 1.015 do CPC. 
Nesse caso, a parte inconformada com a decisão do juiz não poderá interpor recurso de agravo de instrumento, mas poderá, por não haver preclusão temporal do recurso de agravo de instrumento, quando for interpor recurso de apelação ou quando forresponder a esse recurso interposto apenas pela parte contrária, em preliminar, suscitar o cerceamento do seu direito à ampla defesa, fruto da negativa da prova pericial.
 Art. 1.009. Da sentença cabe apelação
.§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões
.§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.§ 3o O disposto no caput deste art. aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.
Sobre esse tema alguns Tribunais de Justiça em sede recursal já se mani- festaram, vejamos: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 4a Câmara de Direito Privado. Agravo de Instrumento no 2016332-18.2017.8.26.0000 - Atibaia - Voto no 38.836 - Agravo: 2016332-18.2017.8.26.0000 Agravo de instrumento interposto contra a r. decisão que deferiu a produção de prova pericial. Não cabimento pela nova sistemática do Novo Código de Processo Civil. 
Rol taxativo do art. 1.015 do CPC. ensina a doutrina e a jurisprudência, não é recorrível por agravo e deverá ser objeto de preliminar em apelação ou contrarrazões. Doutrina e jurisprudência. 
Recurso não conhecido.Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Agravo de Instrumento n. 0057978- 71.2016.8.19.0000 -Des(a). José Acir Lessa Giordani. Julgamento: 14/03/2017 - 12° Câmara Cível
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DECISÃO AGRAVADA QUE DETERMINOU AO AUTOR QUE EMENDASSE A INICIAL. COM A ENTRADA EM VIGOR DO NOVO CPC, O RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO PASSOU A SER CABÍVEL SOMENTE NAS HIPÓTESES TAXATIVAS DO ARTIGO 1015, NÃO FIGURANDO ENTRE ELAS A DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE DETERMINA A EMENDA DA INICIAL. INCONFORMISMO PODERÁ SER SUSCITADO EM SEDE DE PRELIMINAR DE APELAÇÃO OU CONTRARRAZÕES. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 1009, § 1.o DO CPC/15. INADMISSIBILIDADE DO RECURSO. PRECEDENTES. RECURSO QUE NÃO SE CONHECE.
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Agravo de Instrumento n. 0065516- 06.2016.8.19.0000.Des(a). Antônio Carlos A. Paes. Julgamento: 15/02/2017 - 23° Câmara Cível Consumidor.AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO - CDC - FLS. 70/71 ÍNDICE ELETRÔNICO 000036. INCONFORMISMO ACERCA DOS JUROS APLICADOS. ADMISSIBILIDADE QUE DEVE OBSERVAR A SISTEMÁTICA PROCESSUAL CIVIL EM VIGOR, POR FORÇA DO ARTIGO 14 DO NCPC/2015. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO No 3, EDITADO PELO EGRÉGIO PLENÁRIO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: AOS RECURSOS INTERPOSTOS COM FUNDAMENTO NO CPC/2015 (RELATIVOS A DECISÕES PUBLICADAS A PARTIR DE 18 DE MARÇO DE 2016) SERÃO EXIGIDOS OS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL NA FORMA DO NOVO CPC. DECISÃO PROFERIDA E PUBLICADA SOB A ÉGIDE DO NCPC/2015, DETERMINANDO O DEPÓSITO DA QUANTIA DEVIDA. ÍNDICE ELETRÔNICO 000073 - QUE NÃO É ELENCADA EM NENHUM DOS INCISOS DO ARTIGO 1.015 DO NCPC. MATÉRIA QUE NÃO SE SUJEITA À PRECLUSÃO, PODENDO SER SUSCITADA EM PRELIMINAR DE APELAÇÃO OU ATÉ EM SEDE DE CONTRARRAZÕES, CONFORME DISPÕE O ARTIGO 1.009, §§ 1o E 2o, DO NCPC/2015. DOUTRINA. PRESSUPOSTO INTRÍNSECO DE ADMISSIBILIDADE. CABIMENTO. AUSÊNCIA. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE INAPLICÁVEL. PRECEDENTES DO TJRJ. RECURSO NÃO CONHECIDO.
Cabe esclarecer que, quando narrada a questão preliminar em contrarrazões de apelação, o apelante será intimado a, no prazo de 15 dias, manifestar-se sobre tal questão (art. 1.009, § 2° do CPC).Quanto à sua forma, para a elaboração da peça prático-profissional do recurso de apelação, deve-se ficar atento à regra contida no art. 1.010 do Novo CPC, que disciplina que o recurso será dirigido ao próprio juízo que proferiu a decisão em primeiro grau de jurisdição contendo: os nomes e a qualificação das partes; a exposição do fato e do direito; as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; e o pedido de nova decisão. Após o magistrado intimar o apelado a oferecer em 15 dias as contrarrazões (art. 1.010, § 1°, do CPC), o processo seguirá para o tribunal onde será julgado. Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I - os nomes e a qualificação das partes;II - a exposição do fato e do direito;III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;IV - o pedido de nova decisão.§ 1o O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
Efeitos
No que tange aos efeitos, a regra do recurso de apelação é que ele será recebido no duplo efeito, isto é, devolutivo (art. 1013, caput, do CPC) e suspensivo (art. 1.012, caput, do CPC) – efeito suspensivo automático. Quando o recurso de apelação for recebido no duplo efeito, a sentença à qual foi interposto o recurso (aqui apelada) poderá desde já produzir efeito, permitindo desse modo o seu cumprimento provisório (art. 1.012, § 2°, do CPC), como veremos a seguir.
Contudo, o art. 1.012, § 1o, do CPC enumera as hipóteses em que o recurso será recebido apenas no efeito devolutivo. A redação desse parágrafo afirma que, “além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que; “homologar a divisão ou demarcação de terras; condenar a pagar alimentos; extinguir sem resolução do mérito ou julgar improcedentes os embargos do executado; julgar procedente o pedido de Instituição de arbitragem; confirmar, conceder ou revogar tutela provisória; ou decretar a interdição.”
 CURIOSIDADE
No CPC de 1973, o recurso de apelação também tinha como regra ser recebido no duplo efeito, isto é, devolutivo e suspensivo (art. 520, caput, primeira parte).
 Porém, o próprio artigo enumerava as hipóteses (rol exemplificativo) em que o recurso de apelação só seria recebido no efeito devolutivo, a saber: homologar a divisão ou a demarcação; condenar à prestação de alimentos; decidir o processo cautelar; rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem; confirmar a antecipação dos efeitos da tutela. 
CPC/1973 - Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: I - homologar a divisão ou a demarcação; II - condenar à prestação de alimentos;III – revogado;IV - decidir o processo cautelar; V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela;
APENAS NO EFEITO DEVOLUTIVO
Nas hipóteses em que o recurso será recebido apenas no efeito devolutivo, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. 
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.[...]
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença.
Nas causas em que o recurso de apelação só será recebido no efeito devolutivo (homologação de divisão ou demarcação de terras; condenação em alimentos; extinção sem resolução do mérito ou julgamento improcedente dos embargos do executado; julgamento procedente do pedido de instituição de arbitragem; confirmação, concessão ou revogação de tutela provisória; além da hipótese de decreta a interdição),
 poderá o apelante requerer ao desembargador relator a concessão do efeito suspensivo (conforme preceitua o § 3o do art. 1.012 do CPC), desde que demonstre a probabilidade de provimento do recurso ou que haja risco de dano grave ou de difícil reparação (sendo relevante a sua fundamentação).
Art. 1.012[...]§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relatordesignado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Teoria da Causa Madura Para encerrarmos o tema sobre o recurso de apelação e iniciarmos o estudo do recurso de agravo de instrumento, analisaremos a Teoria da Causa Madura, importante instrumento processual que já tinha previsão no CPC anterior, de 1973.
A redação do art. 1.013, § 3°, do CPC permite ao tribunal decidir, desde logo, o mérito do recurso de apelação, quando este reformar sentença fundada nas causas enumeradas no art. 485, isto é, nas hipóteses de extinção do processo sem resolução do mérito, ou ainda quando o tribunal decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir, ou ainda, quando constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo, ou quando decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
AMPLIAÇÃO DO CABIMENTO DA TEORIA DA CAUSA MADURA NO CPC 2015
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.[...]§ 3o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:I - reformar sentença fundada no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. (NOVIDADE – AMPLIA O CABIMENTO DA TEORIA DA CAUSA MADURA )
CURIOSIDADE - Os incisos do art. 1.013, § 3°, do CPC ampliaram o rol de cabimento da Teoria da Causa Madura prevista no CPC de 1973, em seu art. 515, que previa o cabimento dela apenas quando a causa versasse sobre questão exclusivamente de direito e estivesse em condições de imediato julgam
CURIOSIDADE E COMPARAÇÃO
CPC 1973 - Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.
Quando a redação do art. 1.013, § 3°, do CPC afirma que autoriza o tribunal a decidir, desde logo, o mérito do recurso de apelação, este “consagra a ideia de que, estando a causa ‘madura’, nos casos ali mencionados, não deve o tribunal determinar a devolução dos autos, para que o juiz profira nova sentença: o tribunal deve, ele mesmo, prosseguir e julgar o mérito da causa”; por isso, o nome Teoria da Causa Madura (DIDIER JR., 2016).
Continua o autor a destacar que, quando o art. 1.013, § 3°, escreve que deve estar a causa em condições de imediato julgamento, significa dizer que “o processo tem de estar pronto: réu citado e provas produzidas. Somente falta a decisão sobre o mérito” (DIDIER JR., 2016).
ATENÇÃO - Para a aplicação da Teoria da Causa Madura, explica Didier Jr. (2016) que existem três pressupostos, quais sejam:
a) requerimento do apelante
b) provimento da apelação
c) processo em condições de imediato julgamento.
TEORIA DA CAUSA MADURA 
Neves (2016) deixa cristalino que o objetivo da lei processual civil, ao admitir a Teoria da Causa Madura, “é a otimização do julgamento de processos, em nítido ganho de celeridade e economia processual”. 
“É inegável que o propósito da norma é o oferecimento de uma tutela jurisdicional em menor tempo, com o que se presume prestar-se tutela jurisdicional de melhor qualidade”, tratando-se, dessa forma, de matéria de ordem pública.
ATENÇÃO – A redação da Teoria da Causa Madura trazida pelo CPC coaduna com o Princípio Constitucional da Duração Razoável do Processo (art. 5°, LXXVIII, CRFB) também previsto no art. 40 do CPC. 
Neste caso, sendo anulada a sentença terminativa, poderá o tribunal passar ao julgamento originário do mérito da ação. 
Neste caso a sentença é anulada e não reformada como previsto no dispositivo legal ora comentado, cabendo ao tribunal, após julgar o mérito recursal, passar a julgar, de forma originária, o mérito da ação. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a regra não afronta o princípio da ampla defesa, nem mesmo impede a parte do obter o pré-questionamento, o que poderá ser conseguido com a interposição de embargos de declaração.
3 hipóteses de cabimento da Teoria da Causa Madura (novidades) trazidas pelo CPC de 2015
Nas outras hipóteses do art. 1.013, § 3°, isto é, no caso dos incisos II, III e IV, não há uma sentença terminativa, como ocorre no inciso I, mas, sim, há sentença de mérito “viciada anulada pelo julgamento da apelação com a permissão ao tribunal de, ao invés de encaminhar o processo novamente ao primeiro grau para a prolação de uma nova sentença de mérito, julgar imediatamente o mérito da ação” (NEVES, 2016). 
Essas três hipóteses são novidades trazidas pelo CPC de 2015, sem correspondente no CPC de 1973.
ATOS DOS JUÍZES 
Os atos decisórios
Também chamados de provimentos, são definidos como atos praticados pelos juízes com a finalidade de impulsionar ou decidir questões referentes à relação processual instaurada, em obediência ao princípio do impulso oficial (art. 203 c/c o art. 139 do CPC/2015). De acordo com o art. 203, os atos do juiz dividem se em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.Por força do art. 203, § 1º, do CPC/2015 a sentença passou a ser definida como o “pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe !m à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”.
Atos instrutórios 
São voltados à busca de elementos de prova necessários para proferir a sentença. Nesse sentido, pode o juiz determinar a produção de provas.
Prova é todo e qualquer elemento levado à apreciação do juiz – em regra, pelas partes – e que o auxilia na formação de seu convencimento. As provas devem ser requeridas no primeiro ato postulatório – petição inicial para o autor, contestação para o réu e na primeira oportunidade para terceiro interventor . 
O que são ATOS ORDINATÓRIOS ? 
Livro didático p. 80 a 98 
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Atos de documentação 
Atos praticados pelos magistrados, pelos quais se procura reduzir a ter- mo os atos praticados verbalmente, tais como o termo de depoimento e a assenta- da da instrução de instrução e julgamento
Hoje, em muitos juízos, as audiências são gravadas em áudio e vídeo, o que torna mais simples e rápida a documentação.
Atos de um Juízo para outro Juízo 
Carta de ordem
A carta de ordem é utilizada quando há relação de hierarquia entre o juízo emitente e o juízo ao qual foi destinada. Pode ter qualquer objeto, como a requisição de documento ou a oitiva de testemunha, tendo natureza instrutória.
 Carta precatória
 carta precatória é utilizada para comunicação entre comarcas diferentes. É uma carta de cooperação entre juízos. Ela, por sua vez, também é utilizada para comunicação dentro de uma mesma comarca, mas quando os juízos possuem competência diferente.
Carta rogatória 
A carta rogatória é utilizada na comunicação entre juízos de países diferentes. Recebida a carta rogatória, nosso ordenamento prevê seu envio ao Superior Tribunal de Justiça, que possui o poder de deferir ou não o pedido. Deferido que seja o pedido, há o reenvio da carta ao juízo natural.
Carta Arbitral 
O texto (art. 260 do CPC/2015) menciona as cartas de ordem, precatória e a rogatória (que é objeto da cooperação internacional e não doméstica), além de incluir um instrumento denominado “carta arbitral” (art. 260, § 3º).
De acordo com o art. 237, IV, a carta arbitral é utilizada para que o órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive osque importem efetivação de tutela provisória.Nesse passo, o novo CPC (art. 260, § 3º, in fine) coloca que aos requisitos formais dessa carta arbitral aplicam-se, no que couber, os requisitos das demais cartas, devendo, ainda, ser instruída com a convenção de arbitragem, a prova da nomeação do árbitro e a prova da aceitação da função pelo árbitro.
Atos praticados por meio eletrônico 
Disposições gerais da Lei n° 11.419/06 - Lei do Processo Eletrônico
O processo eletrônico se apresenta como uma forma de acelerar o moroso trâmite processual, notadamente na possibilidade de intimação pela forma eletrônica.Iniciaremos a análise das disposições atuais sobre processo eletrônico pelo disposto na Lei n. 11.419/2006, para, depois, analisar as disposições do atual Código de Processo Civil, que mais dispõe sobre atos praticados por meio eletrônico do que sobre o processo eletrônico e, em seguida, tentaremos ressaltar alguns dos institutos mais polêmicos para a doutrina.
Mais legislações cuidam do meio eletrônico
A esses dispositivos deve ser acrescido o teor da Lei n. 12.682, de 9 de julho de 2012 , que dispõe sobre a digitalização, o armazenamento em meio eletrônico, óptico ou equivalente e a reprodução de documentos públicos e privados.
A Lei n. 11.419/2006 é oriunda do Projeto de Lei n. 5.828/2001, posteriormente convertido em PLC n. 71/2002. A Lei foi editada em 19 de dezembro de 2006 e entrou em vigor no dia 20 de março de 2007.
Resolução nº 185/2013 do CNJ 
A Resolução n. 185/2013 102 institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico – PJe como sistema de processamento de informações e prática de atos processuais, estabelecendo os parâmetros para sua implementação e funcionamento. 
Esta Resolução estabelece em seu art. 1º que: Art. 1º A tramitação do processo judicial eletrônico nos órgãos do Poder Judiciário previstos no art. 92, incisos I-A a VII, da Constituição Federal, será realizada por intermédio do Sistema Processo Judicial Eletrônico
 – PJe, é disciplinada pela presente Resolução e pelas normas específicas expedidas pelos Conselhos e Tribunais que com esta não conflitem. 
A Resolução, em seu art. 3º, define diversos conceitos essenciais ao PJe, tais como:
Novos Conceitos : 
I. Assinatura digital: resumo matemático computacionalmente calculado a partir do uso de chave privada e que pode ser verificado com o uso de chave pública, estando o detentor do par de chaves certificado dentro da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), na forma da legislação específica; 
II. Autos do processo eletrônico ou autos digitais: conjunto de metadados e documentos eletrônicos correspondentes a todos os atos, termos e informações do processo; 
III. Digitalização: processo de reprodução ou conversão de fato ou coisa, produzidos representados originalmente em meio não digital, convertendo-o para o formato digital 
IV. Documento digitalizado: reprodução digital de documento originalmente físico; 
V. Documento digital: documento originalmente produzido em meio digital; 
VI. Meio eletrônico: ambiente de armazenamento ou tráfego de informações digitais;
VII. Transmissão eletrônica: toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação, preferencialmente a rede mundial de computadores;
 VIII. Usuários internos: magistrados e servidores do Poder Judiciário, bem como outros a que se reconhecer acesso às funcionalidades internas do sistema de processamento em meio eletrônico, tais como estagiários e prestadores de serviço;
 IX Usuários externos: todos os demais usuários, incluídos partes, advogados, membros do Ministério Público, defensores públicos, peritos e leiloeiros
As disposições sobre o Processo Eletrônico no CPC/2015 
O processo eletrônico vem tratado entre os arts. 193 e 199. No art. 194 encontramos importante regra, no sentido de que os sistemas informatizados devem respeitar a publicidade dos atos e o acesso e participação das partes e de seus procuradores
O art. 195 ratifica o padrão aberto, observada a ICP unificada nacionalmente, e sujeito aos seguintes requisitos: 
I. Autenticidade;
II. Integridade; 
III. Temporalidade;
IV. Não repúdio; 
V. Conservação; e 
VI.Confidencialidade, nos casos que tramitem em segredo de justiça

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