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Módulo Incidência e Crédito Tributário ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE TURMA: 2021.02-ICT-BSB SEMINÁRIO III – AÇÕES TRIBUTÁRIAS ANTIEXACIONAIS: DECLARATÓRIA, ANULATÓRIA E CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO Questões 1. Observadas as situações concretas abaixo descritas, identifique o(s) instrumento(s) processual(is) judicial(is) adequado(s) para a defesa dos interesses do sujeito passivo da obrigação tributária, considerando as ações que são estudadas neste Seminário III: a) Exercício da competência tributária pelo ente político com a edição e publicação da regra-matriz de incidência tributária, mas antes da constituição da obrigação tributária; Ação declaratória. b) Constituição da obrigação tributária sem que tenha havido a intimação do sujeito passivo desse ato constitutivo da dívida; Ação declaratória. c) Dúvida a respeito do sujeito ativo da obrigação tributária; Consignação em pagamento e/ou Exceção de pré-executividade. d) Inscrição do crédito tributário em dívida ativa; Ação anulatória. Módulo Incidência e Crédito Tributário e) Constituição da obrigação tributária com a intimação do sujeito passivo desse ato constitutivo da dívida; Ação anulatória. f) Ajuizamento de execução fiscal cobrando crédito tributário prescrito; Exceção de pré-executividade e/ou ação anulatória. g) O sujeito ativo da obrigação tributária está condicionando o pagamento do tributo ao pagamento de uma multa instituída por instrução normativa; Consignação em pagamento. h) Intimação de penhora de bens nos autos de execução fiscal. Embargos à execução fiscal ou ação anulatória. 2. Quanto à ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária, pergunta-se: a) Quando nasce o interesse processual para sua propositura? O interesse processual para a propositura da ação em tela surge a partir do momento em que é imputado ao contribuinte relação jurídico tributária, na qual restam dúvidas sobre tal relação daquele com o Estado-fisco. O contribuinte por sua vez, resta irresignado com tal relação em que foi submetido e como consequência poderá sofrer prejuízos. Nesse sentido, precisa o contribuinte se fazer de tutela jurisdicional adequada para que, por meio de termos fundamentados, possa comprovar a inexistência de relação jurídica tributária entre sujeito passivo e Estado-fisco. Módulo Incidência e Crédito Tributário Dessa forma, presta o contribuinte por meio dessa ação, comprovar, em relação a ele, a inexistência da relação jurídica tributária, até mesmo nos casos em que pode haver isenção, não incidência, ou imunidade. b) O manejo do referido instrumento processual em momento anterior à constituição do crédito configura questionamento de “lei em tese”? Aponte o que é questionamento de “lei em tese”. Em relação ao momento da propositura da ação anteriormente à constituição do crédito não configura questionamento de “lei em tese”, haja vista que se trata apenas da ocorrência de determinado fato gerador, em que restou dúvidas na relação jurídico tributária entre contribuinte e fisco, sem mesmo antes de ter sido constituído o crédito tributário. “Lei em tese” é o texto do direito positivo, é a lei em sua forma material, antes mesmo de ser aplicada ao caso concreto. Nesse sentido, entendo por questionamento de “lei em tese”, a situação em que o sujeito passivo, contribuinte, demonstra que foi afetado pelos efeitos concretos da norma. c) Há interesse jurídico na sua propositura após a expedição do ato constitutivo do crédito tributário? Em caso afirmativo, quais seriam os efeitos da referida tutela jurisdicional? (Vide anexos I e II) Havendo expedição do ato constitutivo do crédito tributário, entendo que a via adequada seria a ação anulatória, haja vista a finalidade de anular o crédito tributário ou o débito fiscal, desconstituindo assim, a obrigação tributária. Todavia, mesmo compreendendo pele manejo de outra ação, não há de se dispensar o interesse na propositura de ação declaratória após a expedição do ato constitutivo, até porque valeria, em caso de procedência da ação, como fundamento e prova impeditiva, para que o fisco, futuramente, se fizesse valer de lançamentos tributários contendo o mesmo vício. Módulo Incidência e Crédito Tributário Em relação aos anexos I e II, tratam-se de ações declaratórias em que visam o contribuinte, meramente de ter reconhecida como inexistente a relação jurídica tributária com o fisco, não pretendendo desconstituir ou anular de forma total ou parcial determinado crédito tributário definitivamente constituído. Dessa forma, irrelevante a nomeação da ação, isto posto o interesse de agir do contribuinte e a outorga a feição de declaratória negativa ao seu pedido, mesmo que ainda não proposta ação de execução fiscal. 3. Quanto à ação anulatória de débito fiscal, pergunta-se: a) É viável a propositura de ação anulatória para desconstituição de relação jurídica constituída pelo próprio contribuinte por meio de DCTF, cujo recolhimento do tributo ainda não tenha ocorrido? Na ação anulatória, entende-se que pressupõe a existência de uma relação jurídico tributária entre fisco e contribuinte. Constituído o crédito tributário, pode o contribuinte se prestar da ação anulatória para desconstituir a obrigação tributária, seja por vício ou algum dano que entenda ter sofrido ou vir a sofrer. Destaca-se que no autolançamento, ainda quando não há o recolhimento do tributo pelo contribuinte, apesar das informações serem prestadas pelo próprio contribuinte, não exime o Estado do seu dever de fiscalização. Parte da doutrina entende que o lançamento é ato privativo da autoridade administrativa, assim, não sendo viável a propositura de ação anulatória para desconstituição de relação jurídica constituída pelo próprio contribuinte por meio de DCTF, haja vista a compreensão de que não há autolançamento, dando a entender que no caso em tela, portanto não houve, lançamento fiscal. Todavia, em que pese tal discussão, entendo ser viável a propositura da ação em comento, tendo em vista o seu direito de ampla defesa, direito de tutela jurisdicional, pois mesmo que a relação jurídica tenha sido constituída pelo próprio contribuinte por meio de DCTF, cujo recolhimento do tributo ainda não tenha ocorrido, nela poderá haver vícios, sejam eles formais ou materiais. Módulo Incidência e Crédito Tributário b) E para a desconstituição de crédito tributário inserido em parcelamento, onde houve confissão da dívida por parte do contribuinte? Em caso de resposta positiva, indaga-se: qualquer tipo de questão (causa de pedir) poderá ser objeto desta ação anulatória (questões de fato e/ou questões de direito)? O parcelamento não obsta o contribuinte de ter seu débito fiscal discutido na via judicial, mesmo quando houver confissão da dívida, pois tal confissão, muitas vezes deverá passar pelo controle jurisdicional, até porque poderá estar em desconformidade com a legislação. Sendo assim, entendo viável a ação anulatória no caso em comento, podendo ser objeto na ação, tanto questões de fato quanto de direito). c) Qual o prazo prescricional para a ação anulatória de débito fiscal? É possível ingressar com ação anulatória de débito após a propositura da ação executiva fiscal? E após o transcurso do prazo para apresentação dos embargos à execução? De acordo com o art. 1º do Decreto 20.910/32, o prazo para a ação anulatória de débito fiscal é quinquenal, ou seja, de 5 anos, contados da data do ato ou fato do qual se originarem. Pode o contribuinte ajuizar ação anulatória mesmo após a propositura da ação de execução fiscal. Majoritária doutrina entende que ação anulatória pode após notificação do lançamento, durante procedimentode inscrição na dívida ativa e antes ou depois que a Fazenda Pública maneje ação executiva fiscal. Cabe destacar que a adesão pela opção judicial, tem como consequência em renúncia ou desistência na via litigiosa administrativa. Nesse sentido, também válida a possibilidade de ingressar com ação anulatória de débito fiscal mesmo após decorrido o prazo para apresentação de embargos à execução. Módulo Incidência e Crédito Tributário d) O depósito do valor do débito fiscal discutido na ação anulatória é condição específica dessa ação? Diferentemente dos embargos à execução, na ação anulatória a constrição de bens do devedor não é requisito para sua processabilidade, ou seja, não é condição da ação anulatória o depósito do valor do débito fiscal. Consoante Súmula Vinculante 28 do STF, é inconstitucional tal exigência: “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.” Entretanto, para que haja a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mister que junto com a propositura da ação anulatória, seja efetuado o depósito integral do valor do débito fiscal, nos termos do art. 151, II, do CTN. 4. Que relações podem existir entre as ações anulatória de débito, executiva fiscal e embargos à execução: conexão, continência ou prejudicialidade (ou nenhuma das alternativas)? Qual o juízo competente para julgá-las? Deverão ser reunidas para julgamento conjunto? Responder a essa pergunta, com base nas disposições do código de processo civil de 2015 que tratam da modificação da competência (artigos 54 a 63). (Vide anexos III e IV – aplicam-se tais precedentes?) O CPC/15 prevê que quando houver conexão ou continência, a competência relativa poderá ser modificada. Nos termos do art. 55, do CPC/15, serão conexas duas ou mais ações quando o pedido ou a causa de pedir lhes for comum. Por sua vez, o art. 56 do mesmo código, expressa que empregará continência quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais, entre duas ou mais ações. Módulo Incidência e Crédito Tributário Quanto a relação de prejudicialidade o rol do estabelecido pelo CPC/15 não é taxativo. Todavia, teoria materialista ao prever a conexão por prejudicialidade. Nesse sentido poderá haver a conexão das ações em discussão, bem como serem reunidas para julgamento em conjunto, destacando que desde que não mude a competência absoluta. Também, importante frisar que poderão ser reunidas, para serem julgadas em conjunto, as ações que possam acarretar risco de decisões conflitantes caso sejam decidas separadamente, mesmo que não haja conexão entre elas. Os processos serão reunidos no juízo prevento, par que sejam decididos simultaneamente. Importante para a modificação relativa, o marco da prevenção será o registro ou a distribuição da inicial, conforme art. 59, do CPC/45. Noutro ponto, cabe destacar que também poderá ocorrer a conexão entre as ações em comento, porém, não serão reunidas para julgamento em conjunto. Ou seja, o juízo poderá reconhecer a conexão das ações, entretanto, não recomendará a reunião das ações, como por exemplo nos casos em que implicar em modificação da competência absoluta. Os anexos III e IV tratam justamente da competência absoluta. Mesmo que seja reconhecida a conexão, as ações não poderão ser reunidas. A existência de vara especializada em razão da matéria, implica em caso de competência absoluta, sendo improrrogável, portanto, nos termos do CPC/15. 5. Você é procurado pela empresa AZT Foods do Brasil Ltda que lhe apresenta o seguinte: CASO CONCRETO – Em função de sua atividade a empresa AZT Foods do Brasil Ltda. está sujeita ao pagamento de determinado tributo pela venda de seu produto. Nos últimos 3 anos, em função de algumas dificuldades financeiras, ela não pagou o tributo devido (e sequer informou seus débitos ao Fisco), pretendendo fazê-lo agora por se encontrar em melhores condições financeiras. Contudo, em função do inadimplemento, a confissão do débito para fins Módulo Incidência e Crédito Tributário “denúncia espontânea” está sujeita a multa de 45% do valor da operação (venda de seu produto), cuja instituição se deu por ato normativo infralegal. A AZT solicita um parecer em que você deverá apontar: (a) a estratégia processual (a medida judicial ou medidas judiciais) a ser adotada para a defesa dos seus interesses, devendo ser justificada a opção da(s) medida(s), com a indicação do dispositivo de lei que determina o seu cabimento; A medida judicial seria ação declaratória, nos termos do art. 19, do CPC, com a finalidade de obter o reconhecimento da inexistência da relação jurídica tributária que impôs ao contribuinte multa de 45% por meio de ato normativo infralegal. Interessante ainda a consignação em pagamento, nos moldes do art. 164, I e II do CTN, objetivando refutar eventual consentimento do fisco, bem como obstar exigências administrativas do sujeito ativo com base em atos sem fundamento legal. (b) o(s) fundamento(s) jurídico(s) que poderá(ão) ser(em) utilizado(s) para afastar a exigência dessa multa – causa de pedir; Primeiramente, importante entender o que é norma infralegal. Trata-se de ato do governo (portarias, instruções normativas, atos declaratórios, etc.), porém, não tem condão de lei. Como a multa foi instituída por ato normativo infralegal, podemos utilizar os seguintes: • Art. 150, I, CF/88: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; • Art. 97, V, do CTN: Somente a lei pode estabelecer: V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; Módulo Incidência e Crédito Tributário Ainda, para enriquecimento da fundamentação podemos utilizar o art. 5º, II, da CF/88, arts. 112 e 113, do CTN. (c) a necessidade, ou não, de efetivação do depósito judicial; Há a necessidade do depósito judicial em virtude da propositura da consignação em pagamento. Também em face do objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, II, do CTN. (d) o pedido da ação (ou ações); Procedência da ação para reconhecer o recolhimento dos tributos devidos (via depósito judicial), seja declarada a inexistência da relação jurídica tributária que impôs ao contribuinte multa de 45%, tendo em vista que foi instituída por ato normativo infralegal. (e) o efeito da sentença pretendido com a ação (ou ações). Efeito declaratório para extinguir o crédito tributário, a obrigação tributária. 6. Na ação de consignação em pagamento, o que extingue a obrigação tributária: (i) a consignação em pagamento; (ii) a conversão em renda do valor consignado; (iii) a sentença que julga procedente a ação de consignação em pagamento; (iv) a decisão judicial de procedência da ação transitada em julgado? Fundamente sua resposta. Quando julgada procedente a consignação em pagamento, considera-se efetuado o pagamento, sendo o valor consignado convertido em renda, nos termos do art. 164, § 2º. Portanto, nesse momento é extinta a obrigação tributária, com base no art. 156, VI e VIII, do CTN. Módulo Incidência e Crédito Tributário 7. Contribuinte sediado no Estado de São Paulo tem lavrado em seu desfavor auto de infração de ICMS pelo Estado do Mato Grosso (problemas atinentes à documentação fiscal que acompanhava a mercadoria, bem como ao não destaque do diferencial de alíquotas supostamente devido ao Estado do Mato Grosso). Inconformado com essa situação, referido contribuintelhe procura para que ajuíze ação anulatória, questionando-lhe, nessa ocasião, acerca do foro competente no qual deve ser processada a referida ação. Apresente, de forma fundamentada, sua resposta a esse questionamento, analisando o caso à luz da regra veiculada no parágrafo único do artigo 52 do Código de Processo Civil/15. O art. 52, do CPC/15 legisla que será competente o foro de domicilio do réu, porém, nas causas eu que figure como autor Estado ou o Distrito Federal. O parágrafo único do mesmo artigo, complementa que nos casos em que Estado ou o Distrito Federal seja o demandado, a causa poderá ser ingressada “no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado”. Nesse sentido, como na ação anulatória, será o contribuinte o autor, a ação poderá ser proposta tanto no Estado de São Paulo como no Estado do Mato Grosso, forte no art. 52, § único, do CPC/15.
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