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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA ELLEN NOHARA ELIAS RODRIGUES RESENHA DO FILME “O FÍSICO” SANTA CRUZ/RN 2021 O filme “O Físico”, inspirado no livro de Noah Gordon e lançado no ano de 2013, ocorre na Idade Média, mais especificamente no século XI, tempo em que a medicina deu uma parada em seu avanço e perdeu o seu espaço para a religião, existindo apenas barbeiros (curandeiros), os quais tinham um conhecimento básico sobre o assunto. No entanto, o conhecimento ficou retido apenas na Igreja Católica do Ocidente, já no Oriente os estudos sobre as mais diversas áreas continuavam sempre avançando, e esse fato foi importante para o personagem principal no decorrer da história. O filme apresenta a história do jovem Rob, que ainda pequeno vê sua mãe morrer da “doença do lado”, após esse fatídico acontecimento ele vai viver com um barbeiro e acaba se interessando pela arte da cura e se torna um aprendiz. Quando mais velho, Rob se depara com judeus que ajudam o seu mestre a voltar a enxergar e lhe informam de um lugar no Oriente Médio, em uma pequena cidade da Pérsia, onde ele poderia aprender e aprimorar ainda mais os seus conhecimentos de barbeiro. Antes de se expor a essa nova aventura, Rob foi informado que na cidadela só eram permitidos judeus e mulçumanos, dessa forma, o jovem católico resolve se passar por judeu para poder entrar na cidade e usufruir de todo o conhecimento que pudesse. Ao chegar na Pérsia, Rob consegue entrar na universidade e agora possui um novo professor que está disposto a lhe ensinar coisas novas, Ibn. Com o surgimento de casos da peste negra, Rob e Ibn tentaram alertar o xá sobre o perigo e que a cidade deveria ser evacuada imediatamente, no entanto, o líder prefere acreditar que Deus não deixará que a doença se expanda pela cidade, em consequência dessa atitude, muitas pessoas morreram. Porém com a ajuda da literatura e de experimentos, os curandeiros constataram que a peste era transmitida por ratos e dessa forma, cremaram os animais e os corpos sem vida que estavam espalhados pela cidade, afirmando a sua hipótese e, por conseguinte observando a média de mortes diárias diminuírem dia a dia. Os conhecimentos de Hipócrates são relembrados no filme, a maneira como ele compara as raízes causadas pelas feridas da peste com as das árvores, no entanto Rob questiona esse ensinamento e para comprovar, o mestre Ibn leva-o consigo para realizar uma autópsia em um animal, porém o rapaz também não concorda que as feridas presentes em um animal sejam equivalentes às das pessoas, e querendo portanto, realizar uma autopsia em um dos vários corpos mortos na cidade, porém ele é advertido de que essa prática é errada e quem a realiza é condenado a morte, pois realizar uma necropsia era considerado um desrespeito para com Deus. Contudo o jovem se sente instigado e mesmo assim, indo contra as leis da época e até mesmo da religião, ele faz o procedimento em um homem morto que não acreditava no valor do corpo, mas apenas da alma para a vida após a morte. Após ser descoberto, ele e Ibn são presos e na cela, Rob comenta com ele sobre a sua experiência em contato com os órgãos do corpo humano e, também, interrompe o modelo sobre como todos pensavam que era o corpo humano. De fato, qualquer forma de avanço científico era perseguida pela religião, pois qualquer ato novo da ciência que os líderes religiosos achassem que iriam contra as leis divinas era visto como algo a ser perseguido e exterminado. No entanto, pessoas como Rob, que viviam de forma dividida entre religião e ciência, em algumas ocasiões quebravam as barreiras religiosas pelo avanço da medicina e arte da cura, como por exemplo, desrespeitando Deus e realizando uma necropsia em corpos mortos. Mesmo quando Rob saiu do Ocidente, onde as técnicas de cura eram poucas e escassas devido ao poder supressor da Igreja Católica que achava que deveria ser a única a ter o conhecimento da cura, para o Oriente, onde essas técnicas já eram bem evoluídas, ele ainda enfrentou conflitos religiosos, entre mulçumanos, judeus e cristãos, e territoriais além algumas práticas médicas ainda serem proibidas. Ao assistir ao filme “O Físico” é possível perceber que na Idade Média o conhecimento científico era reduzido e limitado a igreja e a poucos curandeiros/barbeiros que existiam naquele tempo. Devido ao alto poder que a religião exercia nessa época, as práticas de necropsia e autópsia em corpo humano eram vistas com maus olhos e punidas com a morte, sendo assim, as experimentações e avanços científicos foram escassos. O filme possibilita compreender de maneira simples e criativa como era ciência na Idade das Trevas.
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