Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
unidade 1 COMERCIAL Contabilidade Alexsandro Lopes Adriana Machado Matte 9 Operações Comerciais Prezado estudante, Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma você, com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina. OBJETIVO GERAL Sistemas de controle de estoque, periódico e permanente. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Métodos de avaliação dos estoques (Custo Médio Ponderado, PEPS e UEPS). QUESTÕES CONTEXTUAIS 1. Em uma empresa comercial, como diferenciar custos e despesas? 2. Quais são as classificações existentes para os custos? Como identificá-las? 3. Como se realizam as operações com mercadorias em uma empresa comercial? 4. Qual o melhor método para calcularmos os custos das mercadorias? unidade 1 CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 10 1.1 Conceito de Custos e Despesas Segundo Megliorini (2012), conhecer custos é uma condição essencial para realizar uma boa gestão em uma empresa, independentemente do tipo e do porte da empresa - pequeno, médio e grande. Esse mesmo autor afirma que “em um mercado altamente competitivo, o conhecimento e a arte de administrar são fatores determinantes de sucesso de qualquer empresa.” (MEGLIORINI, 2012, p.1). Em razão disso, conhecer e mensurar corretamente os custos das empresas é muito importante para a tomada de decisão, formação de preços e controle do orçamento, por exemplo. Uma empresa incorre diariamente em uma série de gastos para realizar suas atividades administrativas, fabris e comerciais, como as compras de matéria-prima para fabricação de seus produtos ou de estoques para revenda, o pagamento de taxas e impostos, a manutenção de seu patrimônio, a folha de pagamento de seus funcionários, por exemplo. Nem sempre, porém, esses gastos são considerados custos, pois alguns deles são classificados como despesas e outros como investimentos. Mas você sabe diferenciar cada um desses conceitos? Para entender a sistemática da apuração de custos, é necessário conhecer o significado dos principais termos utilizados nessa área. Vejamos o quadro abaixo: Quadro 1.1 – Principais conceitos da Contabilidade de Custos. Terminologia Descrição Exemplos GASTO Compromissos financeiros assumidos por uma empresa no tocante à aquisição, ou seja, caracteriza-se como consumo genérico. • contratação de mão de obra na produção; • aquisição de materiais e matérias-primas. DESEMBOLSO Pagamento resultante da aquisição de um bem ou serviço, podendo ocorrer situações do pagamento ser à vista ou a prazo. • pagamento do fornecedor de matéria-prima à vista; • pagamento de salário do pessoal de manutenção. INVESTIMENTO Gastos com bens ou serviços que fazem parte do ativo da organização (ativo circulante e/ ou ativo imobilizado). • aquisição de equipamentos; • aquisição de imóveis; • aquisição de matéria-prima. Operações Comerciais | UNIDADE 1 11 CUSTO Toda e qualquer aplicação de recursos, expressa em valores monetários, mas com base em insumos físicos, utilizada na produção, distribuição e comercialização de produtos, mercadorias ou serviços. • consumo de matéria-prima; • consumo de mão de obra; • depreciação do equipamento da operação; • combustíveis utilizados no processo produtivo. DESPESAS Bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente, mas sem vinculação com a atividade de produção, para a obtenção de receitas. • salários do pessoal de vendas e da administração; • energia elétrica consumida no escritório; • conta telefônica do pessoal de vendas e da administração; • aluguéis e seguros do escritório. Fonte: Elaborado pelo autor. Vamos pensar em uma empresa que adquire produtos para revenda. Nesse momento, há o surgimento do gasto, mas ainda não temos o desembolso, pois este dependerá da forma como a empresa fará o pagamento, ou à vista ou a prazo. Em outras palavras, a forma escolhida para liquidar a compra irá determinar o momento do desembolso. Nesse momento da compra, essa empresa está realizando um investimento, que no caso específico que estamos falando é classificado como um investimento em estoque. O investimento deve ser ativado na conta estoque de produtos para revenda e lá permanecerá até a venda do produto. Quando a venda ocorrer, vamos transferir sua classificação da conta estoque para a conta custo das mercadorias vendidas (CMV), e é aqui, nesse momento, que surge o custo do produto. As despesas, por sua vez, estão associadas aos sacrifícios financeiros feitos pela empresa para realizar a receita, ou seja, é todo gasto necessário para efetivar a venda dos seus produtos e/ou serviços como, por exemplo, os gastos com administração e com o marketing. Vejamos o exemplo de uma empresa que tem como política de vendas pagar comissões aos seus vendedores e entregar o produto na casa do cliente sem cobrar pela entrega. Ambos os casos são Ativado: registro na conta contábil pertinente. GLOSSÁRIO CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 12 considerados despesas, pois esses sacrifícios financeiros foram necessários para a realização da venda. Contabilmente, essas despesas não têm origem no ativo, elas serão classificadas diretamente na Demonstração do Resultado - DR, conforme figura a seguir: Figura 1.1 – Definição genérica de custos. Fonte: Santos (1987). Assim, como podemos perceber na Figura 1.1, o Balanço Patrimonial é quem dá a origem aos custos, que estão sempre alocados por centro de custos. A partir da venda do produto, os custos são enviados para a Demonstração de Resultados -DRE, alocados em Custo da Mercadoria Vendida - CMV. Já as despesas são classificadas, de vendas ou administrativas, diretamente na Demonstração do Resultado. Balanço Patrimonial Demonstrativo de Resultado do Exercício Produtos ou Serviços Elaborados Investimentos Gastos Consumo associado ao período Consumo associado à elaboração do produto ou serviço DespesasCustos Centro de custos é a área da contabilidade responsável por apurar e distribuir os gastos de produção e/ou fabricação, ou seja, setores ou áreas da empresa que executam atividades homogêneas e que permitem a apuração dos gastos dessa atividade. GLOSSÁRIO Operações Comerciais | UNIDADE 1 13 1.1.1 Classificação dos Custos Os custos devem ser classificados conforme a suas características, isto é, quanto ao seu volume ou objetivo no produto. Essa classificação atende às necessidades dos centros de custos, que são responsáveis por mensurar o custo efetivo do produto, como por exemplo, contribuir para formação do seu preço de venda. a. Quanto ao nível de operação (volume) Em uso geral, a palavra “variável” significa simplesmente “mutável”, porém, em Contabilidade, variável tem um significado mais restrito: refere-se não às mudanças que ocorrem no tempo, mas às mudanças associadas com o nível de atividades, isto é, ao volume. Se um custo aumenta à medida que cresce o volume de produção, ele é definido como um custo variável. O mesmo conceito aplica-se quando ocorre redução no volume de produção e, com isso, também os custos caem na mesma proporção. Segundo Abrantes (2008), os custos variáveis variam direta e proporcionalmente ao volume. Na realidade, são os custos que mantêm relação direta com o volume de produção ou serviço. Assim, o total dos custos variáveis cresce à medida em que o volume de atividades da empresa aumenta. Vejamos, por exemplo, uma empresa de comércio eletrônico que vende celulares: seus custos variáveis aumentam a cada nova unidade vendida, sendo então uma relação direta ao volume de vendas. Ou seja, um celular vendido, um custo de aquisição de celular; não havendo venda, não há custo. Vejamos na tabela a seguir:Quadro 1.2 – Custo Variável. Venda do período (quantidade de aparelhos) Consumo no período (custo unitário do celular) Custos variáveis totais 1 R$ 100,00 R$ 100,00 10 R$ 100,00 R$ 1.000,00 20 R$ 100,00 R$ 2.000,00 Fonte: Elaborado pelo Autor. Podemos observar que quanto maior o volume de vendas, maior será seu Custo da Mercadorias Vendidas (CMV), ou seja, há uma relação direta com volume de operação em um determinado período de tempo. Nessa mesma razão do tempo, temos os custos chamados de fixos, esses ocorrendo de tempos em tempos, portanto fixo mensal ou fixo anual. São aqueles CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 14 que mantêm um dimensionamento constante, independentemente do volume de venda; ou ainda, são os custos de estrutura que permanecem período após período sem variações e que não sofrem consequências da variação no volume de atividade (MEGLIORINI, 2012). Em outras palavras, os custos fixos são os custos que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, independente do volume de venda; ou ainda, uma alteração no volume de vendas para mais ou para menos não altera o valor total do custo fixo. Voltando ao comércio de eletrônicos, temos custos que ocorrem de tempos em tempos e são associados ao produto, por um critério de rateio. Melhor exemplificando: o custo de energia elétrica do comércio eletrônico tem a seguinte relação de custo associada ao produto: quanto mais celulares são vendidos, menor será o custo de energia associado a um custo de celular vendidos. Veja na tabela a seguir: Quadro 1.3 – Custo Fixo. Venda do período (quantidade de aparelhos) Custo mensal de energia elétrica Custo de energia elétrica mensal por unidade Custos fixos totais 1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 10 R$ 1.000,00 R$ 100,00 R$ 1.000,00 20 R$ 1.000,00 R$ 50,00 R$ 1.000,00 Fonte: Elaborado pelo Autor. Conforme podemos ver na tabela, o custo fixo total de energia elétrica mantém- se inalterado independente de quantas unidades são vendidas, mas o custo fixo unitário reduz à medida que a empresa vende mais celulares; assim, a venda de um único aparelho receberá toda energia elétrica mensal do comércio eletrônico no seu custo. Já na venda de 20 aparelhos, o custo de energia elétrica é distribuído por critério de rateio (neste caso, o critério utilizado são unidades vendidas). Os critérios de rateio são fatores de distribuição de custos indiretos, ou seja, uma estimativa, uma razão lógica para alocação de gastos não associados diretamente ao produto. Vejamos o exemplo do aluguel de um pavilhão para fabricar diversos produtos (A, B e C). Qual deve ser a parcela do aluguel que deve integrar o produto A? O critério de rateio, neste caso, pode ser o espaço ocupado na linha de produção do produto A, ou seja, metros quadrados. GLOSSÁRIO Operações Comerciais | UNIDADE 1 15 Vamos assim alocar 1/20 avos do aluguel para cada celular, ou seja R$ 50,00. Portanto, quanto mais eficiente for a empresa na realização de produção, menor será o custo fixo de aluguel associado a cada unidade vendida. Conforme Megliorini (2012, p.10), as características dos custos fixos são as seguintes: a) o valor total permanece constante dentro de determinada faixa da produção; b) o valor por unidade produzida varia à medida que ocorre variação no volume de produção, por tratar de um valor fixo diluído por uma quantidade maior; c) sua alocação para os departamentos ou centros de custos necessita, na maioria das vezes, de critérios de rateios determinados pelo contador de custos; d) a variação dos valores totais pode ocorrer em função de desvalorização da moeda ou por aumento/redução significativa do volume de produção. Os custos fixos, por sua vez, são fixos mais nas intenções dos que assim os classificam do que na realidade. Muitas vezes, embora fixos quanto à intensidade do esforço ou dos serviços envolvidos, sofrem variações devido apenas à inflação ou acréscimo de preços. Somente algumas despesas, tais como ordenados do pessoal administrativo, são fixas, ou pelo menos previsíveis para o período orçamentário, desde que os reajustes sejam previsíveis. (IUDÍCIBUS, 1987). DESTAQUE CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 16 Dessa forma, a Figura 1.2 sintetiza como os custos são classificados com relação ao volume: Figura 1.2 – Classificação dos custos conforme o volume. Custos Quanto Ao Volume • Proporcional ao volume *Unitariamente são fixos Custo Variável • Não mantém proporcionalidade com o volume *Unitariamente são variáveis Custo Fixo Fonte: Elaborado pelo Autor. b. Quanto ao objetivo (produto) A outra forma de classificação dos custos está relacionada com seu objetivo no processo de fabricação do produto. Essa classificação dá-se de forma a reconhecer no produto seus insumos. Os custos facilmente atribuíveis ao produto são chamados de custos diretos. Esses custos têm como principais características: a fácil visualização, a possibilidade de mensuração e, na maioria das vezes, são visíveis, estando presentes no produto final. Voltando a nossa indústria que produz celulares, vamos pegar o exemplo do carregador de bateria: todo celular vem com o seu, que é visível e quantificável por uma mensuração direta. Outro exemplo é a mão de obra direta que é necessária para montagem do celular que, como o nome já nos diz, é um custo direto. Apesar de não ser possível visualizá-la, temos ciência que houve envolvimento seu na montagem do celular, e esta também pode ser mensurada (mais ou menos mão de obra, de acordo com o modelo do celular). Também temos aqueles custos que não são possíveis de atribuir a um único produto, são os chamados custos indiretos. Em outras palavras, são os custos que estão presentes em mais de um produto. Na indústria de celulares, um exemplo seria a figura do líder da produção, que é responsável por vários setores que produzem diferentes modelos de celulares, Operações Comerciais | UNIDADE 1 17 ou seja, existe uma pessoa para vários modelos de celulares, não sendo possível atribuir diretamente o valor do seu salário a um produto específico. Nesse caso, o custo da mão de obra será atribuído aos produtos conforme critérios de rateio determinados pelo pessoal da administração/contabilidade. O custo indireto, aqui representado pelo salário e encargos do supervisor, deve compor parte do custo do produto, e cada modelo de celular ali produzido receberá uma parcela mão de obra do supervisor. Portanto mantém-se uma relação indireta custo, que não pode ser mensurado sem rateio. Vejamos cada componente do custo indireto mais especificamente, segundo a abordagem de Megliorini (2012, p.14): 1. Mão de obra indireta: é representada pelo trabalho nos departamentos auxiliares nas indústrias ou prestadores de serviços e que não é mensurável em nenhum produto ou serviço executado. Como já vimos anteriormente, é o caso do trabalho executado pelo gerente, supervisor e até mesmo pelo departamento de contabilidade. 2. Materiais indiretos: são materiais empregados nas atividades auxiliares de produção e cujo relacionamento com o produto é irrelevante. No caso da produção de móveis, são eles: graxas e lubrificantes, lixas etc. 3. Outros custos indiretos: são os custos que dizem respeito à existência do setor fabril. Exemplo: depreciação, seguros contra incêndios da fábrica, transporte e refeições da mão de obra, etc. CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 18 Assim, a Figura 1.3 apresenta uma síntese sobre a classificação dos custos quanto ao objetivo: Figura 1.3 – Classificação dos custos conforme o objetivo. Custos Quanto Ao Objetivo • Relação Direta com o produto *Mensuráveis Custo Direto • Relação Indireta com o produto *Mensuráveis por rateio Custos Indiretos Fonte: Elaborado pelo Autor. 1.1.2 Fluxo dos Custos A finalidade da contabilidade de custospara as empresas é conectar questões operacionais, tais como registros, procedimentos de apontamentos, sistema de informações e outros. Estruturando assim um processo de apuração de custos que possa servir à gestão (nas mais diversas atividades, como indústria, comércio e serviços) para tomadas de decisão com segurança. Através dessa estrutura, a contabilidade de custos realiza o acompanhamento do movimento interno de valores (custos diretos e indiretos) e parâmetros (critérios de rateio). Os sistemas de custos procuram encontrar o custo total de produção, sendo que este custo é representado pelo somatório dos custos diretos mais os custos indiretos ou dos custos fixos mais os custos variáveis. Esses sistemas estão, na realidade, mais preocupados com os custos indiretos, uma vez que os custos diretos são facilmente alocados aos produtos. A classificação dos custos é dada conforme o modelo e a atividade exercida pela empresa. Não existe um modelo específico para cada tipo de atividade comercial ou industrial. Os centros de custos devem ser moldados conforme a necessidade da empresa. DESTAQUE Operações Comerciais | UNIDADE 1 19 “O termo sistema é aqui empregado para definir o conjunto de componentes administrativos, de registros, de fluxos, de procedimentos e de critérios que agem e interagem de modo coordenado para atingir determinado objetivo, que, no caso, é o custeio da produção e do produto”. Guerra (2014, p. 229). DESTAQUE Após conhecermos os conceitos de custos diretos e indiretos, bem como os conceitos de custo fixo e variável, podemos afirmar que o custo total de um produto e/ou serviço pode ser calculado a partir das seguintes fórmulas: CT = CD + CI ou CT = Cf +Cv Onde: CT = custo total CD = custo direto CI (CIF) = custo indireto (custo indireto de fabricação) Cf = custo fixo Cv = custo variável Exemplo 1: na empresa que produz celulares, temos em sua composição os seguintes elementos de custos: Custos indiretos de fabricação (CIF) = R$ 12.000,00 Custos diretos de fabricação: matéria-prima (MP) = 110,00 R$/unidade mão de obra direta (MOD) = 45,00 R$/unidade. De posse dessas informações, vamos apurar o custo unitário e o custo total para uma produção de 1.000 unidades e para uma produção de 1.500 unidades. Inicialmente, devemos lembrar que os custos diretos estão relacionados com o volume, portanto, haverá relação com a produção de 1.000 unidades e outra para 1.500 unidades. Já os custos indiretos de fabricação não se alteram. CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 20 Abrindo a fórmula de custos totais para melhor visualizar essa diferenciação, temos a seguinte condição: CT = MP + MOD + CIF (CD + CI ou Cf + Cv) a. Para 1.000 unidades: CFI = R$ 12.000/1.000 unidades = R$ 12,00 por unidade CT = (MP) 110,00 + (MOD) 45,00 + (CFI) 12,00 = 167,00 por unidade Totais de custos = 1.000 x 167,00 = R$ 167.000,00 b. Para 1.500 unidades: CFI = R$ 12.000/1.500 unidades = R$ 8,00 por unidade CT = (MP) 110,00 + (MOD) 45,00 + (CFI) 8,00 = R$ 163,00 unidade Totais de custos = 1.500 x 163,00 = R$ 244.500,00 Podemos observar, a partir do nosso exemplo, que quanto maior a quantidade produzida, menor será o custo fixo/indireto associado à unidade - R$ 12,00 para 1.000 unidades e R$ 8,00 para 1.500 unidades. Quanto ao custo variável/direto, não há alteração na quantidade unitária. OBS: O critério de rateio usado foi quantidade total. 1.1.3 Separação entre Custos e Despesas Vamos recapitular agora a principal diferença entre custos e despesas? De uma maneira bem simples, os gastos relativos ao processo de produção são definidos como custos, e os relativos à administração, às vendas e aos financiamentos são despesas. No Quadro 1.1, apresentado anteriormente, verificamos os conceitos ligados à contabilidade de custos, em detalhes. Mas onde terminam os custos de produção? A regra é simples, basta definirmos o momento em que o produto está pronto para a venda. Até aí, todos os gastos são custos. A partir de então, todos os gastos serão tratados como despesas necessárias para a realização da venda ou receita. Operações Comerciais | UNIDADE 1 21 Figura 1.4 – Separação de custos e despesas. Custos Produtos Acabados Vendas Despesas Fonte: Elaborado pelo Autor. Inicialmente, na apuração dos custos devemos reconhecer os gastos de forma geral e proceder à segregação, ou seja, separá-los em custos, despesas e investimentos. As despesas são transferidas diretamente para a demonstração de resultado, visto que se trata do sacrifício econômico empenhado pela empresa na geração de receita, estando relacionadas com a venda e/ou administração. Os custos são transferidos para o seu centro de custo e para apuração dos mesmos; já os investimentos, devemos ativar. Agora vamos trabalhar especificamente no centro de custo. Lá, procedemos à separação dos custos diretos (aqueles relacionados ao objeto, ou seja, ao produto) e dos custos indiretos. Porém, como estes estão presentes em mais de um produto, devem ser apropriados por rateio, ou seja, distribuídos conforme melhor representa seu consumo (MEGLIORINI, 2012, p.26). Assim, conforme a figura a seguir, podemos observar que após a distribuição dos custos diretos e indiretos e sua associação ao produto, estes serão alocados no estoque. À medida em que realizamos as vendas, ou seja, consumimos os estoques, os custos serão alocados no custeio. Assim sendo, os custos devem passar pelo ativo da empresa, antes da realização do custeio. CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 22 Figura 1.5 – Transferência de custos para o balanço. Custos Diretos Indiretos Estoques Materiais Diretos Produtos em Elaboração Produtos Acabados (-) Custos do DRE CMV CPV CSP (+) Receitas (-) Despesas (=) Resultado Balanço Patrimonial Demonstrativo de Resultado do Exercício Fonte: Santos (1987). 1.1.3.1 Cuidados na Separação entre Custo e Despesas. Devemos observar algumas regras que estão presentes nos Princípios de Contabilidade e nas orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis NBC TG 16 - Estoques com relação à separação entre custos e despesas. São elas: a. Valores irrelevantes devem ser considerados como despesas (princípios do conservadorismo e materialidade); b. Valores relevantes que têm sua maior parte considerada como despesa, com a característica de repetirem-se a cada período, devem ser considerados na sua íntegra (princípio do conservadorismo); c. Valores com rateio extremamente arbitrário também devem ser considerados como despesa do período; d. Gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos podem ter dois tratamentos: como despesas do período em que incorrem, ou como investimento para amortização na forma de custo dos produtos a serem elaborados futuramente. Você quer conhecer a NBC TG 16 - Estoques na íntegra? Leia no link: http://gg.gg/bf1jq. SAIBA MAIS Operações Comerciais | UNIDADE 1 23 1.2 Operações com Mercadorias O ponto fundamental numa empresa comercial são as operações com mercadorias, que representam, obviamente, o núcleo da atividade comercial. Mas antes de aprofundarmos nossos estudos nas operações com mercadorias, devemos ver os aspectos tributários que estão envolvidos nessas transações. 1.2.1 Aspectos Tributários na Compra Nas compras de mercadorias, devemos considerar aspectos tributários relacionados com os chamados impostos recuperáveis, que devem ser compensados nas etapas posteriores, mais precisamente no momento da venda dos produtos. Mas, para fins didáticos, vamos apenas considerar os impostos indiretos, ou seja, aqueles que incidem sobre o preço de venda, tais como: • ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços como impostos, • PIS - Programas de Integração Social e • COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social O custo de um produto é obtido mediante o seguinte cálculo: Valor pago ao fornecedor(-) ICMS (-) PIS (-) COFINS (=) Custo do Material ou Custo da Compra Vamos ver um exemplo? Impostos recuperáveis são aqueles pagos na aquisição de mercadorias e insumos da produção, por ocasião da aquisição desses bens, em contas próprias, classificáveis no ativo circulante, intituladas “IPI a Recuperar” e “ICMS a Recuperar”. GLOSSÁRIO CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 24 Exemplo 2: Uma empresa de revenda de celulares compra 120 aparelhos, cujo preço de aquisição é de R$ 687,29 a unidade, no dia 01/06/20x7. A empresa optou por pagar essa compra a prazo. Descrição Quantidade Valor unitário Total 120 R$ 687,29 R$ 82.474,23 ICMS 18% R$ 14.845,36 PIS 1,65% R$ 1.360,82 COFINS 7,60% R$ 6.268,04 Estoque R$ 60.000,00 COMPRA OBS: Os impostos federais obedecem a legislação tributária sobre regime de tributação do Lucro Real, conforme o Regulamento do Imposto de Renda - RIR 99, (PIS e COFINS). Já o ICMS, sendo um imposto estadual, tem como referência as alíquotas internas de cada estado. Observe o lançamento contábil no livro diário: Seq# Data Nº Conta Título da Conta Grupo Débito Crédito 1 01/06/x7 12 1.1.3.1 Estoque de Mercadorias Ativo R$ 60.000,00 1 01/06/x8 19 1.1.4.3 ICMS a recuperar Ativo R$ 14.845,36 1 01/06/x9 20 1.1.4.4 PIS a recuperar Ativo R$ 1.360,82 1 01/06/x10 21 1.1.4.5 COFINS a recuperar Ativo R$ 6.268,04 1 01/06/x11 59 2.1.1.1 Fornecedores Passivo R$ 82.474,23 OBS: n°, conta e título são usados conforme o plano de contas de cada empresa; no nosso caso, é meramente fictício. O lançamento monstra como devemos extrair os impostos recuperáveis do valor que comporá o custo do estoque, uma vez que eles serão aproveitados no momento da venda; assim, apesar da empresa ter adquirido um aparelho por R$ 687,29, seu custo unitário ficou em R$ 500,00 e esse é o valor que irá a estoque, conforme a ficha de estoque a seguir: FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE Produto: Celular Método: Entradas Saídas Saldos Quant. Preço Un. Total (R$) Quant Preço Un. Total (R$) Quant Preço Un. Total (R$) Saldo Inicial 100 500,00 50.000,00 01/06/x7 120 500,00 60.000,00 220 500,00 110.000,00 Podemos observar que o custo unitário está na coluna de entradas. Na Unidade 2, trabalharemos com detalhamento os tributos indiretos. Operações Comerciais | UNIDADE 1 25 1.2.2 Operação com Mercadorias A Receita com Mercadorias (também chamada de receita bruta) é responsável pela maior parcela do resultado líquido, exceto outras receitas, para as empresas. Descontando-se, é claro, custos operacionais, impostos, as despesas administrativas e vendas, encontraremos o resultado líquido. Figura 1.6 – Operação com mercadorias. = Receita Bruta - Impostos sobre a venda - Custos operacionais - Despesas Adm. e vendas = Resultado Líquido Fonte: Elaborado pelo Autor. 1.2.3 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) Como vimos anteriormente, o CMV é o valor pago pela empresa ao adquirir mercadorias, que posteriormente serão vendidas. É o valor das mercadorias que compõem o estoque de mercadorias para revenda das empresas. Uma forma simplificada de fazermos o cálculo do CMV é utilizando a fórmula abaixo: Existem dois métodos que auxiliam na apuração do CMV. São os eles: Inventário Periódico e Inventário Permanente. 1.2.3.1 Inventário Periódico Este método de avaliação de estoque não mantém o registro contínuo e concomitante na conta Estoque de Mercadorias ao comprar ou vender mercadorias, o que impossibilita o conhecimento do valor do CMV a qualquer momento. Ou seja, ao comprar mercadorias, a empresa não faz o registro de entrada no estoque, assim como, ao vender, também não há o registro de saída. CMV = ESTOQUE INICIAL + COMPRAS - ESTOQUE FINAL CMV = EI + C - EF CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 26 O que a empresa faz para apurar seus estoques neste método é uma contagem física dos estoques, apurando-se nesse momento o estoque final, ou seja, o que ficou remanescente. Exemplo 3: Voltando a nossa empresa de eletrônicos e sua aquisição anterior de celulares, podemos verificar que na ficha de estoque exista um valor inicial de R$ 50.000,00, no primeiro dia do período analisado. Já no dia 01/06/x7, comprou novas mercadorias, conforme consta na ficha de estoque apresentada. Os razonetes das contas serão os seguintes: 60.000,00 Estoque de Mercadorias D 50.000,00 C Compras D C Valores em R$ Passados dois meses, o contador da empresa realizou a contagem física dos estoques para identificar qual o valor do estoque final e chegou ao montante de R$ 30.000,00. As vendas nesse período atingiram um total de R$ 120.000,00. Aplicando a fórmula estudada anteriormente, podemos dizer que o custo das mercadorias vendidas foi de: CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque Final CMV = EI + CO - EF CMV = R$ 50.000,00 + R$ 60.000,00 - R$ 30.000,00 CMV = R$ 80.000,00 Realizada a contabilização, a diretoria da empresa deseja saber o valor obtido no Resultado com Mercadorias (RCM). Para isso, confrontamos o valor das Receitas com Vendas e do CMV. Logo, o RCM será: RCM = VENDA DE MERCADORIA - CMV RCM = R$ 120.000,00 - R$ 80.000,00 = R$40.000,00 Vamos observar a movimentação no livro razão? Operações Comerciais | UNIDADE 1 27 Estoque de Mercadorias D 50.000,00 50.000,00 C sd sf (3) (4) 30.000,00 30.000,00 Compras D 60.000,00 60.000,00 50.000,00 80.000,00 Valores em R$ 60.000,00 30.000,00 C (1) (2) Vendas de Mercadorias D 120.000,00 C CMV D C (2) (3) (4) COMPRAS = AQUISIÇÃO - DEVOLUÇÕES - ABATIMENTOS Vejamos agora outro evento nas compras de mercadorias, a possível existência de devoluções e abatimentos junto aos fornecedores. Considerando o exemplo anterior, imagine que, antes do encerramento do período, houve uma devolução de compra no valor de R$ 8.000,00 e, por conta desse transtorno, recebemos um abatimento nas compras de R$ 1.000,00 pois algumas mercadorias compradas vieram fora do padrão. O procedimento a adotar é: fazer o registro a crédito em suas respectivas contas - devoluções de compras e abatimentos, e depois esses valores para a conta compras. O valor do estoque final será de R$ 50.000. CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 28 Estoque de Mercadorias D 50.000,00 50.000,00 C sd sf (3) (4) 30.000,00 30.000,00 Compras D 60.000,00 60.000,00 50.000,00 80.000,00 60.000,00 30.000,00 C (1) (2) Vendas de Mercadorias D 120.000,00 C CMV D C (2) (3) (4) 1.000,00 Valores em R$ Devolução de Compras D 8.000,00 C Abatimento de Compras D C (3)(2) Logo, o valor das compras foi de: Compras = Aquisição - Devolução - Abatimento Compras = R$ 60.000,00 - R$ 8.000,00 - R$ 1.000,00 Compras = R$ 51.000,00 Levando em consideração o valor do estoque inicial, das compras e do estoque final, obtivemos um CMV de: CMV = Estoque Inicial + Compras - Estoque final CMV = R$50.000,00 + R$ 51.000,00 - R$ 30.000,00 = R$ 71.000,00 Operações Comerciais | UNIDADE 1 29 Considerando o valor obtido do CMV, o Resultado com Mercadorias foi de: RCM = VENDA DE MERCADORIA - CMV RCM = R$ 120.000,00 - R$ 71.000,00 = R$ 49.000,00 As contrapartidas de compras, vendas, devoluções e abatimentos foram suprimidas com intuito de apresentar o foco do nosso estudo: o cálculo do valor do CMV e do RCM de forma simplificada. 1.2.3.2 Inventário Permanente Na avaliação de estoque pelo método permanente há o registro contínuo na conta Estoque de Mercadorias. Toda vez que ocorrer uma compra, será realizado um registro de entrada nessa conta, bem como, quando houver uma venda, será registrada a baixa da mercadoria. Dessa forma, a qualquer momento, a empresa conhecerá o valor referente ao custo da mercadoria vendida. O inventário permanente utiliza fichas de controle para o registro contínuo das entradas e saídas do estoque, o que facilita a evidenciação do saldo da conta contábil. No registro de uma venda, ocorre três lançamentoscontábeis: 1. O registro da venda em si, que representa o aspecto financeiro: o recebimento do dinheiro ou direito a receber; D – Caixa/Contas a receber C – Receita com Vendas 2. O reconhecimento dos impostos sobre a venda, representação fiscal e seu provisionamento na conta de impostos a recolher; D – ICMS sobre venda C – ICMS a recolher D – PIS sobre venda C – PIS a recolher D – COFINS sobre venda C – COFINS a recolher 3. A baixa da mercadoria vendida do estoque, representação da apuração de custos, já que agora a mercadoria pertence ao comprador. D – CMV C – Estoque CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 30 Como vimos anteriormente, o controle do estoque no inventário permanente nos permite manter sempre atualizado o saldo da conta estoque de mercadoria, pois a cada compra ou venda o registro é contabilizado. As contas receita com vendas e o CMV também estão atualizadas, pois sempre que houver uma venda, acontecem seus devidos registros contábeis. O controle no inventário permanente é realizado por meio de fichas de controle, nas quais cada empresa poderá estruturar a forma de apuração mais adequada à realidade enfrentada. Vamos ver agora um exemplo prático mantendo como referência a empresa de comércio de eletrônicos, mas podemos afirmar que essa movimentação acontece no dia a dia das empresas. No mês de junho, ocorreu a seguinte movimentação em seu estoque (lembrando que buscamos entender a movimentação de estoque propriamente dita). Histórico de movimentações: 01/06/20x7 – O estoque inicial de mercadoria, o valor de R$ 110.000,00, era composto por 220 unidades de celulares, cada um no valor de R$ 500,00. 05/06/20x7 - Venda à vista de 2 unidades por R$ 1.600,00 (sem impostos). 07/06/20x7– Compra à vista de 15 unidades por R$ 687,29 cada (já sem impostos). 08/06/20x7– Venda à vista de 20 unidades por R$ 1.350,00. O registro no Livro Diário ocorrerá do seguinte modo: 01/06/20x7 - O saldo inicial do estoque já estará registrado na conta (sem impostos). 05/06/20x7 - Vamos agora realizar os cálculos referente à venda (seq 10). Descrição Quantidade Valor unitário Total 2 R$ 1.600,00 R$ 3.200,00 ICMS 18% R$ 576,00 PIS 1,65% R$ 52,80 COFINS 7,60% R$ 243,20 Estoque R$ 1.000,00 VENDA 10.1- Registro da receita (Preço de venda x quantidade) 10.2- Registro das obrigações fiscais (Preço de venda x alíquota) 10.3- registro dos custos - CMV (origem ficha de estoque) Operações Comerciais | UNIDADE 1 31 Lançamento no livro diário Seq# Data Nº Conta Título da Conta Grupo Débito (R$) Crédito (R$) 10.1 05/06/x7 4 1.1.1.1 Caixa Ativo 3.200,00 05/06/x7 114 3.1.2.1 Venda de Diversas Resultado 3.200,00 10.2 05/06/x7 120 3.2.2.1 ICMS sobre vendas Resultado 576,00 05/06/x7 75 2.1.4.1 ICMS a recolher Passivo 576,00 05/06/x7 122 3.2.2.3 PIS sobre vendas Resultado 52,80 05/06/x7 76 2.1.4.2 PIS a recolher Passivo 52,80 05/06/x7 121 3.2.2.2 COFINS sobre vendas Resultado 243,20 05/06/x7 77 2.1.4.3 COFINS a recolher Passivo 243,20 10.3 05/06/x7 126 3.4.1 Custo da Mercadoria Vendida Resultado R$ 1.000,00 05/06/x7 12 1.1.3.1 Estoque de Mercadorias Ativo 1.000,00 07/06/20x7– Compra à vista de 15 unidades por 687,29 cada, sem impostos. (seq 11) Procedimento de cálculos para realização da compra - seq. 11 Descrição Quantidade Valor unitário Total 15 R$ 687,00 R$ 10.309,28 ICMS 18% R$ 1.855,67 PIS 1,65% R$ 170,10 COFINS 7,60% R$ 783,50 Estoque R$ 7.500,00 COMPRA Seq# Data Nº Conta Título da Conta Grupo Débito (R$) Crédito (R$) 11 07/06/x7 12 1.1.3.1 Estoque de Mercadorias Ativo 7.500,00 07/06/x7 19 1.1.4.3 ICMS a recuperar Ativo 1.855,67 07/06/x7 20 1.1.4.4 PIS a recuperar Ativo 170,10 07/06/x7 21 1.1.4.5 COFINS a recuperar Ativo 783,50 07/06/x7 58 2.1.1 Fornecedores Passivo 10.309,28 CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 32 08/06/20x7– Venda à vista de 20 unidades por R$ 1.350,00. (seq 12) Procedimento: cálculo para realização da venda - seq. 12 Descrição Quantidade Valor unitário Total 20 R$ 1.350,00 R$ 27.000,00 ICMS 18% R$ 4.860,00 PIS 1,65% R$ 445,50 COFINS 7,60% R$ 2.052,00 Estoque R$ 10.000,00 VENDA 12.1- Registro da receita (Preço de venda x quantidade) 12.2- Registro das obrigações fiscais (Preço de venda x alíquota) 12.3- registro dos custos - CMV (origem ficha de estoque) Lançamento no livro diário Seq# Data Nº Conta Título da Conta Grupo Débito Crédito 12 08/06/x7 4 1.1.1.1 Caixa Ativo R$ 27.000,00 08/06/x7 114 3.1.2.1 Venda de Diversas Resultado R$ 27.000,00 12.2 08/06/x7 120 3.2.2.1 ICMS sobre vendas Resultado R$ 4.860,00 08/06/x7 75 2.1.4.1 ICMS a recolher Passivo R$ 4.860,00 08/06/x7 122 3.2.2.3 PIS sobre vendas Resultado R$ 445,50 08/06/x7 76 2.1.4.2 PIS a recolher Passivo R$ 445,50 08/06/x7 121 3.2.2.2 COFINS sobre vendas Resultado R$ 2.052,00 08/06/x7 77 2.1.4.3 COFINS a recolher Passivo R$ 2.052,00 12.3 08/06/x7 126 3.4.1 Custo da Mercadoria Vendida Resultado R$ 10.000,00 08/06/x7 12 1.1.3.1 Estoque de Mercadorias Ativo R$ 10.000,00 Após realizarmos os lançamentos no livro diário, podemos observar os reflexos no livro razão, conforme os razonetes a seguir: Operações Comerciais | UNIDADE 1 33 Caixa D 3.200,00 C 10.1 11 10.2 30.200,00 27.000,00 Estoque de Mercadorias D 50.000,00 60.000,00 117.500,00 106.500,00 7.500,00 1.000,00 11.000,00 11.000,00 1.000,00 10.000,00 11.000,00 C sd ex 11 10.3 ICMS a recuperar D 1.855,67 1.855,67 C CMV D C 10.3 12.3 170,10 170,10 Valores em R$ COFINS a recuperar D 783,50 783,50 C PIS a recuperar D C 1111 ICMS a recolher D 576,00 4.860,00 5.436,00 576,00 4.860,00 5.436,00 C ICMS sobre vendas D C 10.2 12.2 52,80 445,50 10.2 12.2 Valores em R$ PIS a recolher D C PIS sobre vendas D C 3.200,00 27.000,00 30.200,00 Fornecedores D 10.309,28 10.309,28 C Venda de Mercadorias D C 10.2 12.2 52,80 445,50 498,30 498,30 10.2 12.2 243,20 2.052,00 10.2 12.2 COFINS a recolher D C COFINS sobre vendas D C 243,20 2.052,00 2.295,20 2.295,20 10.2 12.2 10.1 12.1 CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 34 ICMS a recolher D 576,00 4.860,00 5.436,00 576,00 4.860,00 5.436,00 C ICMS sobre vendas D C 10.2 12.2 52,80 445,50 10.2 12.2 Valores em R$ PIS a recolher D C PIS sobre vendas D C 3.200,00 27.000,00 30.200,00 Fornecedores D 10.309,28 10.309,28 C Venda de Mercadorias D C 10.2 12.2 52,80 445,50 498,30 498,30 10.2 12.2 243,20 2.052,00 10.2 12.2 COFINS a recolher D C COFINS sobre vendas D C 243,20 2.052,00 2.295,20 2.295,20 10.2 12.2 10.1 12.1 Verifique que a movimentação da ficha de estoque deve refletir os razonetes do estoque, onde as entradas representam os débitos, e os créditos representam as saídas nas fichas de estoque. FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE Produto: Celular Método: Entradas Saídas Saldos Quant. Preço Un. Total (R$) Quant Preço Un. Total (R$) Quant Preço Un. Total (R$) Saldo Inicial 100 500,00 50.000,00 01/06/x7 120 500,00 60.000,00 220 500,00 110.000,00 05/06/x7 - seq. 10.3 2 500,00 1.000,00 218 500,00 109.000,00 07/06/x7 - seq. 11 15 500,00 7.500,00 233 500,00 116.500,00 08/06/x7 - seq. 12 20 500,00 10.000,00 500,00 106.500,00 Quando comparamos a ficha de estoque do inventário permanente com o razonete estoque, devemos encontrar os mesmos saldos, ou seja, um é o espelho do outro. DESTAQUE Operações Comerciais | UNIDADE 1 35 1.2.3.3 Métodos de Avaliação de Estoque As empresas efetuam compras de insumos de acordo com suas necessidades, geralmente em conformidade com suas políticas de estoque. Alguns materiais são adquiridos com frequência, podendo ser comprados em diferentes datas e de diferentes fornecedores e, portanto, os preços e condições de pagamento podem variar. Considerando essa diversidade de situações, é provável que exista no estoque várias unidades do mesmo insumo com custo de aquisição diferente. Então quando requisitamosum insumo para consumo, qual custo devemos considerar quando formos dar baixa no estoque? O mais recente, o mais antigo ou uma média de ambos? Enfim, qual custo deverá ser atribuído a esse item na formulação do produto final? E qual será o saldo remanescente na conta estoque ao final das transações? Para resolver essas questões, foram criados alguns métodos de avaliação dos estoques, onde os mais utilizados são: PEPS, UEPS e o Custo Médio. Vamos ver a seguir como se aplica cada um deles? a. PEPS ou FIFO (primeiro que entra, primeiro que sai ou first in, first out) No método PEPS, nós usamos o custo do lote de compra mais antigo que entrou no estoque quando da venda da mercadoria até que se esgotem as quantidades deste no estoque, daí partimos para o segundo lote mais antigo e assim sucessivamente (Megliorini, 2012). No Brasil, esse método é aceito pelo fisco e também está de acordo com o CPC 16. Vamos usar o exemplo da nossa empresa de comércio de equipamento eletrônicos novamente e verificar como se comporta o controle de estoque de celulares através do método de avaliação PEPS. Mas não esqueça, vamos observar apenas a movimentação na ficha de estoque, portanto usaremos os valores sem os impostos. As operações comerciais realizadas pela loja de equipamentos eletrônicos em agosto de 20x7 foram: 01/08/x7 - Aquisição de 10 aparelhos de celular por R$ 500,00. 02/08/x7- Aquisição de 10 aparelhos de celular por R$ 600,00. 03/08/x7- Venda de 10 aparelhos de celular por R$ 1.200,00. CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 36 FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE Produto: Celular Método: Entradas Saídas Saldos Quant. Preço Un. Total (R$) Quant. Preço Un. Total (R$) Quant. Preço Un. Total (R$) 01/08/x7 10 500 5.000,00 10 500,00 5.000,00 2/08/X7 10 600 6.000,00 10 500,00 5.000,00 10 600,00 6.000,00 20 11.000,00 03/02/X1 10 500,00 5.000,00 100 600,00 6.000,00 CMV = R$ 5.000,00 Estoque Final = R$ 6.000,00 Como podemos verificar, no momento da venda da mercadoria, o valor das unidades que saíram do estoque é o valor das primeiras unidades que entraram no estoque (R$ 500,00 por unidade), ou seja, a formação do custo da mercadoria vendida é baixado por data entrada - primeiro que entra deve ser o primeiro a sair. As desvantagens da utilização desse método são: • é necessário analisar vários lotes para sabermos sempre o custo do mais antigo e isso, na prática, muitas vezes, pode ser inviável; • existe uma tendência de que sempre as primeiras compras possuam um custo mais baixo e, com o decorrer do tempo, o valor dos estoques aumentem em valor devido à inflação. Nesse caso, o PEPS provocará o cálculo de um estoque com valor mais alto, um custo mais baixo e um lucro maior, fazendo com que a empresa pague mais impostos e mais dividendos aos seus acionistas. b. UEPS ou LIFO (último a entrar, primeiro a sair ou last-in, first-out) A apuração do custo do estoque leva em conta as unidades recentemente adicionadas no controle de entradas, ou seja, nós usamos o custo do lote mais recente quando da venda da mercadoria até que se esgotem as quantidades desse estoque, daí partimos para o segundo lote mais recente e assim sucessivamente. (Megliorini, 2012). Ressalta-se que este método é utilizado apenas para fins gerenciais, não sendo aceito pela legislação fiscal nem pelas normas contábeis. Vamos voltar ao nosso exemplo do comércio de eletrônicos agora para aplicar esse novo método de avaliação de estoque, o UEPS, para o controle Operações Comerciais | UNIDADE 1 37 de estoque de aparelhos de celular. Mantendo as mesmas operações comerciais produzidas pela papelaria em agosto de 20x7: 01/08/x7 - Aquisição de 10 aparelhos de celular por R$ 500,00 p/ unidade. 02/08/x7 - Aquisição de 10 aparelhos de celular por R$ 600,00 p/ unidade. 03/08/x7 - Venda de 10 aparelhos de celular por R$ 1.200,00 p/ unidade. FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE Produto: Celular Método: Entradas Saídas Saldos Quant. Preço Un. Total (R$) Quant. Preço Un. Total (R$) Quant. Preço Un. Total (R$) 01/08/x7 10 500,00 5.000,00 10 500,00 5.000,00 2/08/X7 10 600,00 6.000,00 10 500,00 5.000,00 10 600,00 6.000,00 20 11.000,00 03/08/X7 10 600,00 6.000,00 10 500,00 5.000,00 CMV = R$ 6.000,00 Estoque Final = R$ 5.000,00 Como podemos verificar, no momento da venda da mercadoria, o valor que saiu do estoque é o valor da última entrada no estoque (R$ 600,00 por unidade), ou seja, a formação do custo dos produtos vendidos é dada pela baixa da última aquisição usando o valor mais atualizado. As desvantagens do método UEPS são: • em períodos de alta de preços, as compras mais recentes, e portanto, com preços maiores, são apropriadas mais rapidamente à produção, reduzindo o lucro, e é justamente por esse motivo que o método UEPS não é aceito pelo fisco brasileiro; • o argumento mais generalizado em favor do UEPS é o de que procura determinar se a empresa apurou, ou não, adequadamente, seus custos correntes em face da sua receita corrente. De acordo com o UEPS, o estoque é avaliado em termos do nível de preço da época. c. Custo médio ou Custo médio ponderado Esse método, também chamado de método da média ponderada ou média móvel, baseia-se na aplicação dos custos médios em lugar dos custos efetivos. O método do custo médio é aceito pelo fisco e usado amplamente nas empresas brasileiras. O custo médio ponderado é um método de CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 38 avaliação de estoques aceito tanto pelo Regulamento do Imposto de Renda (RIR), ou seja, pelo Fisco, quanto pelas normas contábeis. Quando se utiliza essa metodologia, não é necessário controlar cada entrada do estoque, como ocorre quando são empregados os métodos UEPS e PEPS, pois as requisições de insumos aos estoques são valorizadas pelo custo médio existente no momento da retirada do material no estoque. O custo ponderado médio é recomendado para itens de estoque com grande movimentação. Nele é feito um controle permanente do estoque. A cada nova entrada de insumos, apuram-se os saldos em valor e em quantidade através do cálculo do custo médio unitário. Voltando agora ao nosso exemplo do comércio de eletrônicos e aplicando a avaliação de estoque por média ponderada para controle de estoque de aparelhos de celular e mantendo as mesmas as operações comerciais produzidas pela loja em agosto de 20x7: 01/08/x7 - Aquisição de 10 aparelhos de celular por R$ 500,00 p/ unidade. 02/08/x7- Aquisição de 10 aparelhos de celular por R$ 600,00 p/ unidade. 03/08/x7- Venda de 10 aparelhos de celular por R$ 1.200,00 p/ unidade. FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE Produto: Celular Método: Entradas Saídas Saldos Quant. Preço Un. Total (R$) Quant. Preço Un. Total (R$) Quant. Preço Un. Total (R$) 01/08/x7 10 500,00 5.000,00 10 500,00 5.000,00 2/08/X7 10 600,00 6.000,00 10 500,00 5.000,00 10 600,00 6.000,00 20 550,00 11.000,00 03/08/X7 10 550,00 5.500,00 10 550,00 5.000,00 CMV = R$ 5.500,00 Estoque Final = R$ 5.500,00 Vejamos agora a diferença dos valores do CMV e do Lucro Bruto utilizando os três métodos na tabela a seguir: Método Venda CMV Lucro Bruto PEPS R$ 12.000,00 R$ 5.000,00 R$ 7.000,00 UEPS R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 Média Ponderada R$ 5.500,00 R$ 7.500,00 Operações Comerciais | UNIDADE 1 39 Podemos observar na tabela uma grande diferença no valor do lucro bruto apurado. Como os tributos diretos (IR/CSLL) são calculados a partir desse valor, quanto menor for o lucro, menor será arrecadação de impostos pela Receita Federal e, por esse motivo, o método UEPS é proibido no Brasil, mas válido em outros países. Já a Média Ponderada e PEPS são aceitos pela Receita Federal do Brasil. A forma de avaliação de estoque que a empresa escolhe impacta diretamente o seu resultado líquido, postergando ou antecipando impostos. A legislação brasileira não permite que as empresas alterem a forma de avaliação de estoque a qualquer tempo.Toda alteração na avaliação de estoque deve ser informada nas notas explicativas do Balanço Patrimonial, conforme o CPC 26 - Apresentação das Demonstrações Contábeis e no CPC 16 - Estoques. CONTABILIDADE COMERCIAL | Alexsandro Lopes e Adriana Machado Matte 40 SÍNTESE DA UNIDADE Nesta unidade, tivemos a oportunidade de conhecer os principais conceitos e diferenças entre custos e despesas. São eles: • Gastos – conceito relacionado a questões genéricas do consumo; • Desembolso – relacionado à forma de pagamento; • Custos dos produtos - conceito relacionado aos recursos aplicados na produção, distribuição e comercialização dos produtos e são divididos em: Custos fixos e variáveis; Custos diretos e indiretos. • Despesas – Gastos não atribuídos aos custos, ou seja, sacrifício aos recursos da empresa para administrar e operacionar a venda. Também aprendemos e desenvolvemos os métodos de avaliação de estoques, por meio de fichas de estoque. • PEPS; • UEPS; • Média ponderada. Operações Comerciais | UNIDADE 1 41 REFERÊNCIAS ABRANTES, F. M. G. de; MARIOTO, S. L.. Método de custeio baseado na atividade – ABC. Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas, v. 12, n. 16, 2008. GUERRA, L. G.. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 2014. MARTINS, E.. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003. MEGLIORINI, E.. Custos: análise e gestão. 3.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. SANTOS, J.J. dos. Análise de custos: enfoque gerencial. São Paulo: Atlas,1987. Se você encontrar algum problema nesse material, entre em contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o que você encontrou e indique a página. Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos! CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO Av. Victor Barreto, 2288 Canoas - RS CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 ead@unilasalle.edu.br
Compartilhar