Buscar

unidade Mercado Financeiro e de Capitais

Prévia do material em texto

unidade 
1
Mário Jaime de Lima
Moisés Waismann
(Orgs.)
E DE CAPITAIS
Mercado Financeiro
Mercados Eficientes
Prezado estudante,
Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram 
organizados com cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo 
completo e atualizado tanto quanto possível. Leia com dedicação, realize as atividades e 
tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você, com certeza, alcançará os objetivos 
propostos para essa disciplina.
OBJETIVO GERAL 
Compreender os conceitos sobre o mercado e a Bolsa de Valores.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Analisar as hipóteses de mercados eficientes; 
• Compreender articulando o mercado financeiro e a bolsa de valores; 
• Perceber o funcionamento da bolsa de valores.
QUESTÕES CONTEXTUAIS
1. O que são os mercados eficientes?
2. Qual é a hipótese dos mercados eficientes?
3. Como podem ser classificados os níveis de eficiência?
4. Quais são os tipos de eficiência, de acordo com os tipos de informações?
unidade 
1
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima10
1.1 Introdução
O mercado de capitais, parte integrante do mercado financeiro, é importante para que 
a economia tenha índices de crescimento. Esse mercado apresenta-se avançado nos países 
mais desenvolvidos. Logo, parte-se do pressuposto que o mercado de capitais possua um 
comportamento eficiente.
Em economia, os mercados são os locais onde ocorrem as transações, sejam elas 
física ou financeiras. Assim, diante de um aspecto tradicional, os mercados são considerados 
eficientes, quando os preços são formados pela livre relação existente entre a oferta e 
demanda, definindo assim o valor monetário pelo qual serão negociadas as mercadorias, 
conforme Pindyck (2006). Quando o mercado estabelece essa eficiência, o seu respectivo 
preço estará com tendência ao equilíbrio, em que a oferta dos produtos será igual a demanda. 
Neste ponto, o preço é chamado de preço de equilíbrio. 
Neste mercado, a eficiência é dada pela Teoria da Mão Invisível de Adam Smith, em 
que o preço é formado pela interação da oferta e demanda pelo bem. Havendo qualquer 
mecanismo de ajuste, pode haver preço justo, mas não um preço eficiente de mercado.
Figura 1.1 – Preço eficiente implica liberdade do mercado.
Fonte: Pixabay (2019).
Para que você compreenda o que significa a teoria criada por Adam Smith, 
leia a matéria “Entenda de uma vez: o que é a “mão invisível do mercado?”, 
da Revista Superinteressante. O link está aqui http://gg.gg/eyl45.
SAIBA MAIS
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 11
Pindyck (2006), ao analisar a teoria microeconômica, afirma que um mercado só 
poderá ser eficiente se não houver influência de forças externas. Podem ser consideradas 
como forças externas as interferências do Estado, uma vez que o mercado é livre para 
formar o preço de negociação do produto. No livre mercado, o preço sempre será resultado 
das forças de negociação entre ofertantes e demandantes, ajustando por si só os excessos, 
sendo este mercado eficiente.
Já na macroeconomia, o Estado age como um agente distributivo, que evita que o 
livre mercado determine um preço muito alto. Assim, sob esta ótica, o mercado não age 
sempre de forma eficiente, pois pode haver falhas nas informações, fazendo com que o 
Estado seja um agente regulador. 
Para avançarmos no estudo dos mercados financeiros, devemos compreender o 
funcionamento do mercado monetário. No mercado monetário, a eficiência está sendo 
definida pelas informações disponíveis que os agentes têm para determinar uma transação, 
seja no mercado produtivo ou financeiro. Nesse caso, temos a hipótese das expectativas 
racionais, onde os agentes têm toda a informação disponível e não cometem erros, o que 
consideramos a existência de um mercado eficiente. 
Se os agentes não possuírem todas as informações, ocorrerá erro, isto é, o mercado 
agiu de forma ineficiente por falhas nas informações necessárias. Em outras palavras, os 
erros dos agentes são frutos de um processo de informação assimétrica, formada pelas 
expectativas, sendo que este processo leva à ineficiência do mercado. Sendo assim, o que 
determina a eficiência são as informações disponíveis que os agentes possuem, de acordo 
com Mishkin (2000).
Partindo para o mercado de capitais, pode-se afirmar que a teoria do mercado 
eficiente é fundamental nos estudo das teorias financeiras. De acordo com Cova (2011, 
p.3), a hipótese do mercado eficiente (HME) relata que “um mercado seria eficiente se 
toda e qualquer informação nova e relevante, que impacte nas decisões, for imediatamente 
refletida no preço dos ativos”.
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima12
1.2 Hipótese do Mercado Eficiente (HME)
Cova (2011) afirma que a hipótese do mercado eficiente é fundamental para estabelecer 
uma decisão estratégica na hora da negociação econômica e financeira. Isto é, a eficiência 
está na definição de uma decisão que busca maximizar a relação retorno/risco. 
Para o autor, essa hipótese faz com que os preços de mercados reflitam os preços dos 
ativos, sendo este um valor justo para negócios. Em caso de ocorrer uma ineficiência, este 
preço de equilíbrio no mercado financeiro não será justo. Dessa forma, todas as avaliações 
e informações que o agente financeiro obtiver serão fundamentais para a definição do preço 
do ativo e, fazendo isso, o mercado age de forma eficiente.
Figura 1.2 – Informação é fundamental para definição do preço.
Fonte: Pixabay (2019).
A teoria da hipótese do mercado eficiente teve sua formulação originada com Eugene 
Fama em 1970. O autor buscava explicar que os mercados reais são eficientes, concluindo 
que a disponibilidade de informações confere poder significativo nas negociações. Em seus 
estudos, Junior e Ikeda (2004) trazem, ainda, uma definição clássica, ao explicar que o preço 
negociado contém todas as informações disponíveis acerca do ativo. Dessa forma, não se 
conseguirá obter lucros anormais, porque os preços contêm essa informação. Ainda, Junior 
e Ikeda (2004) afirmam que esta hipótese é tema central nos estudos de finanças modernas.
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 13
Figura 1.3 – Eugene Fama é considerado o pai da hipótese do mercado eficiente.
Fonte: Wkimedia Commons (2019).
1.2.1 Fundamentações Teóricas da HME
Na hipótese do mercado eficiente, podemos notar que as informações estão todas 
disponíveis, formando o preço de negociação dos ativos financeiros. Devemos levar em 
consideração que Assaf Neto (2015) relata que nenhum investidor influencia preço sozinho, 
apenas em conjunto. Para isso, existem três fundamentações básicas, que são:
• Os agentes financeiros são racionais: têm a base na expectativa racional da teoria 
monetária, onde as decisões são tomadas de forma racional, porque possuem todas 
as informações e, dessa forma, avaliam os ativos racionalmente, sem risco. Ou 
seja, maximizam o retorno esperado pelo ativo minimizando o máximo possível ou 
eliminando o risco do ativo.
• Negociações no mercado financeiro de forma aleatória: este é o caso de investidores 
que agem de forma irracional, pois eles não possuem todas as informações 
disponíveis ou suspeitam de falta de informação. Sua participação neste mercado é 
dita aleatório (eventualmente) e, nesse caso, sua participação não afeta o preço do 
ativo negociado.
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima14
• Participação similar entre agentes financeiros racionais e irracionais: conseguem 
eliminar a influência sobre os preços, necessitando de novas informações acerca do 
ativo.
Junior e Ikeda (2004) relatam que o argumento da racionalidade está diretamente 
relacionado ao valor fundamental de cada ativo, sendo que novas informações agregam 
valor sobre este preço, elevando-o quando as informações são boas (positivas) e reduzindo-o 
caso sejam notícias ruins.
Isso é o que Eugene Fama previu em 1970: “os preços dos ativos incorporam todas 
as informações quase que imediatamente,ajustando-se a novos níveis correspondentes 
aos novos valores presentes dos fluxos de caixa” (JUNIOR E IKEDA, 2004, p.2). A figura 
a seguir mostra, de forma sintética, a formação de preços em um mercado de capitais 
eficiente. Veja na próxima figura:
Existem agentes econômicos que não acreditam que todas as informações 
estão disponíveis. Dessa forma, além das antigas informações, ele necessita 
de novas, para que todas sejam analisadas para uma melhor tomada de 
decisão. A ausência completa de informações, segundo esses agentes, 
poderá ocasionar uma imperfeição de mercado.
DESTAQUE
Valor fundamental do ativo: é o valor presente dos fluxos de caixa, não 
considerando o seu risco.
GLOSSÁRIO
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 15
Figura 1.4 – Hipótese do mercado eficiente.
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Assim, segundo Assaf Neto (2015), o preço de uma ação, considerando a hipótese 
do mercado eficiente, é o reflexo do comportamento de seus agentes quanto ao desempenho 
esperado do ativo financeiro a ser negociado na bolsa de valores.
Diante dos pressupostos do mercado financeiro, podemos afirmar que os 
investidores, ao atuarem neste mercado possuem preferências, sendo estas construídas 
pelas expectativas racionais, igual acesso ao mercado e às informações disponíveis, pois 
nenhum de seus participantes, sozinho, tem o poder de mudar o preço do ativo. Isto é, os 
agentes são capazes de acionar todas as informações disponíveis da melhor forma possível.
1.2.2 Níveis ou Tipos de Eficiência
O mercado prevê a formação de preço dos ativos, sendo esta uma resposta 
imediata às informações disponíveis. Frente a isso, existem vários tipos de eficiências, 
que detalharemos a seguir. Vamos considerar que esta eficiência não leve em consideração 
apenas o mercado em si, mas o grupo de investidores que atuaram neste mercado. 
Se considerarmos o mercado de ações, é improvável que todos sejam eficientes, como já 
mencionamos anteriormente, mas devemos considerar todas as informações relevantes 
disponíveis aos agentes para a tomada de decisão, o que, por si, refletirá no preço a ser 
transacionado no mercado de capitais. Nesse contexto, temos os níveis ou tipos de eficiência 
apresentados por Eugene Fama, vistos em Cova (2011).
Agente
Racional
“VP fluxos 
de caixa”
Novas
informações
(Boas ou ruins)
Afeta o preço do
ativo quase 
imediatamente
“Confirma a HME”
Hipótese do Mercado Eficiente
Titulos são corretamente precificados;
rápida resposta do mercado aos 
preços dos ativos 
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima16
1. Eficiência fraca: os preços correntes refletem as informações passadas. Logo, 
qualquer informação passada é útil para a definição de estratégias. 
2. Eficiência semiforte: neste caso, as informações disponibilizadas ao público, isto 
é, as notícias, refletem no ajuste dos preços das ações. Destacamos que estudo das 
análises das demonstrações contábeis não influencia a formação de preços, pois 
este é determinado pelas notícias ruins ou boas.
3. Eficiência forte: o preço é formado por todas as informações públicas e por 
todas mantidas em privacidade. Isso faz com que o investidor obtenha retornos 
extraordinários nas negociações no mercado de ações. As informações privadas 
consistem no estudo das estruturas contábeis, tendo uma ampla análise do ativo 
a ser transacionado, influenciando a sua formação de preço e diminuindo o risco.
Em termos matemáticos, podemos dizer que a eficiência forte tem todas as demais 
incluídas, uma vez que seu preço de mercado é composto pelas informações passadas, 
pelo retorno esperado e por um componente aleatório. 
Matematicamente, podemos considerar: Pt = Pt-1 + Retorno esperado + ε
Assim, analisando essa equação, vemos que o componente aleatório (ε) reflete as 
novas informações a respeito deste ativo. Essas informações podem ser de caráter público, 
sejam positivas ou negativas. Já o retorno esperado corresponde ao risco correspondente 
a sua aquisição no mercado de capitais, que incluem informações privadas, que foram 
estudadas e analisada pelo agente (investidor). Estes dois termos (componente aleatório 
e retorno esperado) agregam um diferencial, uma estratégia de investimento, o ganho 
supramencionado. 
Antes de transacionar um ativo financeiro, é imprescindível uma análise financeira 
minuciosa, a fim de se reduzir o risco. Para isso, é importante levar em consideração todas 
as informações disponíveis: as notícias ou informações públicas e o maior número possível 
de informações privadas.
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 17
1.2.3 Desenvolvimento da Hipótese do Mercado Eficiente
Considerado o fundador da matemática financeira e um dos precursores da 
abordagem moderna das probabilidades, Louis Bachelier empregou, em 1900, um método 
estocástico de analisar retornos de ativos das ações e títulos. Seu estudo, referido em 
Cova (2011), foi revolucionário, mas acabou sendo esquecido e ignorado naquela época. 
Bachelier levou em consideração três propriedades, sendo elas:
distribuição da probabilidade dos valores futuros dependente apenas 
do valor corrente; distribuição de probabilidade de variação ao longo 
de um intervalo de tempo sendo independente de qualquer outro; as 
variações de um processo dentro de um intervalo de tempo, aumenta-se 
linearmente com o intervalo de tempo (COVA, 2011, p.27).
A base da hipótese do mercado eficiente está na teoria da racionalidade dos agentes 
econômicos, desenvolvida pelo economista financeiro americano Paul Cootner em 1964, 
mas formalizada por Eugene Fama na década de 1970. Defensores desta teoria afirmam 
Vamos entender os processos de eficiência com dois exemplos práticos:
Exemplo 1: o que acontece com o preço de uma ação de uma companhia 
se esta decide publicar um anúncio de ganhos em um jornal de grande 
circulação?
Resposta: esta informação é pública e isso acaba refletindo no componente 
aleatório. Neste caso, a notícia é de ganhos e temos uma elevação do preço 
da ação, isto é, o novo preço será maior que o preço atual de mercado.
Exemplo 2: o investidor “A” possui informações privadas a respeito de uma 
companhia, e o investidor “B” não as possui. Porém, ambos investidores 
possuem as notícias públicas, que são positivas, pois a empresa elevou seu 
capital. Com base nisso, qual dos investidores, “A” ou “B”, teria capacidade 
de obter um preço de transação maior? 
Resposta: com base na teoria da eficiência forte, as informações públicas e 
privadas levam a um preço maior na transação. Sendo assim, o investidor 
“A” terá preço maior por obter um privilégio, já que ele possui informações 
privadas a respeito da companhia, que o investidor “B” não tem. Este 
investidor “A” tem um ganho extraordinário, o que não tem o investidor “B”.
DESTAQUE
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima18
que os preços só se movem em virtude de novas informações. Sendo assim, não podem 
antecipar os movimentos do mercado. Para esses estudiosos, existe a crença de que, na 
HME, os preços são justos e que os movimentos são notícias inesperadas.
Os críticos deste modelo afirmam que existe uma possibilidade do “investidor 
racional” não ser realista, isto é, não ter um comportamento de acordo com a racionalidade 
econômica e proposta neste modelo. Nesse caso, há um movimento inesperado que, não 
tendo uma forma padrão, faz com que essas oscilações descrevam um comportamento de 
um mercado irracional. 
Assim, a HME é tema central de estudos em mercados financeiros, mesmo com 
controvérsias entre agentes racionais e irracionais. 
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 19
1.3 Mercado Financeiro e a Bolsa de Valores
Mercado financeiro, segundo Mishkin (2000, p. 3), é o local onde ocorre a 
transferência de capital de uma pessoa que tem mais recursos a uma que necessita, isto é, 
“canalização de fundos”.
A função do sistema financeiro, além da troca de recursos entre os agentes, é 
financiar o crescimento da economia. Esse financiamentoocorre porque o agente que é o 
tomador do título o vende a outro investidor, que financia a reforma ou expansão de uma 
matriz industrial, por exemplo, e assim gera emprego e renda, levando ao aumento do PIB.
Figura 1.5 – Bolsa de Valores.
Fonte: Pixabay (2019).
O mercado financeiro é um sistema complexo composto pelos bancos comerciais, 
seguradoras, bancos de investimentos, entre outras instituições financeiras, e também pelas 
companhias de capital aberto, que compõem o mercado acionário. Atualmente, é um mercado 
interligado mundialmente e dependente da tecnologia, ou seja, de inovações tecnológicas.
É um mercado considerado volátil, estando em constantes mudanças, o que irá formar 
as expectativas dos agentes que nele operam. Operar ou investir em mercado financeiro requer 
todo o cuidado e conhecimento necessário, devido às frequentes mudanças na economia, 
e que formará o preço do bem a ser transacionado. Destacamos que a condução da política 
monetária é fundamental.
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima20
Mishkin (2000) fala que as expectativas dos agentes estão presentes no estudo 
do mercado financeiro, principalmente no mercado de capitais, pois um agente que irá 
comprar uma ação tomará sua decisão com base nas expectativas sobre o que ele espera 
receber no futuro. A teoria das expectativas afeta de duas formas o mercado: temos as 
expectativas racionais, como já analisamos pela hipótese do mercado eficiente (HME), 
em que toda a informação disponível é levada em consideração. Assim, com base nas 
expectativas racionais, não há erros de previsão. Isto é: 
Embora os economistas financeiros tenham dado outro nome a sua 
teoria, chamando a teoria dos mercados de capitais eficientes ou 
teoria dos mercados eficientes, de fato é apenas uma aplicação das 
expectativas racionais para a determinação do preço dos valores 
mobiliários (MISHKIN, 2000, p. 416). 
A outra forma pela qual a teoria das expectativas afeta o mercado diz respeito à 
imprevisibilidade do preço das ações. Esse preço depende do comportamento da economia, 
que irá determinar a taxa de juros e esta, por si, determinará a demanda por ações ou 
títulos financeiros, com impacto direto sobre o preço do ativo. Nessa situação, o agente 
financeiro poderá incorrer em erro, porque qualquer surpresa na economia mudará a sua 
expectativa, deixando o mercado atuar de forma imperfeita. Isto é, existe erro de previsão.
Desta forma, no mercado financeiro, nem todos os agentes têm todas as informações 
disponíveis, ou seja, estão bem informados sobre toda a situação, o que leva aos ganhos 
extraordinários percebidos por alguns operadores. Essa situação é comum na bolsa de 
valores.
Na bolsa de valores, os movimentos das variáveis são descritos por um termo 
aleatório, que reflete os movimentos futuros dessas variáveis. Cada uma delas possui um 
termo aleatório, que determina o seu caminho, a sua trajetória. Isto é, temos como referência 
o valor de hoje, e o termo aleatório pode oscilar para cima, apresentando um movimento 
de alta dos preços, ou para baixo, apresentando movimento de queda dos preços da ação. 
O domínio das informações é importante para o sucesso no mercado 
financeiro. Mas a obtenção e utilização das mesmas deve obedecer a 
critérios éticos e respeitando o mercado. Sobre isso, leia a matéria “Eike 
manipulou mercado em mais de 300 operações de R$ 800 mi, diz MPF”, 
publicada em 2019 pela revista Exame sobre a prisão do empresário Eike 
Batista em virtude da utilização de informações privilegiadas. Disponível em: 
http://gg.gg/eyl7s.
SAIBA MAIS
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 21
Quando o agente tem conhecimento maior, esses movimentos são antecipados e 
diminui-se o risco, agindo como prediz a teoria do mercado eficiente. Porém, se não possuir 
esse conhecimento, não conseguirá antecipar as expectativas da trajetória, e pode incorrer 
em erros de previsão. 
1.3.1 HME e o Mercado Acionário
Mercado acionário é a bolsa de valores, local no qual ocorre a negociação de ações, 
sendo elas a menor fração do capital de uma empresa. Ou, segundo Mishkin (2000, p. 19), 
a ação “representa direitos sobre a receita líquida e ativos de uma empresa”.
Os investidores buscam o mercado de ações para obter ganhos. Assim, neste 
mercado, haverá um grupo que terá um benefício, por obter de ganhos, e outro grupo que 
ficará no prejuízo, o perdedor. O ganhador é o detentor de notícias e previsões boas, o bom 
especulador; o perdedor é aquele que não possui todas as informações acerca do produto.
Em termos de mercado eficiente, no preço da ação estão incluídas todas as 
informações disponíveis, pois o agente é racional. Desta forma, Mishkin (2000) afirma 
que o investidor deve manter-se estável ao receber uma “dica quente” do seu corretor ou 
de outro investidor, pois, para o agente racional, o retorno esperado é igual ao retorno de 
equilíbrio, sendo esta “dica quente” algo não valioso para este investidor, pois o mercado 
é perfeito, e um investidor individual não modifica o preço da ação.
Toda variável econômica, seja a taxa de câmbio, a taxa de juros interna, a 
taxa de juros internacional, uma fusão ou aquisição de uma empresa, ou 
até mesmo uma mudança no cenário nacional e internacional, afeta o termo 
aleatório e impacta o preço do ativo financeiro.
DESTAQUE
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima22
Outro fator que nem sempre afetará o preço de uma ação refere-se às mudanças 
esperadas pela economia, como previsão de uma alta na taxa de inflação, aumento dos 
juros, entre outros, pois o agente já previu essas expectativas, e o preço das ações não se 
modificará. Ou seja, esse fator está incluído no termo aleatório da ação.
Assim, em mercados eficientes e com agentes racionais, onde o preço da ação reflete 
todas as informações possíveis, podemos dizer que o preço nem sempre será afetado por 
notícias “boas” ou “ruins”, pois as mudanças já estavam sendo previstas pelos operadores 
financeiros.
O preço das ações só se modificará se a informação for nova e não previsível pelos 
agentes. Tratando-se de um efeito surpresa, inesperado, o termo aleatório caminhará no 
sentido desta surpresa. Sendo boa, elevará; sendo ruim, ocasionará uma queda. Mas, de 
acordo com Mishkin (2000, p.423), mesmo no caso de notícias boas, pode haver uma 
queda no preço.
E se esta “dica quente” for uma informação nova?
Informações novas mudam a expectativa e irão impactar o preço da ação. 
O investidor que tem maiores informações a respeito da ação terá maiores 
ganhos. Ele agirá com eficiência forte, mas isso só será válido se ele for 
o primeiro a obter essa nova informação. Somente neste caso ele terá 
oportunidade de explorar lucros maiores e obterá ganhos superiores aos 
demais. 
Se essa informação tiver tornado-se pública e os demais investidores já 
tiverem acesso a ela, esta capacidade de explorar lucros maiores não será 
atribuída, pois estará incluída no preço da ação. 
Mas lembre-se: isso aplica-se apenas nos casos em que os investidores são 
racionais e operem em mercados eficientes.
DESTAQUE
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 23
Figura 1.6 – Sintetizando a formação de preços da ação.
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).
Em suma, mudanças inesperadas na política econômica, sejam elas atribuídas pelo 
governo na trajetória da política monetária ou cambial, afetarão o preço das ações na bolsa 
de valores, definindo novas trajetórias ao termo aleatório. Porém, se forem esperadas, nada 
ocorrerá. Isso levando em consideração que o mercado financeiro é atuante das teorias 
dos mercados eficientes, e o agente é racional, minimizando risco e elevando seu retorno 
esperado.
Notícias 
novas
Mudanças
inesperadas
na economia
Altera 
o preço 
da ação
MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS | Mario Jaime de Lima24
SÍNTESE DA UNIDADE
A unidade explica a teoria da hipótese do mercado eficiente. A eficiência dos 
mercados é a principal característica dos mercados financeiros, emque as informações 
são determinantes para o lucro dos investidores em produtos e ativos financeiros, como é 
o caso dos produtos financeiros de longo prazo, como aqueles negociados no mercado de 
capitais no âmbito das bolsas de valores.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
COVA, C. J. G. (ORG). Finanças e Mercados de Capitais – mercados fractais: a nova fronteira 
das finanças. Cengage Learning. São Paulo. 2011.
FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 20. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: 
Qualitymark, 2015.
JUNIOR, T. S. R.; IKEDA, R. H. Mercados Eficientes e Arbitragem: um estudo sob o enfoque 
das finanças comportamentais. Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n. 34, p. 97 - 
107, janeiro/abril 2004.
MISHKIN, F. S. Moedas, Bancos e Mercados Financeiros. 5ed. Editora LTC. 2000.
PINDYCK, Robert S. Microeconomia – 6ª edição. Pearson Pretence Hall, São Paulo, 2006.
PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
Mercados Eficientes | UNIDADE 1 25
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
COVA, C. J. G. (ORG). Finanças e Mercados de Capitais – mercados fractais: a nova fronteira 
das finanças. Cengage Learning. São Paulo. 2011.
FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 20. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: 
Qualitymark, 2015.
JUNIOR, T. S. R.; IKEDA, R. H. Mercados Eficientes e Arbitragem: um estudo sob o enfoque 
das finanças comportamentais. Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n. 34, p. 97 - 
107, janeiro/abril 2004.
MISHKIN, F. S. Moedas, Bancos e Mercados Financeiros. 5ed. Editora LTC. 2000.
PINDYCK, Robert S. Microeconomia – 6ª edição. Pearson Pretence Hall, São Paulo, 2006.
PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
Se você encontrar algum problema nesse material, entre em 
contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o 
que você encontrou e indique a página.
Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos!
CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO
Av. Victor Barreto, 2288
Canoas - RS
CEP: 92010-000 | 0800 541 8500
ead@unilasalle.edu.br

Continue navegando